O crepúsculo tingia o céu de tons alaranjados e vermelhos enquanto Kaito Arashi corria pelo campo de treino abandonado. O vento batia em seu rosto, uma sensação de liberdade que ele sempre valorizara. Hoje, porém, havia algo diferente no ar. Uma tensão latente, quase imperceptível, mas que fazia seu coração bater mais rápido.
Kaito parou, ofegante, tentando entender a origem de seu desconforto. Olhou ao redor, seus olhos percorrendo o horizonte distante e a velha escola que ele e seus amigos costumavam explorar. Tudo parecia normal, mas ele não conseguia se livrar da sensação de que algo estava prestes a mudar.
Foi então que ele ouviu. Um sussurro, suave como o vento, mas carregado de uma força desconhecida. Kaito franziu a testa, tentando se concentrar no som. Ele fechou os olhos, deixando-se levar pela brisa que o envolvia. E então, veio o choque. Uma explosão de energia dentro dele, como se uma força oculta tivesse sido liberada de repente.
Kaito gritou, caindo de joelhos, suas mãos pressionando o peito. Sentia-se como se estivesse se despedaçando, sua alma sendo rasgada em mil pedaços. O vento ao seu redor começou a girar violentamente, levantando folhas e poeira em um redemoinho que o envolveu completamente.
— O que... o que está acontecendo comigo? — Kaito murmurou, seu corpo tremendo de dor e medo.
Horas depois, Kaito se encontrou deitado no chão do campo de treino, exausto. Quando abriu os olhos, viu a lua alta no céu, brilhando como um farol silencioso. Ainda sentia o vento pulsando em seu interior, uma presença constante que agora fazia parte dele. Respirou fundo, tentando acalmar seus nervos.
— Kaito! — A voz de Ayame Tsukino o fez levantar a cabeça. Ela corria em sua direção, os cabelos negros esvoaçando atrás dela. Seus olhos estavam arregalados, cheios de preocupação. — O que aconteceu? Você está bem?
Kaito tentou sorrir, mas não conseguiu. — Acho que algo mudou, Ayame. Eu... não sei o que foi, mas senti uma explosão de poder dentro de mim. Como se algo estivesse tentando sair.
Ayame ajoelhou-se ao lado dele, sua mão fria tocando sua testa. — Você está com febre. Precisamos de ajuda. — Ela hesitou, olhando nos olhos de Kaito. — Eu também senti algo estranho. Uma espécie de frio intenso, como se meu corpo estivesse ficando congelado.
Kaito se levantou com dificuldade, ainda sentindo o vento ao seu redor. — Precisamos encontrar os outros. Algo está acontecendo com todos nós.
Kaito e Ayame chegaram à velha escola, onde Ryuji Kurogane e Sakura Hoshino os esperavam. Ryuji estava encostado na parede, os braços cruzados, parecendo irritado e preocupado. Sakura estava sentada no chão, suas mãos tocando a terra, como se estivesse tentando sentir alguma coisa.
— Finalmente! — Ryuji exclamou ao ver Kaito e Ayame. — O que diabos está acontecendo? Estou me sentindo estranho desde hoje de manhã, como se tivesse força para derrubar uma parede!
Sakura ergueu o olhar, seus olhos suaves mas inquietos. — Eu também senti uma conexão com a natureza ao meu redor. É como se eu pudesse ouvir as plantas e os animais, sentir o que eles sentem. Isso não é normal, certo?
Antes que Kaito pudesse responder, uma figura surgiu das sombras da escola. Era um homem adulto, com um ar misterioso e olhos que pareciam carregar séculos de sabedoria. Ele vestia um terno simples e usava uma gravata e um óculos
— Senhor Koji! — Ayame exclamou, surpresa. — O que faz aqui?
Senhor koji e um professor da escola
Mestre Koji olhou para os quatro jovens à sua frente, seu olhar cheio de conhecimento e preocupação. — Vim porque chegou o momento de vocês conhecerem a verdade. Vocês não são adolescentes comuns. Herdaram poderes que muitos só podem imaginar. E esses poderes vieram de um antigo mal que está prestes a despertar.
Kaito, Ayame, Ryuji e Sakura ouviram em silêncio enquanto Mestre Koji explicava a origem de seus poderes. Ele falou de um tempo antigo, quando bestas sobrenaturais dominavam o mundo. Criaturas de imenso poder que vieram de outra dimensão, destruindo tudo em seu caminho. Para proteger a humanidade, guerreiros antigos lutaram contra as bestas, selando-as em um sono eterno, usando seus próprios poderes para impedir que as criaturas voltassem.
— Vocês são os herdeiros desses guerreiros
— continuou Koji.
— Seus poderes foram passados para vocês, e agora, com o selo enfraquecendo, as bestas começam a despertar. Vocês devem se preparar para lutar, para proteger nosso mundo. Mas, primeiro, precisam aprender a controlar os dons que receberam.
Kaito sentiu um peso enorme em seus ombros. Tudo o que conhecia parecia estar desmoronando. — E se falharmos? — perguntou ele, a voz tremendo. — E se não conseguirmos impedir essas criaturas?
Mestre Koji olhou para ele com seriedade. — Então, tudo o que amam será destruído. Mas acredito em vocês. Juntos, vocês têm o poder para fazer a diferença.
Nos dias seguintes, Kaito, Ayame, Ryuji e Sakura treinaram sob a orientação de Koji. Kaito aprendeu a controlar o vento, a usar sua velocidade para atacar e se defender. Ayame descobriu como manipular o gelo, criando barreiras e armas afiadas. Ryuji testou sua força sobre-humana, enquanto Sakura se conectava cada vez mais profundamente com a natureza ao seu redor.
Mas mesmo com o treinamento, os quatro sentiam que algo grande estava por vir. Uma sombra pairava sobre eles, um presságio de que sua luta estava apenas começando.
Kaito observou os outros treinando, seu coração batendo forte. Sabia que agora tinha uma missão. Proteger seus amigos. Proteger o mundo. E, acima de tudo, encontrar uma maneira de derrotar as bestas antes que fosse tarde demais.
Enquanto o sol se punha, lançando um brilho dourado sobre o campo de treinamento, Kaito fez uma promessa silenciosa. Ele não deixaria o medo dominá-lo. Ele enfrentaria o que quer que viesse. Porque agora, mais do que nunca, ele tinha algo pelo que lutar.
O sol estava baixo no horizonte, lançando um brilho dourado sobre o acampamento enquanto os quatro jovens se reuniam em torno de Mestre Koji. O velho professor, com seu olhar penetrante e semblante grave, preparava-se para compartilhar informações cruciais sobre o que ele encontrou num templo. A noite estava começando a se instalar, e a atmosfera ao redor parecia carregada de uma expectativa pesada.
Koji colocou o fragmento antigo no centro de uma mesa improvisada, feita de troncos e coberta por um pano simples. O fragmento era uma peça pequena, mas sua superfície estava coberta por intricadas inscrições que pareciam brilhar com uma energia sutil
— Este fragmento é parte de um artefato muito mais poderoso e antigo — começou Koji, sua voz grave e séria. — Ele faz parte de um conjunto de fragmentos que, juntos, formam um selo primordial, um mecanismo usado pelos antigos para prender as bestas.
Koji então começou a narrar a história dos fragmentos. Contou sobre um tempo longínquo, quando as bestas, seres de força imensa e intenções malignas, devastavam o mundo. Em uma tentativa desesperada de proteger a humanidade, um grupo de guerreiros antigos criou um artefato dividido em fragmentos e espalhados pelo mundo. Cada fragmento possuía um poder único e estava destinado a manter as bestas seladas. Esses guerreiros usaram seus próprios poderes para criar o selo e, em seguida, esconder os fragmentos para garantir que não caíssem em mãos erradas.
— O fragmento que eu encontrei — explicou Koji — é apenas uma peça deste complexo quebra-cabeça. Há outros fragmentos espalhados em locais diferentes, cada um guardado por armadilhas e criaturas projetadas para protegê-los.
O fragmento em si possuía inscrições que poderiam ajudar a identificar a localização dos outros fragmentos. Koji mostrou aos jovens como decifrar algumas das inscrições, revelando informações sobre onde procurar os próximos fragmentos e o que esperar de cada um.
— Cada fragmento — continuou Koji — é uma chave para uma parte do selo. Recuperar todos é crucial não apenas para fortalecer o selo, mas também para entender melhor as forças que estamos enfrentando.
Com as novas informações, o grupo começou a planejar sua próxima etapa. A primeira prioridade era encontrar o próximo fragmento, que, segundo as inscrições, estava localizado em uma região montanhosa ao norte. Koji indicou no mapa onde achava que o fragmento poderia estar e forneceu detalhes sobre os desafios esperados.
— A jornada não será fácil — advertiu Koji. — A região montanhosa é conhecida por ser traiçoeira, e as bestas não são as únicas ameaças que vocês enfrentarão. Estarão lidando com as forças da natureza, armadilhas antigas e, possivelmente, cultistas que também buscam esses fragmentos.
Os jovens se prepararam para a jornada com um senso renovado de urgência e determinação. Eles passaram a noite organizando suprimentos, estudando os mapas e discutindo estratégias. Kaito, como líder, fez questão de garantir que todos estivessem prontos e equipados para o que estava por vir. Ayame preparou um estoque de recursos para o grupo, incluindo itens de primeiros socorros e suprimentos de emergência. Ryuji ajustou seu equipamento para garantir que estava pronto para qualquer situação, e Sakura usou suas habilidades para verificar o terreno e identificar possíveis perigos.
Com tudo preparado, o grupo partiu ao amanhecer. O céu estava claro, mas uma brisa fria indicava que a jornada seria desafiadora. A estrada que levava para as montanhas era sinuosa e irregular, e logo começaram a perceber que a trilha era mais difícil do que imaginavam.
À medida que avançavam, enfrentaram diversos obstáculos. A trilha montanhosa se tornava cada vez mais íngreme, e o grupo teve que usar suas habilidades combinadas para superar os desafios. Kaito usou seus poderes para controlar o vento e criar condições mais seguras na trilha, enquanto Ryuji ajudava a mover pedras e a estabilizar o terreno. Ayame criou barreiras de gelo para proteger o grupo de possíveis deslizamentos, e Sakura usou sua conexão com a natureza para identificar caminhos seguros e evitar áreas perigosas.
Durante a jornada, também encontraram pequenos grupos de animais selvagens e criaturas perigosas. Eles precisaram lutar e usar suas habilidades de forma coordenada para se defender e continuar avançando. A equipe foi testada não apenas por desafios físicos, mas também pela tensão e o cansaço acumulado.
Depois de um dia de caminhada intensa, o grupo chegou ao pé da montanha onde deveriam começar a escalada. O local estava envolto em uma névoa densa, e a visão era limitada. Eles montaram acampamento e passaram a noite discutindo os próximos passos. Koji os advertiu sobre a necessidade de manter a vigilância, pois a névoa poderia ser usada para ocultar perigos adicionais.
Antes de dormir, o grupo refletiu sobre o que haviam enfrentado e sobre o que ainda estava por vir. Cada um teve um momento de introspecção, pensando sobre suas próprias motivações e medos. Kaito conversou com Ayame sobre suas preocupações e esperanças para a missão, e os dois compartilharam um momento de vulnerabilidade que fortaleceu ainda mais seu vínculo.