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Chapter 2 - Capítulo 2: A Vida que Eu Queria

"O Havaí... Ah, o Havaí. Lindas praias, belas mulheres... agora eu posso aproveitar. Afinal, tempo é o que não me falta."

Oscar se sente no céu com seu novo cargo. Claro, levou um tempo para se adaptar. No início, foi realmente difícil, mas depois de algumas semanas, ele já havia se acostumado.

Ele anda pela cidade, desfrutando de sua recém-adquirida liberdade. A pedra misteriosa que encontrara no vulcão está agora pendurada em uma pulseira de sementes de kukui em seu pulso, combinando perfeitamente com seu estilo praiano.

"Incrível como é descansar nos dias certos, sem ter que trabalhar nas folgas," pensa, sorrindo enquanto olha ao redor.

De repente, ele se vê parado em frente a um carro alemão preto, reluzente e elegante. Seus olhos brilham de desejo.

"Esse carro... que classe. Eu queria ele para mim," murmura, hipnotizado pela beleza do veículo.

O dia rapidamente se transforma em noite, e Oscar tem planos para aquela noite, uma balada no centro da cidade. Ao chegar, ele toma algumas doses, sentindo a adrenalina percorrer seu corpo. Mas ele não está ali apenas para beber. Seu olhar vagueia pelo salão até se fixar em alguém que chama sua atenção: uma beldade de cabelos longos e pretos, pele bronzeada e olhos de um azul profundo.

"Acho que vou ter que tomar mais algumas para criar coragem de falar com ela," pensa, um tanto nervoso.

Antes que possa tomar qualquer atitude, um jovem bem vestido, de aparência rica, se aproxima da mulher e começa a conversar com ela. As esperanças de Oscar desabam. Aquele é Kai Jones, o dono do lugar. Kai encosta no balcão e pede algumas bebidas, jogando conversa fora com a mulher.

Oscar desvia o olhar, desapontado. Decide apostar um pouco para esquecer a cena.

"Hum... aposto tudo no verde," diz ele, jogando suas fichas na mesa de roleta. Enquanto a esfera gira, ele percebe o tamanho da besteira que cometeu. Não prestou atenção nas probabilidades, a chance de cair no verde é de apenas 2 em 38.

"Não tem como cancelar isso?" ele pergunta, um pouco desesperado. O crupiê apenas balança a cabeça negativamente enquanto a esfera continua girando.

"Espera... Espera um pouco... Verde 0? Isso quer dizer que eu ganhei?"

A incredulidade toma conta de todos ao redor, inclusive do crupiê.

"Quanta sorte ele tem!"

"Sorte? Deve ter alguma armação por trás," murmura alguém na multidão.

As pessoas ao redor se afastam, abrindo espaço, com olhares curiosos e desconfiados.

"Ora, ora... Temos um vencedor aqui." A voz de Kai Jones ecoa pelo salão, cortando o ar com um tom meio bêbado, mas ainda carregado de elegância e sarcasmo. Ele se aproxima da mesa, atraindo todos os olhares.

"Que honra, Sr. Jones," responde Oscar, tentando manter a compostura.

"Me parece que você gosta de arriscar... 9 mil dólares em uma aposta tão difícil?" Kai levanta uma sobrancelha, com um sorriso enigmático nos lábios.

Oscar sente um calafrio percorrer sua espinha. Ele pensou ter apostado todas as fichas verdes, mas, sem querer, havia trocado o saco com fichas pretas, apostando dez vezes mais do que pretendia. Ele queria impressionar as garotas, não perder quase tudo o que tinha.

"Ah, sim, é que esse valor não faz muita diferença para mim," ele tenta improvisar, forçando um sorriso nervoso.

Na verdade, Oscar não planejava gastar nem um terço do que levou consigo. Tudo era para causar uma boa impressão.

"Homem de sorte... Que tal fazermos outra aposta? Desta vez, valendo a casa de festas," propõe Kai, sua voz carregada de desafio.

Um murmúrio de surpresa atravessa a multidão. As pessoas ao redor trocam olhares. Ninguém esperava uma proposta tão audaciosa.

"Vamos fazer uma 'street bet'. Você escolhe três números. Se acertou com apenas uma possibilidade, pode acertar com três, não é?" Kai sorri, confiante.

Os pensamentos se espalham pelo salão. Alguns, sem entender muito de apostas, veem ali uma grande oportunidade. Outros, mais experientes, reconhecem uma armadilha clara. Afinal, o raio não cai duas vezes no mesmo lugar.

"Eu aceito," diz Oscar, sem hesitar, embora seu coração bata acelerado.

Os dois se encaram, com orgulho inflamado. Nenhum dos dois quer ceder, nenhum deles quer sair por baixo, é uma batalha de desejos, tomados por suas emoções.

A esfera é lançada na roleta. Oscar escolhe seus números: 11, 12 e 13.

O giro parece interminável. Todos na festa estão com os olhos fixos na roleta, presos pela tensão do momento.

"Esse cara vai se arrepender pro resto da vida por essa escolha... que imprudente," alguém murmura na multidão.

"Kai Jones também foi imprudente, por mais que ele não vá perder," comenta outro.

"Normal para alguém com o status e a personalidade dele," responde uma voz, quase em sussurro.

Os murmúrios aumentam à medida que a esfera desacelera... passa pelo 11, pelo 12... e finalmente para no 13.

Por um segundo, há um silêncio absoluto. Então, todos se impressionam. Kai Jones está surpreso, assim como Oscar. Parece inacreditável.

"Faz parte," diz Jones, contendo a raiva que se esconde sob um sorriso tenso. Ele se vira e se afasta, claramente descontente.

"Então... eu sou o dono agora?" Oscar mal consegue acreditar no que acabou de acontecer.

A multidão explode em aplausos. Oscar se sente no céu, em um misto de euforia e descrença. Ele venceu o impossível. A casa de festas é sua.