Karina fechava a porta da floricultura onde trabalhava. Era uma tarde quente, e a cidade parecia em câmera lenta, com o sol derretendo a paciência dos transeuntes. Caminhando para casa, ela ouviu o som de uma televisão ecoando de uma loja de eletrônicos na esquina. Curiosa, parou para olhar a tela.

O noticiário mostrava a imagem de um homem algemado sendo escoltado por policiais. Ele tinha um olhar frio, quase calculista, mas o que mais chamou a atenção de Karina foi a expressão de cansaço nos olhos dele. "Diogo Pereira," a repórter anunciou, "condenado por roubo a bancos e pelo assassinato de uma jovem de 15 anos."

Karina ficou ali, paralisada, observando a imagem daquele homem. Ele era... bonito. "Por que esses homens, belos, roubam?" ela murmurou para si mesma.

Uma senhora ao seu lado, que também assistia à televisão, ouviu o comentário e balançou a cabeça, reprovando. "Minha filha, beleza não é desculpa para o mal. Ele destruiu vidas, tirou o futuro de uma menina..."

Karina concordou com um aceno de cabeça, mas algo dentro dela a fez continuar olhando para Diogo, agora sendo empurrado para dentro de um carro da polícia. Havia uma intensidade naquele olhar, algo que ela não conseguia definir.

Mais tarde, ao chegar em casa, Karina não conseguia tirar Diogo da cabeça. Sentada à mesa da cozinha, tomando um café, sua amiga, Joana, apareceu.

— E aí, Karina? — Joana perguntou enquanto se servia de um café. — Como foi o dia?

— O de sempre, até que eu vi uma coisa estranha na TV...

Joana arqueou uma sobrancelha, curiosa.

— Estranho como?

— Vi um cara sendo preso, o tal de Diogo. O que me intrigou foi o jeito dele... Ele parecia... perdido.

— Você tá falando daquele bandido que matou uma menina? Karina, não vai se envolver nisso, hein? Esses caras são perigosos.

Karina riu.

— Não vou me envolver, Joana. Só achei curioso, sei lá...

Joana se recostou na cadeira, olhando para Karina com uma expressão de alerta.

— Toma cuidado. Esses pensamentos podem te levar a lugares perigosos.

Karina sorriu, mas por dentro, uma dúvida incômoda começava a se formar. O que teria levado um homem como Diogo a fazer algo tão terrível? E por que, mesmo sabendo de tudo, ela não conseguia parar de pensar nele?