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Chapter 4 - A neblina

Aylin passou a noite inquieta, revirando na cama enquanto pensamentos sobre Lucas e o acampamento dos jovens invadiam sua mente. Ela sabia que a presença deles na floresta poderia trazer problemas, mas a conexão que sentiu com Lucas era algo que não podia simplesmente ignorar.

Na manhã seguinte, enquanto a neblina ainda envolvia a floresta, Aylin decidiu visitar novamente o lago proibido. Algo a impulsionava a voltar, como se o destino estivesse puxando os fios de sua vida para aquele lugar. Ao chegar, o acampamento estava vazio. As barracas estavam desmontadas, as cinzas da fogueira ainda fumegavam, mas não havia sinal dos jovens.

Aylin sentiu um calafrio na espinha. Eles haviam partido, mas o sentimento de que algo estava prestes a acontecer não a abandonava. Enquanto contemplava o lago, uma sombra se moveu rapidamente à sua direita. Aylin virou-se, em alerta, mas não viu nada além das árvores e da vegetação densa. Contudo, ela sabia que não estava sozinha.

"Quem está aí?" ela chamou, a voz firme, mas o coração batendo acelerado.

De repente, uma figura emergiu das sombras. Era uma mulher alta, com cabelos negros como a noite e olhos tão escuros que pareciam absorver a luz ao redor. Vestia um longo manto preto que se misturava com a floresta, como se fosse parte dela.

"Você é Aylin," disse a mulher, com um tom que não era uma pergunta, mas uma afirmação.

"Sim," Aylin respondeu, tentando manter a compostura. "Quem é você?"

A mulher sorriu, mas não havia calor em seu sorriso. "Eu sou Selene, guardiã desta floresta. E você, minha jovem, está se metendo em algo que não compreende."

Aylin deu um passo para trás, o instinto de sobrevivência tomando conta. "O que você quer de mim?"

"Não é o que eu quero, mas o que você quer," respondeu Selene, dando um passo à frente. "Você despertou algo naquela clareira, algo que não pode controlar. E agora está tentando proteger aqueles jovens, mas há forças aqui que são mais antigas e poderosas do que você imagina."

"Eu não quero causar mal a ninguém," Aylin disse, sentindo a urgência na voz de Selene.

"Então afaste-se deles," Selene advertiu. "Aqueles jovens não têm ideia do que estão enfrentando. Esta floresta não perdoa os curiosos. Se você realmente se importa com aquele rapaz, Lucas, deve mantê-lo longe."

Aylin sentiu um nó se formar em sua garganta. Ela sabia que Selene estava certa, mas a ideia de se afastar de Lucas, de não ver aqueles olhos calorosos novamente, era dolorosa.

"Eu... não posso," Aylin admitiu, quase em um sussurro.

Selene observou-a por um longo momento, seus olhos escurecendo ainda mais, como se estivesse vendo além da aparência de Aylin. "Então que o destino siga seu curso. Mas lembre-se, Aylin, os segredos desta floresta têm um preço, e ele será cobrado, quer você queira ou não."

Antes que Aylin pudesse responder, Selene se virou e desapareceu na neblina, como se nunca tivesse estado ali. Aylin ficou sozinha, o silêncio da floresta agora pesando sobre seus ombros como um manto.

Ela sabia que precisava tomar uma decisão, e rapidamente. O que estava em jogo era muito maior do que ela havia imaginado. Lucas e os outros não eram apenas jovens desavisados; agora, eles estavam entrelaçados em um destino que Aylin mal compreendia.

Determinada, ela voltou para casa, mas com um plano se formando em sua mente. Se ela queria proteger Lucas, precisava entender completamente o poder que havia despertado. E para isso, precisaria enfrentar os segredos da floresta de frente, mesmo que isso significasse se aprofundar em seu próprio passado sombrio.

Ao chegar em casa, encontrou seu avô novamente na varanda. Ele a observou em silêncio, seus olhos carregados de uma tristeza que Aylin agora compreendia um pouco mais.

"Eu preciso de respostas," ela disse, firme, parando diante dele.

Ele suspirou profundamente, como se estivesse esperando por isso. "Então é hora de você conhecer a verdade, Aylin. Mas saiba que depois disso, não haverá volta."

Aylin assentiu, ciente de que sua vida nunca mais seria a mesma. O que quer que estivesse escondido na floresta, o que quer que Selene estivesse tentando proteger, Aylin sabia que agora fazia parte disso. E com Lucas envolvido, ela não tinha escolha a não ser seguir em frente, não importa o que custasse.

Seu avô levantou-se lentamente, os anos de peso visíveis em seus movimentos. Ele estendeu a mão, e Aylin a segurou, sentindo a conexão entre eles. Juntos, começaram a caminhar para dentro da casa, onde o passado e o futuro de Aylin se entrelaçariam de uma vez por todas.