Após ter caído de ladeira abaixo e bater a sua cabeça em uma pedra afiada, rolando abaixo e formando uma poça de sangue, Arlindo morre. Mas a morte corporal não foi o seu final, sua alma acorda num lugar pós-vida. Um lugar quente, vermelho, sem céu, só com rochas escuras e fogo. Esse lugar era o Inferno. Agora não mais bêbado, mas pegando fogo, e sendo atormentado por risadas demoníacas, lá estava Arlindo Cruz, deitado no chão do submundo...
Mas com desespero por sentir seu corpo cada vez mais quente, ele se levanta do chão de terra vermelha feita de pó de sangue e carvão e olha aos seus redores.
Ele escuta muitos gritos felizes e então vê vários seres como sendo demônios guerreiros erguendo suas espadas e comemorando algo como uma grande conquista.
Eles variam de 1 a 2 metros, são vermelhos, alguns têm chifres, outros são aberrações. No meio deles, há um demônio bem alto, de quase 4 metros, com uma coroa de prata na cabeça.
Arlindo vai em direção àquele grande demônio com aparência impetuosa e de autoridade, para interroga-lo a respeito de porque estão todos rindo tanto. Afinal, parecia divertido demais para que um louco como ele estivesse fora.
A grande criatura demoníaca lança seu olhar maléfico para baixo, e vê o humano negro de quase 1,90 metros. O demônio dá uma risadinha de canto de boca, ajoelha com um joelho no chão para ficar a altura dele e diz:
- "Nós devemos muito a você, Arlindo... Você destruiu o Grande Cristal, que era o selo que mantinha o mal fora de Krystóllia."
Arlindo começa a rir quando se lembra do que fez, de como fez e de como, pelo visto, acabou por ajudar todo o Inferno com isso. Ele diz com seu semblante nervoso:
- "Já que eu fui tão útil assim, você tem que me recompensar por isso! Agora!"
Os demônios, grandes e pequenos, começam a rir muito alto com aquele tom de voz dele. Porém, de repente, Arlindo toma a espada de um dos demônios que faziam a guarda daquele demônio da coroa de prata, e com maestria aponta ela em direção ao pescoço do grande demônio coroado. Num tom desafiador e direto, Arlindo diz francamente:
- "Do que está rindo? Eu lhe disse que você deve me recompensar."
Todos param de rir, diante de tal ameaça nunca antes vista por ali. Mas o grande demônio não se abala com tão pouco, apenas dá um peteleco na espada, fazendo ela sumir de vista para longe dali.
- "Acha mesmo que pode me confrontar? Eu sou Yrghr, um dos mais poderosos entre os 70 príncipes do inferno!"
Arlindo dá um passo para trás com receio do que sobreviria a ele agora. Os demônios voltam a gargalhar com a expressão de Arlindo. Eles parecem sentir muito prazer em ver alguém com medo como Arlindo estava naquele momento. Mas isso era o que eles pensavam. Arlindo se mantém face a face com Yrghr, dizendo:
- "Não tenho medo de ti, Yrghr... O teu poder não me afronta..."
Yrghr pensa um pouco, sorri por perceber que tipo de humano estava à frente dele e estende a mão para Arlindo, dizendo:
- "Tu és corajoso, não? Posso te recompensar então... Mas com uma condição! A tua alma será minha, e tudo que eu mandar, tu fará."
Arlindo hesita, de certo, mas cede, afinal ja estava no Inferno e não havia nada a perder além da própria vida. Arlindo aperta a mão de Yrghr com força, firmando assim um acordo terrível, com o simples propósito de servir o mal e o Inferno.
Yrghr disse mais:
- "Porém... Você vai ter de sacrificar duas pessoas: uma inocente e outra má. Se você demorar fazer isso, vou te trazer de volta ao inferno. Mas se você fizer o que estou ordenando, de quebra, você ainda poderá receber poderes, vidas extras, e mais."
Para que Arlindo se mantesse vivo no mundo mortal de Krystóllia, deveria fazer esse ritual demoníaco.
Arlindo concorda com todas as condições, sem nada questionar. Um portal se abre na sua frente, e ele entra...
... E assim, Arlindo acorda em seu corpo novamente, se sentindo revigorado, com suas feridas e machucados curados, seu corpo fechado, seu coração voltando a bater lentamente junto de seus pulmões que voltavam a se inflar e esvaziar. E então, por último, sua visão que estava escurecida vota junto de sua audição e a primeira coisa que ele vê é seu amigo e irmão, Abdasor Abhold.