A dor era mais intensa do que o esperado, e meu lobo estava desanimado. Era como se minha alma tivesse sido cortada, uma peça do meu quebra-cabeça faltando, uma sensação interminável de perda me assombrando.
No final, eu tinha me tornado insensível à dor.
Meu parceiro, eu não podia mais chamá-lo assim. Roberto usou a maneira mais cruel para terminar nosso relacionamento com outra pessoa.
Foi uma traição flagrante.
No mundo dos lobisomens, era uma humilhação enorme. Especialmente para a loba abandonada, que seria ridicularizada por todos os lobisomens, teria dificuldade de permanecer em sua alcateia.
E mais tragicamente ainda, Roberto não me rejeitou formalmente, o que significava que ainda havia uma conexão de companheiros entre nós, e eu ainda sentiria a dor de ser traída pelo meu parceiro, e era difícil parar de querê-lo. Era uma tortura para mim, que não tinha sentimentos por Roberto.
Eu não contei aos meus pais sobre Roberto e eu, e não queria que eles se preocupassem. Mas eles sabiam que eu não estava bem, e não me perguntavam nada. Eles eram realmente os melhores pais do mundo.
Quando eu melhorei, disse aos meus pais que queria tirar férias.
Meus pais estavam preocupados com minha doença anterior, e quando ouviram minha sugestão, ficaram aliviados e muito apoiadores.
As férias do ensino médio para a faculdade eram longas, e eu viajei muito.
Inicialmente, foi para esquecer Roberto, mas logo depois me imergi na jornada.
No processo, amadureci bastante.
Descobri muitas coisas nas quais não tinha pensado antes. Roberto havia sentido minha presença quando ele se tornou adulto, mas ele não estava disposto a me aceitar, então não me contou. Provavelmente Alison também sabia disso. Então, ela me atacaria mais tarde. Alison até poderia ter ordenado que aquele garoto rude me atacasse. Roberto poderia ou não saber disso, ou não se importava.
E eu não achava que isso importava mais agora.
Eu ainda os odeio, mas não deveria deixá-los interferir na minha vida.
Eu ganhei um pouco de peso, de trinta e oito para quase quarenta e cinco quilos, e ainda estava magra, mas parecia mais forte do que antes. Eu peguei bastante sol. Minha pele foi de uma palidez doentia para uma cor saudável de trigo. Meu corpo estava mais forte do que antes.
Eu estava feliz com o que me tornei. Estava mais forte, mais confiante e mais enérgica.
Meus cabelos haviam crescido mais. Eu os cortei novamente. Eu me livrei da minha franja, com a qual cresci. Eles estavam agora arrumados para os lados, revelando minha testa lisa e completa. Fazia com que eu parecesse muito melhor. Meu cabelo preto caía sobre meus ombros, com uma curva brincalhona nas pontas. Eu melhorei minha maquiagem. Meu rosto não estava tão magro mais, meus olhos estavam mais brilhantes, meu nariz mais alto e eu tinha um sorriso mais doce.
Eu talvez não fosse uma beleza convencional, mas eu era uma pessoa diferente de alguns meses atrás.
Ninguém mais me chamava de estranha.
Comecei a faculdade e estava andando pelo campus. Um dia, do nada, encontrei Roberto.
Foi uma decisão estúpida que eu tomei. Quando me inscrevi para a faculdade, eu ainda estava louca por Roberto, então não hesitei em ir para a mesma faculdade, esperando vê-lo mais.
Mas agora, parecia que eu estava pedindo por problemas.
Eu não queria ver Roberto por causa do maldito efeito de companheiro entre nós, e eu não conseguia evitar sentir um desejo sexual quando o via, o que me deixava enjoada.
Tentei passar por ele o mais calmamente que pude, notando seu olhar repousando em minhas coxas cor de mel. Hoje eu estava vestindo uma saia jeans sete polegadas acima do meu joelho, colada aos quadris.
Eu percebi a expressão de choque de Roberto pelo canto do olho. Eu sabia que eu devia parecer sexy.
Mas que se dane. Ele não teria a chance de me tocar.
"Cecily..."
Eu ouvi a voz de Roberto. Ele estava chamando meu nome. Na verdade, essa era a primeira vez que eu ouvia meu próprio nome sair de sua boca. Eu parei porque vi Alison ao lado dele. Ela tinha a mesma expressão de surpresa extrema. Por algum motivo, eu queria saber o que Roberto diria a mim na frente de sua namorada marcada.
"Você está linda."
Ele ainda parecia alto e bonito com aquelas palavras flertadoras, mas eu já havia perdido qualquer senso de atração. Dei-lhe um olhar de nojo e disse, "Obrigada."
Eu me virei para ir embora. Não estava interessada em ver os olhos lascivos de Roberto em mim. Ele estava interessado em mim agora. Ele queria mudar de ideia porque pensava que eu era bonita e atraente o suficiente para ser sua companheira. Ele não se importava com as qualidades inatas ou talentos das pessoas. Ele me avaliou, mas ainda era superficial e flertador.
Eu não conseguia entender por que costumava gostar de alguém assim. Será que era só por causa do efeito de companheiro?