A casa estava mergulhada em silêncio, exceto pelo leve som da respiração de Jae Hyun ao seu lado. Sophia tentou fechar os olhos, mas a estranha vontade de comer um hambúrguer começou a tomar conta de seus pensamentos. Era quase absurdo, mas a cada segundo parecia mais difícil de ignorar. "De onde veio essa vontade?" ela pensou, incapaz de entender o desejo repentino que dominava seu corpo.
Ela pegou o celular na mesinha de cabeceira e olhou a hora. Duas da manhã. Sophia mordeu o lábio inferior, preocupada. "Onde é que eu vou encontrar hambúrguer a essa hora?" Pensou, aflita. O desejo parecia insuportável, e ela sabia que não conseguiria voltar a dormir sem saciá-lo.
Tentando não fazer barulho para não acordar Jae Hyun, ela se levantou devagar e foi até o closet, buscando alguma roupa para vestir. Talvez, se ela saísse agora, pudesse encontrar algum lugar aberto. Enquanto procurava uma jaqueta, sentiu um calafrio de nervosismo e frustração.
De repente, uma voz grave a surpreendeu.
— O que você está fazendo?
Ela se virou rapidamente, o coração batendo forte, e viu Jae Hyun parado na porta do closet, seus olhos semicerrados, a expressão ainda sonolenta. Ele tinha as mãos nos bolsos do pijama e os cabelos ligeiramente bagunçados, o que o fazia parecer mais relaxado e menos formal do que de costume.
Sophia sentiu o rosto corar, sem saber como explicar. "Como vou explicar para ele que eu quero um hambúrguer no meio da madrugada?" pensou, envergonhada.
— Eu... – começou ela, nervosa, as palavras travando na garganta — Eu... acordei com uma vontade louca de comer um hambúrguer. Eu sei, é estranho... Mas eu não consigo parar de pensar nisso. Eu ia sair para procurar um lugar onde pudesse comprar um.
Jae Hyun arqueou uma sobrancelha, visivelmente surpreso com a confissão. Ele deu alguns passos em direção a ela, os olhos ainda meio confusos, mas logo algo suave surgiu em sua expressão.
— Um hambúrguer? – ele perguntou, a voz baixa e calma.
— Sim. – respondeu Sophia, sem jeito — Eu sei, é ridículo, mas... eu realmente preciso comer um.
Ela deu um pequeno riso nervoso, tentando suavizar a situação, mas a ansiedade estava estampada em seu rosto. A última coisa que queria era incomodar Jae Hyun com algo tão trivial, especialmente depois de tudo.
— Não vou deixar você sair sozinha a essa hora. – disse ele, decidido — Eu vou comprar hambúrguer pra você.
Sophia rapidamente balançou a cabeça, o rosto ficando ainda mais corado.
— Não! De jeito nenhum. Você não precisa fazer isso. Eu... eu posso ir sozinha. Eu jamais incomodaria você, ainda mais por algo tão bobo. – ela gesticulou com as mãos, sentindo-se ainda mais desconfortável.
Jae Hyun suspirou, cruzando os braços sobre o peito, o olhar fixo nela.
— Sophia. – ele disse, a voz firme, mas sem qualquer traço de frieza — Eu sou seu marido. E se você quer um hambúrguer agora, eu vou conseguir para você. Não importa a hora.
O coração de Sophia acelerou ao ouvir as palavras "sou seu marido". Havia algo na forma como ele as disse que a fez sentir um calor estranho dentro de si. Ele não parecia estar brincando ou apenas tentando ser gentil. Havia um cuidado real em seu tom, algo que a deixou ainda mais nervosa, mas também tocada.
Ela tentou falar, mas Jae Hyun já estava pegando sua jaqueta no closet, sem dar a ela a chance de protestar.
— Eu posso ir sozinho. Fique aqui. – ele disse com um tom autoritário, mas ao mesmo tempo tranquilizador.
— Não, eu vou com você. – respondeu Sophia, teimosa, cruzando os braços — É a minha vontade de comer. Eu não vou deixar você sair no meio da noite por isso.
Jae Hyun suspirou, um pequeno sorriso surgindo no canto dos lábios. Era raro vê-lo sorrir assim, mas aquele pequeno gesto fez o coração de Sophia bater mais forte.
— Não adianta discutir. – ele disse, divertido — Eu sou teimoso.
— E eu também. – ela respondeu, com um brilho nos olhos, os braços ainda cruzados.
Por um breve momento, os dois ficaram se encarando, como se estivessem em uma batalha silenciosa para ver quem cederia primeiro. Mas havia uma leveza na troca, uma conexão implícita que eles pareciam começar a reconhecer. Jae Hyun balançou a cabeça, um suspiro de derrota escapando.
— Tudo bem, então. – ele disse, olhando para ela com um misto de exasperação e diversão — Vamos juntos. Mas não ouse sair sem mim.
Sophia riu, aliviada e, ao mesmo tempo, surpresa com a mudança de atitude dele. Era como se aquela tensão entre eles estivesse começando a se dissolver, substituída por algo mais suave e menos complicado.
Enquanto eles se preparavam para sair, Sophia não podia deixar de perceber as pequenas coisas que Jae Hyun fazia. O jeito que ele pegou sua jaqueta e a entregou a ela, o modo como a observava de relance, como se quisesse se certificar de que ela estava bem. Não eram gestos grandiosos, mas eram genuínos, e isso fazia toda a diferença.
Quando finalmente estavam prontos para sair, Jae Hyun a olhou mais uma vez, com uma expressão que ela não conseguia ler completamente.
— Você sempre me surpreende. – ele murmurou.
Sophia sorriu levemente, sentindo o calor crescer em seu peito. Não sabia ao certo o que ele estava pensando, mas, de alguma forma, sabia que aquela noite estava aproximando-os mais do que qualquer palavra poderia.
[...]
Na escuridão suave da madrugada, o carro avançava pelas ruas silenciosas de Seul, com as luzes da cidade cintilando à distância. Sophia, com as mãos pousadas no colo, observava o exterior pela janela, tentando controlar o nervosismo que ainda a rondava após a interação no closet. Jae Hyun, concentrado na direção, não disse muito durante o trajeto, mas sua presença ao lado dela era de algum modo tranquilizadora.
Quando finalmente pararam em uma pequena loja de conveniência, Jae Hyun desligou o motor e olhou para ela.
— Espere aqui. Eu vou pegar o hambúrguer.
Sophia assentiu, ainda meio envergonhada pelo pedido absurdo de sair àquela hora da noite. Jae Hyun saiu do carro e, em poucos segundos, entrou na loja. Do lado de fora, ela o observava através das grandes janelas de vidro, onde a luz fluorescente destacava seu pijama, coberto apenas por uma jaqueta. Ele parecia ligeiramente fora de lugar, mas ao mesmo tempo tão confiante como sempre, mesmo em uma situação inusitada como essa.
Dentro da loja, Jae Hyun caminhou até o freezer, abrindo-o para pegar uma variedade de hambúrgueres. Carne, frango, até vegetarianos... Ele não sabia exatamente o que Sophia queria, então decidiu pegar alguns de cada. Quando chegou ao caixa, depositou a pilha de hambúrgueres no balcão, atraindo o olhar curioso do atendente, um homem de meia-idade com um sorriso amistoso.
O atendente começou a escanear os itens e, ao olhar para Jae Hyun, notou o pijama sob a jaqueta.
— Sua esposa está grávida também? – ele perguntou, sem cerimônia, mas com um sorriso simpático no rosto — A minha me fez sair de madrugada outro dia para comprar kimbap. Elas sempre têm esses desejos estranhos no meio da noite, né?
Jae Hyun ergueu uma sobrancelha, surpreso pela pergunta repentina. Ele não confirmou nem negou, mas uma onda de pensamentos o atingiu por um breve momento. "Grávida? Sophia... grávida?" a ideia o pegou de surpresa, mas logo ele afastou a possibilidade. "Não, não faz sentido." ainda assim, a ideia pairou em sua mente enquanto o atendente continuava a escanear os hambúrgueres.
Ele pagou a conta e saiu da loja, equilibrando a sacola com a enorme variedade de hambúrgueres nas mãos. Quando entrou no carro, Sophia olhou para ele, espantada.
— Uau, você trouxe todos os hambúrgueres da loja? – ela perguntou, meio rindo, meio envergonhada.
— Eu não sabia qual você queria, então peguei vários. – ele respondeu calmamente, ligando o carro novamente.
Sophia sentiu o rosto corar um pouco. Não estava acostumada a alguém cuidando dela dessa maneira, ainda mais alguém como Jae Hyun. Ela murmurou um agradecimento e ficou em silêncio o resto do caminho até voltarem para casa.
Quando chegaram, Sophia foi direto para a cozinha com Jae Hyun logo atrás. Ele colocou os hambúrgueres sobre a mesa, e Sophia começou a examinar as opções, ainda impressionada com a quantidade. Escolheu dois que pareciam mais apetitosos e os colocou no micro-ondas. O cheiro delicioso logo tomou conta da cozinha, fazendo o desejo que ela sentia crescer ainda mais.
Quando o micro-ondas apitou, Sophia pegou o primeiro hambúrguer e deu uma mordida enorme, como se não comesse há dias. Jae Hyun a observava de longe, os braços cruzados, intrigado com o quanto ela parecia estar gostando daquilo.
— Está bom? – ele perguntou, erguendo uma sobrancelha.
— Muito bom! – respondeu Sophia de boca cheia, enquanto já dava outra mordida. A fome parecia insaciável, mas antes que pudesse terminar o segundo hambúrguer, uma sensação estranha se espalhou pelo seu corpo. Seu estômago revirou de repente.
Ela mal teve tempo de processar antes de sair correndo para o banheiro.
Jae Hyun a seguiu imediatamente, preocupado. Ele parou na porta, ouvindo o som de Sophia vomitando. A preocupação no rosto dele aumentou, e a possibilidade que o atendente mencionou na loja voltou à sua mente. "Grávida... poderia ser?" pensou, sentindo um misto de confusão e uma preocupação ainda mais intensa.
Quando Sophia saiu do banheiro, visivelmente abatida, Jae Hyun estava lá, esperando por ela.
— Você está bem? – ele perguntou, a voz mais suave do que o habitual.
Sophia assentiu, tentando respirar fundo, ainda se sentindo um pouco envergonhada.
— Acho que comi rápido demais. – ela disse, forçando um sorriso, tentando diminuir a situação.
Jae Hyun não parecia convencido. Ele deu um passo à frente, observando-a com mais atenção. Havia algo estranho. Era como se uma parte dele realmente estivesse começando a considerar a possibilidade que o atendente levantara.
— Talvez devêssemos ir ao hospital. – ele sugeriu, mas Sophia balançou a cabeça rapidamente.
— Não, não precisa. Eu estou bem, de verdade. Só... acho que foi o nervosismo. E o desejo por hambúrguer... foi muito estranho, até para mim.
Jae Hyun a observou em silêncio por mais um momento, ponderando suas palavras. Por fim, suspirou, mas não insistiu. Ele apenas se aproximou um pouco mais, colocando a mão levemente no ombro dela, um gesto simples, mas cheio de significado.
— Se você sentir alguma coisa, qualquer coisa estranha... me avise. – ele disse, com seriedade — Não importa a hora.
Sophia assentiu, sentindo uma onda de calor percorrer seu corpo. A preocupação genuína de Jae Hyun, embora expressa de forma sutil, fazia seu coração bater mais forte. Mesmo que ele ainda mantivesse sua postura firme, havia algo mais naquele gesto, naquela proximidade, que mostrava um cuidado que ela não esperava.
E, de repente, ali, na cozinha silenciosa, Sophia percebeu o quão importante aquele homem estava se tornando em sua vida, mesmo com todas as complicações e incertezas que os rodeavam.
[...]
Na manhã seguinte, a luz suave do sol penetrava pelas janelas, espalhando um brilho cálido pelo quarto, refletindo nas superfícies e criando um ambiente tranquilo. Jae Hyun já estava acordado há algum tempo, sentado à mesa, imerso no celular enquanto a governanta recitava as atividades do dia com voz calma e profissional. Seus olhos estavam focados na tela, mas sua mente estava parcialmente distraída. Ele não esperava ver Sophia tão cedo.
Quando levantou mais cedo, tinha deixado a porta do quarto entreaberta, certo de que ela dormiria por mais algumas horas. "Ela deve estar exausta", pensou, especialmente depois do mal-estar na madrugada. No entanto, ele mal teve tempo de concluir seus pensamentos quando Sophia apareceu na porta da sala, já vestida e arrumada para o trabalho.
Sophia entrou na sala, e a luz do sol refletiu em seus cabelos, criando um brilho suave ao redor dela. Jae Hyun, por um breve instante, perdeu o foco na tela do celular. Seus olhos seguiram cada movimento dela, desde a maneira como ela ajeitava uma mecha de cabelo até a leveza que se aproximava à mesa. Ele desviou o olhar, tentando manter a postura fria de sempre, mas não pôde evitar que um pensamento passageiro surgisse: havia algo nela que o desarmava, algo que ele preferia não admitir, nem para si mesmo.
Ela, por sua vez, o cumprimentou com um sorriso tímido, quase contido, mas com suavidade. Havia uma naturalidade em sua presença que trazia uma certa paz à sala, uma calma que contrastava com o ritmo frenético que ele costumava seguir. Ela deslizou para uma das cadeiras, sentando-se à mesa de forma delicada, e um tanto tímida, os olhos encontrando brevemente os de Jae Hyun antes de desviar para o prato à sua frente.
Ele a observou por mais um segundo, algo indeterminado se agitando em seu peito.
— Por que acordou tão cedo? – Jae Hyun perguntou, tentando disfarçar o leve nervosismo que se agitava em seu peito.
— Volto ao trabalho hoje. – respondeu Sophia, ao imaginar que talvez ele tenha esquecido.
A expressão de Jae Hyun mudou sutilmente, uma preocupação discreta pairando em seu olhar.
— Você deveria ficar em casa e descansar. Passou mal de madrugada, não precisa ir hoje. – a voz de Jae Hyun soou firme, mas não autoritária. Havia uma suavidade rara nas palavras, algo que Sophia notou imediatamente.
Ela sorriu com delicadeza, tocada pela atenção inesperada, mas balançou a cabeça, decidida.
— Agradeço, mas se eu ficar em casa sem fazer nada, vou enlouquecer. Além disso, tenho algumas coisas pendentes no trabalho.
Jae Hyun esboçou um pequeno sorriso, quase imperceptível, misturando admiração e um toque de exasperação. Era impossível não apreciar a determinação de Sophia, mesmo que ele desejasse vê-la cuidando mais de si mesma. Ele suspirou, como quem se resigna a algo inevitável.
— Tudo bem, mas não se force demais. Se precisar de qualquer coisa, me avise. – as palavras saíram num tom quase casual, mas havia um cuidado genuíno que ela facilmente captou.
Sophia assentiu com um leve sorriso, e ao olhar para seu café da manhã, notou algo diferente. A refeição à sua frente era cuidadosamente pensada: leve, nutritiva, e claramente distinta do que havia sido servido a Jae Hyun. Um sorriso suave começou a se formar em seus lábios, enquanto a realização lhe atingia – ele havia pensado nela. O gesto, simples, mas cheio de significado, não passou despercebido, e seu olhar se voltou para Jae Hyun, com um brilho de gratidão e algo mais profundo.
Ele, no entanto, havia se adiantado em disfarçar qualquer reação, seus olhos desviando-se rapidamente para o celular. Mas, por mais que tentasse esconder, seu coração traía a fachada de indiferença.
Quando estavam prestes a sair para a empresa, Sophia se pegou refletindo sobre a melhor rota para o trabalho. Ela estava em um bairro diferente, e ao abrir o mapa no celular, começou a calcular qual seria o caminho mais rápido. Talvez fosse preciso usar o metrô. Enquanto deslizava os dedos pela tela, imersa nas opções, Jae Hyun parou atrás dela, observando-a em silêncio. Um pequeno sorriso de humor surgiu em seus lábios, algo raro, aproveitando o fato de que Sophia, distraída, não poderia perceber. Sua altura, naquele momento, dava-lhe uma clara vantagem.
— Vamos? – ele a chamou, interrompendo sua concentração. Sophia se assustou levemente, bloqueando a tela do celular.
Ela se virou e ergueu o rosto para ele, com uma expressão confusa. Ainda não havia terminado sua pesquisa, e nem sequer sabia como voltaria para casa. Pagar táxi todos os dias definitivamente não era uma opção viável. Seus olhos correram rapidamente para o relógio pendurado na parede atrás de Jae Hyun, e percebendo que o tempo não estava a seu favor, considerou a necessidade de recorrer ao táxi mais uma vez.
De repente, a risada inesperada de Jae Hyun a fez encará-lo quase incrédula. Era raro ouvi-lo rir; na verdade, Sophia começava a acreditar que ele não era capaz de tal coisa. Mas o som daquela risada suave encheu seus ouvidos como a mais bela melodia. Ela quase sorriu junto, sem nem ao menos saber o motivo.
— Vamos, o carro já está pronto. – disse ele, pegando sua mão com naturalidade e a guiando em direção à porta.
— Senhor Kim, eu... eu não posso ir com o senhor. – argumentou Sophia, tentando manter a compostura enquanto se sentia ligeiramente perdida no calor do toque dele.
— E por que não? – Jae Hyun perguntou, despreocupado, enquanto ambos atravessavam a porta de saída.
— Porque vão nos ver chegando juntos. – explicou ela, com um leve tom de preocupação.
O motorista já estava à porta do carro, aguardando a aproximação de seu chefe com a esposa. Ao ouvir a preocupação de Sophia, Jae Hyun deu de ombros, olhando para ela com uma serenidade desconcertante.
— E qual seria o problema nisso? – ele perguntou com calma — Somos casados, e você é minha assistente. Quantas vezes já não saímos e chegamos juntos?
Sophia ficou em silêncio por um instante, tentando processar as palavras dele. Embora fosse verdade que já tinham saído juntos antes, ela sempre tinha uma função específica: esperá-lo no saguão com papéis ou com a agenda do dia. Nunca, em nenhuma dessas vezes, ela havia saído diretamente do carro dele.
Agora, contudo, havia algo diferente.
Percebendo a preocupação estampada no rosto de Sophia, Jae Hyun parou e a fitou com uma delicadeza inesperada, algo que pegou Sophia completamente de surpresa. Seu olhar, geralmente tão frio e calculado, agora carregava uma serenidade que a desarmou.
— Nosso casamento não é um segredo que devemos manter trancafiado em um cofre, agindo como se estivéssemos fazendo algo errado. – começou ele, com a voz tranquila, porém firme, seus olhos presos aos dela com uma intensidade que fez o coração de Sophia acelerar — Se alguém perguntar, direi que somos casados. E você deve fazer o mesmo.
As palavras dele caíram sobre Sophia como uma onda, fazendo seu coração disparar no peito, quase saltando para fora. Parte dessa sensação vinha das palavras em si, mas outra, talvez ainda mais forte, era provocada pelo olhar penetrante de Jae Hyun, que a mantinha presa àquele momento. A forma natural e confiante com que ele falava mexia profundamente com ela, como se tudo sempre tivesse sido tão claro para ele, enquanto ela estava perdida em suas próprias suposições.
Desde o início, Sophia tinha quase certeza de que esse casamento era algo para ser mantido em segredo, uma conveniência que apenas os dois compartilhariam, longe dos olhos do mundo. Mas, à medida que Jae Hyun falava, a confiança em sua voz a fazia questionar tudo. Talvez ela tivesse entendido tudo errado. Porque, enquanto ela agia como se esse acordo fosse algo temporário, Jae Hyun parecia tratar tudo com a solidez e seriedade de um verdadeiro casamento.
Essa nova perspectiva começou a bagunçar os sentimentos de Sophia, como se, aos poucos, ela estivesse percebendo que o vínculo entre eles era mais real do que imaginava. E, com essa descoberta, algo dentro dela começou a se desenrolar, a paixão que tentava contida, agora ameaçava escapar.
"O que eu vou fazer com todo esse sentimento?", pensava Sophia, sentindo-se cada vez mais vulnerável à medida que começava a entender sua verdadeira situação — e se apaixonar ainda mais por ele.
Sophia concordou, um tanto tímida, sua voz quase um sussurro.
— Tudo bem. – disse, desviando o olhar brevemente.
Jae Hyun percebeu que ainda segurava a mão dela, e soltou-a imediatamente. Um leve pigarreio escapou de seus lábios enquanto tentava disfarçar o pequeno constrangimento que sentiu. Com uma naturalidade ensaiada, ele a guiou em direção ao carro, posicionando a mão com cuidado sobre a porta, garantindo que ela não batesse a cabeça ao entrar.
— Senhor Kim, o secretário Jung me enviou a agenda para hoje. – disse Sophia, acomodada no assento, os olhos fixos no celular enquanto analisava os compromissos do dia.
Jae Hyun a ouvia em silêncio, sua expressão séria, mas internamente ele estava refletindo sobre a mulher ao seu lado. Sem dúvida, ele havia feito a escolha certa ao tê-la, tanto na empresa quanto, inesperadamente, na vida. Sophia não era apenas dedicada, era uma mulher incrivelmente responsável e comprometida com tudo o que se propunha a fazer. Havia algo nela que ele admirava profundamente, algo que o fazia sentir uma segurança rara — algo que, por mais que tentasse, ele não poderia ignorar por muito mais tempo.