Midoki despertou ao som do vento murmurando sobre as planícies onduladas, onde a grama se movia em suaves ondas sob um céu pintado em tons de cinza e azul. Sua mente estava enevoada, como um lago em plena manhã de inverno. Fragmentos de memórias passadas reluziam, mas fugiam antes que pudesse tocá-los plenamente. A última lembrança clara era o salão de Melyadus, o rei de Lyoness, e suas palavras desdenhosas.
*Flashback:*
- Midoki: "Onde Morgana estaria?" - Ele havia perguntado ao rei, mas a resposta que recebeu foi um misto de condescendência e franqueza cruel.
- Melyadus: "Não sei onde ela está, viajante. Esse é um mistério que você mesmo deve desvendar." - Dissera Melyadus, os olhos brilhando com um toque de ironia. - "Quanto às pistas, não posso oferecer nada além de especulações. Os seus Titãs, quem quer que sejam, nunca existiram para mim ou para este reino."
A lembrança desse diálogo ressoava enquanto Midoki permanecia deitado na grama, encarando o céu. Ele murmurou para si mesmo, tentando organizar seus pensamentos.
- Midoki (pensando): "Os Titãs (Ogros, Orcs, Trolls, Goblins, etc)... Talvez nessa época ainda não tenham se dividido, ou talvez, ainda não existam."
*Fim do Flashback*
Ele se levantou lentamente, os olhos varrendo o horizonte em busca de direção. Com o sol como guia, caminhou para o sul. O solo sob seus pés evoluía de grama para areia, e o som das ondas anunciava sua chegada a uma praia solitária. Ali, ele encontrou seu reflexo na água calma de uma enseada. O que viu o fez recuar, como se olhasse para um estranho.
Seu rosto, embora familiar, não era o mesmo de 7 mil anos no futuro. Havia pequenas diferenças, um contorno sutilmente alterado aqui, uma cicatriz ausente ali. Ele passou a mão pelo próprio rosto, como se tentasse verificar se o reflexo estava mentindo.
- Midoki (pensando): "Esse corpo... é mesmo meu?" - Murmurou. - "Ou estou vivendo na pele de outro? Isso explicaria as lacunas na minha memória. Talvez eu esteja... saltando de um momento a outro, perdendo pedaços de mim mesmo."
Seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho distante do oceano, mas sua mente permaneceu em turbulência.
Enquanto isso, em outro canto do mundo, as paredes da Prisão de Surtur tremiam sob o impacto incessante de três gigantes colossais, Grendor, Palnak e Gronnak. Cada golpe parecia desafiar as leis da natureza, rachando as pedras encantadas que mantinham a fortaleza intacta por eras. Dentro da prisão, Agares, o Carrasco, sentiu o perigo iminente. Deixando a sala de comando, ele emergiu ao lado de fora para enfrentar a origem da ameaça.
Na confusão, Keldor, um prisioneiro de olhar ardiloso e sorriso afiado, percebeu sua oportunidade. Uma chave, deixada cair por um guarda desatento devido aos tremores, agora estava ao seu alcance. Com movimentos rápidos, ele liberou a si mesmo e, sem hesitar, abriu a cela ao lado, libertando Durin com olhos famintos por liberdade e vingança.
- Keldor: "Finalmente... foi mais fácil que pensei." - Keldor murmurou, enquanto sua aura ameaçadora se intensificava. - "Vamos fazer este lugar ruir."
Nas profundezas de Helheim, a criatura do abismo finalmente alcançava a superfície. Com passos lentos, colocou o corpo frágil de Lilya sobre o solo enegrecido. A energia que emanava de suas mãos monstruosas era fria, mas estranhamente revitalizante. Lilya abriu os olhos, ofegante, e sua primeira reação foi um grito, uma mistura de terror e surpresa ao encarar aquela entidade.
A criatura não reagiu. Ficou parada, os olhos como fendas ardentes que pareciam analisar cada aspecto da pequena fada. Lilya, trémula, ergueu sua alabarda com dificuldade.
- Lilya: "Halberd Bastion, Nona Forma: Lírio da Lua, Névoa da Cura!"
A energia espiritual envolveu seu corpo, restaurando suas forças e fechando as feridas mais graves. Contudo, as rachaduras nos braços e ao redor dos olhos permaneceram, marcas permanentes da hostilidade do ambiente de Helheim.
A criatura permaneceu em silêncio, observando-a com uma postura quase passiva. Lilya tentou falar, mas sua voz era entrecortada pela incerteza.
- Lilya: "O que você é?"
Nenhuma resposta veio. A criatura se virou ligeiramente, como se sugerisse que o tempo dela ali estava se esgotando. Com uma decisão apressada, Lilya ativou sua alabarda novamente.
- Lilya: "Halberd Bastion, Sétima Forma: Rastreador!"
Linhas de energia espiritual dançaram no ar, formando um caminho etéreo que apontava para longe. Seus olhos brilharam com alívio.
- Lilya: "O rastro de Lúcifer... Ainda está intacto." - Sussurrou para si mesma. - "Finalmente, uma chance de escapar desse inferno."
De volta à praia, Midoki testava seus poderes com um misto de frustração e resignação. Algumas de suas técnicas ainda respondiam à sua vontade, mas o nível que um dia alcançara parecia tão distante quanto as estrelas.