Ao atravessarem o portal, um brilho esverdeado envolveu o grupo, e logo eles se viram na mística Zona Espiritual. A paisagem oscilava entre florestas etéreas e montanhas flutuantes. No centro, um vilarejo cintilava, suas estruturas feitas de cristal vivo. O ar era pesado com a energia mágica, quase pulsando, e o som do vento carregava sussurros de sabedoria antiga.
O sábio Gnomo, com sua barba longa e olhos brilhantes de curiosidade, aproximou-se deles, apoiado em um cajado enfeitado com runas cintilantes. Ele os analisou com cuidado, franzindo a testa, antes de finalmente dizer:
- Spencer: "Vocês precisam treinar, alcançar o potencial máximo de cada um. Não será fácil, mas é necessário." - Ele fez uma pausa, seus olhos curiosos vasculhando o grupo. - "Onde estão os outros membros dos Cavaleiros Templários?"
Midoki cruzou os braços e suspirou.
- Midoki: "Um está buscando mais poder, dois deles estão sem condições de continuar no momento, outros dois... estão desaparecidos. E ainda há três vagas para o grupo."
Spencer, que havia permanecido calado até então, soltou um suspiro de exasperação.
- Spencer: "Que tipos de membros você está escolhendo, Midoki?"
- Midoki: "Um de cada raça, ué..." - Respondeu Midoki, com um tom defensivo.
Spencer arqueou uma sobrancelha.
- Spencer: "E você sequer sabe quais serão as últimas três raças, não é? Ou melhor ainda, sabe por que seu pai ordenou isso?"
Midoki hesitou, suas sobrancelhas se unindo em confusão.
- Midoki: "Não é para representar a diversidade?"
Spencer riu, mas não havia humor em seu riso.
- Spencer: "Representar a diversidade? Esse é apenas um fragmento do motivo." - Ele apontou o dedo para Midoki, como se o estivesse repreendendo. - "Seu pai nunca te contou? Ele era um bom amigo meu, sabia? Fui eu quem o instruiu sobre os fundamentos dessa ordem lendária. Os primeiros Cavaleiros Templários eram heróis de 13 raças diferentes. E foi a combinação única de suas auras que selou o Rei Arthur e o próprio Caos."
Os olhos de Midoki se arregalaram, um misto de surpresa e frustração se espalhando por seu rosto.
- Midoki: "Meu pai nunca me falou nada disso!"
Spencer estreitou os olhos, estudando-o.
- Spencer: "Talvez ele tenha tentado, mas, pelo que conheço de você, provavelmente não prestou atenção."
Um brilho de memória surgiu nos olhos de Midoki. Ele balançou a cabeça, como se afastando a névoa de seu passado.
*Flashback*
Midoki, então com 10 anos, estava sentado diante do trono de seu pai. O rei tinha um semblante austero, mas seus olhos brilhavam com um misto de orgulho e preocupação.
- Rei Canvos: "Um dia, você terá o dever de reunir 13 membros de raças diferentes, Midoki. Essa será sua missão como..."
- Midoki: "Quer dizer que vou ter minha própria ordem de cavaleiros!?" - Midoki o interrompeu, seus olhos brilhando de empolgação. Antes que o rei pudesse explicar mais, ele correu para contar aos amigos da escola, deixando seu pai boquiaberto e ligeiramente frustrado.
O tempo passou, e o jovem cavaleiro cresceu, esquecendo a importância vital dessa ordem e de sua missão.
*Fim do Flashback*
O foco muda para Durin, agora acorrentada na Prisão de Surtur que emergiu de uma fenda após a abertura do selo do Submundo. A estrutura era um monumento à crueldade demoníaca, erguendo-se das profundezas e reluzindo com uma luz negra ameaçadora. O ar era denso, carregado com o odor de enxofre e o som dos gritos incessantes.
Durin estava algemada em correntes e encostada em uma parede fria e úmida, suas forças diminuindo a cada dia. Mesmo assim, ela se recusava a ceder ao desespero. Seus olhos fixavam-se na pequena fresta de luz que entrava pelo teto.
- Durin: "Um dia... um dia sairei daqui." - Sua voz era firme, mas baixa, quase um sussurro para si mesma.
Enquanto isso, do lado de fora, Gronnak que em algum momento após ser capturado, escapou do Selo das Sombras de Mammon, e estava em ação. Ele havia passado um ano e meio planejando sua investida contra a Prisão de Surtur (no continente Solvaris), trabalhando ao lado de um ex-prisioneiro, Keldor, um homem marcado por cicatrizes que cruzavam seu rosto, mas com olhos determinados.
Keldor ajustava sua armadura enferrujada, falando em um tom grave:
- Keldor: "O plano é simples, mas mortal. Eu me deixarei capturar e ajudarei Durin por dentro. Você cuidará de destruir as fundações da prisão do lado de fora."
Gronnak assentiu, sua mão apertando o martelo gigantesco que descansava em suas costas.
- Gronnak: "Entendido. Mas o maior problema será Agares, o Carrasco. Ele não é um oponente que se enfrenta de frente."
- Narrador: "Agares é o único demônio que Lúcifer não tem o prazer de matar, por dois motivos. O primeiro é que ele é incrivelmente útil. A Prisão de Surtur, só existe enquanto Agares continuar a viver. Sem ele, o próprio inferno perderia sua profundidade. O segundo motivo é mais intrigante... Agares é o único demônio que não tem medo de Lúcifer. Ao contrário dos outros, que se curvam diante de seu poder e autoridade, algo que Lúcifer, por mais que o odeie, não pode deixar de respeitar."
Keldor deu um sorriso amargo.
- Keldor: "Não se preocupe comigo. Vou sobreviver... como sempre fiz."
Os dois trocaram um aperto de mão firme. Gronnak observou Keldor desaparecer na fumaça que cercava a prisão. Ele sabia que, em breve, teria de enfrentar não apenas Agares, mas também seus próprios demônios internos.
Dentro de Surtur, os gritos ecoaram novamente quando Keldor foi arrastado pelos guardas demoníacos. Ele foi jogado na mesma cela de Durin, que o olhou com surpresa e uma pontada de esperança.
- Durin: "Depois de tudo... você voltou?" - Ela perguntou, incrédula.
- Keldor: "Voltei para acabar com isso de uma vez por todas... eu ainda te devia uma." - Respondeu Keldor, sua voz cheia de determinação.
Durin ergueu os olhos para a fresta de luz novamente, desta vez com um brilho renovado.
- Durin: "Então vamos fazer isso juntos."
Enquanto isso, Gronnak avançava nas sombras do lado de fora, pronto para trazer Surtur abaixo, ou morrer tentando.