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Campainha-azul, embora indubitavelmente uma medicina herbal, poderia não ter sido amplamente considerada uma erva excepcionalmente preciosa. Possuía um aroma agradável, mas tinha um gosto amargo, servindo principalmente para contrabalançar os efeitos colaterais de drogas potentes. Embora compartilhasse algumas semelhanças com o alcaçuz, não podia igualar a eficácia do último.
Devido a essas limitações, farmacêuticos modernos hesitavam em cultivar campainhas-azuis, levando à eventual substituição por outras ervas. Não foi até aquele ano fatídico em que uma descoberta acidental lançou luz sobre as verdadeiras propriedades extraordinárias escondidas na campainha-azul — uma essência medicinal capaz de combater células cancerígenas. Essa revelação suscitou maravilhas e admiração. Infelizmente, até então, restavam poucas campainhas-azuis no mundo, e as condições ambientais do 23º século não eram mais propícias para seu crescimento.
Diante de uma vasta coleção de campainhas-azuis, a protagonista se viu num dilema. Sem a tecnologia disponível no 23º século, extrair a essência medicinal parecia impossível, reduzindo a campainha-azul a uma erva comum.
A empolgação no rosto de Bai Zhi diminuiu, deixando seu amigo Hu Feng perplexo. Imaginando sobre sua repentina mudança de humor, ele perguntou sobre a causa.
Com um suspiro, Bai Zhi explicou, "Oh, não é nada. Estou feliz em ver estas campainhas-azuis, mas elas podem não ter um bom preço. Deixemos que cresçam aqui por enquanto. Quem sabe, podemos encontrar um uso para elas no futuro."
Decepcionada, mas decidida, Bai Zhi decidiu retornar à vila. A vastidão da floresta a levou a acreditar que haveria uma abundância de ervas, mas a realidade estava longe de sua imaginação esperançosa.
Exausta, ela percebeu que não podia mais continuar e teria que retracear seus passos para evitar se perder e cair presa de predadores noturnos.
Entretanto, quando ela se virou para voltar, um vibrante tom vermelho chamou sua atenção. Ela esfregou os olhos, pensando estar alucinando. Mas lá, sob uma árvore perto do campo de campainhas-azuis, jazia um deslumbrante fruto vermelho assemelhando-se a jujubas.
Ávida, Bai Zhi correu até lá e examinou o fruto. Hu Feng seguiu, curioso sobre essa descoberta inesperada. Ele perguntou, "Isso é uma fruta selvagem?"
Com um sorriso radiante, Bai Zhi respondeu, "Não, isso não é uma fruta qualquer. É um ginseng selvagem! Você consegue acreditar? Um ginseng selvagem! Seu tamanho por si só poderia render uma bela quantia."
Hu Feng compartilhou de sua empolgação, pois ginseng selvagem era de fato um tesouro tão precioso quanto ouro, especialmente nesses bosques selvagens onde poucos poderiam pagar.
Armada com uma pequena pá, Bai Zhi começou cuidadosamente a escavar o ginseng, sabendo que a precisão era crucial. Ela precisava garantir a qualidade do ginseng, pois isso impactava diretamente seu valor de mercado.
Após um esforço considrável, ela finalmente desenterrou metade do corpo do ginseng, maravilhada com seu tamanho. Parecia ter prosperado por mais de um século, ocultado nas profundezas da floresta.
Tendo extraído com sucesso o ginseng inteiro, Bai Zhi orgulhosamente bateu a terra dele e virou-se para Hu Feng, dizendo, "Você já viu um ginseng tão magnífico antes?"
Hu Feng balançou a cabeça, admitindo, "Eu não saberia. Você vê, eu perdi minha memória. Durante meus três anos na Vila Huangtou, nunca botei os olhos em um."
Bai Zhi segurava o ginseng selvagem em suas mãos, maravilhada com seu valor. Em tempos modernos, esse tesouro centenário poderia facilmente ser vendido por no mínimo 200.000 yuan no mercado.
No 23º século, havia agricultores especializados em cultivar ginseng artificial, que ainda tinha um preço decente — cerca de 100.000 yuan por peça. Infelizmente, o verdadeiro ginseng de cem anos havia sido quase esgotado por suas atividades. Como resultado, a maioria do ginseng selvagem disponível era falso, tornando difícil para as pessoas comuns distinguir o autêntico do falsificado.
Virando-se para Hu Feng, Bai Zhi perguntou, "Hu Feng, alguma ideia de quanto podemos conseguir por esse ginseng selvagem?"
Hu Feng balançou a cabeça e respondeu, "Não tenho certeza."
"Bem, independentemente do preço, vamos dividir os lucros igualmente," Bai Zhi propôs generosamente.
Hu Feng arqueou uma sobrancelha, surpreso com sua generosidade. Ele presumiu que ela pensava que ele a estava protegendo e, portanto, merecia a metade dos lucros. Dadas as dificuldades financeiras de sua família, Hu Feng não recusou e aceitou a oferta agradecido.
Assegurando o ginseng em um pacote de folhas, Bai Zhi o escondeu dentro de sua bolsa de bambu, habilmente o camuflando com ervas comuns. Ela sabia que, se a Família Bai descobrisse sobre esse achado valioso, eles certamente tentariam reivindicá-lo para si.
Enquanto retraçavam seus passos de volta para casa, a sorte parecia estar do
lado deles, pois conseguiram retornar cedo. Durante a viagem, Hu Feng conseguiu caçar dois faisões, não um grande ganho monetário, mas ainda algo que poderiam vender se necessário.
Ao chegarem a um riacho próximo, mataram a sede e colheram frutos de yacon para levar consigo. Perto dali, havia uma densa floresta de bambu, e Hu Feng cortou um broto de bambu grosso, curioso sobre as intenções de Bai Zhi.
Apontando para o riacho com um sorriso, Bai Zhi explicou, "Hu Bo e Niang estão se esforçando nos campos. O clima está escaldante, e eles já devem ter terminado sua água. Mas a água deste riacho é refrescante e fria — ajudará eles a suportar o calor."
Impressionado com sua consideração, Hu Feng limpou o tubo de bambu e o encheu com água fria do riacho antes de selá-lo com folhas.
A bolsa de bambu de Bai Zhi agora estava quase transbordando, e seus ombros doíam com o peso. Cada passo parecia torturante, mas ela se recusou a reclamar, cerrando os dentes com determinação.
Hu Feng, que ia à frente, deliberadamente diminuiu o passo, mas a determinada menina ainda lutava para acompanhá-lo.
Eventualmente, ele parou e se virou para testemunhar sua figura esbelta, abordando-o penosamente. Seu rosto tinha marcas de contusões roxas e feridas, um testemunho de suas lutas. Bai Zhi não tinha a fragilidade frequentemente associada a meninas de sua idade.
Franzindo o cenho, ela mordeu o lábio para mascarar a dor, tentando aliviar o fardo em seus ombros colocando as mãos atrás das costas. No entanto, traços de sangue escarlate manchavam o tecido de seu vestido.
Preocupado, Hu Feng se aproximou e gentilmente retirou a bolsa de bambu de suas costas.
Bai Zhi olhou para cima, confusa com sua ação, o suor quase ofuscando sua visão. Mas a visão da figura alta e reconfortante deu-lhe conforto.
"O que você está fazendo?" ela perguntou, esfregando seu ombro dolorido, confusa com seu gesto.
Sem dizer uma palavra, Hu Feng lhe entregou um dos faisões do saco de pano em suas costas e disse, "Você segura isso, eu carrego sua bolsa."
Apesar de já carregar dois grandes coelhos cinzentos, dois faisões, uma cobra verde grossa e um saco cheio de frutos de yacon, Hu Feng prontamente assumiu o peso adicional de sua bolsa de bambu.
Sem dizer mais uma palavra, ele simplesmente se virou e continuou andando, deixando Bai Zhi comovida por sua compreensão tácita e bondade.
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