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Chapter 45 - Envenene-me

Lina acordou ligada a gotejamentos intravenosos. Ela gemeu confusa, ouvindo gritos estranhos ao fundo.

"Como assim ela está desnutrida? Tem certeza que você não é um charlatão?!" Uma voz rosnou, seguida por um barulho estridente.

"Chefe!" Sebastian gritou, agarrando a mão do Chefe. "Ele é um civil, violência não é a melhor resposta…"

Lina abriu os olhos e viu Kaden agarrando um médico pela gola. Sua cabeça doía e seus olhos doíam só de abrir.

"Que inferno?" Lina murmurou, olhando para os gotejamentos intravenosos conectados a ela, depois para os arredores, e finalmente, ela captou tudo.

O telefonema do seu tio. O sequestro. E então, escuridão.

"Você!" Lina gritou, apontando um dedo acusador para Kaden, que olhou para ela atônito.

Então talvez a violência fosse a melhor resposta. Obviamente, acordou Lina da soneca, não foi?

"O que está acontecendo aqui?" Lina latiu, jogando o cobertor para fora de seu corpo. Então, ela percebeu que aquilo não era uma cama de hospital e aquelas não eram paredes de hospital. Em vez disso, o quarto à sua frente era extremamente luxuoso, com mobília elegante escura e toques de decoração em ouro e prata.

"Você me sequestrou?" Lina disse, irritada, arrancando os gotejamentos intravenosos de si e pegando um lenço de papel do criado-mudo para pressionar a ferida.

"Eu não chamaria isso de sequestro," Kaden declarou.

Kaden soltou o médico, ignorando Sebastian, que estava rapidamente conduzindo todos para fora. Ele se virou calmamente para Lina e a observou bem. Vendo que ela conseguia jogar seus cobertores para o lado e arrancar seus gotejamentos intravenosos, ele considerou que ela estava saudável.

"Eu chamaria isso de salvar uma mulher que desmaiou em meus braços," Kaden concluiu com uma voz suave.

Lina encarou diretamente nos olhos derretidos dele. Eram atraentes e sedutores, mas ela estava frustrada demais para ser atraída por eles.

"Você é louco," ela cuspiu.

"Bom que você sabe."

"E um idiota."

"Eu realmente tenho um belo," Kaden concordou, acenando com a cabeça em concordância.

Lina soltou um suspiro irritado, revirando os olhos com a audácia que esse homem tinha. Ele estava mexendo com seus nervos, e agora ele a tinha sequestrado.

"Agora me diga," Kaden declarou, seu rosto endurecendo, seu olhar escurecendo. "Por que você se priva de comida?"

Lina congelou. Ela sentiu como se água fria fosse derramada sobre ela. Memórias do seu internato passavam diante de seus olhos. Os apontamentos, as risadas, as zombarias. Ela abria e fechava a boca.

"Você já está leve como uma pluma. Qualquer coisa a menos e você terá penas nas costas," Kaden retrucou.

Em dois passos longos, ele estava na frente dela.

"O que você estava pensando?!" Kaden rosnou, agarrando-a pelos braços superiores e a sacudindo. Ela olhou para ele como um cervo pego no farol, seus olhos tremendo.

"Exatamente, você não estava," Kaden sibilou, soltando-a. Ela instantaneamente cambaleou para trás, tocando o pescoço e olhando para o chão.

"Não é da sua conta," Lina disse trêmula. "E para constar, eu não estou me privando de comida. Eu só não comi—"

"O médico disse que você está extremamente desnutrida. Pode explicar?" Kaden exigiu, suas características distantes transformando-se em irritação.

"Isso é—"

"Foda-se," Kaden grunhiu. "Não me conte."

Lina fechou a boca. Ela estava enganada. Esse homem era além de louco, ele era insano. Um minuto estava preocupado por ela, no próximo, estava gritando, e agora, não se importava.

Lina pulou quando sentiu seus dedos quentes em seu pulso. Ela olhou para ele, surpresa.

"O que você está fazendo?" Lina sussurrou, enquanto ele apertava o seu pulso.

Lina sentiu borboletas no estômago pelo modo como ele a olhava, como se não conseguisse decidir se ela era lixo nos seus sapatos ou a joia mais rara do mundo.

"Por que você continua tocando seu pescoço como se isso fosse resolver alguma coisa?" Kaden perguntou asperamente.

Lina estremeceu com sua voz, virando a cabeça para mostrar que não gostava de ser falada nesse tom. Ela o ouviu respirar fundo. Então, ele soltou um suspiro.

"Venha comigo," Kaden disse, suavizando sua voz por um breve momento. "Vamos te alimentar."

"Por que você me sequestrou?" Lina retrucou, arrancando a mão dele.

Instantaneamente, Lina se arrependeu. Ela tropeçou e ele a pegou sem esforço. Suas sobrancelhas em forma de fênix estavam franzidas, seus lábios formando uma carranca profunda.

"Eu não te sequestrei," Kaden declarou. "Eu simplesmente te coloquei no meu carro para uma conversa, mas aí você teve que desmaiar."

"Então você está me fazendo gaslighting agora?" Lina perguntou.

"Pelo amor de Deus," Kaden suspirou alto. "Anda logo e venha comigo."

Kaden a estabilizou em seus próprios pés e a soltou. Ele virou as costas para ela e se dirigiu para a porta, esquecendo que ela era pequena, e o que para ele era um passo, para ela eram dois.

"Minha família vai estar me procurando agora, meu motorista—"

"Eu já disse ao seu pai que você está comigo," Kaden declarou.

"Você… tem o contato do meu pai?" Lina perguntou, duvidosa de suas intenções.

Vendo que ele estava deixando o quarto, Lina não teve escolha senão segui-lo rapidamente. Ela odiava o quanto ele era alto, como ele pairava sobre ela, e como sua altura era uma maldita atração.

"Não é da sua conta," Kaden disse a ela, abrindo a porta e segurando-a para ela.

Lina hesitou ao sair do quarto dele como um gato sendo introduzido a um novo ambiente. Ela olhou para todos os lados, aparentemente em busca de uma escapada.

Kaden soltou um suspiro, zombando de si mesmo. Sua casa era à prova de escape. E se ela conseguisse escapar, ele a recompensaria por sua inteligência. As janelas eram à prova de balas e trancadas por chaves, as paredes eram impenetráveis e cada entrada era vigiada por homens fortemente armados, dentro e fora da casa.

"Por que você não atendeu o telefone?" Kaden perguntou enquanto caminhava à frente dela, confiante que ela não seria capaz de ultrapassá-lo.

"Aquele número desconhecido era o seu?" Lina retrucou, relutantemente seguindo-o.

O olhar de Lina estava fixo nas costas dele. Ele havia trocado de roupa e estava usando uma camiseta, revelando seu corpo musculoso, mas não de uma forma que os fisiculturistas aparecem. Não. Seus músculos não eram apenas para exibição. Isso o tornava poderoso e dominante, mas elegantemente.

A cada passo, sua camiseta apertava nos contornos aguçados.

"Eu posso sentir seus olhos queimando um buraco em mim," Kaden declarou, sua voz baixa e perigosa.

"Eu estava pensando se você é muito pobre para comprar roupas que servem bem," Lina retrucou, sua voz aguda revelando sua mentira.

A maioria dos homens poderosos teria se ofendido. Mas não Kaden. Ele simplesmente olhou por cima do ombro, riu e olhou para o outro lado.

Droga. Isso foi atraente. O rosto de Lina ficou vermelho com a realização de que seus insultos não o constrangiam, o divertiam.

"Talvez," Kaden provocou.

Lina encarou como era fácil para ele aceitar insultos. Ela odiava tudo sobre esse homem. Odiava a maneira como seus músculos se flexionavam a cada movimento, a maneira como seu cabelo parecia tão sedoso e convidativo, e seu andar poderoso como se ele possuísse o maldito mundo. Em um ponto, ele possuía, como o Segundo Rei de Ritan.

"Para onde estamos indo?" Lina perguntou, seguindo-o escada abaixo que dava para sua grande casa. Ela não se preocupou em olhar ao redor. Ela não queria dar a ele a satisfação de que ela estava curiosa sobre sua casa.

"Para a cozinha e sala de jantar," Kaden declarou.

Lina estava confusa com o que ele quis dizer até ele abrir um par de portas. Seus olhos se arregalaram com o layout. Havia eletrodomésticos de aço, de última geração, uma geladeira enorme, fornos, armários pretos, e tudo que uma pessoa poderia precisar para cozinhar.

Na frente do fogão havia um balcão de mármore com veios dourados passando por ele. Cadeiras estavam posicionadas em frente ao balcão de mármore, para que as pessoas pudessem assistir ao chef.

"Você não vai me envenenar, vai?" Lina perguntou cautelosamente, sentando-se no balcão e observando enquanto ele contornava.

Kaden lançou-lhe um olhar divertido. "Vou sim, como você sabia?"

Lina lhe deu um olhar incisivo.

Kaden riu baixinho.

Lina apertou as coxas, tentando esconder o calor que surgia. Ele deveria rir mais vezes. O som mexia com seu coração e a deixava ansiosa para ouvi-lo novamente. Ela havia esquecido como ele parecia bonito quando ria genuinamente.

"Agora seja uma boa garota e fique quieta enquanto eu cozinho para você," Kaden declarou, pegando uma panela dos armários e acendendo o fogão.

"Ou senão?"

Kaden pausou. Ele se virou e a observou bem. Ela parecia incrivelmente pequena em comparação com seu grande balcão de mármore. Ele tinha quase certeza de que suas pernas sequer tocavam o chão. Fofa.

"Ou senão eu te amarro à cadeira nas posições que eu gosto que minhas mulheres fiquem," Kaden respondeu, sustentando seu olhar por um longo tempo. Ele observou enquanto o rosto dela corava, pensamentos travessos invadindo sua mente.

Vendo que ela estava subjugada, por enquanto, Kaden se virou e começou a cozinhar, enquanto escondia seu fantasma de um sorriso.