"Eu já fui sequestrada antes..." Lina disse devagar.
Kaden parecia não acreditar nela.
"Nós já nos conhecemos antes?" ele perguntou.
Sua voz indiferente acariciou sua pele ardente, enviando um arrepio por sua espinha.
Lina queria distraí-lo. Se ele investigasse mais, seria perigoso.
"Essa cantada é antiga." Lina ignorou seu olhar intenso.
Kaden passou o polegar pelo lábio inferior, seus lábios se curvando levemente para cima. Ele parecia levemente divertido com ela, mas também um pouco irritado, como se não soubesse o que fazer com ela.
O olhar de Lina seguiu o movimento de seus dedos, demorando-se em sua mandíbula afiada e boca.
De repente, o carro parou, e Sebastian saiu.
"Lá vai você, pequena pomba," Kaden a alertou.
Lina se sentiu aquecida com o apelido dele. Que parte dela se parecia com uma pomba? Ela olhou para seu vestido branco, mas não disse nada e rapidamente saiu do carro.
Lina ficou chocada ao ver sua universidade. Mas ela nunca tinha dito a ele—
A porta do carro se fechou com força.
Kaden a observava pela janela com película. Ela estava inconsciente de sua beleza, e isso era evidente no modo como ela estava, tensa e confusa com seu ambiente. Uma multidão começava a se reunir na entrada da universidade.
"Descubra tudo sobre ela," Kaden ordenou com um tom de voz afiado.
"Imediatamente, Chefe," Sebastian disse, levantando seu tablet. Eles já tinham a universidade dela e o nome completo. Não deveria ser tão difícil, certo?
"Para a empresa," Kaden ordenou a seu secretário, Sebastian.
"Sim, Chefe," Sebastian respondeu, dando o comando ao motorista.
Sebastian percebeu que seu Chefe ainda estava olhando para Lina, com um brilho escuro e malicioso.
O Chefe nem percebeu que as pessoas estavam olhando para o carro, tentando dar uma olhada nele.
Quando o mundo inteiro estava observando-o, ele estava observando ela.
- - - - -
Lina se perguntava como ele sabia sobre sua universidade, mas ele partiu antes que ela pudesse perguntar. Ela esperava que isso fosse um caso encerrado... e que ela nunca mais precisasse vê-lo novamente. Ela não queria nada com ele, pois seu futuro era tão assustador quanto o passado que eles compartilhavam.
Lina tentava não pensar sobre seus pesadelos recorrentes, onde Kaden estava sempre presente. Sempre assombrando sua mente, seu passado e sua alma.
"Que a história não se repita," Lina disse a si mesma.
Lina começava a contemplar o passado. Sua primeira vida, para ser exata.
Como era possível que Kaden ainda estivesse vivo? O Segundo Rei de Ritan deveria ter morrido há 900 anos atrás...
Perdida em seus pensamentos, Lina se assustou quando alguém agarrou seu braço.
"Nossa, essa é a primeira vez que te vejo tão distraída! Se ao menos você tivesse essa cara durante os exames," uma voz resmungou ao lado dela.
Lina virou a cabeça e percebeu que era sua querida amiga, Isabelle. "É porque não preciso pensar durante os exames," ela retrucou.
"Deve ser bom saber a resposta de cara," Isabelle resmungou. "Enquanto plebeus lamentáveis como eu têm que pular por aros apenas para saber qual equação usar."
Lina riu levemente, batendo no braço de sua querida amiga. "Bem, se você prestasse atenção em vez de usar cada mesa como seu travesseiro pessoal para tirar um cochilo, tenho certeza de que não teria dificuldades."
Isabelle revirou os olhos. Ela ignorou os olhares frequentes em sua direção, especificamente dos homens de seu departamento. Já era algo comum.
"Aliás, eu não sabia que você também vinha de família rica," Isabelle afirmou.
Geralmente, Isabelle era a que tinha dinheiro, sustentando sua pobre Lina que sobrevivia de chicletes e café. Um murmúrio baixo podia ser ouvido ao longe, indicando uma tempestade.
Lina empalideceu com o pensamento. Ela queria se distrair da tempestade imprevisível.
"Do que você está falando?" Lina perguntou, descartando a declaração de Isabelle. Elas eram amigas há dois anos, mas agiam como se fossem irmãs separadas há muito tempo.
Isabelle interpretou isso dessa forma. Apesar de serem amigas, Isabelle não sabia muito sobre o passado de Lina.
"Aquela limusine preta," Isabelle afirmou. "É a que meu pai usa para tapetes vermelhos."
Lina decidiu contar metade da verdade. "Desmaiei no museu e um estranho bondoso me trouxe de volta para cá."
Bondoso... Pois é. Lina resistiu à vontade de revirar os olhos.
"Você desmaiou de novo?" Isabelle resmungou. "Você deveria realmente ir ao médico. Um dia você vai acabar desmaiando no meio da rua."
"É só anemia," Lina mentiu.
"Diz a que desmaia toda manhã," Isabelle zombou.
Isabelle já tinha perdido a conta de quantas vezes Lina acordava, tocava nela e então desmaiava por alguns segundos, antes de se levantar. Já era rotina matinal para ambas.
"Mas não esta manhã," Lina corrigiu Isabelle.
"Ah, que surpresa," Isabelle afirmou.
"Você não saberia," Lina ponderou. "Onde você estava esta manhã?"
Isabelle desviou o olhar e brincou com as pontas de seu cabelo. Ela ainda estava se apoiando em Lina, passando a mão pelo braço de sua amiga.
"Desde que você não esteja fazendo nada que me fará tia em breve, você não precisa me contar," Lina riu, imaginando por que Isabelle estava sendo tão reservada.
Mas Lina não julgaria. Ela era tão reservada quanto, mas melhor em esconder.
"Ah, não se preocupe," Isabelle zombou. "Com metade dos homens do campus caidinhos por você, duvido que eu arranje alguém para fazer bebês."
"O que aconteceu com aquele cara da semana passada?"
"Qual? Tem três," Isabelle respondeu ingenuamente.
"Certo..." Lina deixou no ar.
As pessoas estavam olhando em sua direção, mas ela sentia que eles estavam principalmente observando Isabelle. Ela não podia culpá-los.
Isabelle tinha o tipo de beleza que tentava tanto homens quanto mulheres. Sua confiança era tão atraente quanto marcante.
Às vezes, Lina se perguntava qual era o segredo de skincare de Isabelle. Tudo o que Isabelle fazia era lavar o rosto com água e ela acordava com a pele perfeita. E Lina tinha testemunhado isso também.
"...o Segundo Rei..."
Lina voltou a si, especialmente em direção a Isabelle. "O quê?"
Isabelle piscou e inclinou a cabeça. "Eu perguntei se você gostou da excursão sobre o Segundo Rei de Ritan."
Lina assentiu lentamente, sentindo como se tivesse reagido demais. Forçando um sorriso, ela olhou para frente.
"Eu perdi a excursão, mas conheci um homem que se parecia com ele," Lina admitiu.
"Sério?" Isabelle exclamou, seus olhos se arregalando com entusiasmo como uma criança pequena durante o Natal. "Dizem que o Segundo Rei era tão bonito, mulheres se jogavam a seus pés, mas ele só amava—"
"Mas a princesa favorita do reino inimigo," Lina murmurou, lembrando muito bem.
Como ela poderia não lembrar? Ela estava lá para viver o momento.
"Ai, que história de amor romântica eles tiveram," Isabelle disse saudosamente.
"Bem, não foi tão romântico, dado o—"
"Ai, ai, eu só me importo com a história de amor deles, e não com o final," Isabelle disse, saltitando alegremente pela estrada que leva aos seus dormitórios.
Agora que as aulas estavam encerradas, elas começavam a fazer planos para as longas férias de inverno antes das aulas de primavera começarem.
"Você não acha?" Isabelle perguntou.
"Eu suponho..." Lina murmurou.
Lina sorriu dolorosamente. Claro, todos amavam os aspectos românticos, mas nunca a tragédia que vinha depois.
Lina tocou seu pescoço e suspirou, olhando para cima, perguntando-se qual Deus sem pudor a amaldiçoou com esse destino.
Era doloroso o suficiente para Lina ter pesadelos. Agora ela tinha que testemunhar a história se repetindo.