Chereads / Coração das Trevas / Chapter 30 - Capítulo 26 parte 3

Chapter 30 - Capítulo 26 parte 3

Oh dor, o que fiz

Para fazer de você minha companhia

Tê-la por perto não é divertido

Quero que você desapareça

Rayven abriu os olhos lentamente, as luzes o saudando com seu calor. Mas, agora, tudo que ele queria era sentir frio. Sentir-se anestesiado. Por que ele acordou? Desejava nunca ter aberto os olhos novamente.

Skender estava sentado ao lado da cama, em uma cadeira, e Acheron em um sofá no canto. Ele estava quase adormecendo quando viu que Rayven tinha acordado.

Skender se inclinou sobre ele com uma expressão preocupada. "Rayven, você me preocupou." Disse ele, respirando aliviado.

Acheron também se aproximou. "O que ela fez com você?"

Rayven viu raiva nos olhos de Acheron. O homem nunca mostrava raiva a menos que estivesse com fome. Abrindo a boca, Rayven tentou falar apesar de sua boca e garganta extremamente secas. As palavras o cortaram, fazendo-o grimacear de dor, mas mal podia ser ouvido.

Acheron correu para trazer-lhe água.

Empurrando-se com os braços, Rayven tentou sentar, mas quase praguejou quando sua pele em cicatrização roçou nos lençóis. Ele percebeu que haviam o desvestido e cuidado de suas feridas.

Acheron lhe entregou o copo de água e Rayven o engoliu de uma vez. O frio contra sua garganta fez com que ele desejasse sentir o mesmo em seu corpo.

Tanto Acheron quanto Skender o observavam preocupados.

"O que há de errado?" Rayven perguntou.

"Você estava dormindo por uma semana."

Uma semana? Isso não poderia ser possível, mas quando ele olhou para o seu corpo e viu como suas feridas estavam cicatrizando, ele acreditou neles.

Por que ele estaria dormindo por uma semana? Ele já tinha passado por piores do que isso e acordado no dia seguinte.

Rayven afastou os cobertores para sair da cama. "Você deveria descansar mais," Skender lhe disse.

"Quem tem treinado os meninos?" Rayven perguntou.

"Zarus tem treinado eles," Acheron respondeu.

Rayven olhou pela janela. Era cedo, então os meninos logo chegariam para o treinamento. Ele foi procurar roupas enquanto Skender e Acheron o observavam em silêncio. Ele se vestiu e saiu do quarto às pressas.

Ele pôde ouvir Acheron dizendo para Skender, "deixe-o. Ele precisa da distração."

Distração? O que poderia fazê-lo esquecer a miséria em que vivia? Seria suficiente chegar ao quintal onde os meninos esperavam e fazê-los arfar ao ver seu rosto horrendo para se lembrar de quem ele era e como ele parecia.

Não importava.

Ele estava acostumado com as pessoas olhando para ele, sussurrando sobre ele e arfando ao vê-lo. Apenas a razão era diferente agora.

Quando ele chegou no quintal, como esperava, os meninos ficaram horrorizados ao vê-lo no estado em que estava. Se eles apenas vissem seu corpo inteiro. Suas roupas cobriam a maior parte de suas feridas.

"Bem-vindo de volta, Lorde Rayven." Lázaro, que já estava lá para treinar os meninos, cumprimentou-o.

"Posso assumir daqui," Rayven disse.

Lázaro sorriu maliciosamente. "Claro que pode. Só evite o sol." Ele deu um tapinha em seu ombro e deixou-o com os meninos.

"Bem-vindo de volta, Lorde Rayven," alguns deles cumprimentaram.

Rayven apertou os olhos, sentindo os raios do sol queimarem através de suas pestanas. Sua pele começou a coçar, mas ele ignorou e foi instruir os meninos.

O tempo passou lentamente enquanto ele mostrava diferentes técnicas aos meninos e ensinava suas habilidades. Ele apenas desejava que o dia acabasse, o mês e todos os anos. Ele queria que sua vida acabasse.

O que havia de errado com ele? Ele não era alguém que se afogava em autopiedade. Ele deveria apenas voltar a aceitar seu destino e parar de reclamar.

Quando a noite chegou, ele mandou os meninos embora, mas como de costume, William ficou. Rayven observou-o em silêncio, pensando em como seu castigo mantinha o pai deste menino vivo.

William foi guardar sua espada de madeira na caixa quando estava satisfeito com seu treinamento, então ele se aproximou dele.

Por quê? Por que incomodá-lo? Rayven não estava com humor para se comportar apropriadamente. Ele tinha vontade de despedaçar qualquer um que falasse com ele, especialmente esse menino.

"Meu Senhor, estou feliz que você voltou," ele disse.

"O Lorde Quintus era terrível?"

William sorriu. "Não, só estou acostumado a ter você nos treinando," ele deu de ombros.

Então ele olhou para o rosto dele, não com nojo ou qualquer outro sentimento que Rayven pudesse distinguir. "Parece que você se machucou novamente," ele disse.

Novamente? Parecia que o menino prestava atenção em suas cicatrizes. Ninguém olhava para ele tempo suficiente para notar.

William alcançou dentro do bolso e tirou uma pequena caixa. "Minha irmã mistura ervas para ajudar a curar minhas feridas. Olhe," ele disse, mostrando-lhe seus punhos curados. "Estou curado agora. Você pode ficar com ela."

Ele estendeu a caixa, mas Rayven a derrubou de suas mãos. William se assustou, mas apenas por um breve momento antes de ir pegar a caixa. Então ele voltou para ele.

"Tudo bem. Eu também fico irritado quando não durmo o suficiente por causa dos meus pesadelos. Segui seu conselho e comecei a ler. Agora eu durmo um pouco melhor."

Que maneira de fazê-lo saber que ele era terrível e fazê-lo se sentir bem ao mesmo tempo. Rayven estava divertido, mesmo de mau humor.

Quando ele não disse nada, William gentilmente colocou a caixa ao lado dele. "Tenha uma boa noite, Meu Senhor." Ele se curvou e saiu.

À sombra da árvore, Rayven encostou suas costas no tronco. Ele bloqueou sua mente de quaisquer pensamentos e emoções e focou apenas na dor causada por suas feridas. Depois de um tempo, quando ele estava certo de que não sentia mais nada além de dor, ele se levantou e voltou para a câmara onde havia estado descansando anteriormente.

Ele colocou a caixa de ervas na mesa antes de se deixar cair na cama. Espere! Ele trouxe a caixa com ele?

Ele pegou e decidiu jogá-la pela janela aberta, mas parou no meio do caminho. Ele abaixou a mão e olhou para a caixa. Era feita de madeira e tinha uma pintura de uma folha na trava. Justo quando ele estava prestes a abrir, a porta do quarto se abriu violentamente. Lázaro estava na entrada com um olhar arrogante no rosto.

"Acho que estou me tornando mais humano e usando a porta," ele disse, com Acheron e Vitale seguindo-o.

"Exceto que humanos não entram sem ser convidados e eles batem primeiro," Rayven falou em um tom amargo.

"Está dizendo que não sou convidado?" Ele fingiu estar ferido enquanto se sentava na outra extremidade da cama. Ele balançou suas pernas para cima da cama, ainda calçando seus sapatos. "Cuidei de seus filhos enquanto você estava doente."

Filhos? Os meninos estavam longe de ser seus filhos. Ele não conseguia se imaginar sendo pai. Que azar teria seu filho.

Blayze chegou, mas não pela porta como os outros. "Você está vivo," ele disse.

"Infelizmente." Rayven respondeu e Blayze sorriu.

"Skender está ocupado?" Vitale perguntou.

"Sim. Ele está ocupado fazendo nada." Blayze disse, fazendo Lázaro rir. "Nós fazemos o trabalho, ele recebe os elogios. Ele não faz o trabalho, nós recebemos o castigo."

Blayze nunca escondeu sua antipatia por seu membro mais novo. Skender. Aquele que foi punido pelo menor tempo entre eles. Ele ainda tinha aquela luz de esperança nos olhos, mas logo, após muitos anos sendo punido como eles, ele perderia a esperança também.

Se Lucrezia quisesse salvar alguém, deveria salvar ele. Rayven estava além da salvação. O castigo era para torná-lo uma pessoa melhor, mas ele só piorava. Seu coração permanecia sombrio e seu corpo, frio.

Ele era nada além de um desperdício de espaço agora. Ele estaria melhor morto.