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Chapter 14 - Capítulo 13

"O que o Lorde Rayven queria?" o irmão dela perguntou assim que ela voltou.

"Você irá ao castelo amanhã e começará seu treinamento," ela lhe disse.

Os olhos dele se arregalaram. "Sério? Ele concordou em me treinar?"

Angélica assentiu.

O irmão dela ficou animado, mas apenas por um instante antes de seu rosto se entristecer.

"O que houve?" ela perguntou.

"O Pai não vai deixar," ele falou.

Angélica deu um sorriso de canto. "Ele não tem escolha. Tenho certeza de que Sua Majestade pediu ao Lorde Rayven para treinar você, então você tem que ir ao castelo."

E o pai dela também tinha que ir ao castelo. O que ele estava pensando ao negligenciar seus deveres reais? A punição poderia ser severa.

E se ele estivesse ocupado tentando matar quem ele quisesse matar? Se ele matasse alguém, as coisas ficariam feias.

Angélica estava ficando frustrada com o comportamento dele. Ela tinha se esforçado bastante para fazer o pai e o irmão dela se entenderem. Tentou fazer com que as ações dele parecessem por cuidado, para que o irmão dela não o odiasse, para que o irmão dela não sentisse que só tinha a ela, mas talvez também porque ela queria acreditar nisso lá no fundo. Enquanto ela tentava manter a família unida, o pai dela estava por aí causando problemas.

Hoje à noite foi a mesma coisa. O pai dela não chegou em casa até tarde da noite e bêbado novamente. Desta vez, ele não estava cantando ou gritando. Ele parecia triste enquanto caía no sofá.

"Pai, fale comigo," ela implorou. "Por que você está fazendo isso?"

"Eu não consigo dormir," ele murmurou. "Toda vez que fecho os olhos, vejo os olhos dele."

Angélica se aproximou para ouvir. Esta noite, ele estava falando e ela podia entender suas palavras. Parecia que ele não bebeu tanto quanto nas noites anteriores.

"Como são os olhos dele?" ela perguntou.

"Eram vermelhos. Quase pretos. Eram vazios." Ele tremeu ao lembrar antes de se virar para ela. "Não é surpresa. Ele não tem alma." Ele disse.

"É ele quem está matando as mulheres?"

"Sim. Ele é um monstro. Um demônio. Ele se alimenta dessas mulheres. É por isso que eu tenho que matá-lo, ou ele ficará mais forte a cada alma que ele tomar."

Angélica franziu a testa. Tudo isso soava tão irreal, mas ela sabia que havia algo por trás do que seu pai dizia. Ele não podia simplesmente estar inventando tudo. Talvez exagerando, mas algo estava acontecendo em sua cidade.

"E como você planeja matá-lo?"

"Eu vou encontrar um jeito," ele disse, deitando-se no sofá.

"É perigoso fazer isso sozinho. Talvez você devesse falar com o rei para que ele lhe forneça forças para capturar o assassino."

Ele estava prestes a fechar os olhos quando os abriu amplamente. "O Rei?" A voz dele tremeu. "Ele não vai me ajudar. É ele. É ele mesmo."

O rei é o assassino? Não podia ser.

Angélica se inclinou mais para perto. "O que você quer dizer?"

"Ele é um monstro. Ele é o diabo," ele disse, se encolhendo em posição fetal.

Ele parecia uma criança assustada.

"Pai..."

"Não pergunte mais. Eu quero dormir," ele disse.

Angélica se levantou e se afastou, completamente confusa. Por que seu pai acreditava que o Rei era o assassino? Por que o Rei mataria mulheres jovens?

Algo não estava certo e Angélica continuou pensando durante toda a noite até cair no sono.

Bem cedo de manhã, ela acordou com um grito alto. Virando-se, encontrou William coberto de suor e ofegante ao lado dela. Ele tinha a mão sobre o peito e os olhos estavam arregalados.

Angélica se sentou e o envolveu em seus braços. "Está tudo bem. Foi só um pesadelo."

Ele balançou a cabeça, "não mais."

Afastando-se, ela o olhou interrogativamente.

"Você disse que meus pesadelos nunca se tornaram realidade antes. É porque eles mostravam o futuro. Eles estão se tornando verdade agora. As mortes, o novo governante, os tempos sombrios em nossa cidade."

Isso significava que o Rei era realmente o assassino? Ela balançou a cabeça, recusando-se a acreditar.

"Os monstros perseguindo você," ele disse, recordando o pesadelo sobre ela. Seus olhos se arregalaram ainda mais. Ele ficou aterrorizado.

"Você não pode morrer. Eles têm que encontrar o assassino," ele saiu correndo da cama.

"Para onde você está indo?"

"Eu tenho minha aula hoje, então preciso ir ao castelo a tempo. Lorde Rayven odeia quem chega atrasado e eu preciso falar com ele. Ele é o Senhor do solar, então ele é responsável pelas pessoas da nossa cidade."

Angélica debochou. "Desde quando os Lordes se importam com o povo?"

"Lorde Rayven é diferente."

"Ele é, mas isso não significa que ele se importa. As pessoas desta cidade pensam que ele é o assassino, então por que ele as ajudaria?"

O irmão dela parou e ficou pensativo. "Você está certa."

Ele parecia triste.

"William, eu vou ficar bem," ela o assegurou.

"Então eu vou falar com o Rei," ele disse. "Ele me escuta."

O Rei? Aquele que o pai dela achava ser o assassino. Claramente, o irmão dela não pensava o mesmo. Nem ela.

"Você não acha que o rei é o assassino?"

O irmão dela franziu a testa, "não."

"O que te faz ter tanta certeza?" ela perguntou curiosamente.

"Eu gosto dele. Ele não pode ser o assassino." Ele disse e então saiu do quarto.

Ele gostava dele?

Angélica quase não podia acreditar que seu irmão usou a palavra gostar para alguém além dela. Ela quase sorriu por isso.

Quase. Porque as palavras do pai ainda a atormentavam, e Angélica preferia ser mais cautelosa do que não ser. Mesmo que o Rei não fosse o assassino, ele era diferente. Mas ser diferente necessariamente significava ser ruim? Talvez ela fosse como todos os outros. Julgando-o e desconfiando porque ele era diferente. Ela teria tratado ele da mesma maneira se ele não fosse diferente?