Com a resposta dela, um sorriso satisfeito esticou os lábios de Xavier. Ele estendeu a mão e segurou a de Anastasia, estendida, a calidez de sua mão penetrando na frieza da palma dela.
"Perfeito," ele disse. No entanto, sua expressão logo se escureceu. "Mas eu precisarei saber exatamente o que aconteceu para poder ajudar da melhor forma."
O rosto de Ana caiu. Havia muito o que recapitular e ela não tinha certeza de por onde começar.
Contudo, Xavier interpretou o silêncio dela como hesitação.
"Talvez você deva descansar," ele sugeriu. "Podemos conversar sobre isso mais tarde."
"Não," ela disse firmemente. "Eu estive descansando por seis meses, Sr. Wallace—"
"Xavier," ele corrigiu. "Se somos marido e mulher, você deve começar a me chamar pelo meu primeiro nome."
Anastasia apertou os lábios e então assentiu.
"Xavier," ela se corrigiu, "Eu posso te contar o que aconteceu."
"Bom," ele disse. Ela era mais forte do que ele inicialmente pensava. "Para começar, por que sua família tentou matar você?" ele perguntou. "Por que mentiram sobre você ir de férias?"
Relembrar essas memórias só traria dor, mas era um mal necessário. Ele esperou pacientemente que ela falasse, sentado ao lado da cama e mais perto dela.
Anastasia suspirou pesadamente. Ela não tinha certeza se poderia confiar plenamente neste homem, mas não tinha mais nada a perder. Ela já havia quase morrido uma vez. Era um risco que estava disposta a correr.
"Minha família sempre favoreceu mais minha irmã mais nova, Michelle..." ela começou.
Nenhum detalhe foi poupado quando ela relembrou o seu tratamento em casa, revelando cada lembrança que conseguia se recordar. No entanto, ao chegar no tópico de Richard, Anastasia pausou.
Este era o irmão mais novo de Xavier. Mesmo que ela compartilhasse as coisas horríveis que ele havia feito com ela, ela não tinha certeza se Xavier acreditaria. Assim, ela umedecia os lábios, optando por deixar de fora a parte onde Richard havia usado seu corpo implacavelmente para seu próprio prazer só porque estavam noivos.
Entretanto, saber como os Harrisons haviam tratado Ana foi suficiente para Xavier cerrar os punhos em raiva. Seus olhos escureceram enquanto ele ouvia, cada detalhe só aumentava a tempestade em seus olhos.
"Eles prometeram minha liberdade se eu renunciasse a tudo e assinasse os papéis do divórcio," Ana disse. "Eu deveria ter sabido que o único tipo de liberdade que eles me dariam era a morte."
Ela olhou para Xavier, surpresa ao ver a fúria em seu rosto. No entanto, no momento em que seus olhares se cruzaram, seu olhar se suavizou. Ele ainda estava enfurecido, mas era evidente que a injustiça com que ela havia sido tratada direcionava sua raiva. Sabendo que pelo menos uma pessoa simpatizava com ela, Ana sentiu seu coração se aquecer ao menos um pouco.
"Eu sei que Richard ainda é seu irmão, mas ele faz parte das pessoas que arruinaram minha vida," ela lembrou gentilmente. "Então, se você está disposto a me ajudar com minha vingança, você deve estar preparado para ver a vida do seu irmão ser arruinada junto com o resto deles."
"Eu estou ciente disso," Xavier disse. Ele se aproximou dela e delicadamente passou o polegar sob o olho dela, enxugando uma lágrima furtiva que ela nem percebeu ter caído.
Desconhecido por Ana, Xavier não era fã de seu irmão problemático. Por anos, ele esperou que Richard adquirisse algum bom senso, mas já que o último havia cavado sua própria cova, ele devia se preparar para ser enterrado nela.
"Você pode lidar com ele como quiser."
**
Anastasia recebeu alta do hospital após mais algumas semanas de descanso. Infelizmente, ele não estava disponível para buscá-la pessoalmente, mas um carro foi arranjado para levá-la para a casa do Xavier.
"Senhora, chegamos," o motorista, Jake, anunciou quando chegaram ao destino.
Ana piscou os olhos abertos e limpou o rosto com as mãos. Ela então colocou a cabeça para fora da janela para ver onde estavam.
Ao pousar os olhos na mansão, uma onda de ansiedade passou por ela.
"Esta é a mansão do Xavier?" Ela questionou enquanto absorvia a visão da enorme casa. Belas árvores com flores de diversas cores cresciam ao redor da mansão, tornando-a majestosa.
Havia uma grande fonte no centro com fontes menores ao redor, enquanto cisnes nadavam nelas, deixando tudo ainda mais encantado.
"Sim, Senhora," o motorista respondeu, conduzindo-a para dentro.
Ana pensou que tinha visto tudo quando estava do lado de fora, mas quando entrou na casa, ela não queria mais ir embora.
O interior era tão vasto que inicialmente ela confundiu com um centro de eventos, com seus móveis refinados adicionando um toque elegante e masculino. As paredes eram pintadas de cinza elegante, e a TV era enorme, rivalizando com as telas dos cinemas.
"O Sr. Wallace disse que voltaria mais tarde hoje à noite. Ele mencionou para jantar primeiro sem ele," Jake disse antes de se despedir.
À mesa de jantar, Ana sentou sozinha enquanto esperava que o jantar fosse servido.
Duas empregadas saíram da cozinha e serviram a ela. Ana murmurou um obrigado enquanto olhava para a deliciosa refeição à sua frente.
Ela começou a levar um pouco de comida à boca, mas na primeira mordida, ela tossiu forte e instintivamente pegou o copo de água ao seu lado e o bebeu rapidamente.
"Desculpe, senhorita, a comida estava um pouco apimentada para você?" uma das duas empregadas que saíram perguntou. Sua voz tinha um tom de preocupação, mas sua expressão não a demonstrou de forma alguma.
A empregada tinha seus cabelos castanhos amarrados em um coque, e olhos negros enquanto seus lábios finos estavam esticados em um sorriso zombeteiro enquanto seus olhos a encaravam com desdém.
Ana olhou para ela por alguns segundos antes de virar o olhar para a outra empregada ao lado.
Ela tinha olhos castanhos e cabelo preto amarrado em um coque.
Mark havia lembrado especificamente tanto Xavier quanto Ana que ela precisava estar em uma dieta mais suave pelas próximas semanas para sua recuperação. Ela duvidava muito que Xavier esqueceria, considerando o quanto Mark havia repetido.
Isso significaria que essas empregadas provavelmente adicionaram tempero extra à comida de propósito. Julgando pela maneira como ambas a encaravam com repulsa, como se ela fosse algum lixo que não deveria estar ali, ela estava confiante em sua suspeita.
"Por que você não prova e me diz?" Ana sugeriu.
As duas empregadas se olharam e deram de ombros.
A de cabelos castanhos falou, abandonando a encenação, "Senhorita, sinceramente, acho que você se perdeu ao chegar aqui. Não vê esta casa? Sabe quem é o dono? É Xavier Wallace, um dos homens mais ricos desta cidade. Oh, espere..." Ela pausou, cobrindo a boca enquanto soltava um gás dramático.
"Você deve ser o novo brinquedo dele, mas o que te faz pensar que é boa o suficiente para ficar ao lado dele? O que você pode oferecer que nós não temos?" Ela questionou a Ana.
Anastasia ficou chocada com a empregada que acabara de cuspir em seu rosto. Seus olhos passaram da empregada para a outra na sala. Então, com um movimento decidido, ela empurrou a cadeira para trás e levantou-se.
"O que você acabou de dizer?"
As duas empregadas se olharam primeiro, ligeiramente surpresas com a mudança de tom antes da de cabelos castanhos continuar.
"Estou te dizendo para deixar esta casa. Quem é você mesmo? Você acha que Xavier não vai se cansar de você, sua miseráv—"
A empregada de cabelos castanhos não teve a chance de terminar a frase antes de levar um tapa forte na bochecha, deixando-a dormente.