Por enquanto estou trabalhando com a ideia de que só existem Anthros mamíferos nesse mundo, mas posso mudar isso no futuro e adicionar mais espécies.
O quê vocês acham dessa ideia?
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[POV: Marcus Carvalho]
Com mais nenhum estabelecimento servindo carne boa ou cerveja gelada a essa hora nessas redondezas, aceitei minha sina e entrei no Femboy Hooters.
O burburinho do lugar me atingiu como uma parede. Anthros de todos os tipos lotavam as mesas, suas risadas e conversas se misturando em um zumbido constante. Atendentes humanos, todos homens com shorts curtíssimos e tops apertados com barriga exposta, deslizavam entre as mesas, carregando bandejas de bebidas e comida. O ar estava impregnado com o cheiro de fritura e perfume barato.
Edith e eu nos sentamos em uma mesa de canto, longe do barulho mais intenso. Ela parecia tão distraída quanto eu me sentia, seus olhos grandes e nervosos observando tudo ao redor. A diferença é que ela estava fascinada tentando absorver tudo com seus olhos, eu queria absorver o mínimo possível.
Em poucos segundos um garçom loiro se aproximou, seu short é mais curto que a minha luta com a honeybadger. Ele tinha um sorriso largo e olhos brilhantes, claramente interessado em mais do que apenas nossos pedidos.
"Boa noite! Bem-vindos ao Hooters! O que posso trazer para vocês hoje?" Sua voz era tão animada quanto afeminada, quase cantarolada.
Edith pediu algo rápido, suas palavras quase inaudíveis sobre o barulho do lugar. Eu apesar de deprimido ainda estava faminto, então resolvi fazer o meu pedido.
"Sua maior porção de costelas , asas de frango apimentada e o maior copo de cerveja gelada da casa."
"Nós temos uma oferta de refil grátis com o pedido das costelas." Avisa o twinky alegre.
"Perfeito." Respondi com a primeira boa notícia que ouvi nesse lugar.
Rapidamente o garçom anota tudo, mas antes de ir embora ele se aproxima de mim sorrindo curioso.
"Uau, você está super em forma moço!" O tom além de afeminado era também infantil, fazendo o meu estômago ferver em desgosto. "Como conseguiu esses músculos tão grandes e definidos? Tem algum segredo especial?"
Suspirei, sentindo o peso da situação me irritar ainda mais.
"Só muito treino e... comer proteína."
O garçom assobiou, impressionado.
"Uau, acho que é por isso que você come tanto né? Posso pegar no seu bíceps?"
Rosno puto para o twinki entender que isso não ia acontecer.
"B-Bem, se precisar de alguma coisa-sa, é só c-chamar." Ele gaguejou assustado. "Meu nome é Luni."
Ele se afastou, deixando-me com meus pensamentos sombrios. Olhei ao redor, vendo os outros garçons femboys se movendo entre as mesas, flertando e rindo com as Anthros. Era um contraste gritante com o que eu esperava.
"Merda…" Murmurei deitando a cabeça na mesa.
Meu comportamento chama atenção de Edith que colocou uma mão reconfortante no meu braço.
"Marcus…" Ela chama com a voz cheia de preocupação. "Você precisa de ajuda?"
A mão delicada e fofa dela é um alivio no meio dessa casa de pesadelo.
Forcei um sorriso, tentando esconder o turbilhão de emoções dentro de mim.
"Só estou bem desanimado," Respondi olhando mais uma vez em volta. "Esse local é bem diferente do que eu imaginava."
Ela piscou os olhos e virou sua cabeça como um coelho selvagem curioso.
"E o que você esperava?" Pergunta Edith.
A frustração somada à fome me faz perder o filtro e acabo não medindo as palavras e solto o verbo.
"Esperava ver um monte de garçonetes com peitões em tops apertados e bundas atochadas em shortinhos curtos." Comentei em um tom mais alto do que estava falando até o momento.
O alívio que o desabafo me deu, acabou me distraindo que a clientela e funcionários estavam começando a prestar atenção em nossa conversa.
"Marcus, acho melhor você falar baixo-." Edith tenta me aconselhar mas eu corta no meio do meu monólogo.
"Ver aquele tipo de biscate capaz de dar uma chupada a vácuo que arranca até a pinta da virilha do malandro."
"Que isso!" Exclama Edith encabulada.
"Sabe aquele tipo de piranha que da chave de buceta tão apertada que te faz andar torto por uma semana!" Exclamei suspirando nostálgico. "É isso que eu esperava ver, é isso que eu quero para minha vida."
Edith puxou as orelhas compridas para baixo, escondendo o rosto.
"O que foi?" Questionei estranhando o comportamento da coelha.
Olhando em volta notei que o restaurante inteiro estava em silêncio, e por um momento, o único som era o zumbido distante do trânsito lá fora. Cada anthro estava olhando na minha direção, e eu podia sentir o peso de seus olhares.
"Mas como elas me ouviram?" Questionei surpreso.
Edith se inclinou com as orelhas ainda cobrindo parte de seu rosto, sussurrando baixo.
"Marcus, anthros têm uma audição muito melhor que a dos humanos." Explicou a pequena coelha branca. "Elas ouvirão tudo."
Fiquei paralisado, a realidade da situação me atingiu como um soco no estômago. Eu tinha acabado de soltar uma série de absurdos de tarado no cio no meio de um Hooter.
'Era só o que me faltava,' Pensei irritado. 'Ser expulso do celeiro de femboys sem comer.'
O silêncio se estendeu por mais um momento, e então, algo inesperado aconteceu.
Uma Anthro do outro lado se levantou, uma grande mulher com traços de leoa, começou a bater palmas. O som ecoou pelo salão, e logo, outras anthros se juntaram a ela. Em questão de segundos o restaurante inteiro, incluindo alguns homens, estava aplaudindo.
Fiquei ali, atordoado, enquanto o som dos aplausos enchia o ambiente. O queixo de Edith caiu, a pequena coelha estava tão surpresa quanto eu. Seus olhos grandes e arredondados refletiam a confusão que eu sentia.
"Pelo amor da Deusa Marcus." Ela reclamou massageando uma dor de cabeça em sua testa. "Nada faz sentido com você por perto."
Em resposta dei uma risada sem graça, mas antes que pudesse me desculpar sou cortado por uma peluda e pesada que pousa no meu ombro.
"Como é que tá, fofucho?" Disse uma voz feminina grave e estranhamente familiar.
Virei-me devagar, a mão pesada ainda pousada no meu ombro dá um leve aperto, tentando demonstrar dominância. Meus olhos encontraram uma Anthro hiena, alta e musculosa, vestida como uma motoqueira. Sua jaqueta preta e vermelha tinha várias correntes penduradas, que chacoalhavam a cada movimento. Ela me encarava com um sorriso predador, os olhos brilhando com uma mistura de diversão e desejo.
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"A coelhinha aí não tá dando conta do recado?" Sua voz era rouca, quase um rosnado, mas havia um tom brincalhão nela. "Meu nome é Drika, acho bom você decorar, porque vai ficar a noite inteira gritando ele."
Senti Edith encolher-se, sua presença diminuindo ainda mais diante da Anthro imponente. A hiena notou o desconforto da coelha e soltou uma risada gutural.
"Relaxa, coelhinha. Só quero brincar com o fofo, prometo devolver ele inteiro." A anthro hiena comenta lambendo os lábios. "Ele no máximo vai ter umas marcas de mordidas."
Drika gargalhou alto acompanhada por outras hienas que estavam atrás dela.
Eu até pegava ela, apesar do pelo e cheiro de cachorro molhado ela tem um corpão maneiro e uma bunda da hora, mas …
'Se ela não fosse tão babaca eu até topava broca o rabo dela no banheiro desse celeiro de femboys.' Penso encarando ela irritado.
Mas enquanto eu planejava a forma mais eficiente de enfiar o braço de Drika no meio de seu próprio cu, outra coisa inesperada acontece.
"Deixa ele em paz." Sua voz saiu firme, mas com um leve tremor. "Ele não está interessado em você, s-sua cadela."
Edith, a pequena coelhinha que eu conhecia como tímida e insegura, tinha se levantado e se colocado na minha frente. Seu corpo tremia, mas havia uma determinação em seus olhos que eu nunca tinha visto antes.
A hiena virou-se para Edith, um sorriso de escárnio no rosto.
"E quem vai me obrigar, coelhinha? Você?"
A pequena coelha branca hesita, paralisada por um instante.
Nem a julgo por isso, sua oponente é muito maior e mais forte. Essas condições somado ao fato de Edith ter zero treino em combate torna isso uma causa perdida.
Mas mais uma vez a coelha me surpreende.
Edith não recuou. Em vez disso, ela deu um passo à frente, seus olhos brilhando com uma coragem que me surpreendeu.
"Eu mesma." Sua voz ganhou força, o tremor desaparecendo. "Sei que você é maior e mais forte, mas isso não te dá o direito de assediar alguém que claramente não quer nada com você."
A hiena riu novamente, mas desta vez havia uma nota de preocupação escondida na risada.
"Você é uma biscate corajosa, coelhinha." Drika olha de relance para mim, depois de volta para Edith. "Mas você realmente acha que pode me impedir?"
Edith não vacilou e responde firme.
"Eu posso tentar!" Exclamou Edith cruzando os braços em tom desafiador. "Parada é que não vou ficar."
O silêncio no local complementava o clima tenso entre as duas que pareciam prontas para começar uma briga. E por mais que possa ser interessante ver mulheres brigando por mim, eu ainda tenho minhas prioridades…
É como meu sábio avô dizia: 'Comida é mais importante que buceta.'
"Escuta aqui sua vilã de rei leão anabolizada." Falei começando a me levantar. "Eu não gosto de bater em mulheres, mas eu abro exceções para biscates como você."
Assim que fico de pé fixo meus olhos na hiena estranhamente familiar.
Ao me encarar de frente, seu sorriso arrogante começou a desaparecer lentamente. Seus olhos dilataram, e eu pude ver o reconhecimento surgindo neles. O corpo dela começou a tremer, as correntes em sua jaqueta chacoalhando com o movimento. E os pelos de sua nuca ficaram eriçados em atenção.
Ela parecia um animal selvagem que tinha acabado de notar a presença de seu predador.
"Não..." Drika murmurou amedrontada. "Não, não, não, não, não, não… você é o cavaleiro?"
Finalmente entendendo quem era a hiena, dei um passo à frente, meu corpo bloqueando Edith da vista da hiena.
"Quer dizer que o seu nome é Drika?" Falei em um tom bem humorado com um toque de ameaça. "Eu te avisei que se visse você ou suas amigas importunando pessoas inocentes, não seria tão misericordioso." Pontua a frase com um grande e selvagem sorriso.
As amigas dela fogem pela porta, abandonando sua líder que ainda está paralisada.
Drika engoliu em seco, seu corpo ainda tremendo. Eu podia ver o esforço que ela fazia para controlar o medo, seus olhos arregalados e fixos nos meus. Ela abriu a boca, tentando falar, mas as palavras saíram em um gaguejo confuso.
"E-Eu... Eu n-não sabia q-que era v-você." Sua voz, antes tão arrogante, agora tremia em puro pavor. "D-Desculpa, eu... Eu n-não queria..."
Ela parou, respirando fundo, tentando se recompor. Seus olhos se desviaram dos meus por um momento, como se procurasse as palavras certas. Quando voltou a me encarar, havia um brilho de desespero neles.
"Eu j-juro, eu n-não sabia." Sua voz ganhou um tom de súplica. "Eu s-só estava b-brincando, eu n-não queria c-causar problemas."
Assim que dei um passo à frente a hiena ganiu como um animal acuado.
"Cain!"
E molhou a calça.
Drika tremeu, seus olhos arregalados e cheios de medo. O cheiro de urina encheu o ar, e eu não pude deixar de sentir uma pontada de pena. Mas a piedade não era o suficiente para deixar essa situação passar.
Puxei um item do meu inventário, a Manilha Condenada, um item mágico que eu tinha usado mais vezes do que gostaria de lembrar.
A manilha brilhou com uma luz azulada quando a fechei em torno do braço de Drika. Ela gritou, mais de medo do que de dor, e tentou se afastar, mas a manilha já estava firmemente presa. Eu podia sentir a magia pulsando através dela, prendendo-a a mim.
"O que... O que é isso?" Ela gaguejou, seus olhos fixos na manilha.
"Sua terceira chance." Respondi em um tom frio. "Agora sai daqui."
A hiena saiu correndo, deixando o Hooters em silêncio com sua ausência. O som das correntes em sua jaqueta ecoou pelo salão, até que finalmente desapareceu, deixando apenas o zumbido distante do trânsito lá fora. Olhei ao redor, preocupado com o que tinha acabado de fazer.
'Será que o povo aqui vai sentir medo de mim agora?' Me questionei internamente.
Mas, para minha surpresa, o silêncio não durou muito. Primeiro, foi um humano na mesa ao lado que se levantou, seus olhos brilhando com algo que eu não conseguia identificar. Ele começou a bater palmas, um som solitário que ecoou pelo salão. Então uma anthro rata do outro lado se levantou com seu acompanhante humano tambem batendo palmas.
De pouco em pouco, anthros e humanos começaram a se erguer batendo palmas. Fiquei ali, atordoado, enquanto o som dos aplausos enchia o ambiente.
Era tão estranho me sentir encabulado com uma plateia tão pequena me aplaudindo, sendo que acabei de ser ovacionado em uma grande arena.
Dei um aceno sem graça, me sentando novamente. O calor subiu pelo meu rosto, e eu tentei esconder o desconforto com um sorriso forçado. Edith, ainda de pé, me olhava com uma mistura de admiração e ternura.
"Marcus, você... você é incrível." Sua voz era baixa, mas eu podia sentir a sinceridade em cada palavra.
Antes que eu pudesse responder, Luni, o garçom femboy, apareceu ao meu lado, uma bandeja cheia de comida e bebida nas mãos.
"Aqui está, senhor!" Ele colocou os pratos na mesa com uma rapidez impressionante, seus movimentos ágeis e precisos. "Eu trouxe sua costela, asinhas apimentadas e sua cerveja gelada."
O cheiro da comida invadiu meus sentidos, me fazendo esquecer toda vergonha que tinha sentido. Mas antes que eu pudesse pegar o primeiro pedaço, Luni se inclinou no meio do caminho da minha comida, seus olhos brilhando de curiosidade.
"Senhor, você é algum tipo de super-herói?" Sua voz era um sussurro empolgado, como se ele estivesse compartilhando um segredo. "Eu nunca vi alguém enfrentar uma hiena daquele jeito. Ela estava toda 'Oh não, não me machuque senhor humano' e você estava todo, 'Nunca mais você vai machucar ninguém', tipo super demais!"
Uma veia de irritação salta na minha testa e me viro para Edith, que rapidamente entende que se eu interagir com esse twinki, vou sentar o cacete nele de um jeito que ele não vai gostar.
"Olha o Marcus está muito cansado e com fome, então ele-." Antes que a coelha terminasse o garçom entendeu o recado.
"Ai nossa gente, super desculpa, nossa estou toda boba aqui atrapalhando né?" Ele pontua dando um soquinho de anime na propria cabeça. "Bom apetite."
Quando ele finalmente foi embora, me viro para Edith e sussurrei.
"Obrigado."
[POV: Edith]
Finalmente encontrei algo mais incrível que o poder e confiança de Marcus Carvalho, o heroi de outro mundo…
O apetite dele.
CHOMP! MUNCH! GNAW! NOM!
Ele parecia um tubarão em um frenesi alimentício, ou uma daquelas protagonistas de anime de ação.
"Isso aqui tá bom demais." Eles diz terminando de comer as costelas. "Junk food é legal de vez em quando, mas nada é melhor do que carne e cerveja gelada."
Marcus estava já tinha empilhado seu terceiro prato de costelas e as asas de frango diante dos meus olhos.
"Ainda bem que ele tem dinheiro para pagar." Mumurei aliviada.
"O LUNI!" Grita Marcus chamando atenção do nosso garçom. "Me vê mais uma porção de cada e mais cerveja."
"É pra já papai." Respondeu o garçom sorridente chegando já com outro grande caneco de cerveja.
"Hmph!" Bufou Marcus com uma veia de raiva saltando em sua testa.
Luni notou que sua 'atenção especial' deixava Marcus irritado e desconfortável, algo que Luni parecia apreciar muito, por isso sempre que vem à mesa o garçom femboy sempre joga um charminho para Marcus.
"Não me chama disso, se não eu quebro sua bunda." Ameaçou Marcus.
"Você promete, papai?" Questionou Luni em um tom carente enquanto empinava o bumbum.
Quando o garçom sai saltitando me voltei para pilha de ossos que o herói tinha deixado, não entendo como ele consegue comer tanto e ter uma aparência tão boa. A curiosidade é tanta que a pergunta escapou dos meus lábios sem eu perceber.
"Você sempre come assim?".
Primeiramente Marcus levanta a mão na minha direção com o indicador esticado, pedindo um momento enquanto ele drenava o grande caneco de cerveja que anthros elefantes costumam usar.
"Só quando tô com fome e faz muito tempo que não como carne boa." Responde Marcus afastando o prato com ossos enquanto ele espera por mais. "E você Edith? Vai comer só isso?"
Olhei para o meu prato, uma salada verde com cenoura e tomate frescos. Comparado ao banquete de Marcus, parecia tão... vazio. Mas eu não conseguia evitar, era o que eu gostava.
Mesmo sabendo que Marcus é uma boa pessoa, fico com receio de respondê-lo, pois os carnívoros e onívoros sempre fazem piada com minha típica dieta herbívora.
"Apesar de coelhas anthros conseguirem comer carne, diferente de coelhos selvagens." Respondi de forma hesitante. "Mas nós ainda preferimos produtos de origem vegetal."
Marcus ergueu uma sobrancelha, curiosidade genuína surge em seus olhos.
"Sério? E produtos derivados como sorvete? E produtos de origem vegetal feitos com gordura animal, tipo uma batata frita na banha?"
Suspiro aliviada com as perguntas do herói. Sempre me esqueço que ele não é daqui, por isso ele faz esse tipo de questionamento, ele é só um garoto curioso.
'Tá louca coelha?' Gritou uma parte primal no fundo de minha mente enquanto encarava o peitoral definido de Marcus. 'Isso ai é um HOMEM!'
"Qualquer derivado como laticínios e gelatinas podem fazer mal se consumido em grandes quantidades." Respondi tentando afastar os pensamentos lascivos e me concentrar na conversa. "Já o seu exemplo da batata frita não tenho certeza, mas imagino que em pouca quantidade não faça mal."
"E quanto à bebida alcoólica?" Perguntou Marcus oferecendo uma caneca cheia trazida por Luni.
"Igual a humanos…" Respondi murmurando.
Peguei a caneca enquanto encarava o líquido dourado balançando dentro dela. Não sou fã de cerveja, mas também não queria ser rude. Marcus me encara com um sorriso tão honesto em seu rosto que eu não queria desapontá-lo.
Tomei um gole, o líquido gelado descendo pela garganta, deixando um gosto amargo na boca. Tentei não fazer careta, mas era difícil. Marcus riu, um som profundo e genuíno que fez meu coração acelerar.
"Não gostou?" Perguntou, ainda rindo.
Coloquei a caneca na mesa, empurrando-a para longe.
"Não é meu tipo de bebida." Admiti, sentindo o calor subir pelo rosto.
Marcus pegou a caneca e tomou um gole generoso, como se para provar que não havia nada de errado com a bebida.
'BEIJO INDIRETO!' Gritou meu lado primal. 'Ele quer muito a gente, rápido, pula na virilha dele.'
"Cada um com seu gosto." Disse o heroi colocando a caneca de volta na mesa. "Mas se não gosta de cerveja, o que você gosta de beber?"
Pensei por um momento, tentando lembrar de alguma bebida que realmente gostasse.
"Gosto de sucos naturais." Respondi, finalmente. "E água, claro."
Marcus sorriu, um sorriso que iluminou seu rosto.
"E que tal um drink doce?" Perguntou Marcus em um tom sugestivo.
"Drink doce?" Perguntei curiosa.
Antes que pudesse protestar, ele já estava chamando Luni. O garçom apareceu quase instantaneamente, como se estivesse esperando por uma oportunidade para se aproximar de Marcus novamente.
"O que posso fazer por você, papai?" Perguntou, com um sorriso malicioso.
Marcus ignorou o apelido, mas não pude deixar de notar o leve rubor em suas bochechas.
"Traz um drink com gosto doce para Edith." Disse Marcus para o garçom ao seu lado.
Luni bateu palmas, os olhos brilhando de excitação.
"Já volto, queridos!"
Com um salto, ele desapareceu em direção ao bar para conversar com uma anthro cavalo bartender. Marcus riu sacudindo a cabeça, antes de voltar sua atenção para mim.
"Você tem certeza que isso é uma boa ideia?" Perguntei de forma hesitante.
Marcus dá de ombros, mas me responde relaxando em sua cadeira.
"Se algo der errado, eu te projeto." Ele termina apontando o polegar para o próprio peitoral.
"Hem?" Murmurei surpresa com a resposta.
Abaixando sua cabeça, Marcus evita o meu olhar e foca em seu caneco.
"Não é a minha primeira vez que chego em outro mundo." O herói começa a falar em um tom tão nostálgico quanto melancólico. "Depois que choque e empolgação passa de se estar em um novo mundo, medo e solidão começam a tomar conta."
Tentando reconfortá-lo, coloco minha mão sobre a de Marcus. Ele levanta a cabeça e, por um instante, me encara com uma expressão confusa, mas logo suspira aliviado e esboça um sorriso para mim.
"O lado bom que agora eu sei o que devo dar valor enquanto estiver aqui." Diz Marcus recuperando sua postura de antes.
"E o que seria?" Pergunto me sentando na ponta da cadeira.
"Por mais que tesouros, aventura, comida e bebida sejam muito bons. Aqueles que se importam conosco é o que faz a vida valer a pena." Ele responde gargalhando com o peito estufado.
"Aqueles que se importam conosco…" Repeti murmurando.
Um pensamento de certa forma simples, mas infinitamente verdadeiro.
"E é por isso que eu quero te agradecer por tudo que você tem feito por mim Edith."
"Agradecer?" Questionei erguendo minhas orelhas surpresa. "Mas eu fiz nada demais, só estava retribuindo por ter salvado minha vida naquela noite."
Em resposta Marcus sacudiu sua cabeça de forma negativa.
"Você não precisava ter me acompanhado até o coração da máfia chinesa da cidade", disse Marcus, apontando o dedo para mim. "E, mesmo sendo o ser mais poderoso deste mundo, você ainda se preocupa com o meu bem-estar."
A ultima declaração me faz sentir a maior idiota do mundo, Marcus passou a noite inteira lutando contra anthros e negociando com a mafia como se fosse nada demais, e o tempo todo eu estava com medo pela segurança dele e não minha.
Abaixo minha cabeça desanimada, percebendo o quão idiota eu fui por ter estressado tanto com a segurança do Marcus, se eu tivesse pelo menos meio cerebro não teria me preocupado tanto com o heroi que deve ter liderado exercitos em batalha e matada dragões.
"Por isso sou grato a você Edith." Ele fala me pegando de surpresa.
"Hem?" Murmurei erguendo minha cabeça, encarando o humano.
"Saber que alguém aqui se importa comigo, apesar de meus poderes me traz um alívio no coração." Responde Marcus soltando o caneco de cerveja e segurando minha mão com as duas dele.
As mãos deles são tão grandes e quentes. Mesmo sendo ásperas e firmes eu consigo sentir o cuidado e carinho que ele tem ao me segurar.
"Por isso eu te juro." Ele fala me encarando com intensidade como quando ele estava lutando na arena. "Enquanto eu estiver nesse mundo, nada nem ninguém vai fazer mal algum a você."
Eu fico paralisada enquanto meu corpo reage se descontrolando. Minhas bochechas ficaram tão vermelhas que nem meu cabelo branco consegue esconder, minha mente é inundada por mil pensamentos por segundo, tentando processar a situação, enquanto meu coração dispara a uma velocidade três vezes maior que o normal.
A única parte de mim que funcionava era o meu lado primal tentando influenciar minhas ações.
'MACHO! ME EMPRENHA! AGORA!' Apesar de não agir, concordo com o meu lado primal grita no fundo da minha mente.
As palavras de Marcus aqueceram meu coração, um sorriso bobo se formando em meus lábios. Sempre me sinto tão segura e confortável perto dele, como se nada pudesse me atingir enquanto ele estiver ao meu lado. Alem disso, há os desejos primais, aquela atração incontrolável que sinto por ele quando olho para o corpo dele. É algo que nunca experimentei antes, uma mistura de proteção e desejo que me deixa completamente desorientada.
Abri a boca para finalmente expressar meus sentimentos, mas fui interrompida por Luni, que chegou com um drink colorido na mão.
"Aqui está, querida!" Disse Luni, colocando o copo com líquido verde na minha frente com um floreio. "Um drink doce especialmente para você."
Olhei para o copo, o líquido verde brilhando sob as luzes do restaurante estava ornado com pedras de gelo, rodelas de limão e um pequeno guarda-chuva.
"Vai, experimenta." Insistiu Luni, empurrando o copo mais perto de mim.
Hesitei por um momento, mas a curiosidade e o desejo de não decepcionar Marcus venceram. Peguei o copo e tomei um gole.
"Gostou?" Perguntou Marcus ansioso pela minha resposta.
"Eu gostei." Respondi ainda saboreando a bebida. "Tem algo como se fosse ervas junto com o álcool, mas eu não consigo definir."
"Só relaxa e bebe devagar-." Mas antes que Marcus pudesse terminar eu viro o copo de uma vez só. "Que isso Edith!" Exclamou o herói preocupado.
Sem entender a reação exagerada dele, engoli o drink delicioso. O gosto era estranho, senti limão e ervas na mistura… mas também havia algo mais, uma sensação de calor que começou a se espalhar pelo meu corpo.
"Não era para você beber tudo assim de uma vez sua louca." Avisou Marcus se sentando ao meu lado.
Assenti, sentindo o calor subir pelo meu rosto e meu corpo amolecer a medida que fica mais difícil manter meu equilíbrio sentada.
"É bom." Admite dando uma risadinha. "Hi-hi."
Marcus continuava me encarando preocupado enquanto Luli parecia curioso com minhas reações.
"Braba ela." Comentou Luli. "Nunca vi ninguém virar um frappé de Absinto tão rápido."
"Absinto?!" Rugiu Marcus furioso, tomando o copo da minha mão para cheirá-lo.
"Isso mesmo, papai." Disse Luni fazendo um V de vitória. "E fiz extra forte para meus novos amiguinhos."
Marcus levantou-se tão rápido que a cadeira caiu para trás, o barulho ecoando pelo restaurante. Todos os olhos voltaram para nós, mas ele não pareceu notar ou se importar. Seu rosto estava vermelho de raiva, os olhos brilhando com uma intensidade que eu nunca tinha visto antes.
"Qual o valor da conta?" Exigiu, a voz baixa e perigosa.
Luni, que até então estava sorrindo, empalideceu.
"M-mas, papai..." Começou, a voz trêmula.
"Qual. O. Valor. Da. Conta?" Repetiu Marcus, cada palavra mais dura que a anterior.
Rapidamente Marcus pagou a conta com um cartão que estava em uma das pastas que a tigresa deu para ele e me puxou para seu colo.
"Iiiiih!" Exclamei feliz quando ele me apertou em seu peitoral musculoso.
Preocupado comigo, Marcus me olha com aqueles grandes olhos verdes.
"Algum problema?" Ele perguntou em um tom carinhoso que fez meu coração saltitar.
"Eu to ótima." Respondi esfregando meu rosto peitoral definido dele. "Você é tão musculoso e quentinho, parece mármore aquecido."
Com minha resposta Marcus sorri aliviado.
"Vou te levar para casa." Comenta Marcus me carregando para fora do Hooters. "Pelo menos não fica pior."
HUUURGH!
"Droga!" Reclamou Marcus. "Eu gostava dessa camisa."
[Imagem Camisa]
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E ai gurizada?
Dica para mulheres, se é que alguma ainda lê isso aqui:
Se um homem abaixa a cerveja dele para falar com você, é por que ele te ama.
No próximo capítulo Edith toma um banho e ganha uma… 'cenoura'.