Capítulo 2: Novos Amizades e Primeiras Impressões
A luz do sol entrava pela janela, refletindo nas carteiras de madeira polida, criando um brilho cálido que inundava a sala de aula. O som de passos ecoava pelo corredor, à medida que os estudantes começavam a entrar na sala, suas vozes misturando-se em conversas animadas e risadas. O ambiente era tipicamente escolar, com quadros brancos ao fundo, prateleiras de livros nas laterais, e as carteiras organizadas em fileiras. A sala tinha um cheiro leve de papel novo, típico do início das aulas, e o clima era de expectativa.
Alessander, entrou na sala e rapidamente localizou a fileira perto da janela. Ele sempre preferiu sentar-se ali, na segunda carteira, de onde podia observar o movimento do lado de fora. Ele colocou sua mochila no encosto da cadeira e começou a arrumar seus materiais na mesa. Enquanto fazia isso, olhou em volta, tentando encontrar rostos familiares. Alguns de seus amigos já estavam ali, mas outros ainda não haviam chegado. Ele deu um pequeno sorriso, pensando em como eles provavelmente estavam explorando a escola sem ele.
— Aqueles não têm jeito mesmo... — sussurrou para si mesmo, sorrindo ao pensar nas travessuras dos amigos. — Mas pelo menos vamos estudar juntos. Espero que não estejam olhando a escola sem mim...
Logo após se sentar, Alessander viu três garotos se aproximando dele, rindo e conversando entre si. Eles pareciam à vontade, como se já se conhecessem há algum tempo. Os três sentaram nas cadeiras ao redor de Alessander, que aproveitou a oportunidade para puxar assunto.
— Oi, tudo bem? — Alessander disse, tentando ser amigável. Os três sorriram em resposta.
— Fala aí, mano! Qual é a boa? — O primeiro garoto, Arthur, respondeu de forma descontraída. Ele era baixinho, cerca de 1,56m, com cabelos lisos e cinza que combinavam com seus olhos da mesma cor.
— Muito prazer, sou o Arthur. — Ele se apresentou, com um sorriso largo. — Esses aqui são o Leonardo e o Brayan. A gente estuda junto desde o primário.
Leonardo, que estava ao lado de Arthur, acenou com a cabeça e sorriu de forma discreta.
— Oi, pode me chamar de Leo. Todo mundo me chama assim. — Ele era um garoto alto, com olhos e cabelos pretos. Apesar de sua aparência tranquila, ele parecia ser uma boa pessoa.
— Opa, sou o Brayan. Qual o seu nome? — O último a se apresentar foi Brayan, outro garoto alto, com cabelos castanhos cortados nas laterais e olhos verdes claros que quase pareciam brilhar à luz do sol.
— Meu nome é Alessander, muito prazer em conhecer vocês. — Alessander respondeu, relaxando um pouco mais na cadeira. — Fiquei com medo de vocês me ignorarem.
Arthur, sempre com um sorriso no rosto, fez uma piada.
— A gente pensou nisso, mas ficamos com dó! — Ele riu, fazendo com que Alessander também risse.
O ambiente na sala começava a se estabilizar. As cadeiras rangiam levemente conforme mais alunos se acomodavam, e o som de conversas se espalhava pela sala. Alessander, sentindo-se mais à vontade, resolveu puxar outro assunto.
— E então, por que vocês quiseram entrar nessa escola? Para se tornarem heróis?
Arthur foi o primeiro a responder, gesticulando animadamente enquanto falava.
— Cara, essa é uma ótima pergunta. Acho que todo mundo aqui tem um motivo, né? No meu caso, eu sempre quis usar meus poderes. Não é o motivo mais nobre, mas o único jeito de podermos usar nossas habilidades legalmente é assim, se tornando heróis. E, para ser sincero, acho que cresci vendo filmes e cenas de salvamentos. Sempre quis ser como eles, sabe?
Leonardo, ainda com sua postura tranquila, concordou com a cabeça antes de falar.
— Nunca foi um sonho exatamente, mas sempre tive o desejo. Se eu não conseguir ser herói, pelo menos vou trabalhar na área. — Ele deu de ombros, como se fosse algo simples.
Brayan, que até então ouvia atentamente, se animou para falar sobre o motivo que o trouxe até ali.
— Olha, para mim, foi um sonho desde o primeiro dia em que vi um herói em ação. Fui salvo por um quando era pequeno, e desde então, soube que era isso que eu queria fazer.
Alessander ouviu os motivos de cada um com atenção, refletindo sobre como todos ali compartilhavam um objetivo em comum, mesmo que por razões diferentes.
— Entendo... — Alessander começou a falar, com um leve sorriso no rosto. — Todos os motivos são válidos. Querendo usar seus poderes, realizar um sonho de infância, ou simplesmente ajudar a sociedade... São todos nobres, principalmente porque seremos nós, os heróis, que nos sacrificaremos, né?
Arthur riu, apreciando o jeito de Alessander.
— Gostei de você, cara. Podemos ser amigos? — Ele perguntou, animado.
— Claro! Quero ser amigo de todos vocês. — Alessander respondeu rapidamente, feliz por estar formando laços tão cedo. — Mas... por que eu quero me tornar um herói? — Alessander fez uma pausa, seus olhos brilhando com determinação. — Foi uma promessa que fiz com uns amigos. Nós prometemos que seríamos os mais fortes do mundo, e estamos sempre competindo. Vocês ainda vão conhecê-los.
Brayan, curioso, perguntou:
— E qual é a sua habilidade, Alessander? A minha é transmutação e controle de terra.
Arthur rapidamente entrou na conversa.
— Boa pergunta! Arthur cruzou os braços, recostando-se na cadeira, com um sorriso de confiança no rosto.
— Minha habilidade é super-humano, e condenação do ar — declarou, com uma leve arrogância na voz.
Leonardo, que até então estava quieto, ergueu uma sobrancelha, olhando para Arthur.
— Super-humano? Sério? — Ele inclinou-se para frente, com uma expressão séria. — Você sabe que super-humano não é mais considerada uma habilidade especial, né? Agora ela é classificada como uma habilidade coletiva.
Arthur piscou, confuso.
— Habilidade coletiva? Do que você está falando?
Leonardo suspirou, parecendo um pouco frustrado.
— Mais de 80% das pessoas com habilidades têm alguma forma de super-humano. É só uma amplificação das capacidades físicas normais. Claro, cada pessoa tem uma classificação diferente. Sabe qual é a sua?
Arthur, ainda sem perder a confiança, respondeu prontamente:
— Claro que sei! A minha classificação é 10 — disse, com um sorriso, como se estivesse se gabando.
Leonardo balançou a cabeça, um leve sorriso surgindo no canto dos lábios.
— Então você é 10 vezes mais forte que uma pessoa comum. A minha é 24.
Arthur ficou em silêncio por um momento, claramente surpreso.
— Sério?! — Ele finalmente murmurou, sua confiança vacilando um pouco.
Leonardo apenas deu de ombros, com uma expressão tranquila.
— Sim. Significa que sou 24 vezes mais forte que a média.
Arthur virou o rosto, meio bravo, mas não pôde deixar de soltar um riso curto.
— Isso explica muita coisa...
Alessander, que observava a interação, riu junto, quebrando a tensão.
— Parece que você vai ter que treinar mais, Arthur.
Arthur soltou um suspiro exagerado, mas logo riu de volta.
— É, acho que sim.
Leonardo, sempre calmo, explicou.
— Minha habilidade é o Burst. É bem comum. Basicamente, aumenta exponencialmente minhas habilidades físicas por um curto período. Consigo usar o Burst para dar impulsos. Já cheguei no teto do segundo andar com um pulo.
Todos ficaram impressionados, especialmente Brayan, que mal podia esperar para mostrar sua habilidade.
— Minha habilidade é fraca ainda, mas... — Ele se levantou e foi até uma lixeira próxima. Encostou sua mão nela e, imediatamente, pequenos raios de energia começaram a sair de sua mão e envolver a lixeira. — Consigo mudar a forma das coisas. Por exemplo... — A lixeira começou a se contorcer até que estivesse quase irreconhecível. — Queria que fosse um escudo, mas saiu todo torto, haha!
Alessander sorriu, impressionado.
— É uma habilidade incrível, só precisa de treino, Brayan.
Brayan tentou reverter a transmutação, mas a lixeira ficou com algumas fissuras.
Arthur, que estava rindo da tentativa de Brayan, voltou a falar sobre sua própria habilidade.
— Como você já deve saber, eu consigo fazer a condenação do ar, né? Posso endurecer o ar, criando barreiras que servem como escudo. Consigo fazer isso com as mãos e a boca. As barreiras que faço com as mãos são mais fracas, mas as que faço com o ar dos meus pulmões são super resistentes.
— Uau, sua habilidade é incrível! A minha também é interessante...
Alessander hesitou por um momento, observando a reação de todos antes de continuar.
— Minha habilidade é... copiar — disse ele, um pouco receoso, evitando o contato visual direto.
Arthur franziu o cenho, curioso, enquanto Brayan inclinava-se para frente, intrigado.
— Copiar? Como assim? — Arthur perguntou, cruzando os braços e inclinando-se um pouco para frente, esperando uma explicação mais detalhada.
Alessander suspirou e começou a explicar:
— Então, eu consigo copiar qualquer habilidade que vejo ou experimento, transformando-a em minha própria habilidade. Mas... não é tão simples quanto parece.
Os olhos de Brayan se arregalaram, e ele bateu levemente na mesa, impressionado.
— Nossa! Mas essa habilidade é muito roubada e forte! — exclamou, claramente admirado com o poder potencial de Alessander.
Leonardo, que havia se mantido calmo até agora, inclinou-se para o lado e observou Alessander com um misto de admiração e inveja.
— Esse cara nasceu com toda a sorte. Poder ter uma habilidade dessas... — Leo comentou, sua voz carregada de um toque de descrença.
Antes que Alessander pudesse responder, Matheus apareceu do nada, fazendo todos virarem suas cabeças em sua direção.
— Oi, tudo bem, pessoal? — Matheus cumprimentou a todos com um sorriso despreocupado, sentando-se ao lado de Alessander. — Olha, desculpa me intrometer, mas não é bem assim. A habilidade só é poderosa porque o Alessander fez ela ficar assim. No começo, ela era como qualquer outra, fraca e cheia de limitações. Ele que foi aprendendo e aprimorando com o tempo.
Arthur, percebendo que talvez tivesse julgado a situação de forma errada, descruzou os braços e adotou um tom mais humilde.
— Desculpa, me precipitei. Mas não existe uma condição quando você tem mais de cinco habilidades? Não é perigoso? Eu ouvi dizer que, acima disso, as pessoas podem ter problemas mentais graves... Quantas habilidades você tem, Alessander?
Alessander deu um sorriso meio melancólico, como se já tivesse se deparado com essa pergunta várias vezes antes.
— Não precisa se desculpar, Arthur. Eu que não expliquei direito. Minha habilidade de copiar não é apenas copiar... É mais como se eu criasse uma variante personalizada da habilidade original. É como se minha habilidade fosse um armazém onde eu consigo guardar as habilidades que copio, mas o processo é muito mais complexo. — Ele parou por um momento, tentando encontrar as palavras certas. — Para copiar uma habilidade de fogo, por exemplo, eu preciso entender completamente como você a usa. Preciso sentir o que você sente, saber quais elementos você controla para criar o fogo, como você aumenta o poder, como o controla... Tudo isso demora bastante tempo. Mesmo com alguém me ajudando, levei um ano e meio para dominar completamente o gelo.
Brayan estava prestes a dizer algo, mas Alessander continuou, seu tom agora mais sério.
— Mas a habilidade que mais demorei para aprender foi a "Visão Futura". — Alessander fez uma pausa, olhando para seus novos amigos. — Levei quatro anos para dominá-la. E isso porque comecei estudando por conta própria, usando apenas um livro. Nos últimos meses, um homem que tinha a mesma habilidade me ajudou, ou teria demorado muito mais.
Enquanto Alessander falava, os rostos de seus amigos exibiam diferentes reações: Arthur parecia intrigado, Brayan estava impressionado, e Leonardo parecia estar processando tudo aquilo. Matheus, que conhecia a história de Alessander, apenas observava, esperando que os outros compreendessem o verdadeiro peso da habilidade de seu amigo.
Arthur, finalmente, quebrou o silêncio.
— Cara... Isso é realmente incrível. Eu nunca imaginei que copiar uma habilidade pudesse ser tão complicado.
— Mas fiquem tranquilos, não é perigoso — Alessander acrescentou, seus olhos se estreitando levemente. — Eu só tenho uma habilidade que consegue copiar e criar uma variante própria minha e que consegue armazenar também. Eu não tenho nem uma condição, minha mente esta bem segura.
O clima na sala ficou mais calmo, enquanto todos refletiam sobre as palavras de Alessander.
Matheus, no entanto, decidiu quebrar a tensão, batendo levemente no ombro de Alessander.
— Ei, relaxa. Você está entre amigos agora. Sabemos que você é muito capaz com isso. — Matheus sorriu, tentando aliviar o ambiente. — Além do mais, quem mais aqui pode dizer que aprendeu uma habilidade de Visão Futura em apenas quatro anos?
Isso arrancou risadas de todos, e Alessander finalmente relaxou, aliviado que eles estavam entendendo a complexidade de sua habilidade.
Arthur, ainda sorrindo, fez uma última pergunta.
— Então, qual é a sua habilidade favorita de usar?
Alessander pensou por um momento antes de responder, seus olhos brilhando com uma determinação silenciosa.
— Para ser honesto, cada uma delas é especial para mim. Mas se eu tivesse que escolher... — Ele fez uma pausa dramática. — Seria a de gelo, foi a uma das primeiras que eu aprendi e ta comigo até hoje, também tem aquelas que ainda não aprendi. Porque o verdadeiro desafio é sempre a próxima habilidade. É isso que me faz seguir em frente.
Os amigos trocaram olhares entre si, percebendo que Alessander não era apenas alguém com uma habilidade incrível, mas também alguém com uma determinação implacável.
E assim, uma nova amizade se consolidava, com cada um deles entendendo um pouco mais sobre o outro, e, especialmente, sobre o rapaz que se sentava à janela, com uma habilidade extraordinária e um desejo inabalável de aprender.