Como jornalista investigativo, minha curiosidade foi despertada ao ouvir sobre a espada misteriosa no mercado central de Tenebris. Decidi investigar a fundo suas origens, reconstruindo sua trajetória através de inúmeros relatos, mas cada vez que descobria algo novo, mais certo estava de que essa arma deveria ser destruída.
O primeiro relato que tive notícias foi de Ernesto, um mercador de antiguidades, que encontrou a espada em uma feira. Ele a comprou pela sua aparência única e a levou para sua coleção pessoal. Nas noites seguintes, começou a ter pesadelos com sombras e morte, que o deixavam suando frio e apavorado.
Testemunhas da época dizem que, com o tempo, se tornou obcecado pelo item, ouvindo vozes que o incitavam ao desespero. Em uma noite de loucura, usou a espada para tirar sua própria vida. Seus funcionários encontraram seu corpo ao lado da espada ensanguentada.
Entrevistando um casal que trabalhava para o homem, relataram que ele passava horas trancado em seu escritório, murmurando para si mesmo. Não consigo me esquecer do pavor enquanto me diziam que "era como se a espada estivesse falando com ele".
Você pode pensar que é bobeira, afinal, como pode uma simples arma trazer tal loucura? Mas sinto lhe dizer que Ernesto foi apenas a primeira vítima conhecida dessa maldição.
Após a morte do homem, sua viúva Clara herdou a casa, assim como a coleção. Sem saber da influência sombria da lâmina, ela tentou vendê-la. No entanto, rapidamente sucumbiu a estranhos pensamentos homicidas, terminando tragicamente ao matar sua irmã Maria antes de tirar a própria vida.
Tudo o que sabemos veio dos vizinhos da infeliz moça, que insistiam que ela estava sempre olhando para algo que não podiam ver, além de que Clara desenvolveu feridas negras nos braços, como se a espada estivesse drenando sua vida.
Pobre mulher, tentando apenas se livrar de uma lembrança dolorosa e encontrando um destino ainda mais sombrio. A espada parecia ter uma predileção por destruir famílias.
No fim, de alguma forma chegou às mãos de um comerciante local, que a comprou sem saber de sua história. Falando com os moradores, encontrei mais detalhes sobre João, o novo dono da arma. Ele a colocou à venda em sua loja, mas logo começou a se tornar agressivo, brigando frequentemente com seus clientes e familiares. Em um surto de fúria, matou seu melhor amigo. Desesperado, vendeu a espada a um colecionador itinerante. A loja de João, que antes era um ponto de encontro alegre, tornou-se um lugar de medo e desconfiança.
Impressionante como a loucura se espalha. Será que ninguém notou um padrão? Ou todos estavam cegos pela ambição e pela curiosidade?
Este "sortudo" colecionador foi Marcos, que exibiu a espada em suas viagens com grande orgulho, até que em uma dessas demonstrações atacou um grupo de pessoas em uma praça. Foi preso, e a espada confiscada e leiloada. "Era como se ele fosse outra pessoa," disse um dos sobreviventes do ataque de Marcos. "Seus olhos estavam vazios, mas havia um brilho de loucura neles."
Imagine comprar um item por curiosidade e acabar preso por múltiplos assassinatos. Parece uma piada de mau gosto, mas foi a realidade do pobre homem.
O leilão atraiu os olhos do talentoso ferreiro Ricardo, que parece ter ficado admirado com a elegância do metal. Sem surpresa, né? Ele se tornou violento e paranóico, matando sua própria família em um surto de delírio. Mais um que foi preso, e a espada foi enviada novamente para um mercado na cidade de Tenebris. Falei com alguns amigos de Ricardo que relataram que tudo não passou de estresse com o trabalho…
Neste ponto, comecei a me perguntar se a espada realmente estava amaldiçoada ou se as pessoas simplesmente não conseguiam lidar com seu próprio desequilíbrio mental.
O envio acabou se perdendo em um porto de uma pequena cidade pesqueira, parando nas mãos de Miguel. Ao contrário dos outros, parece que ele possuía um controle maior sobre a lâmina, e isso o levou para o pior caminho da nossa rota. Ele a usou para cometer uma série de assassinatos brutais, levando a morte e o terror do local por semanas. Com o tempo, mesmo ele começou a ser consumido pela espada, perdendo a razão completamente e expondo voluntariamente seus crimes. Foi encontrado morto, tendo tirado a própria vida com a mesma lâmina que usou para ceifar tantas outras.
É irônico e um pouco cômico que até um serial killer conhecido não conseguiu resistir ao poder da espada. Parece que ninguém é imune.
Alguns rumores já haviam começado a se espalhar nesse ponto, e de alguma forma a espada foi para as mãos de Elias, um manipulador de mana. Intrigado com a arma, usou suas habilidades de avaliação para entender o que tinha de especial em algo aparentemente tão ordinário. Dito e feito, no momento em que sua visão infundida com mana tocou a espada, sentiu como se caísse em um profundo abismo. Pelo que o próprio relatou, a escuridão parecia envolvê-lo completamente, deixando-o sem ar e sem esperança. Elias ficou dias em um estado de paralisia mental, incapaz de se recuperar da experiência.
Quando finalmente conseguiu mover-se, jogou a arma no chão e correu, correu até seus pés não aguentarem mais. Chegou a Tenebris, exausto e atormentado, onde contou sua história para qualquer um que quisesse ouvir. Sua descrição do abismo e do terror que sentiu atraiu a curiosidade mórbida de muitos na cidade.
Não tem nada super interessante no abismo, e o tédio leva as pessoas a procurarem prazer onde quer que seja. Algum doido buscou a arma, dessa vez com mais cuidado, e a trouxe para a cidade, criando essa atração macabra.
Uma barra de um profundo preto fixada em uma pedra no mercado central. De vez em quando curiosos, especialmente manipuladores de mana, tentavam puxar a espada para sentir o terror que tanto diziam. Uma completa idiotice, nunca se recuperaram completamente. A cidade, já conhecida por sua atmosfera sombria, adotou a espada como símbolo, com um tenebroso aviso: "Cuidado com o que você deseja, pois a lâmina negra não perdoa."
Às vezes, é difícil acreditar em todas essas histórias. Uma arma que causa tanto estrago, e ainda assim, as pessoas continuam tentando desafiar seu poder. Talvez, no fim, sejamos todos um pouco loucos.
Bom, embora não tenha desvendado todos os mistérios, para mim ficou evidente que não era apenas um objeto, mas uma entidade de escuridão e maldição, destinada a trazer ruína a todos que cruzassem seu caminho. E hoje, justo quando precisei voltar a este maldito lugar, fiquei de frente com mais uma possível vítima. Tudo que pude fazer foi suspirar ao ver a pequena mulher se aproximar a passos lentos.
É estranho, sinto que já vi ela em algum lugar, mas simplesmente não me vem à mente onde. O sorriso em seu rosto me deixou desconfortável, e a melodia que saía de seus murmúrios me deixou com vontade de sair dali logo. Diferente das expressões de preocupação usual que se via quando os desafiantes chegavam perto da pedra, ela começou a fazer carinho na espada.
Mas que loucura é essa?
Ela olhou ao redor, como se pensasse estar escondida, e de repente, puxou a espada de forma brusca. Sem hesitar, se virou e saiu correndo, rindo alto.
A atmosfera do mercado mudou instantaneamente. O burburinho parou, e todos ficaram em choque com a cena surreal. Eu mesmo fiquei sem palavras, observando aquela mulher desaparecer na multidão, segurando a espada como se fosse um troféu.
Tem como a maldição deixar alguém assim ainda mais perturbado? Sinto que testemunhamos o início de mais uma tragédia. Bom, só o tempo dirá, mas acho que, ao menos para mim, já é o suficiente.