Capitulo 1
* Academia Arcana de Esgrima Dracônea
Em uma manhã enevoada do continente Eldora, a Academia arcana de esgrima Dracônea se erguia imponente entre as árvores retorcidas e as sombras dançantes. O caminho de cascalho que levava à instituição era estreito e sinistro, cercado por uma vegetação densa que parecia sussurrar segredos antigos. Os novos alunos, ainda hesitantes, se agrupavam na frente de uma construção robusta, com pedras escuras e janelas arqueadas, onde o ar estava carregado de uma energia mágica pulsante.
Foi então que um goblin de pele negra, conhecido apenas como Grulak, surgiu diante deles. Seu porte era pequeno, mas sua presença fazia o coração de todos disparar de ansiedade. Seus olhos, brilhantes como as estrelas mais distantes, refletiam um conhecimento profundo e um lado sombrio que intrigava e intimidava ao mesmo tempo.
"Bem-vindos à Academia arcana de esgrima Dracônea" ele proclamou com uma voz rouca, ecoando através do pátio. "Pude notar que vocês são os piores dos piores! Mesmo assim, conseguiram chegar até aqui." Um murmúrio de desânimo passou pelo grupo, mas Grulak prosseguiu, os cantos da boca se curvando em um sorriso malicioso. "Aqui, sua raça não importa — goblins, fadas, anões e até mestiços com dragões infernais! O que importa é sua agilidade, magia e a determinação que vocês têm dentro de si."
Os olhares dos alunos se cruzaram, a insegurança misturando-se à curiosidade. Grulak inclinou-se para frente, seu olhar penetrante fixado em cada um deles. "Vocês estão na turma zero, que, para fins práticos, é como se não existisse. Isso mesmo: a turma zero não conta! Em três meses, haverá uma avaliação, e somente os mais capazes conseguirão passar para o primeiro nível. A escola tem dez níveis, e somente os melhores têm chance de chegar ao topo!"
Entre os rostos apavorados e desanimados, uma figura destoa: Elian é um garotinho de aparência frágil, com pele de um tom verde claro que se mistura suavemente com a cor verde goblin de sua mãe. Seus cabelos brancos contrastam com seus olhos claros e tímidos, que refletem uma inocência e vulnerabilidade que comovem aqueles ao seu redor. Ele usa uma camisa branca simples e uma calça de treino, vestuário que permite mobilidade enquanto ele tenta aprender a defender-se e a lutar. Exclama ele isso é muito difícil," murmurou consigo mesma, mas em seus olhos era possível ver um brilho de motivação que começava a se acender.
Ao lado dela, um estalo de dedos trouxe atenção ao goblin, que agora estava rodeado por névoas mágicas. "E você, garoto? Acha que não pode? Vamos ver o que você tem a oferecer! Preparem-se para testes que desafiarão até mesmo seus medos mais profundos!"
Elion respirou fundo sentindo a adrenalina percorrer seu corpo. A cada palavra do instrutor, sua determinação crescia. Ele não estava ali apenas para superar a si mesma, mas para mostrar que mesmo aqueles que são considerados "os piores" podiam se tornar os melhores. Com um sorriso tímido, mas confiante, ele ergueu a cabeça.
Grulak observou, divertido. "Muito bem, turma! Preparem-se, pois a verdadeira jornada começa agora!" A voz do professor ecoou pelos corredores antigos da Escola de Escrima e Magia, um lugar onde sombras profundas e tradições misteriosas se entrelaçavam, formando um ambiente perfeito para o despertar da heroica aventura. Os alunos estavam inquietos, seus olhares alternando entre curiosidade e receio.
"Venham todos para cima de mim! Iremos avaliar suas habilidades a partir de agora!" proclamou o Grulak, jovem determinados . Contudo, seus gritos não foram seguidos de muitos avanços corajosos. Um a um, os cem alunos hesitaram, temendo a meticulosa dança que se desenrolaria diante deles. Apenas uma garota, Mel, se destacou entre os demais. Com a pele clara, cabelos longos de um vibrante tom vermelho e um cajado em mãos, ela decidiu desafiar o goblin experiente.
Ativando uma runa incipiente de fogo, Mel lançou um feitiço na direção de Grulak. Entretanto, o professor desviou com um simples passo para o lado, um gesto que fez a garota congelar em desespero. O riso travesso de Grulak ressoava na sala enquanto ele observava o nervosismo da aluna. Sabendo que o pânico poderia ser contagioso, Elian correu para a frente.
"Não podemos desistir!" gritou ele, brandindo sua espada toda torta e enferrujada. Grulak olhou para ele, um sorriso satisfeito nos lábios. Ele se preparava para desviar mais uma vez, mas em vez de se mover, apenas deu um passo à frente, chutando Elian com um movimento ágil.
"Ora, ora, outro aprendiz corajoso!" ele comentou, a voz cheia de ironia, enquanto ele voava longe, aterrissando em um montículo de folhas secas.
Foi então que um jovem forte e musculoso, chamado Terik, decidiu entrar na batalha. Com uma espada de três metros em mãos, ele partiu para cima de Grulak, determinado a mostrar sua força. O goblin, porém, não ficou impressionado. Com as mãos nuas, quebrou a espada de Terik em dois, como se fosse uma palha. Em seguida, desferiu um golpe no estômago do jovem, fazendo-o voar para longe, aterrissando com um baque doloroso.
Nesse momento, Elian, ainda atordoado, percebeu que estava sendo curado por uma goblin meio fada chamada Larrisa. Com seus cabelos azuis e pequenas asas que cintilavam nas cores do arco-íris, Larrisa se moveu com agilidade e precisão, seus olhos brilhando com determinação.
"Levante-se! A batalha ainda não acabou!" disse Larrisa, sua voz delicada mas firme.
Sem perder tempo, Elian recuperou a coragem e partiu novamente para cima de Grulak. Mas o professor nem o considerou um inimigo. Ele segurou sua espada enferrujada com os dedos, subestimando o seu potencial. "Esse lixo de espada eu nem preciso quebrar," provocou, enquanto lançava uma magia poderosa com um movimento de suas mãos.
Com um simples gesto, Grulak arremessou Elian para longe, e ele, desavisado, bateu a cabeça em uma rocha, perdendo a consciência. Num instante, o mundo ao seu redor se tornava turvo e distante, até que tudo se apagou.
Quando despertou, Elian se encontrou em meio a uma lembrança que remontava à sua infância, uma imagem vívida que parecia tão clara quanto o dia em que ocorreu. Ele tinha apenas seis anos, a idade em que o futuro ainda era um horizonte distante, e seus sonhos dançavam como borboletas em um campo florido. Naquele dia, seu pai lhe entregou um presente que mudaria sua vida: um antigo livro de esgrima lunar, legado de um clã que já havia desaparecido do continente Eldora.
"Por que o primeiro passo é forjar uma espada?", pensou o menino, franzindo o olhar. Aquelas páginas amareladas eram um mistério, e a ideia de criar sua própria arma parecia absurda. No entanto, a chama da determinação ardia em seu coração. Seria parte do treinamento para entender o verdadeiro significado da lâmina.
Assim, o menino de coragem, Elian decidiu seguir os ensinamentos do livro. Ele se lembrou das histórias sobre a floresta próxima, onde a mineração de pedras preciosas pululava, um terreno vasto e selvagem. Era ali que ele poderia encontrar os materiais necessários para sua espada. A floresta era lar dos porcos mineradores, seres que se adaptaram e mudaram ao longo dos anos, trabalhando em harmonia com os anões para extrair riquezas da terra.
Ao se aventurar na floresta, encontrou um grupo de porcos mineradores em uma clareira. Um deles, Jacobusi, era o líder. Com um corpo atlético, marcado por cicatrizes de batalhas passadas, Jacobusi possuía um olhar penetrante, um olho perdido em um confronto que ninguém sabia. Ele vestia um colete de couro, remendado e desgastado, e empunhava uma picareta feita de um material raro que reluzia sob a luz filtrada pelas folhas.
O porco chefe olhou para o pequeno humano e, com uma voz firme, questionou: "O que você está fazendo aqui, garoto?" Elian respondeu com determinação, mesmo que sua voz tremesse um pouco: "Quero pedras para forjar a minha espada".
Jacobusi analisou o menino por um instante que pareceu durar uma eternidade. Então, com um sorriso divertido, disse: "Se você quer algo na vida, garoto, ou você rouba ou conquista. Nunca faça pedidos." Aquelas palavras cortaram Elian como um fio de aço, instigando um medo profundo em seu peito. "Eu não pretendo roubar!", protestou, sua sinceridade transparecendo em seu semblante. "Meu pai é um soldado de classe inferior e não pode pagar por elas."
Com um sorriso enigmático, Jacobusi se curvou levemente e observou o garoto com uma nova luz. "Certo, então. Se você quer, terá que trabalhar. A cada dez sacos de pedra, que pesam cerca de vinte quilos, eu lhe darei cem gramas. O que acha?" As palavras ecoaram na mente de Elian, enquanto calculava rapidamente. "Eu preciso de no mínimo seiscentas gramas", pensou consigo mesmo, "mesmo sendo pouco, eu topo."
Jacobusi lançou a picareta aos pés do garoto e disse: "Então vá ao trabalho". E naquele momento, enquanto se curvava para pegar o instrumento, Elian sentiu o peso de seus sonhos nas costas. Ele lembrava, com cada golpe de picareta na rocha, da dor em suas mãos, do suor escorrendo por seu rosto, do fogo que queimava em seu coração ao pensar na espada que um dia forjaria.
Cada pedra que coletava era uma pequena vitória, um passo mais perto de seu destino. As manchas de terra e a exaustão não importavam; o que importava era que ele estava se aproximando do que sonhara. O som da picareta ecoava pela floresta, entrelaçado com o murmúrio das árvores, uma sinfonia de perseverança que ainda ressoava em sua memória.
Elian despertou não apenas de um desmaio, mas de um profundo entendimento: a força não estava apenas em criar a espada, mas em toda a jornada que a acompanhava. A sala ressoou com um silêncio abrupto, enquanto os outros alunos olhavam, paralisados pela cena brutal.
No entanto, em meio ao desespero, uma ideia começou a borbulhar nas mentes dos alunos. As experiências deles com Grulak não eram apenas sobre lutar, mas sobre aprender e se unir. Grulak, então satisfeita com oque avia visto subiu ao palco com um sorriso de satisfação. Ele estava prestes a anunciar os novos professores, aqueles que iriam moldar o futuro daqueles jovens magos. O ambiente estava envolto em um misto de ansiedade e curiosidade, um clima que poderia ser cortado com uma espada.
"Parabéns a todos vocês! Concluíram com sucesso os testes de admissão!", ele exclamou, provocando aplausos e gritos de celebração entre os alunos. Mas, como sempre, Grulak tinha um truque na manga.
Com um gesto sutil de sua mão, as luzes na sala diminuíram, cobrindo tudo de uma penumbra enigmática. Os sussurros invariavelmente cessaram, e uma tensão palpável tomou conta do ambiente. "E agora, para revelações que desafiam a imaginação, trago a vocês os nossos novos professores", anunciou com voz grave.
De repente, da escuridão, surgiram três figuras que pareciam mais sombras que personas. A primeira era uma mulher esguia e elegante, com um metro e oitenta de altura. Suas asas de fada eram góticas e magníficas, fazendo um suave sussurro ao se mover. Seus olhos eram tão escuros quanto a noite, transmitindo uma sabedoria ancestral. "Eu sou Elizabeth e serei a sua professora de runas mágicas", declarou ela, seu tom musical atrativo, mas misterioso.
Os alunos trocaram olhares intrigados. Antes que pudessem processar a aparição de Elizabeth, a segunda sombra se adiantou. Era um ser robusto, uma mistura de ogro e elfo, com uma presença tão imponente que a atmosfera parecia carregada de eletricidade. Com uma expressão severa em seu rosto, era difícil não se sentir intimidado. "Sou Aquiles, seu professor de escrima", disse ele, sua voz profunda e retumbante. Mesclando delicadeza de elfo a músculos de ogro, sua figura atingia quase dois metros de altura, e seu olhar vermelho brilhava com determinação.
Por fim, a última figura, encapuzada e envolta em mistério, deu um passo à frente. O capuz cinza ocultava seu rosto, mas o cajado que ele segurava, ligeiramente mais alto do que ele mesmo, emanava uma aura mágica. Sua voz ecoou na sala como um trovão distante. "Eu sou Makem e serei seu professor de magia." A sala ficou em silêncio. O nome ressoou entre os alunos, e muitos sentiram um arrepio na espinha, como se soubessem que estavam diante de uma lenda.
"Agora, para a parte essencial", continuou Makem. Com um simples estalar de dedos, uniformes brancos com o símbolo da Academia apareceram, flutuando sobre os ombros dos alunos, que ficaram maravilhados com a beleza e qualidade dos trajes. "Cada um terá seu quarto, onde encontrarão um formulário. Vocês poderão escolher três disciplinas, mas devem ser obrigados a passar por pelo menos uma. A ausência resultará em expulsão."
E, como se fosse uma mágica, Makem se desmaterializou, levando consigo Grulak, Aquiles e Elizabeth. A sala, agora vazia, foi deixada em um silêncio eufórico. Os alunos se entreolhavam, seus corações acelerando com a ansiedade do desconhecido e a promessa de aventuras mágicas.
Naquela noite, enquanto cada um se instalava em seus quartos e preenchia os formulários, uma sensação de mistério e expectativa pairava no ar. O profundo eco da sala ainda sussurrava os nomes daqueles novos mentores, e no fundo de suas mentes, uma única pergunta martelava: que segredos as runas poderiam guardar? Que habilidades Aquiles poderia ensinar na esgrima? E que poder inexplorado Makem poderia conter?
Uma sombra, sutil e silenciosa, espreitava do lado de fora da Academia, observando cada movimento. O que parecia ser o começo de um novo capitulo poderia, na verdade, estar apenas ao início de um perigoso jogo de poder e magia. A escuridão estava mais próxima do que jamais poderiam imaginar.