"Aaaaaaa!!" Kael rugiu, cortando um cultivador. O homem não teve tempo de reagir; apenas sentiu algo rasgando seu peito antes que sua visão começasse a escurecer.
Depois de derrotar esse oponente, Kael correu em direção ao próximo. Já era seu quarto dia de batalha, e a guerra ainda estava tão insana quanto antes. A sede de sangue de Kael estava maior do que nunca. Seu corpo estava coberto de sangue, sua respiração estava irregular, e uma aura feroz e intimidante emanava dele.
Kael avançou em direção a um grupo de cultivadores adversários. Quando o viram correndo, os cultivadores ficaram chocados.
"Cuidado! É o Demônio que Carrega a Dama!" gritou um deles.
"O quê?" Kael quase tropeçou e caiu.
"O Demônio que Carrega a Dama, ataquem juntos!" falou outro.
Yan Xi arregalou os olhos. De repente, sua respiração ficou irregular, seu corpo tremeu levemente, uma lágrima escorreu do canto de seu olho, e ela sentiu uma leve dor na barriga. Se estivesse em condições, teria gargalhado alto.
Sentindo as ações de Yan Xi, o rosto de Kael ficou completamente vermelho.
"Mas que diabos é isso?" pensou ele, indignado.
Parecia que aquelas pessoas haviam dado a ele um apelido — um apelido completamente constrangedor.
"Se você continuar rindo, vou te jogar para eles!" falou Kael com Yan Xi, furioso.
Porém, a ameaça teve o efeito oposto, e Yan Xi começou a rir ainda mais. Ela não estava nem um pouco preocupada com as ameaças de Kael.
Kael estava desamparado; claro que ele não cumpriria sua ameaça, então só podia descontar sua fúria neles.
Ele invadiu o meio dos cultivadores, desviando dos ataques e contra-atacando. Conseguia derrotar aqueles cultivadores, mas não era nada fácil; às vezes, até recebia alguns golpes, que reabriam suas feridas.
Mas Kael parecia não se importar. Mesmo quando era acertado, continuava atacando sem parar, como se não sentisse dor ou fadiga. Seus olhos vermelhos pareciam perfurar as almas dos inimigos. Por isso, começaram a chamá-lo de demônio, e, como ele levava Yan Xi em todas as batalhas, o apelidaram de Demônio que Carrega a Dama.
Usavam esse apelido em suas conversas, mas foi a primeira vez que o gritaram no campo de batalha, surpreendendo Kael.
"Hump, um bando de inúteis superestimando qualquer lixo. Que Demônio que Carrega a Dama? Deixa eu mostrar como se acaba com ele," uma voz fria soou de repente.
Os cultivadores que estavam cercando Kael ficaram surpresos e olharam para o homem. Ele caminhava de forma imponente, seu corpo era musculoso, e ele estava sem camisa, carregando uma espada enorme e pesada, com mais de dois metros de comprimento. Enquanto andava, arrastava a espada no chão, deixando uma trilha, e sua aura poderosa assustou os cultivadores da tribo Blue.
"Refinamento de Sangue!" exclamaram.
Normalmente, em meio à guerra, cultivadores de níveis semelhantes se enfrentavam, não necessariamente por respeito aos mais fracos, mas porque, se tentassem atacar alguém com um cultivo menor, seriam impedidos pelos cultivadores do outro lado. Só quando um lado ganhava vantagem essas batalhas desiguais começavam a acontecer.
Claro, isso não era absoluto, afinal, a quantidade de especialistas no mesmo nível nem sempre era igual. Então, de tempos em tempos, alguns cultivadores mais poderosos conseguiam fazer um massacre. Provavelmente, esse era um desses momentos.
Dois comandantes do lado de Kael, que estavam no Refinamento de Sangue, começaram a se mover. Mesmo que esse cultivador causasse algumas baixas, eles conseguiriam mantê-las no mínimo possível.
"Esperem, não interfiram ainda!" De repente, uma voz soou em seus ouvidos.
Eles pararam, chocados, e olharam para Ba Lo. Depois de confirmar que não haviam entendido errado, acenaram para ele, continuando a avançar, mas com menor ritmo. Quando fossem ordenados, atacariam com tudo. Eles não precisavam entender o motivo da ordem; só tinham que segui-la. Assim funcionava um exército.
Ba Lo focou os olhos na direção de Kael. Era um bom momento para testar seu limite. Desde o primeiro dia, o desempenho de Kael só se tornava mais impressionante. Os cultivadores tentaram emboscá-lo, atacar em grupo, focar em sua mulher, mas ele destruiu todas essas tentativas. Por isso, Ba Lo e o líder da tribo ficavam cada vez mais interessados nele.
"Morra!" gritou o cultivador, enquanto atacava Kael com sua espada gigante.
Kael não se intimidou; deu um passo para trás e desviou do golpe. A espada do cultivador bateu no chão com um estrondo, a terra tremeu e algumas rachaduras apareceram.
Os corações dos cultivadores aceleraram. Para aqueles no Refinamento Ósseo, os cultivadores no Refinamento de Sangue eram quase intransponíveis. Ver um tão perto deles fez o sangue deixar seus rostos, e eles começaram a correr, afastando-se do local.
Até os cultivadores da tribo Ki se afastaram, sem querer serem envolvidos. Além disso, como alguém no Refinamento de Sangue interveio, essa parte da batalha parecia decidida.
O cultivador ficou um pouco surpreso por Kael ter conseguido desviar. Sua espada podia ser pesada, mas o ataque não era lento. Ele já esmagara vários cultivadores no Refinamento Ósseo até a morte, sem chance de reação.
Mas seus olhos se focaram rapidamente. Ele localizou Kael e atacou novamente. Kael se aproximou em alta velocidade e, quando a espada do oponente estava prestes a atingir sua cintura, ele pulou para frente, girando como uma broca. Sua cabeça atingiu o peito do cultivador, que grunhiu e deu um passo para trás, mas seu corpo era forte, e ele logo retornou a espada, tentando cortar de novo.
Kael pulou novamente, parando em pé sobre a espada do oponente, e correu sobre ela. O cultivador ficou chocado com a agilidade de Kael, mas não teve tempo de reagir. Kael alcançou-o e deu um chute no queixo. O cultivador voou para trás, e sua cabeça ficou tonta. Kael apareceu ao seu lado, tentando cortá-lo.
Experiente em batalha, o homem cerrou os dentes e puxou a espada de volta, usando-a como escudo.
Um estrondo soou quando as espadas colidiram. Dessa vez, Kael ficou surpreso — esse homem realmente conseguia manejar uma espada tão grande com tamanha facilidade.
"Realmente, nenhum adversário pode ser subestimado," pensou ele.
Os dois entraram numa luta frenética, atacando, bloqueando, contra-atacando e desviando, com sons estrondosos que sacudiam quem estava próximo.
"Isso é insano!"
"Ele consegue lutar com alguém no Refinamento de Sangue? Qual é o cultivo desse cara?"
Os observadores estavam chocados. A energia espiritual de Kael estava fraca e debilitada, e ele usava só o poder de seu corpo. Por isso, eles não conseguiam identificar seu nível de cultivo, mas achavam que ele devia estar no Pico do Refinamento Ósseo. Agora, ele lutava de igual para igual com alguém no Refinamento de Sangue.
Ba Lo e os dois cultivadores que pretendiam ajudar anteriormente também ficaram chocados. Ba Lo pensou que Kael poderia resistir por algum tempo e, dependendo do desempenho, talvez até o salvasse pessoalmente. Mas quem podia pensar que acabaria assim?
"Esse garoto é ainda mais impressionante do que imaginamos!" pensou ele.
O crescente interesse de Ba Lo e do líder em Kael não era apenas pela força. Já viram muitos cultivadores no Refinamento de Sangue, mas poucos como ele: jovem, protegendo outra pessoa e gravemente ferido. Somando tudo isso, seu interesse era justificado.
"Aaaaaaaa!!" O cultivador rugiu e golpeou Kael de novo.
Kael bloqueou com a espada, mas foi arremessado para o lado; o oponente o seguiu, atacando outra vez. Ele cerrou os dentes e recebeu o ataque de frente, dessa vez apoiado, seus pés escorregaram levemente, deixando duas marcas no chão.
O oponente estreitou os olhos. "Como esse garoto pode ter tanta força, com um corpo tão magro e ferido?"
De repente, o cultivador decidiu. Em uma nova sequência de ataques, Kael bloqueou um golpe e perdeu o equilíbrio. A espada do oponente fez um movimento estranho e mirou Yan Xi.
Os corações dos espectadores dispararam. Não por preocupação com Yan Xi, mas porque sabiam o que aconteceria com Kael. Esse cultivador do Refinamento de Sangue não conhecia a reação de Kael. Ele só ouvira histórias, mas isso estava longe do impacto de presenciar pessoalmente.
Como esperado, Kael virou, e seus olhos ficaram vermelhos. Uma intenção assassina de gelar os ossos permeou o ar. Todos os pelos do corpo do cultivador se arrepiaram ao cruzar o olhar com Kael, como se estivesse sendo observado por uma besta selvagem.
Kael levantou o braço, parecendo querer bloquear a espada do oponente com seu corpo, sem qualquer proteção. Todos ao redor ficaram chocados, inclusive o próprio adversário.
"Esse cara é realmente louco!" exclamou um cultivador da tribo Blue. Mesmo sendo aliado de Kael, ele não pôde evitar estremecer diante da crueldade e brutalidade do rapaz.
A espada atingiu o braço de Kael, gerando um som alto, enquanto uma onda de choque se espalhava a partir do impacto. No entanto, o corpo de Kael permaneceu imóvel, sólido como uma montanha, encarando friamente o oponente. Antes que o cultivador pudesse reagir, Kael contra-atacou, acertando o braço que segurava a espada.
Com um estrondo, o braço do oponente caiu no chão, ainda agarrado à espada. Um grito de dor escapou dos lábios do cultivador, seu olhar aterrorizado tentou fixar-se em Kael, mas logo ele sentiu uma dor intensa no outro braço, seguida por uma perfuração em seu abdômen. Ondas de dor percorriam seu corpo em explosões incontroláveis, até que, depois de um tempo indefinido, ele sentiu o entorpecimento tomar conta, e a dor parou.
O cultivador tossiu e cuspiu sangue, tentando dizer algo, mas sua cabeça foi subitamente arrancada. Ela voou por vários metros, rolando pelo chão até parar, a expressão de incredulidade ainda congelada em seu rosto.