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ASCENSÃO AOS CÈUS

Python08
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Synopsis

Chapter 1 - 1

"Vamos, Vince, pegue ele!" um homem de meia-idade, por volta dos 25 anos, gritou entusiasmado junto de outros na multidão que aproveitavam alegremente a luta que se desenrolava no ringue à sua frente.

Dentro do ringue estava um garoto que não deveria ter mais do que 16 anos, com a parte superior do corpo exposta. Ela estava marcada de hematomas azuis e roxos, seu rosto outrora belo agora estava marcado por um hematoma na bochecha esquerda e um corte feio no supercílio direito. Apesar dos hematomas, ele tinha um olhar animado em seus olhos azuis e um sorriso adornava seus lábios.

"Vamos, Gray, não me diga que é tudo o que você tem," ele provocou o homem mais velho com quem estava lutando.

Gray, a quem ele se referia, com o corpo também crivado de hematomas, cuspiu o sangue que se acumulou em sua boca em desgosto. "Ora, garoto, não se ache muito só porque você derrotou o Karl. Eu não sou como aquele amador," ele respondeu com um sorriso confiante, mas o estremecimento da sua perna direita revelava que ele não estava tão bem assim.

Sabendo da condição da perna do adversário, já que ele mesmo a deixou assim, Vince decidiu acabar logo com a luta. Movendo-se pelo lado direito do oponente para fazê-lo apoiar o peso na perna machucada, Vince disparou em alta velocidade contra Gray. Ele, que já esperava por esse movimento, permaneceu na defensiva, cobrindo o corpo com os braços na tentativa de se proteger. Mudando de alvo no último momento, Vince decidiu atacar a perna esquerda, fazendo com que todo o peso fosse suportado pela perna ferida. Com um chute circular em direção ao tornozelo, ele desequilibrou Gray, que foi pego de surpresa pelo movimento inesperado. Vince, que já havia terminado seu chute, partiu para o próximo golpe. Girando em torno de si mesmo para pegar impulso, ele desferiu com o punho esquerdo um golpe ascendente no queixo de Gray, que foi instantaneamente nocauteado.

"Vince ganha a luta por nocaute no 3º round!" o locutor gritou animadamente para a felicidade de alguns e tristeza de outros.

Vince deixou seu oponente nocauteado no chão e se dirigiu para sair do ringue. Chegando perto da plataforma, um dos espectadores se aproximou dele com um grande sorriso no rosto.

"Oh, Vince, você é realmente meu amuleto da sorte. Graças a você, vou poder pagar meu aluguel no fim do mês," falou um homem na casa dos 30 anos, usando calças de linho marrons e uma camisa meio amarelada com um furo na lateral. Seus olhos castanhos brilhavam de gratidão.

"Velho Lic, você não precisaria depender de mim para pagar o aluguel se parasse de ir tanto ao bordel da Madame Viviana," Vince respondeu enquanto pegava suas roupas que estavam penduradas em um gancho na parede.

"Eu sei, mas não posso deixar minha Aria sozinha, sabe? Ela precisa de mim para lhe fazer companhia nas noites frias," ele disse com um sorriso nostálgico e levemente lascivo no rosto.

Balançando a cabeça com uma expressão cansada, como se não fosse a primeira vez que ele aconselhava aquele homem, Vince se dirigiu em direção a uma sala onde ele receberia o seu pagamento pela luta.

Parando em frente a uma porta feita de carvalho escuro, com uma placa escrita "Gerente" em dourado, ele bateu levemente e, após alguns segundos de espera, uma voz masculina veio de dentro permitindo a entrada na sala.

Abrindo a porta, um forte cheiro de tabaco e álcool invadiu suas narinas. Franzindo as sobrancelhas levemente em desgosto, ele entrou na sala mal iluminada pelo candelabro no teto e se dirigiu até uma mesa onde um homem gordo, com vestes pretas e roxas, estava sentado contando suas moedas. Vestia uma camisa preta com gola alta que revestia o pescoço e um casaco roxo profundo com bordados em dourado. Seus olhos castanhos claros, que estavam levemente avermelhados pela exposição prolongada à fumaça daquele ambiente abafado, olhavam com satisfação para a pilha de moedas douradas na sua mesa.

Olhando para cima, ele finalmente se deu conta de quem era a pessoa que queria falar com ele. "Vince, meu garoto, que bela luta você teve hoje! Aquele último golpe que você deu, o Gray nem conseguiu reagir!" ele disse com grande alegria, mas Vince sabia que a verdadeira razão para o seu entusiasmo era o dinheiro que ele ganhou com as apostas dos espectadores, principalmente daqueles que apostaram contra ele.

"Não foi nada, senhor Ravoc, foi só um golpe de sorte," Vince respondeu humildemente, não se deixando enganar pelas palavras dele.

"Que nada, garoto. Isso que você tem é talento para o combate, e um raro ainda por cima," ele respondeu com uma expressão sincera. "O que acha, Vince? Pensou na minha proposta?" ele perguntou com expectativa mal escondida.

"Ainda não acho que é a hora, senhor Ravoc. Sou muito novo para isso, preciso de mais tempo para pensar," ele respondeu sem muito entusiasmo, já que aquela não era a primeira vez que eles tinham aquela conversa.

"Pois bem, garoto, aqui tem um bônus pelo espetáculo de hoje," ele disse enquanto sacava um pequeno saco de moedas e colocava em cima da mesa.

Vince ficou feliz em ver que ganhou mais do que esperava. Guardando as moedas no bolso da calça, ele se despediu do senhor Ravoc com uma reverência respeitosa e se dirigiu em direção à saída.

Andando pelos corredores, que eram iluminados com pequenas velas que lançavam uma luz laranja no ambiente, ele se pegou pensando sobre os acontecimentos do último mês. Colocando a mão no bolso, ele retirou um pingente de pedra azul. À primeira vista, parecia somente uma pedra normal, mas desde o seu último aniversário, Vince descobriu que aquilo era muito mais do que aparentava.

"Quem poderia imaginar que isso teria um tesouro tão grande," ele pensou maravilhado enquanto aplicava a técnica. "Mas quem deixou isso para mim?" era um questionamento que ele fazia desde antes de saber o que o pingente continha, já que aquilo estava com ele desde que era um bebê.

Recitando a técnica que ele obteve, seu corpo começou a se recuperar mais rápido e a ficar levemente mais forte do que antes. A sensação era sempre inebriante; o sentimento de ser melhor, mais forte, era verdadeiramente único. Ele continuou com isso até ver uma mulher parada na porta, aparentemente esperando por ele.

Lá, parada na porta com uma expressão zangada, estava uma bela jovem de cabelos castanhos que iam até a metade das costas, com olhos verdes profundos e pele branca leitosa. Ela usava uma blusa branca com um sobretudo preto por cima, calças da mesma cor e sapatilhas baixas. A jovem se destacava na multidão como uma flor desabrochando no campo.

"Oi, Silvia, como você está?" Vince a cumprimentou em um tom nervoso, sem saber como reagir à presença dela naquele local.

"Eu achei que nossa mestra tivesse pedido a você que não frequentasse mais esse estabelecimento, Vince," ela disse com uma expressão mal-humorada.

"Se bem me lembro, ela disse que eu não deveria frequentar esse local pois não era adequado para alguém como eu, mas ela nunca falou nada sobre proibir," ele disse, sem mudar a expressão, na vã tentativa de se safar.

"Vejo que a cada dia você fica mais habilidoso em usar a língua, Vince," ela disse em um tom afiado.

O olhar dela se fixou no sangramento na cabeça dele. Ela então se aproximou com um pano na mão. "Você precisa ter mais cuidado, Vince. Sua imprudência naquela luta quase lhe causou um ferimento sério no olho," ela disse preocupada, enquanto limpava o sangue que escorria.

"Não foi nada, eu tinha tudo sob controle," ele disse com uma expressão confiante para confortá-la.

"Eu só acho que você está deixando o poder subir à cabeça. Não tem nem um mês que você virou um Inatos e aqui está você se despedaçando em lutas."

"Eu sei que o que estou fazendo parece loucura, mas agora que eu posso absorver prana, não vou mais ser um fraco, Silvia. Agora eu posso lutar," ele disse com um olhar determinado.

"Lutar? Lutar contra quem, Vince? Nós não temos inimigos. Nossa ordem não tem inimigos, não há por que você lutar. Seu tempo seria melhor gasto criando mais fórmulas para medicamentos, como a mestra lhe aconselhou."

"Você, a mestra, os anciãos, todos me dizem a mesma coisa, que eu deveria focar naquilo que sou bom, mas eu não gosto de fazer isso. Eu gosto de lutar, gosto do combate, adoro a sensação de adrenalina durante uma batalha e não de ficar perdendo tempo criando fórmulas para medicamentos que nem sei se vou poder fazer sozinho no futuro," ele disse frustrado, enquanto ela terminava de limpar o rosto dele.

"É mesmo? Então eu vou dizer à acian Mira que a alquimia é inútil."

"Ei, ei, ei, também não é pra tanto. Eu nunca disse que é inútil, só disse que não gosto de estudar."

"Vamos, seu cabeça de músculo, vamos voltar para o complexo. A mestra quer falar com você."

"Comigo?" ele perguntou surpreso. "Você sabe do que se trata?"

"Ela não entrou em detalhes, mas parece ter algo a ver com as aulas de acupuntura que você teve," ela respondeu em um tom curioso.

O rosto de Vince ficou pálido ao ouvir aquilo.