Chapter 3 - 3- Melhores dois anos

"Mãe!" ela rapidamente secou as lágrimas com o dorso da mão e virou-se para ela.

"Chega de fingimento, Marissa. Vamos encarar a verdade. Eu não sou sua mãe e você não é minha nora..."

"M... mas..."

"Sem "mas" e sem "poréns", Marissa. Você estava lá quando a Valerie não estava disponível. Aceite! Ele ama ela. Ele nunca vai deixá-la. Em sua mente, ela é a que ficou ao lado dele todo esse tempo."

"M... mas você pode dizer a ele que..."

"Dizer o quê? Que você é a esposa dele? De jeito nenhum!" havia um sorriso sarcástico brincando em seus lábios, "Seja prática, Marissa. Agradeça aos céus por ter tido a chance de desfrutar da riqueza da nossa família todo esse tempo. Você teve a chance de dormir ao lado dele enquanto todas as garotas morriam só por ter um vislumbre dele. Você teve uma vida luxuosa todo esse tempo. O que mais você quer, amor?" 

Marissa fechou os olhos em desapontamento, "Isso significa... isso significa que vocês me usaram. Certo?" uma risada sem humor escapou por sua boca.

"Você também nos usou!" Nina deu de ombros, "Se quiser, posso te pagar para que você viva uma vida confortável."

"E se..." Marissa engoliu em seco, "E se eu tivesse concebido durante esse tempo? E se tivéssemos tido um bebê? O que você faria então?"

Nina trouxe seu rosto perigosamente perto de Marissa, "Eu teria matado ele."

 Marissa engasgou, mas a mulher maligna acenou para ela, "Isso mesmo. O herdeiro Sinclair só nascerá de uma mulher extremamente bela e que parece elegante ao lado do meu belo filho. Você não é adequada para carregar o herdeiro Sinclair. Nós temos padrões, garota."

Com o coração pesado, Marissa deu um passo para trás e tentou sorrir, "Entendido."

Quando estava saindo do hospital, ela queria chorar aos prantos. Eles a usaram. Todos eles a usaram.

"O que vou contar para meus bebês?" ela chorou, inclinando a cabeça para trás no banco de trás do táxi. Nos últimos dois anos, ela havia andado em carros de luxo, mas hoje ela estava de volta ao ponto de partida.

Quando ela chegou à Residência Sinclair, havia silêncio na sala. Duas empregadas estavam limpando os móveis e Marissa percebeu que esses não eram os mesmos rostos que ela estava acostumada a ver todos os dias.

Nina Sinclair tinha ido longe demais quando substituiu todos os empregados da casa.

Era perigoso ficar nessa casa. Se por acaso, Nina ficasse sabendo de sua gravidez, ela poderia matar seus bebês.

"Não. Eu não posso fazer isso." Ela rapidamente foi para o seu quarto e abriu a porta só para encontrar Valerie já lá dentro.

"Aqui. Arrume suas coisas e saia. Tente apenas ser rápida." Ela colocou duas grandes malas vazias no chão.

Marissa olhou ao redor do quarto onde ela havia passado os momentos mais incríveis de sua vida com o marido. Nos primeiros dias, como ele costumava ficar deprimido, e ela jurou nunca deixar o lado dele.

"Me desculpe, Rafael, por não cumprir minha palavra. Mas a vida dos nossos bebês está em perigo, querido." Ela precisava ser forte pelo bem dos seus filhos.

Ela não tinha nenhuma prova do seu casamento, nem tinha quaisquer testemunhas. Sempre que Rafael chamava algum dos seus assistentes de escritório, Nina nunca deixava ela se encontrar com nenhum deles.

O casal sempre ficava dentro de casa porque Rafael nunca queria sair. Ele insistia para ela sair e aproveitar festas ou compras, mas ela nunca deixou o lado dele.

Uma ou duas vezes, quando eles queriam ter um jantar ao ar livre, então Nina organizava tudo em seus jardins privados.

Raramente tinham jantares românticos à luz de velas porque era inútil para Rafael e ela não estava interessada porque tudo o que ela desejava era a companhia dele.

Não demorou muito para arrumar as malas quando ela só tinha que encher uma. Valerie ficou lá o tempo todo, de olho nela. 

"Desculpe. Não posso correr riscos. Nossos objetos de valor devem ficar seguros." Ela explicou para a irmã mais nova com um sorriso maligno.

Assim que Marissa terminou, ela pegou sua mala e começou a descer as escadas.

Não havia nada além de suas roupas e documentos. Ela não pôde continuar sua educação apenas para dar companhia de vinte e quatro horas ao marido.

Ela desceu e foi até a cozinha para se servir de um pouco de água gelada quando ouviu alguma confusão na sala.

"Rafael. Você chegou cedo," ela viu Valerie caminhando em direção a ele com um sorriso, "bem-vindo a casa."

Rafael lançou um olhar indiferente na direção de Marissa e depois sorriu para Valerie.

"Eu queria almoçar com minha esposa." Ele puxou a cadeira e se sentou, "Então, o que temos para o almoço?"

Pela primeira vez, Marissa sentiu Valerie ficar nervosa, "Eu... eu preciso perguntar ... ao chefe."

"Chefe?" ele franzindo a testa ao olhar para cima, "Você sempre cozinhou para mim. Por que não agora? Lembra? Você me prometeu fazer meu Fajita de carne favorito quando eu tivesse alta," ele então segurou a mão dela, "Tudo bem. Apenas me faça companhia."

Marissa sabia do que ele estava falando. O jeito como ele costumava sentar na cozinha enquanto ela cozinhava sua comida favorita. Ela continuou olhando para Rafael e queria lhe dar um tapa forte no rosto para dizer-lhe que tudo era um erro.

Ele estava cometendo um erro.

"Estou indo embora, Rafael," ela tentou chamar a atenção dele. 

"Quisera eu que você pudesse almoçar conosco, Marissa. Mas você se tornou tão egocêntrica e tão obstinada em seus caminhos, sua mulher egoísta! Eu preferiria que você não ficasse mais na minha casa."

Ele disse sem encontrar seu olhar, "Vá e aprenda a se sustentar em seus dois pés em vez de cobiçar meu dinheiro e pare de sonhar em tirar vantagem da minha cegueira. Eu não sou mais cego."

Marissa não aguentou mais, "Lamento te dizer, Rafael Sinclair, mas agora você é um homem cego que não consegue ver nada ao seu redor. Três dias atrás, você não era cego. Você conseguia ver tudo quando estava cego."

"Marissa!" sua ex-sogra a chamou, "almoce conosco. Como irmã de Valerie, eu adoraria se você se juntasse a nós."

Marissa sabia por que Nina estava fazendo isso. Só para mostrar a Rafael como ela não estava com pressa de se livrar dela.

Por um instante, Marissa teve um brilho maligno em seus olhos, "Claro, Nina. Se você diz." Ignorando o rosto pálido de Nina, ela sentou-se ao lado de Rafael.

Antes que Rafael pudesse protestar, Valerie deu-lhe, o melhor sorriso dela, "Tudo bem, Rafael. Afinal de contas, ela é minha irmã e logo vai embora."

Apenas para salvar as aparências, ambas as mulheres não estavam mostrando seus lados malignos para ele.

"Tudo bem," ele murmurou e esperou enquanto os empregados começavam a colocar os pratos quentes e fumegantes na mesa.

A primeira garfada que Rafael levou à boca fez com que ele parasse e fechasse os olhos.

"Este não é o mesmo sabor que eu me habituei," ele disse mais para si, examinando o meatloaf em seu prato.

"Talvez a falta de visão tenha tornado suas papilas gustativas mais sensíveis," Valerie ofereceu a ele a explicação que parecia convencê-lo.

"Há tantas coisas que vão se transformar, Rafael." Marissa murmurou brincando com a comida dela, "Que pena! Você não vai perceber hoje."

Rafael, que havia parado de comer, inclinou a cabeça para o lado para olhar para a mulher que costumava ser tão reservada e tímida quando ele começou a namorar Valerie.

Marissa podia sentir seus olhos verdes em seu rosto. Todos eles devem estar curiosos sobre o que ela estava falando, porque apenas Rafael conseguia ouvi-la. Certamente, bateram o pé com um machado quando não só lhe ofereceram ficar para o almoço, mas também não se importaram que ela se sentasse ao lado dele.

"Cuide da sua língua, Marissa. Mais uma palavra contra minha esposa e você pode se arrepender." Desta vez, Marissa encontrou seus olhos verdes, perguntando-se se alguma vez seria capaz de vê-los novamente.

"Você seja feliz, Rafael." Ela sorriu sinceramente, "Você pode se arrepender também, uma vez que eu tiver ido embora." Ela sentiu Rafael ficar tenso. Terminando a comida em seu prato, ela recostou sua cadeira para se levantar.

"Adeus, todos."

Ela pegou sua mala ignorando os olhares curiosos de Rafael. Seu modo de sobrevivência estava ativado, e ela não queria criar mais problemas.

"Vamos sair daqui, meus bebês. Este lugar não é para vocês." Com isso, ela deixou a casa onde passou os melhores dois anos de sua vida.