Chapter 7 - 7- Hora de Brilhar

Pela primeira vez, Rafael não gostou de ver o nome de Valerie piscando na tela do seu telefone, "Oi!"

"Rafael. Só queria verificar como você está. Você sabe o quanto me importo com você, querido."

Ele murmurou no telefone como se estivesse muito ocupado com seu trabalho.

"Nos últimos dois anos, eu acompanhei você e não parei de perguntar sobre o seu bem-estar. Estivéssemos juntos ou não." Ela fez a voz um pouco rouca, e Rafael achou estranho quando sentiu como se ela estivesse fingindo.

O que está acontecendo comigo? É assim que marido e mulher devem se comportar quando uma terceira pessoa tenta causar uma separação em seu relacionamento?

"Mas por que você faria isso, Valerie, quando eu estava sempre com você?" ele perguntou a ela, mantendo seu tom casual.

Ela hesitou por um momento, "Claro, Raf. Isso... isso é o que... eu quero dizer... sim... ha-ha. Como... como posso esquecer que... eu estava com você o tempo todo."

Ele fingiu um sorriso pelo bem dela e inventou uma mentira, "Sim. O tempo todo. Exceto quando fui para aqueles dois dias em um programa de Terapia logo após dois meses do nosso casamento. Lembra?" 

Ela riu novamente, "Sim, sim. Como eu senti sua falta naqueles dois dias."

"OK, amor. Meus executivos estão aqui, e eu preciso continuar esta reunião. Não se preocupe. Não vou forçar meus olhos." 

"Eu te amo, Rafael. Apenas lembre-se... disso... eu não quero que você perca os seus olhos nunca mais." Ela disse suavemente e Rafael se sentiu machucado... traído.

"Eu também te amo. Não se preocupe, Valerie. Apenas lembre-se... Hakuna Matata."

"O quê!" ela riu do outro lado, "o que isso significa?"

"Nada, Valerie. Nada. É só uma fala fofa de um filme." Ele desligou o telefone e o jogou na mesa antes de encontrar o olhar de seu melhor amigo Joseph.

***

Rafael assinou alguns papéis e passou o arquivo para o seu assistente, "Tome, Liam. E peça aos construtores para seguir os prazos do contrato para que possamos começar a contratar o novo pessoal para nossos novos escritórios em Kanderton."

Liam assentiu e pegou o arquivo. Recentemente, ele descobriu que Kanderton era uma cidade em desenvolvimento e tinha um grande potencial para o seu negócio.

"Parece que você faz parte de algum filme," Joseph disse mastigando alguns salgadinhos quando Liam saiu, "talvez um suspense."

Eles estavam sentados no escritório de Rafael na Sinclair Indústrias depois de tanto tempo.

"Você está dizendo que Marissa alegou que foi ela quem passou esses últimos dois anos com você. Por outro lado, sua mãe não fez você conhecer ninguém. Por que você acha que ela fez isso?"

"Talvez porque meu psiquiatra sugeriu isso. De acordo com ele, eu poderia ter me sentido excluído." Rafael deu de ombros e tomou um gole do seu café.

"E por que um psiquiatra sugeriria algo tão absurdo, Rafael? Em vez de ajudá-lo a se misturar entre outras pessoas, ele está sugerindo que você abandone sua vida social. Estranho."

Rafael levantou-se e afrouxou a gravata em volta do pescoço. 

"Eu preciso descobrir sobre a Dra. Sophia e Marissa. Algo me diz que elas estão juntas. Sophia sabe algo sobre todo esse drama, por isso ela fugiu."

"A propósito," Joseph também se levantou, "por que você está tão empenhado em encontrar essas mulheres? Deixe-as viver a vida delas e você fique feliz com a sua."

Rafael estava olhando pela porta de vidro observando as luzes da cidade. Não deu nenhuma reação às perguntas de Joseph.

Ele não se moveu quando sentiu a mão do amigo em seu ombro, "Não guarde isso para si. Me diga. Por que você está procurando por elas?" E pela primeira vez, Rafael sentiu uma vontade súbita de chorar.

"P...Porque se... se a Marissa está dizendo a verdade, então... então... eu acho... aqueles filhos... aqueles gêmeos são meus."

Joseph ficou parado por um momento, "Nossa!" ele sussurrou, e Rafael assentiu com um sorriso sarcástico.

"Você falou com a sua mãe ou com Valerie sobre isso?" Rafael balançou a cabeça para a pergunta do amigo, 

"Não, eu não falei. Fazer essas perguntas poderia significar alertá-las. Valerie não é a mesma mais."

"Por quê? Você não estava namorando ela antes do acidente? Como você pode dizer isso?"

Porque sempre que eu beijo aqueles lábios beijáveis, eles não me dão mais o sabor de morango. Eu anseio por esse gosto.

Ele não disse isso em voz alta, mas algo em sua expressão fez Joseph sentir pena dele.

"Ela não lembra de Hakuna Matata... uma frase do Rei Leão. Eu acabei de mentir para ela que eu fui para um programa de terapia logo após dois meses do nosso casamento. Ela foi na conversa, mas... eu nunca fui a nenhum programa de terapia... de fato... de fato, eu sempre fiquei em casa depois de ficar cego."

Ele explicou para o amigo e por alguns minutos, um silêncio pesado pairou na sala.

"Joseph. Me ajuda." Desta vez havia um pedido em sua voz, "Me ajude a encontrar Marissa e seus filhos. Eu posso estar errado, mas eu preciso confirmar antes de dar o próximo passo."

Ele não conseguia tirar da mente a voz chorosa de Marissa antes dela partir. Ela sabia sobre Hakuna Matata, e ela já previa que ele se arrependeria uma vez que ela se fosse.

Rafael fechou os olhos.

Preciso te encontrar, morango. Preciso te encontrar, meu doce. Onde você foi?

***

"Estou tão feliz que você conseguiu chegar aqui a tempo," Marissa segurou a mão de Sophia enquanto sentava ao lado dela no sofá.

"Eu também. Da primeira vez que ele entrou no meu escritório, eu sabia que ele estava em dúvida." Sophia tocou novamente o copo de água gelada em seus lábios.

She didn't take the risk of going home and left for Kanderton straight from her office. Thankfully her trusted cleaning lady got the documents delivered to her office. It was not wise to stay there anymore.

Os homens de Rafael podiam estar de olho em cada movimento dela.

"Como está sua gravidez?" Sophia deu um leve tapinha na barriga de sua amiga, "E os bebês?"

"Eles estão bem. É só o enjoo matinal que está me incomodando. Fora isso, está tudo tranquilo." Marissa começou a mexer suas mãos nervosamente.

"Qual o problema? Você parece chateada." Marissa assentiu tentando controlar seus lábios tremendo, "Eu estava tentando admissões para a faculdade. Antes de me casar com Rafael, eu estava planejando começar meu MBA."

"E então? Eu acho que é preciso fazer o teste de admissão." Marissa assentiu e deu um sorriso trêmulo,

"Eu sei. Estou chegando nessa parte. Eu fiz o teste e hoje descobri…"

"Pelo amor de Deus, Marissa. Fale logo! Meu coração está afundando."

"Eu descobri que…" ela exalou um longo suspiro, "que eu reprovei no teste." Marissa não aguentou mais e começou a chorar.

"Ei! Garota!" Sophia imediatamente se aproximou da amiga e a puxou para um abraço apertado.

"Sophia. Eu era uma garota tão inteligente antes de me casar com ele. Eu deixei tudo pela felicidade dele. E agora não tenho nada nas mãos."

"Quem disse que você não é mais uma garota inteligente?" Ambas as garotas se sobressaltaram quando ouviram a voz do Vovô Flint.

"Nunca fale assim. Você não está de mãos VAZIAS. Ok?" Vovô Flint disse severamente, "Você tem filhos, menina tola. Uma vez que eles estejam aqui, veja como seu mundo vai mudar para melhor."

"Mas Vovô. Meu plano inicial era fazer um MBA para conseguir um emprego em uma grande multinacional. Como vou criar meus filhos sem um bom emprego? Eu queria dar a melhor vida para os meus filhos." Ela disse despedaçada.

Eles eram filhos de Rafael e mereciam uma vida luxuosa como herdeiros Sinclair.

"Marissa. Levante a cabeça!" Vovô Flint colocou sua xícara de café de lado e pegou a cadeira para sentar na frente dela, "Escute, garota. Quem diabos lhe disse que só pode dar uma boa vida para seus filhos com um diploma de MBA?"

"E o que mais eu deveria fazer?" Marissa aceitou o lenço de Sophia e soou o nariz, "Eu só poderia ser garçonete. É o que eu sei fazer melhor, eu acho."

"Você pode colocar alguns pensamentos positivos nessa sua cabeça, garota?" Vovô Flint a repreendeu como um pai gentil que não podia deixar sua filha pensar em si mesma como alguém pequeno.

Marissa continuou chorando e podia sentir Sophia esfregando sua mão nas suas costas para consolá-la.

"Marissa. Escute-me," Vovô Flint segurou as mãos da garota que chorava, "Talvez seja isso que o destino quer que você faça. Por que trabalhar para alguém quando você pode começar seu próprio negócio."

"Negócio?" Marissa parou de chorar e olhou para o velho como se ele tivesse perdido a cabeça, "Que negócio? Eu nem tenho dinheiro para investir."

"A ideia de negócio que tenho em mente talvez não precise de um grande investimento." Marissa não disse nada e continuou olhando para o rosto enrugado de Flint.

"Todos esses dias, eu venho comendo a comida que você cozinha pra mim nesta cozinha," Flint apontou para o fogão onde o caldo de galinha estava fervendo em fogo baixo, "Comece um negócio de comida."

"O quê!"

"O quê!" dessa vez Sophia também gritou junto com Marissa.

"Negócio de comida?"

"Sim. Negócio de comida. Você tem gosto nas mãos, garota tola. Alguém já lhe disse que suas mãos têm essa mágica?"

Marissa tinha parado de chorar.

"Eu vi você preparar comida com tanto amor... e tanta paixão. Pra você, é como terapia. Transforme essa terapia em sua carreira."

Sophia começou a assentir com a cabeça, "O Vovô Flint está certo. Comece um negócio de comida, Marissa. Quem sabe, no futuro, você possa estar fazendo catering de sucesso em todas as grandes organizações. Talvez… algum dia, quando aquela universidade convidar você para servir seus convidados, você possa simplesmente mostrar a eles o dedo do meio."

Pela primeira vez, Marissa encontrou seu primeiro sorriso, "Ai meu Deus, Sophia! Flint! Vocês dois são demais," ela disse com um riso.

Sophia jogou seu braço em volta de seu pescoço e a apertou ao seu lado, "Vamos conquistar o mundo, Marissa Aaron. Junto com minhas sobrinhas, vamos mostrar ao mundo quem somos. É hora de brilhar!"