O sol da manhã iluminava o escritório espaçoso no centro da cidade, refletindo nos móveis elegantes e nas prateleiras repletas de documentos importantes. Aos 28 anos, João agora era um homem maduro, com traços marcantes e um porte confiante que chamava atenção por onde passava. Depois do infarto que afastara seu pai dos negócios, ele assumira a liderança da empresa da família, provando ser um líder competente e visionário.
Oito anos haviam se passado desde aquela noite fatídica em que Clara desaparecera de sua vida sem explicação. As lembranças dela nunca o abandonaram. Clara fora seu primeiro amor, a amiga inseparável, e a ausência dela deixara um vazio que nenhum sucesso profissional conseguira preencher.
Enquanto trabalhava, João não pôde evitar se perder em pensamentos. Hoje completava um longo período de oito anos sem Clara, e apesar de todas as tentativas de encontrá-la, cada esforço havia sido em vão. Ele olhava pela janela, as mãos cruzadas atrás das costas, recordando os momentos felizes que compartilhara com Clara. Era difícil acreditar que tanto tempo havia passado e que ele ainda sentia a falta dela como se tivesse sido ontem.
Um toque suave na porta interrompeu seus pensamentos. A secretária, Mariana, entrou com um sorriso profissional.
— Senhor João, há alguém aqui para vê-lo. Disse que é urgente — informou ela.
João assentiu, curioso. — Pode deixar entrar, Mariana.
A secretária saiu, e ele voltou ao seu lugar atrás da mesa, tentando imaginar quem poderia ser essa visita inesperada. Seus pensamentos ainda estavam parcialmente presos nas memórias do passado quando a porta se abriu novamente.
O som de passos suaves ecoou pelo escritório, e João ergueu o olhar. Por um momento, seu coração pareceu parar. Ali, parada diante dele, estava Clara. Oito anos haviam passado, mas ele a reconheceria em qualquer lugar. Ela estava diferente, mais madura, com um ar de sofisticação que não existia antes, mas os olhos... aqueles olhos ainda eram os mesmos, cheios de vida e emoção.
— Clara? — ele conseguiu murmurar, incrédulo. bom
Ela deu um passo à frente, o rosto um misto de nervosismo e esperança.
— Oi, João — respondeu ela, com um sorriso tímido.
O silêncio entre eles era carregado de tantas emoções não ditas, de tantas perguntas e de uma saudade que nenhum dos dois conseguia esconder. Clara estava ali, depois de tantos anos, e João não sabia se devia se sentir aliviado, feliz ou confuso. O reencontro que ele tantas vezes imaginara finalmente estava acontecendo, mas seria esse o início de uma nova história ou apenas o fechamento de um capítulo inacabado?
Enquanto os dois se encaravam, era como se o tempo tivesse parado, e naquele momento, apenas uma coisa era certa: o reencontro deles traria respostas e, talvez, a chance de recomeçar algo que nunca deveria ter sido interrompido.
João nunca desistiu de procurar Clara, mas suas buscas sempre foram em vão. Ele passou noites em claro, tentando rastrear qualquer pista que pudesse levá-lo a ela, mas sempre se deparava com o mesmo vazio. Ver Clara ali, parada na sua frente, era um misto de sonho e realidade.
— Eu tentei te encontrar, Clara. Todos esses anos, nunca parei de procurar — João disse, com a voz embargada de emoção.
Clara ficou surpresa com a beleza de João. Ele havia crescido e se tornado um homem atraente e confiante. Seu coração bateu mais forte, e ela sentiu uma onda de emoções que há muito tempo estavam adormecidas.
— Eu sei, João. Eu também nunca te esqueci — respondeu Clara, com lágrimas nos olhos.
João deu a volta na mesa e se aproximou dela, hesitante, mas determinado.
— Por que você foi embora daquele jeito? O que aconteceu? — perguntou ele, segurando gentilmente as mãos dela.
Clara respirou fundo, buscando coragem para contar tudo.
— Meu pai faliu, João. Precisávamos sair do país para evitar que ele fosse preso. Foi tudo tão rápido, eu nem tive a chance de me despedir — explicou ela, as lágrimas rolando livremente.
João a puxou para um abraço, sentindo a dor dela como se fosse sua.
— Eu senti tanto a sua falta, Clara. Nada nunca foi o mesmo sem você — sussurrou ele, acariciando o cabelo dela.
Clara fechou os olhos, aproveitando o conforto do abraço de João.
— Eu também senti sua falta, João. E todos esses anos, sonhei com o dia em que nos reencontraríamos — disse ela.
O abraço deles se desfez lentamente, e eles se olharam nos olhos, sabendo que tinham uma nova chance de recomeçar.
— Clara, você quer tomar um café e conversar? Temos muito o que colocar em dia — sugeriu João, com um sorriso esperançoso.
Clara assentiu, sentindo o coração aquecido pela perspectiva de um novo começo.
— Eu adoraria, João. Vamos recomeçar de onde paramos — respondeu ela, com um sorriso radiante.
E assim, João e Clara saiam do escritório juntos, prontos para reescrever a história que nunca deveria ter sido interrompida.