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Chapter 10 - CAPÍTULO X: MEMÓRIAS

Quando chegamos em minha residência, meu querido amigo Severino não pensou duas vezes, se jogou no chão e me pediu um favor.

- Senhor Heitor, por favor me ajude a capturar César e recuperar minha coragem!

- Não! Chame outro louco para sua aventura doente. Eu não tô afim de ter todo esse trabalho pra recuperar algo que você pode, talvez, recuperar com o tempo! - Respondi friamente.

- Me diga seu Heitor, que policial vai me ajudar ? Com quem eu posso contar ? Quem vai acreditar na minha história? Ela é absurda demais, nem mesmo o mais forte dos magos iria acreditar em mim. Essa prática de roubar emoções não existe mais é algo tão incomum que nem eu, se não tivesse sofrido e visto com meus olhos, acreditaria - disse ele aflito, - Você é a única pessoa que tomou do mesmo veneno que eu, você sabe o que eu passei. Me responda o que é um policial sem coragem ? Como vou atuar sem minha coragem, por acaso vou amarelar diante de um meliante ?

E novamente respondi negativamente. Não sentia um pingo de empatia pelo sofrimento do meu amigo, apenas queria voltar para minha vida e segui, não ligava se não tinha emoções, pelo menos podia pensar de forma mais lógica sem pensar demais se algo vai me magoar ou magoar o próximo. Podia viver em paz.

- Você não liga de ter perdido suas emoções? Como vai abraçar seus pais sem sorrir ? Vai viver a vida toda sem reagir a nada ? - disse ele tentando me convencer.

Nesse momento comecei a refletir sobre isso. De fato, não sentia falta de minhas emoções, e não ligava se os outros me julgasse ou me achassem estranho. Porém, percebi que minhas memórias estavam estranhas.

Lembre se caro leitor, nossas memórias tem uma ligação afetiva ao nosso coração. Quero dizer que você só se lembra da sua mãe cuidando de você quando caiu porque a sua memória está atrelada ao sentimento do amor, da saudade e da segurança, e claro, da alegria. Sem essas emoções afetivas dificilmente você se lembraria dessas memórias, não atoa que ao longo de nossas vidas vamos nos esquecendo de muitas vivências durante a infância.

Enfim, voltando a história, percebi que minhas lembranças eram vagas, quase não recordava da face de meu pai e minha mãe, nem de colegas queridos ou até mesmo de minha essência. Quero dizer que por um breve momento não lembrava quem eu era, já que até a formação do "eu" esta atrelado aos sentimentos.

Após esses minutos de reflexão percebi que pela lógica não podia perder essas memórias, até porque são as recordações que me fazem humano.

São as memórias que me faziam ser o Heitor de Carrus.