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Chapter 70 - Que tristeza

Naquela noite, Alexia e Benício, junto com as crianças, vão para a pequena cidade onde tudo começou. Alexia queria fazer seu casamento na igreja onde iam se casar, mas ao chegar lá, eles veem uma movimentação estranha acontecendo.

— Benício, o que será que está acontecendo ali na frente do prédio onde a Dafne mora?

— Não faço ideia, vamos dar uma olhada.

Preocupados, eles descem do carro e vão verificar o que estava acontecendo. Várias viaturas da polícia estavam paradas na frente do prédio, várias pessoas falando ao mesmo tempo e gritando ofensas.

— Aquele não é seu ex-amigo Pedro? — Alexia pergunta, olhando em direção ao rosto conhecido no meio da multidão de curiosos.

Pedro estava com a menina que Dafne dizia ser filha de Benício. O pequeno corpo da menina estava coberto de hematomas e marcas de agressão, deixando Alexia e Benício chocados.

— Mamãe, o que aconteceu com ela? Ela parece tão magra e machucada. — Louis pergunta, com os olhos tristes.

— Não sei, meu filho. Pobrezinha.

— Não acredito que aquele monstro fez isso com a própria filha. — Benício sussurra, indignado.

Pedro havia descoberto que sua filha estava sofrendo maus-tratos. Desde que Dafne saiu de Barcelona, ele não tinha mais contato com ela e, por causa disso, ela não permitia que ele visse a filha. Mas, por uma denúncia anônima, Pedro descobriu tudo que a pequena estava sofrendo.

Ele, angustiado e revoltado com a monstruosidade da mulher que um dia amou, fez uma denúncia entregando provas de todas as coisas que Dafne fez: fraudes de documentos, falsificação de assinaturas, agressões físicas, verbais e muitas outras coisas.

Ouvindo os burburinhos dos moradores que estavam ali há mais tempo, descobriram tudo que Dafne fez.

— Que absurdo. Ainda bem que Pedro conseguiu descobrir a tempo. Como alguém é capaz de fazer isso com uma criança? — Alexia diz, completamente arrasada com o que ouviu.

— Infelizmente, existem muitas pessoas assim no mundo. Mas o importante é que a verdade veio à tona e a justiça será feita.

Alexia e Benício acompanham a movimentação da polícia, vendo Dafne sendo levada algemada pelos policiais. A multidão querendo fazer justiça com as próprias mãos, mas foram impedidos pelos policiais. Pedro, com lágrimas nos olhos, abraça a filha, prometendo protegê-la a partir dali.

— Que tristeza presenciar tudo isso. Mas ao menos essa menina terá um futuro melhor agora, longe das maldades dessa mulher, que tudo que sabe fazer é destruir a vida de pessoas inocentes. — Alexia diz, lembrando da sua injusta prisão.

Pedro pediu para transferir tudo para as autoridades de Barcelona. Lá, ele é um homem influente e está disposto a dar tudo que tem para afundar Dafne na prisão, onde ela pagará todo o mal que fez com sua filha.

Enquanto isso, Dafne é levada para a prisão da cidade vizinha, onde é colocada em uma cela com algumas detentas barra pesada. Como em toda cidade pequena, as notícias se espalharam na velocidade da luz assim que descobriram os crimes que ela cometeu contra sua própria filha, as presas se uniram para transformar sua estadia em um verdadeiro pesadelo.

— Olha só quem temos aqui, a mãezinha exemplar! — uma detenta de cabelos pintados de vermelho debocha ao ver Dafne sendo empurrada para dentro da cela.

— O que você fez com essa garotinha, hein? Pode ter certeza que aqui dentro nós não vamos te dar moleza. — outra detenta se aproxima, com um olhar de fúria.

Dafne tenta se explicar, mas as presas não querem ouvir suas desculpas. Elas a encurralam, empurrando-a contra a parede e gritando ameaças assustadoras. O clima na cela se torna tenso, com as palavras sendo proferidas a cada minuto que passa.

— Você não merece perdão por tudo que fez com aquela criança. Vamos fazer você pagar, sua vadia plastificada! — uma das presas rosna, agarrando o braço de Dafne com força.

Assustada e desesperada, Dafne tenta se defender e implorar, mas está encurralada. Ela percebe que não terá piedade daquele grupo de mulheres enfurecidas. O que ela fez com sua filha ficará assombrando-a em cada olhar de ódio que recebe.

— Por favor, me deixem em paz! Eu fiz tudo errado, mas estou arrependida! — Dafne implora, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

As jovens, que também eram mães, não se comovem. Elas a arrastam para um canto da cela, longe dos olhares curiosos dos guardas. Dafne sabe que a noite será longa e dolorosa, repleta de punições e humilhações. Ela percebe que, finalmente, está enfrentando as consequências de seus atos cruéis.

Enquanto isso, do lado de fora da pequena delegacia, Pedro conversa com os policiais para ela ser julgada em Barcelona, já que a maioria dos crimes foi cometido lá. Sabendo que será um pouco burocrático e demorado, ele decide ver o que consegue fazer por ali mesmo. Ele ainda sim consegue se sentir alíviado ao ver que a justiça será feita de uma forma ou de outra, mas também uma profunda tristeza pela dor que sua pequena menina enfrentou nas mãos da própria mãe.

Pedro nunca foi um homem digno ou correto. Hoje, ele conquistou o que tem trapaceando e usando pessoas. Porém, desde que traiu a amizade de Benício, sua consciência começou a pesar. A chegada da filha foi o que fez com que ele tentasse melhorar e se redimir de seus erros do passado.

— Espero que ela pague por tudo que fez. Nenhuma criança merece passar pelo que sua menina passou. — Uma mulher que estava fazendo uma denúncia contra seu marido se aproxima de Pedro.

Ele a olha e suspira pesadamente.

— Ela vai. Se a justiça dos homens não resolver, a justiça de Deus vai. Eu mais que ninguém sei o quanto o pesar de Deus é justo.

A noite cai sobre a pequena cidade, trazendo consigo um misto de emoções. Enquanto Dafne enfrenta seu inferno particular na prisão, Pedro cuida da filha. Mesmo com tanto sofrimento, a menina não deixa de sorrir, fazendo com que ele se sinta um pouco aliviado.

Alexia e Benício chegam na casa de Vanusa, que os recepciona com alegria e emoção.

— Que bom te ver aqui, minha filha. Não tem ideia de quanto eu pedi a Deus para ver vocês novamente juntos.

— Obrigada, senhora. Viemos para oficializar nossa união, já não há motivo para estarmos separados. Por isso, quero organizar o nosso casamento para o final de semana.

— Que maravilhosa notícia! Amanhã bem cedo vou entrar em contato com uma amiga para preparar os arranjos da igreja.

— Agradeço. Vou ver o vestido e, à tarde, conversar com o padre.

Enquanto elas conversavam, Louis e Brayan faziam a festa com Betina e Samuel.

— Vem, vovô, vem nos pegar. — Brayan gritava correndo pela casa de mãos dadas com Louis.

— Seus moleques arteiros. — Samuel dizia, tentando recuperar o fôlego.

— O vovô está um velhote lento, crianças. — Betina provocava, tirando sorrisos de todos e fazendo o pai bufar de bravo. — Desculpa aí, pai.