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Renascido das Cinzas

Stanlen_Amaral
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Chapter 1 - A Redenção

Foi em uma noite solitária, em que a escuridão parecia ainda mais densa, que algo despertou dentro de Alex. O peso da dor o esmagava, mas uma voz, que ele quase não reconheceu como sua, sussurrou uma pergunta simples: "E agora?" Ele olhou para a foto emoldurada de Clara e Lucas sobre a mesa, os rostos sorridentes emoldurados pelo tempo, e algo em seu peito se partiu ainda mais, mas também algo mais forte parecia crescer.

Ele não sabia como, mas naquele momento ele soubera que não poderia continuar assim. Não para Clara, não para Lucas, e, principalmente, não para si mesmo. A vida ainda tinha algo a oferecer, algo que ele precisaria encontrar, mesmo que fosse o último esforço.

Alex se levantou, cambaleante, e foi até o armário. Pegou a velha mochila de viagem que usava nos tempos de exército, enfiou o que restava de suas roupas e um kit de primeiros socorros. Sabia que não seria fácil, mas ele precisava ir. Precisava deixar para trás a casa que outrora fora seu lar e que agora só representava lembranças dolorosas. Ele precisava voltar ao que ele conhecia, ao que o fazia sentir-se vivo. A missão era simples: encontrar um novo propósito.

Naquela madrugada, com os primeiros raios de sol nascendo no horizonte, Alex pegou o carro e seguiu para o que não sabia ao certo ser. O único sentimento que tinha era a vontade de tentar, de se reconectar com a parte de si que ainda acreditava que podia mudar.

O Encontro:

O destino o levou para uma cidade pequena, distante da sua. Uma cidade que não aparecia nos guias turísticos, com ruas de terra e uma atmosfera de calmaria. Alex ficou hospedado em uma pequena pousada, e foi ali que ele conheceu Laura, a dona do estabelecimento.

Laura era uma mulher de olhar sereno e postura firme. Seus olhos estavam cheios de uma tristeza profunda, mas, ao mesmo tempo, havia um brilho de esperança que parecia lutar contra a dor. Quando Alex entrou para fazer o check-in, ela o observou com atenção. Sem palavras, ele se sentou à mesa, e ela trouxe uma xícara de chá quente.

— Você parece estar carregando o peso do mundo. — Ela disse, quase como se soubesse.

Alex a olhou surpreso, sem saber como reagir. Ele não estava ali para abrir seu coração, mas de alguma forma, a calma de Laura o fez relaxar.

— E você? — Ele respondeu, tentando mudar o foco. — Como faz para carregar seus próprios fardos?

Laura sorriu tristemente, como se entendesse a pergunta, mas não tivesse uma resposta pronta. Ela hesitou por um momento antes de responder.

— Às vezes, tudo o que podemos fazer é seguir em frente, mesmo quando não sabemos onde estamos indo.

Essas palavras ecoaram na mente de Alex. Ele já não sabia onde estava indo, mas talvez fosse hora de seguir sem ter todas as respostas. Ele ainda sentia a dor da perda, mas, pela primeira vez em meses, sentiu uma centelha de algo diferente: uma possibilidade de recomeço.

O Caminho:

Nos dias que se seguiram, Alex começou a se envolver nas tarefas diárias da pousada, ajudando Laura com a manutenção e conhecendo os poucos moradores da cidade. Ele, que antes achava que não teria mais espaço para nada além da dor, começou a perceber que a vida, apesar de tudo, seguia seu curso. Os moradores, com suas vidas simples, estavam ali, enfrentando seus próprios desafios e, ainda assim, encontrando momentos de alegria.

Alex começou a entender que o verdadeiro caminho para a cura talvez não estivesse em esquecer, mas em aprender a viver com as cicatrizes. O tempo não apagava as memórias de Clara e Lucas, mas o que ele fazia com essas memórias poderia mudar o curso da sua história.

Mas o passado de Alex ainda estava muito vivo, e ele sabia que não poderia simplesmente fugir dele. Em um dos encontros com Laura, ela o desafiou a se lembrar de quem ele realmente era.

— Você foi um homem de ação, Alex. Você tem algo dentro de si que o mundo precisa. Não pode deixar que a dor defina o que você pode ser.

Essas palavras penetraram fundo. Alex sabia que, para seguir em frente, ele teria que encontrar uma maneira de honrar a memória de sua família, de redescobrir seu propósito e de aceitar que, talvez, o que ele buscava estivesse mais perto do que ele imaginava.

A verdadeira jornada de Alex estava apenas começando, e ele sabia que não poderia percorrê-la sozinho. Ele tinha que aprender a confiar novamente, não só nos outros, mas em si mesmo.