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As Crônicas dos Inimigos das Estrelas

🇧🇷Samuel_Silveira
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Synopsis
"Num mundo onde a magia e a tecnologia se encontram, e a tênue linha entre o natural e o fantástico parece quase inexistente, os irmãos Akira e Zac, recém-nomeados Caçadores de Recompensas pelo Império Alaster, decidem deixar sua cidade natal para trás e partir em uma jornada para desvendar a verdade por trás dos trágicos acontecimentos de seu passado. Enquanto os dois dividem seu tempo entre cumprir missões em troca de dinheiro e investigar sua própria tragédia, uma série de embates e disputas começam a se desenrolar em volta deles. Seria esse o efeito da busca pela verdade ou apenas mais uma das corriqueiras provocações do destino ? Seja o que for, agora faz parte da vida dos irmãos. Serão eles capazes de resistir a esse furacão caótico que se iniciou em suas vidas ? O quanto de sua humanidade eles terão que sacrificar se quiserem sobreviver a isso e descobrir a verdade ? Quem é o culpado ? Quem vive ? Quem morre ? Uma jornada intrigante e cheia de mistérios se inicia agora!"
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Chapter 1 - Capítulo 1 - A Última Cooperação...

Ainda era madrugada na pequena cidade de Fayheart. Seus prédios de estatura mediana se erguiam como sentinelas sombrias, suas janelas emolduradas por pedras escuras pareciam observar silenciosamente os poucos transeuntes da madrugada. Entre as sombras dessas construções, as estradas de pedra desertas serpenteavam, alternando entre a luz dos postes a gás e a penumbra da noite. O silêncio da madrugada era pontuado apenas pelo leve sussurro do vento nas árvores próximas e pelo distante eco de passos sorrateiros pelas ruas de paralelepípedo.

Esses passos pertenciam a três figuras encapuzadas e de máscara preta, que se moviam de forma suspeita pelas ruas da cidade, evitando pontos muito iluminados e expostos para não atrair atenção indesejada. Seguindo esse ritmo e tomando as precauções habituais do trio, eles logo chegam às portas de seu esconderijo: um conhecido estabelecimento de roupas e acessórios, que ficava a apenas alguns quarteirões do centro da cidade.

Um suspiro de alívio ecoa quando um dos homens destranca a porta principal, permitindo que todos entrem. A porta é então fechada e trancada por dentro. Os três atravessam os corredores entre araras de roupas sem qualquer interesse em parar nesse andar, cujas vitrines de vidro não servem para esconder sua presença. Devido a isso, eles rapidamente alcançam as escadarias para o segundo andar e sobem por elas, passando igualmente apressados por todo o local e indo para o terceiro andar.

Lá, eles fecham todas as janelas e persianas próximas; em seguida, acendem velas dentro de algumas luminárias nas paredes. A luz não é tão intensa para dissipar completamente a escuridão, como seria com o sistema de iluminação a gás, por exemplo. No entanto, por preferirem economizar recursos, optam por se contentar com as velas..

— Conseguimos de novo! — comemorou um dos homens ao levantar seu capuz e retirar sua máscara do rosto. Em seu rosto nada atraente, um sorriso confiante surgia, provavelmente o resultado de uma sequência de sucessos.

— Sim, e dessa vez foi a mais fácil de todas! — comentou outro dos três, igualmente satisfeito com tudo que tinham conseguido, mas ainda relutante em retirar sua máscara sem que o terceiro homem o tivesse feito, uma vez que, como líder, ele podia simplesmente dizer que esse local não era seguro e então decretar uma nova movimentação.

Isso, porém, nem passava pela cabeça do líder desta vez. Tudo que ele pensava era no futuro. Mas especificamente no seu próprio futuro em meio aos ricos membros da alta sociedade, um futuro que, na mente dele, era preenchido por mulheres, mansões e um número exageradamente alto de empregados.

Sem mais enrolação ele retirou sua máscara e então avançou pelo andar a meia luz até por fim encontrar uma mesa com algumas cadeiras em volta. Os outros dois o seguiam com o olhar, claramente intrigados com o silêncio de seu lider

O mesmo, puxou uma cadeira para trás e então sentou-se:

—Vamos ver...

De seus bolsos, tirou colares, pingentes e anéis, todos feitos de ouro puro e incrustados com os mais diversos tipos de pedras preciosas. Uma verdadeira fortuna depois que vendidos pelo preço certo

Ele os deixou sobre a mesa e esperou os outros dois fazerem o mesmo, um costume que os três faziam ao fim de cada missão.

Vendo a atitude de seu líder, os outros dois entenderam o recado e então se aproximaram da mesa, deixando lá também muitos outros itens de alto valor.

O líder observou todos os objetos com um olhar satisfeito e então comentou:

—Isso é muito mais do que o suficiente para comprarmos uma mansão na capital e obtermos um título de Conde para nós !

Ao ouvir isso, o único dos três que ainda usava máscara, tirou a mesma, e olhou para o homem ao seu lado com um sorriso malicioso no rosto, talvez procurando saber se o companheiro pensava o mesmo:

—Ou quem sabe comprar um ou dois Bordéis né ?

O outro estranhou esse comentário e então o questionou:

—Mas isso não é proibido aqui em Alaster ?

—E daí seu idiota ? Roubar também é, e nem por isso nós deixamos de fazer !

Esse comentário ignorante foi o gatilho para o começo de uma conversa bem mais casual entre eles, algo que quase poderia ser comparado a uma conversa de três amigos num bar. Lá, eles ririam uns dos outros, contariam mentiras sobre seus próprios feitos e até mesmo trocariam xingamentos

Enquanto tal interação acontecia no interior daquele estabelecimento, do lado de fora um par de silhuetas escuras atravessaram a rua e se ocultaram nas sombras de um beco que ficava do lado contrário do esconderijo dos três. Esse beco existia entre dois outros prédios, ambos estabelecimentos comerciais de estatura quase idêntica.

Alguns poucos minutos se passam e então o silêncio nas proximidades é rompido por uma voz masculina, seu tom é baixo e cauteloso:

— É como pensávamos! Aqui é o local que eles se escondem durante as primeiras 48 horas após os roubos: a apenas alguns quarteirões de distância do local do crime!

— Será que eles realmente pensam que, ao se esconder em uma das lojas mais renomadas da cidade, vão ficar livres de qualquer eventual investigação? Que ingênuos... — um riso enfraquecido pela necessidade de silêncio completou essa frase.

— Bem... independente do que eles tenham pensado, nós os descobrimos! O Inspetor Stephen e seus homens logo estarão aqui também ! Então... — essa última palavra soou como alguém que esperava um complemento. O mesmo também não demorou a vir em uma sincronia quase perfeita.

— Vamos agir!

Após isso, uma silhueta mal iluminada atravessou a rua sorrateiramente e parou em frente à porta do estabelecimento comercial onde o trio se escondia. Logo que isso aconteceu, o tilintar de um amontoado de chaves se mexendo ressoou pelo ar. Chaves essas que tinham sido copiadas aos poucos durante o demorado processo de investigação.

Sem demora, a porta é aberta e o indivíduo com as chaves adentra no estabelecimento, fechando a porta atrás de si num instante. Sem ver a necessidade de se trancar lá dentro com os inimigos, aquele homem avança pelo interior do estabelecimento com cautela. Sua percepção e sentidos totalmente voltados para cruzar os corredores de roupas encabidadas sem criar nenhum tipo de ruído. Passo a passo, ele se guia somente pela enfraquecida luz dos postes que adentra naquele local pelo vidro das vitrines na entrada. Enquanto caminha, seu reflexo surge no vidro das vitrines, revelando a aparência de um homem com marcantes olhos vermelhos e cabelos tão escuros que quase parecem camuflar-se naquele ambiente semi-escuro.

Ao mesmo tempo em que esse indivíduo avançava, os três homens no terceiro andar riam amigavelmente e comemoravam o sucesso do seu dia, ocasionalmente reafirmando a necessidade de silêncio e cautela, mas sem realmente seguirem o que diziam.

De repente, um deles tira uma caixa de cigarros do bolso e puxa um para fora, claramente com a intenção de fumar um pouco. Isso chama a atenção do líder, que lhe questiona:

—Não me diga que vai querer fumar num lugar fechado como esse ?

— E onde mais eu poderia fumar? Lá fora? — a alternativa não parecia muito viável, então nem foi considerada pelo líder.

— Não, lá fora não! Se realmente quiser fumar, abra um espacinho na janela e jogue a fumaça para fora!

Ao ouvir isso, o homem com o cigarro estalou a língua em claro desagrado. No entanto, sem ver outra opção, ele se levantou e caminhou até a janela mais próxima.

— Você vai acabar se matando com isso aí, hein! — zombou o outro homem, cujo riso baixo coincidiu com o do líder.

Sem intenção de responder ao comentário, o fumante puxou as cordas das persianas de maneira sutil, verificando primeiro se havia alguém na rua que pudesse vê-lo.

Num primeiro momento, tudo parecia normal lá fora. No entanto, após alguns segundos de observação, ele notou uma estranha movimentação. Não era uma única pessoa, mas várias, movendo-se cautelosamente pelas sombras da madrugada, ora ao longo da beirada da rua, ora escondendo-se em becos escuros e áreas mal iluminadas.

Eles eram indistinguíveis na escuridão, mas na mente do fumante, a identidade dessas pessoas já estava clara.

— Polícia! — alertou o homem na janela.

— O que ? Eles estão aqui? — perguntou o líder, levantando-se espantado.

— Acho que sim, chefe! Tem uma movimentação muito suspeita lá fora! Olha aqui... — o fumante abriu caminho para o líder

.Assim que o líder se aproximou e olhou pela fresta nas persianas, o silêncio envolveu a sala. Uma tensão crescente tomou conta dos três.

Logo, o homem que ainda permaneceu em volta da mesa perguntou com grande preocupação:

—É mesmo a polícia chefe ?

O líder franziu a testa e respondeu, ainda sem tirar os olhos da rua:

—E como é que eu vou saber seu idiota ? Tá muito escuro pra identificar direito !

...

"Passo 1 – Chamar a atenção dos criminosos para o ataque iminente da polícia e distraí-los de nossa infiltração individual"

...

Após mais segundos de observação, a líder decidiu não esperar mais e então voltou-se para os outros dois:

—Mudança de planos ! Apaguem todos os vestígios de que estivemos aqui e vamos embora !

Sem questionar, os outros dois se juntaram ao se líder e rapidamente recolheram os itens que tinham deixado sobre a mesa. Após isso, vestiram suas máscaras pretas e se cobriram com o capuz. Tudo no ritmo frenético de uma verdadeira fuga.

—Vamos — ordenou o líder, que nesse momento pegou uma lamparina já acesa na parede e a segurou por sua alça a frente de seu corpo

Antes de saírem, eles apagaram as lamparinas ainda acesas no terceiro andar e desceram as escadas em fila única. Foi ali que um dos mascarados questionou o líder:

—Você acha que vai dar tempo pra sair pela porta principal de novo chefe ?

—Eu dúvido muito ! É mais provável que sejamos forçados a tentar sair pela porta dos fundos ! — admitiu ele, cujo tom de voz continha grande receio

—E o que faremos se eles estiverem nos esperando lá também ? — perguntou o outro homem

—Se for esse o caso, não teremos outra escolha a não ser nos separarmos definitivamente e esperar que alguém tenha sucesso ! — declarou o líder, um tom sério e nada habitual estava óbvio em sua voz

Ao ouvir isso, os dois homens atrás do líder concordaram com a cabeça, já entendendo o que o seu líder queria dizer com isso: "Essa provavelmente seria a última ação conjunta dos três"

Com a mente repleta de pensamento conflitantes e xingamentos internos, eles desceram as escadas mal iluminadas até por fim chegarem ao segundo andar. Embora esse andar tenha sido simplesmente ignorado pelo trio durante todas as vezes que eles estiveram ali, ele era praticamente o lugar mais importante do estabelecimento todo, uma vez que era um lugar específico para roupas mais formais e de alto valor, como ternos, vestidos de baile, cartolas e bengalas.

Eles sabiam que havia muito valor de mercado combinado nestes corredores de ternos e araras, mas ainda assim, em meio aquela escuridão quase absoluta que existia em volta deles, tudo parecia muito muito mais macabro e horripilante do que o normal.

Sem nenhuma razão aparente, eles seguiram pelo corredor de ternos que ficava mais próximo a parede. O silêncio do ambiente não era nada agradável, então com o impeto de quebrar o silêncio, o que estava mais atrás comentou:

—É em momentos sinistros como esse que eu preferia ter outra vida !

—Qual é ? Não me diga que tem medo de escuro ? — perguntou o líder sem olhar para trás

—Não é medo ! É só um pouco de receio de acabar encontrando algo que eu não queria ! — respondeu ele, tentando disfarçar um pouco seu medo

O outro homem riu:

—Tipo Fantasmas ?

—Talvez... — respondeu o que estava mais a trás

—Escute, fantasmas não existem ! — o líder parou no meio do caminho, se virando para eles a fim de acabar com essa conversa irritante. Uma lamparina acesa brilhava na parede próxima a eles, a luz da mesma se combinava com a luz da lamparina do líder e assim deixava o entorno deles bem mais iluminado do que antes

—Como você sabe ? — questionou um deles

—Sabendo... Agora deixe de falar bobagens e... — o líder já tinha começado a se virar para frente, quando interrompeu sua fala e parou no lugar, quase como se tivesse simplesmente congelado no tempo

Naquele instante, a expressão no rosto do líder não era outra se não a de alguém assustado e confuso:

—Chefe ? O que foi ? — perguntou o que estava segundo lugar da fila

—Foram vocês que acenderam essa lamparina ? — perguntou o líder, ao se virar para eles novamente e fitar o objeto pendurado na parede

Ao ouvir tal pergunta, ambos olharam para a lamparina ao mesmo tempo, um sentimento de apreensão tomou conta deles e num instante a resposta veio:

—Não.

"Se não foram eles... então quem... " se perguntou o líder em pensamento, cujo olhar ainda se mantinha na lamparina

De repente, sem que um único aviso ecoasse, uma figura humana surgiu rapidamente pelo meio dos ternos e com uma espada de mão única rasgou as costas do homem que estava mais atrás do grupo, fazendo com que um horripilante jato de sangue jorrasse, manchando os ternos mais próximo e salpicando o vermelho carmesim pelo chão.

Instantaneamente após isso, o homem que foi cortado nas costas gritou de dor e pareceu involuntariamente tentar tocar suas costas. Seu corpo estava trêmulo e quase em choque. Embora sua máscara ocultasse as expressões em sua face, agonia e desespero podiam ser percebidos pelo tom de sua voz

Ao perceber os gritos de seu companheiro, os outros dois homens pularam de medo e inconscientemente se afastaram do mesmo, talvez receosos com a possibilidade de um segundo ataque ou simplesmente assustados pelo súbito grito de seu comparsa

A distância que tomaram dele não foi muita, mas o suficiente para causar amargor e desagrado no terceiro homem, que quando mais precisava de ajuda, viu os dois se afastarem dele. Ele falaria um "belo" palavrão se estivesse podendo falar agora

Não havia tempo para tal, assim como não havia tempo para os dois outros homens se recuperem do susto e decidirem o que fazer. Tudo aconteceu tão rápido que era até difícil de acreditar

O líder e o outro homem observaram afoitos por alguns segundos, ainda assustados com a situação. O homem se debateu por mais alguns segundos, até finalmente cair de frente no chão

Atrás dele, estava um homem de estatura mediana e porte corporal bem equilibrado. Ele trajava uma camisa cinza escura e uma calça preta sem detalhes ou marcas. Por cima dos mesmos um largo sobretudo preto permanecia aberto e terminava por completar o visual

"Quem é ele ? Por que está nos atacando sem mais nem menos ?" se perguntou o líder em pensamento, já ciente que a tais métodos extremos e sanguinários não eram comuns dentro do esquadrão de polícia

No chão, o corpo sem vida, estava mergulhado em um crescente poça de sangue. Das costas do homem morto, trilhas de sangue riscavam suas costas em quase todas as direções. As costas de sua roupa estavam com um aspecto molhado e meio avermelhado.

Virado com o corpo meio de lado, o misterioso homem com a espada virou-se para os dois criminosos, encarando-os. Ele tinha uma aparência jovem, algo por volta dos 18 anos no máximo. Seus cabelos eram negros como a própria noite e em seus olhos um vivido tom de vermelho reluzia, algo que parecia combinar perfeitamente com o tom do sangue que escorria da ponta de sua espada

Ele não era nenhum um pouco feio ou bizarro de se ver, no entanto seus incomuns olhos vermelhos e sua atitude impiedosa, realmente chegaram a assustar os dois homens

Eles hesitaram por alguns segundos, mas logo tiveram que acordar, uma vez que o jovem de olhos vermelhos à frente deles deu um passo em direção a eles, entendendo sua lâmina numa clara ameaça:

"Pelas suas roupas ele mais parece um detetive particular, mas a espada em sua mão... Não é o tipo de arma que um policial ou um detetive usaria para se defender ! Então o que ele é ?" deliberou o líder em pensamento por um tempo

O líder pensava sobre a identidade do homem a sua frente, mas era pressionado pela aproximação do mesmo, por isso antes que fosse tarde demais, ele enfezou de verdade:

—Droga, não há tempo para isso...

Sem paciência, o líder levou a mão ao bolso e sacou seu revólver, num instante o mirando para o jovem de olhos vermelhos. O mesmo reagiu rápido e segundos antes do líder puxar o gatilho, ele pulou para o lado

"BANG"

Graças ao seu rápido pensamento, o homem de olhos vermelhos conseguiu evitar o disparo e após o pulo, rolou para o outro lado dos ternos pretos, já pensando em usá-los para ocultar sua real localização enquanto ele tentava diminuir a distância

Sem ouvir um segundo disparo, ele se levantou e correu para frente até por fim ficar no mesmo rumo que estavam seus dois inimigos. Nesse ponto, ele se abaixou para evitar os possíveis tiros do inimigo e atravessou para o outro lado novamente, já se enganchando num ataque visando a perna do atirador. O mesmo contudo, já tinha fugido pelas escadas a esse ponto

...

"Passo 2 – Criar o terror e o desespero entre os criminosos promovendo escolhas erradas e fazendo com que eles optem por se dividir"

...

Depois de muito correrem, o líder e seu companheiro chegaram ao primeiro andar e se esconderam atrás daquela parede de roupas construída por araras cortando de um lado a outro do andar.

Dali espiaram pelo meio das peças de roupa, conseguindo visualizar o posicionamento dos policiais lá fora. Eles já pareciam estarem em suas posições e aguardando ordens para tentar invadir o local

—E agora chefe ? O que faremos ? — perguntou o homem ao lado do líder

—A melhor alternativa é sair pelos fundos e fugir pelo beco, mas... — respondeu o líder, assumindo uma expressão de grande dúvida que foi facilmente percebida por seu companheiro:

—Mas ?

—Mas isso é muito óbvio ! — completou o líder

—Como assim muito óbvio ?

—É muito óbvio pra polícia nossa preferência por ir pelos fundos ! É provável que eles estejam nos esperando lá ! — explicou o líder tentando prever o que a polícia poderia ter pensado

—Então, o que faremos ?

Diante dessa situação o líder se viu num grande impasse:

Na porta principal a polícia iniciava sua movimentação para entrar no prédio, algo que tornava a saída dos fundos a alternativa mais apropriada, contudo, isso era muito óbvio e qualquer pessoa que chegasse a essa conclusão prepararia uma armadilha ou artimanha para frustar uma fuga por ali.

Isso era um grande problema que precisava ser pensado com estratégia e muita calma, porém eles também não tinham tempo para isso, uma vez que o misterioso jovem de olhos vermelhos estava logo atrás deles

—Chefe, chefe, você está bem?" — perguntou o homem ao seu líder.

Não houve resposta, pois a cabeça do líder estava completamente tomada por dúvidas e questionamentos acerca do que fazer naquela situação. Ele queria encontrar o melhor caminho para fugir de todos os seus inimigos, não só para possibilitar a própria fuga, mas também para garantir a posse dos itens que tinha roubado nessa noite

Nesse ponto, um crescente barulho de passos começou a ecoar da escadaria que ligava o primeiro e o segundo andar. A origem desse barulho era óbvia e só serviu para deixar o homem ao lado do líder mais preocupado.

— Chefe, vamos logo! Não temos mais tempo !

Nesse momento, o líder pareceu ter se livrado de seu estado de indecisão e, sem vontade de continuar pensando naquele impasse, "ele meteu o louco" e declarou:

— Escuta, prepare-se pra correr! — disse o chefe indo até a porta principal do estabelecimento e verificando se ela estava trancando ainda ou tinha sido aberta pelo jovem de olhos vermelhos

— Pela porta da frente? Seremos alvos fáceis! — afirmou o homem, já imaginando as implicações dessa escolha.

— De qualquer forma, estamos na merda... Não adianta ficar pensando demais num momento como esse... A não ser que tenha uma ideia melhor, eu recomendo que corra como nunca correu! — retrucou o líder.

"Mas... Isso é suicídio... Não tem chances de dar certo", refletiu o homem em silêncio, enquanto se aproximava da porta e se preparava, mesmo ciente de que não ia dar certo.

Nesse momento, o jovem de olhos vermelhos chegou ao primeiro andar e os avistou ali em frente à porta.

Ao ver isso, o líder bradou com autoridade:

— Agora !!

Imediatamente após isso, o homem que acompanhava o líder empurrou a porta e correu para a direita o mais rápido que pôde, tentando talvez, por um milagre, fazer a escolha do seu líder não ser um total fracasso.

"Saindo pela frente?" se indagou o Cabo Jonathan, aquele que era responsável por coordenar as operações de cerco na entrada principal.

— Imobilizem-no! — ordenou Jonathan aos policiais sob seu comando, tanto para os que estavam mais escondidos nas sombras quanto os que estavam mais aparentes na rua.

Quase que instantaneamente após a ordem, os policiais dispararam contra o alvo, visando seu pé ou sua perna. Justamente nesse instante, o líder saiu do prédio e correu na direção contrária ao seu companheiro. Não se sabe se já pensava em usá-lo como distração desde o começo ou só percebeu isso agora.

Logo que se afastou alguns metros da entrada, o líder ouviu um agoniante grito de dor, a voz que irrompia em seus ouvidos era familiar. Por causa desse grito, em sua fuga, ele olhou para trás por cima do ombro, onde viu seu companheiro caído no chão se contorcendo de dor e segurando sua perna, agora cheia de furos avermelhados e sangue escorrendo

"Ele mal se distanciou da entrada ! Isso não é... " pensava o líder, até ser atingido por um tiro direto contra seu ombro direito, algo que o fez assumir uma expressão agoniada e debilitada. Ele porém, não parou e decidiu continuar correndo enquanto pudesse se mover. Na mente dele, ainda havia uma chance de sobreviver a tudo isso e então ir atrás do tão esperado título de Conde

"Que insistente !", pensou o Cabo Jonathan, cujo revólver emitia um pouco de fumaça da ponta depois ter disparado contra o líder

Nesse momento o jovem de olhos vermelhos e cabelos pretos, saiu pela porta com uma expressão fria e direcionou seu olhar para a Cabo Jonathan

—Imagino que o terceiro esteja... — supôs o Cabo num tom sugestivo, enquanto seus policiais pareciam iniciar a perseguição ao líder

O homem de olhos vermelhos assentiu com a cabeça confirmando as suspeitas

—Entendi.

Logo que essa troca de informações aconteceu, o jovem desviou o olhar de Jonathan e observando a direção que os policiais seguiam, ele deu início a sua própria perseguição ao último dos três ladrões de jóias. Sua figura avançou pelas ruas de paralelepípedo até desaparecer em meio a madrugada.

"Ele fica bem frio durante essas operações ! Uh... Dá até um arrepio ! Mas cadê o outro ?", se perguntou Jonathan enquanto se juntava aos únicos policiais remanescentes neste setor e os preparava para adentrar no interior daquele estabelecimento e investigar

...

"Passo 3 – Ao dialogar uma operação conjunta com o Inspetor Stephen e usar sua equipe de políciais a nosso favor, nos isolariamos as rotas de fuga de inimigo para uma única rua, onde a polícia não teria tempo de prende-lo vivo"

...

Depois de topar com uma dupla de policias em todas as ruas que o líder foi ,ele tentou uma última rua antes de desistir e se entregar. Não é como se quisesse realmente ser preso ou algo do tipo, mas ele realmente não via muita opção. Seus ferimentos o estavam matando aos poucos.

Ele virou a avenida e então entrou na rua que escolheu. Ela não tinha políciais como as outras e nem nada que pudesse impedir a fuga. Bem pelo menos, foi isso que ele pensou no instante em que começou a seguir por ela

Lá na frente, contudo, ele viu uma única figura parada bem no meio da estrada. A escuridão da madrugada tornava difícil distinguir a figura mesmo com a luz dos postes, porém conforme as nuvens saíram da frente da lua foi ficando mais fácil dintinguir a figura e sua aparência

Era um jovem de curtos cabelos escuros e profundos olhos azuis. Ele usava um longo sobretudo preto por cima de uma camisa branca e uma calça preta, todos itens que o lembravam um pouco o jovem de olhos vermelhos que o líder encontrou no estabelecimento

"Desta vez não há nenhum policial, somente esse... esse... esse jovem metido a detetive ! Que sorte a minha !", por baixo da máscara um sorriso surgiu no rosto do líder

Num movimento rápido, o líder ferido sacou seu revólver mais uma vez e sem qualquer piedade disparou contra aquele homem

"BANG"

O disparo foi certeiro e perfurou o peito do homem, deixando um estranho e anormal buraco em seu peito. Dentro desse buraco, o pulmão avermelhado e ensanguentado do homem podia ser visto junto com todas as suas estruturas internas. Esse sangue contudo, era o único ali, uma vez que após ser atingido nenhuma gota de sangue jorrou e nem a expressão do jovem mudou

Tudo isso pareceu muito estranho e bizarro no início, mas ficou mais ainda quando a figura daquele jovem começou a tremular e se desestabilizar, quase como se fosse uma imagem com interferência.

"O que é isso ? Que que tá acontecendo ?", se perguntou o líder

Logo, aquela estranha figura tremulando ganhou uma colocação azul em sua superfície e começou a se desfazer

O criminoso ficou imóvel sem entender o que acontecia diante de seus olhos e foi nesse momento que o mesmo jovem que ele viu se desfazer, saiu de um beco atrás do líder e veio em sua direção empunhando uma espada de duas mãos

A figura azul já tinha terminado de se desfazer quando o espadachim atingiu o pescoço do líder e o degolou sem piedade, terminando por fim com essa complexa e longa missão.

...

"O plano de Zac tinha funcionado"