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No dia seguinte, a primeira coisa que Tadeu fez foi revisar o plano de reabilitação, o qual planejava implementar mais tarde naquele dia.
Basicamente, as pernas dela estavam completamente saudáveis. Ela só precisava aprender a usá-las.
O plano teoricamente a ajudaria a ficar de pé em poucos dias, no máximo.
Ao pensar nisso, ele não pôde deixar de olhar para a mulher que se acomodava usando seu braço como travesseiro.
Se alguém dissesse ao ele de antes que estaria dividindo a cama com uma mulher que acabara de conhecer — uma mulher cujo nome ele não sabia — ele chamaria a polícia.
Mas ele não conseguia se ver rejeitando-a. Se alguma coisa, até se sentia um pouco feliz por ela parecer ter se apegado a ele. Apesar de todo seu desconforto usual com mulheres, ele gostava da dependência desta.
Ao vê-la tão tranquila em seu abraço, seus lábios lentamente se curvaram para cima.
É só que, embora pudesse ficar assim o dia todo, o plano de reabilitação também indicava para corrigir o quanto antes. Adiar enfraqueceria ainda mais os ossos dela.
Ele virou um pouco para poder encará-la, mas o movimento só fez com que ela se aninhasse ainda mais nele. Seu coração amoleceu em uma poça e sua mão livre deslizou até a cintura curvilínea dela.
Ele a acariciou para acordá-la, embora soubesse que não estava mais se enganando que aproveitava da situação. "Acorde, minha querida," disse ele, embora sua voz estivesse um pouco mais rouca que o normal.
Lentamente, os olhos dela se abriram. Seus cílios eram tão longos que parecia que faziam cócegas em seu coração.
"Bom dia," ele disse quando seus olhares se encontraram, "Vamos tomar café da manhã agora, tá bom?"
Ela murmurou algo, embora ele pudesse dizer que ela ainda estava grogue e sonolenta, e ele lutou contra a vontade de simplesmente se inclinar para beijá-la até acordar.
Ele os sentou para acordá-la e para afastar os próprios pensamentos da cabeça.
"Você não quer conseguir se mover por conta própria?" Ele perguntou, "Vamos ajudar você a dar seu primeiro passo, tá bom?"
***
Ele a carregou para a academia dele, que agora estava rearranjada para acomodar as necessidades dela. Havia um bom tapete macio lá, caso ele não conseguisse pegá-la a tempo.
Os delicados pés dela tocaram o tapete, e ele a guiou para segurar a barra (que normalmente era usada para treinos de equilíbrio e mobilidade assistidos, assim como exercícios com o peso do corpo).
As pernas dela estavam trêmulas e incertas enquanto ele a ajudava a se levantar. Ele a orientou onde colocar as mãos no começo: uma mão estava na barra e a outra em volta da cintura dele.
Um de seus braços estava envolvido em torno do torso dela, oferecendo estabilidade até que ela encontrasse seu apoio.
Ele a guiou enquanto ela dava passos hesitantes, regozijando-se tanto pelo calor dela quanto pelo progresso.
Realmente foi muito tremido no começo, mas nenhum dos dois desistiu de tentar várias e várias vezes, mesmo após uma hora. Apesar de sua agenda cheia, Tadeu nunca mostrou um pingo de impaciência.
Eles foram e voltaram mais algumas vezes, e os movimentos dela logo se tornaram mais deliberados, mais estáveis.
A cada passo, a confiança dela crescia lentamente e ela deu um tapinha na cintura dele com um olhar determinado em seus olhos azuis.
Ele sorriu, entendendo que ela queria tentar sozinha.
Ele deu um passo para trás, embora só alguns passos — não muito longe.
Então ela soltou a barra e as pernas dela fraquejaram, fazendo seu coração cair. No entanto, felizmente, ela se estabilizou rapidamente antes que ele precisasse chegar até ela.
Quando ela passou por ele, ele percebeu sua própria pose desajeitada — estendendo as mãos no ar na tentativa de pegá-la — e ele deu um passo para trás novamente depois de limpar a garganta.
Ela andou e praticou, pacientemente, com um olhar sério em seu rosto simpático.
Ele assistiu com carinho enquanto ela ia e vinha de novo, seu ritmo aumentando de um passo de lesma para uma caminhada lenta.
Ele sentiu muito orgulho.
Chegou a um ponto em que ele parou de seguir cada passo dela, pensando que ela estava estável o suficiente.
Mas quando ela estava a alguns metros de distância, ela de repente perdeu o equilíbrio, fazendo seu coração afundar no estômago.
"Cuidado!" Ele gritou, correndo até ela. Por sorte, ele conseguiu pegar o ombro dela e subconscientemente virou seus corpos para que fosse as costas dele que batessem no tapete.
Thump!
"Ugh…"
Ele soltou quando o impacto atingiu suas costas e o peso todo dela caiu sobre seu corpo enquanto ela aterrissava em cima dele.
Ele sentiu ela se movimentar e pairar sobre ele, as sobrancelhas franzidas de preocupação. A mão dela acariciou sua cabeça, ombro e peito como se perguntasse se ele estava bem.
Ele olhou para a mulher deslumbrante acima dele, iluminada pela luz vermelha da janela, destacando sua beleza que superava a de anjos.
Ela estava perguntando algo com um tom preocupado. Ele não entendia uma palavra, como sempre, e seus olhos permaneceram nela e nos lábios dela. Antes que percebesse, seu corpo se moveu sozinho
Ele não sabia o que o tinha tomado.
Sua mão encontrou o caminho por trás da cabeça dela e ele a puxou para baixo — para que pudesse tomar seus lábios, finalmente experimentando o gosto que tanto o tinha deixado curioso por dias.
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