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Chapter 17 - Punições III

"Você só precisa pedir," ele continuou. "Ficarei mais do que feliz em te manter saciada."

"Só por cima do meu cadáver," eu disse com os dentes cerrados. 

Lentamente, levantei-me do chão, lutando para voltar ao lugar onde meu quarto estava. Eu não podia ficar mais nenhum segundo exposta. Blaise era uma tentação ambulante, me arrastando para o pecado. 

A marca de Damon pode estar em mim, mas isso não significava que refreava e cortava minha conexão com seu irmão gêmeo. Se alguma coisa, aquele rosto irritantemente familiar, idêntico ao do Damon, só fazia com que eu caísse ainda mais fundo nessa teia retorcida. Eu não estava disposta a me enredar com um irmão Valentine, muito menos com ambos.

Nada deve acontecer entre nós. Não se eu quiser sair dos Dentesnascidos viva.

"Por que você está tornando isso tão difícil para si mesma?" Blaise perguntou. Um tom de diversão dançava em sua voz, acentuando alegremente cada palavra. 

Eu podia sentir ele me seguindo, caminhando cuidadosamente atrás, perto o bastante para que eu sentisse sua presença, mas não o suficiente para nos tocarmos. Isso era algo pelo qual eu era grata — Eu não estava desatenta ao fato de que ainda havia outros lobos rondando a casa de matilha, lançando olhares furtivos em nossa direção a cada poucos segundos enquanto eu passava.

Eles podiam sentir meu cio, sem dúvida. Para piorar tudo, eu não estava usando nenhuma roupa íntima. Curvada daquele jeito, eles teriam um espetáculo gratuito inteiro se ficassem à distância suficiente ou se inclinassem o bastante.

"É assim que você pune seus convidados?" Eu questionei, exalando profundamente quando uma nova onda me atingiu. 

Meu estômago se contraiu enquanto mil borboletas alçavam voo, rodopiando por minhas entranhas e roçando com suas asas imaginárias contra minhas paredes sensíveis. Se eu não estivesse me segurando nos corrimãos, eu poderia ter desabado e caído da escada. Forçada a pausar no meio dos degraus, eu respirei fundo algumas vezes antes de continuar.

As escadas eram perigosas. Estar elevada significava que eu estava num palco para todos olharem e desejarem.

"Envergonhando-os," eu esclareci assim que comecei a andar novamente. "Deixando-os com nada além do desejo de se enterrar seis pés abaixo da terra e longe do mundo."

"Oh, passarinho, isso nem chega a ser um castigo, nesse caso!" Blaise divagou. Ele dava um passo a cada dois meus — se fosse qualquer mais rápido, estaria colado nas minhas costas. "Aqueles que nós punimos estão a seis pés abaixo da terra por outros motivos."

Eu fiz uma careta, uma imagem da dilacerada Garra da Tempestade cruzou minha mente — corpos espalhados por todo o terreno, a grama fresca recoberta com uma camada de vermelho.

O que Blaise disse era verdade. Pelo menos o constrangimento não era a morte. Um dia vivo significava um dia mais perto da salvação.

Ou um dia mais perto da vingança.

"Além disso," Blaise continuou, notando meu silêncio, "você não é uma convidada da matilha dos Dentesnascidos."

"Ah é? Sério?" Eu cerrei os dentes. Finalmente, cheguei ao topo da escada. Agora era a hora de encontrar o quarto de onde eu tinha saído. "O que eu sou, então?"

A conversa com Blaise fazia maravilhas para distrair meus sentidos da sobrecarga. Minha mente estava momentaneamente desviada das intensas sensações do cio artificialmente induzido. Junto com minha tentativa de localizar um quarto seguro para me esconder, eu quase podia esquecer o rubor entre minhas coxas.

Não causou, porém, que eu deixasse de notar o rastro molhado que tinha deixado para trás. No começo, eu nem tinha percebido que estava pingando no chão até que olhei pelas grades e para o primeiro andar. A luz fazia o líquido refletir. 

Não é de se estranhar que outros lobos estivessem olhando. Eu era uma flor de feromônios ambulante graças àquela estúpida coleira.

"Você é a amante da casa," Blaise disse alegremente, alcançando facilmente assim que eu aumentei meu passo.

Ele assisitiu com um sorriso divertido dançando nos lábios enquanto eu tocava e empurrava cada porta, tentando achar uma que estivesse destrancada. Eu mal conseguia lembrar de qual quarto eu tinha tropeçado para fora essa manhã. Mesmo que eu o encontrasse, eu não gostaria de estar lá. Quem saberia se a cama ainda estava molhada de fluidos corporais ou não?

Eu suspirei quando meu corpo começou a pulsar e formigar novamente. Minha temperatura corporal estava subindo e parecia que eu tinha consumido uma quantidade quase letal de afrodisíacos. Ao invés de um quarto onde eu pudesse me esconder, agora eu desejava desesperadamente encontrar um banheiro com um chuveiro em funcionamento ou uma banheira. Pelo menos assim, eu poderia mergulhar em água fria.

Ignorando Blaise, eu acelerei — ainda mais desesperada — na tentativa de encontrar um refúgio seguro onde eu pudesse me esconder. 

O céu deveria estar contra mim, pois cada porta em que tentei entrar acabou trancada.

"Por que tão quieta, Harper?" Blaise perguntou provocativamente. 

Ele pairava atrás de mim, ziguezagueando, suficientemente perto para que eu pudesse sentir o calor do seu corpo contra o meu. Só de ter ele por perto me causava um calafrio na espinha. Isso oferecia um breve momento de alívio antes de intensificar a sensação, deixando meu corpo encharcado de suor frio.

"Se afaste de mim," eu rosnei.

Quando ele finalmente deu um passo muito perto, eu estendi a mão e o empurrei, ignorando o formigamento que subiu das palmas das minhas mãos para o resto do meu corpo quando nos tocamos. No entanto, influenciada pelo que quer que Blaise tivesse me dado, eu estava fraca demais para causar muito estrago. Enquanto eu tinha acabado de jogar Susie contra a parede sem muito esforço, meu empurrão mal causou Blaise a balançar.

Ele simplesmente estendeu a mão e agarrou meu pulso, fazendo com que me arrepiasse quando seus dedos se envolveram em mim.

Paramos em frente a uma porta; ruídos abafados vinham de dentro, embora eu não pudesse realmente distinguir o que estava acontecendo. Blaise, no entanto, sorriu ainda mais largo. Sem dúvida, sua audição aguçada poderia facilmente captar o que quer que fosse atrás daquela porta.

"Se você recusa qualquer ajuda, você só vai ser miserável pelos próximos dias," Blaise lembrou.

"Eu não preciso da sua ajuda!"

A porta de repente se abriu e, no momento em que ela fez, eu fui envolvida por um cheiro familiar que fez meu coração fazer piruetas dentro da minha caixa torácica. Virei minha cabeça justo a tempo de encontrar um par de olhos cor de cobalto, penetrantes e brilhantes mesmo que ele estivesse contra a luz de fundo da janela.

Eu engasguei, minha boca de repente seca. Minhas pernas se sentiam ainda mais fracas agora e eu podia sentir — Eu estava a um triz de desabar.

"Damon…"