** Harper **
O maior impedimento que a Harper tinha que confirmar era se Eli estava solteiro. Claro, ela não ia sair com ele, mas ainda assim preferia evitar o risco de parecer que estava seduzindo o namorado de alguém.
Com essa pergunta resolvida, ela soltou um suspiro aliviado. Agora, hora de tratar dos verdadeiros negócios. Seus olhos caíram sobre o laptop que Eli colocou na mesa de centro. "Então, sobre aquele novo capítulo que te enviei…"
"Sim. Você quer revisar agora?" Ele esticou o braço para abrir a tampa. "Eu fiz algumas anotações e sugestões—"
"Espere, vamos voltar um pouquinho." Harper pressionou a própria mão em cima da dele, segurando o computador no lugar. "Eu estava pensando... Bem, é possível que meu maior problema não esteja na escrita em si? Poderia ter a ver com... perspectiva? Como eu imaginei a história na minha mente antes mesmo de começar a digitá-la?"
Seu coração já começou a bater mais rápido nesta parte inicial do seu discurso. Ah sim, ela havia praticado toda a conversa várias vezes na noite passada e se envergonhado bastante na frente do espelho. Mas não, não ajudou muito. Ela ainda se sentia como uma tola inventando uma história de cobertura terrível para um novo perfil no O Aplicativo de Encontros.
Eli apenas a olhou pensativo. "Você não gosta de como a história está indo?" ele perguntou.
"Ah, eu gosto. É só que..." Harper fez uma pausa para respirar fundo. "É só que estou fora do cenário de encontros há muito tempo. Talvez isso esteja tornando mais difícil... acertar esses capítulos mais detalhados. Não dizem que você deve escrever sobre o que conhece?"
Eli deu de ombros. "Até certo ponto. Mas um escritor de mistério de assassinato não precisa matar alguém para aprender o ofício. Você não deve se sentir em desvantagem só porque não tem experiência suficiente com o assunto na vida real. Existem muitas outras formas de aprender."
Droga. Por que ele estava todo profissional? Por que ele não podia levar essa conversa para a direção que ela queria? Felizmente, Harper estava preparada. "Mas romance não é tentar invocar algo fora do comum como um mistério de assassinato faz," ela retrucou. "Uma história de amor é para invocar algo com que todos possam se relacionar, e será mais difícil pra mim conectar com os leitores dessa maneira se eu não compartilhar o mesmo sentimento."
Inconscientemente, ela esfregou os polegares, inquieta um pouco. Ela havia deixado seu ponto bem claro agora... Ele captaria a indireta?
Eli a encarou por um momento, seus olhos indo e voltando entre suas mãos e seu rosto. Então o canto de seus lábios se curvou num sorriso. "Por que você está rodeando o assunto?" ele perguntou. "Você não está sugerindo que eu te consiga um encontro com alguém, está? Isso parece ser a melhor solução para resolver seu problema. E francamente, eu talvez consiga pensar em alguns candidatos que seriam um par decente para você."
"..."
Como ele poderia ter interpretado errado desse jeito?!
"N-Não!" Harper falou imediatamente. "Eu não estou pensando em encontros! Com ninguém ma— Quer dizer, não quando eu realmente não tenho tempo ou esforço para isso. Eu só quero um pouco de... experiência relevante, para ajudar com as cenas que eu não consigo escrever."
Eli inclinou a cabeça. "Então você quer uma experiência direta com romance... sem encontrar alguém para se apaixonar?"
"... Bem, não uma experiência direta com 'romance' propriamente dito..." Caramba, ele realmente tinha que pressioná-la a dizer as palavras? "Pelo menos, não o lado emocional dele. É o... lado físico que eu não estou familiarizada."
Lá, ela disse a parte mais difícil em voz alta. Embora ainda se sentisse muito desconfortável para usar a palavra "sexo" em conversas casuais... Chelsea estava certa sobre sua zona de conforto estar firme nos anos 1800.
Pareceu que Eli finalmente entendeu a mensagem desta vez. Seu olhar tornou-se um pouco duvidoso. "Você está dizendo que você nunca ficou com um cara antes?"
Ugh, isso foi um tanto insensível demais. Harper engoliu. "T-Talvez... e agora você vê porque eu tenho dificuldade com aqueles capítulos de quarto."
Uma breve surpresa passou pelos olhos de Eli. Harper se encolheu. Ela se perguntou se aquela revelação tinha sido demais — claramente, não era a impressão que ele tinha ao ler seu livro. E que tipo de garota nos dias modernos ainda era virgem aos vinte e dois anos?
Graças a Deus, ele não julgou. Depois de pensar por um momento, ele finalmente disse, "Eu ainda não vejo isso como um problema, mas cada um tem preferências diferentes sobre como se imergir no mundo fictício, então o que você escolher é perfeitamente válido." Ele fez uma pausa, olhando para o laptop. "Embora talvez neste caso... Não há muito que eu possa te ajudar com isso."
... Esse idiota! Ele é ainda mais insensivelmente denso do que insensivelmente direto!!
Harper engoliu de novo. Tudo bem, ela encararia isso como seu primeiro teste de tentar ser ousada e direta. "Mas é exatamente aí que eu posso usar a sua ajuda." Ela sorriu, forçando-se a olhar nos olhos dele. "Eu preciso de uma lição de 'correção', e eu acho que você é a melhor pessoa com quem eu posso confiar isso. Eu quero que você me ajude a aprender, a me mostrar a experiência que eu perdi. Eu quero você... para me ensinar tudo o que eu preciso saber sobre cenas de amor na vida real."