Em um apartamento no 72º andar da Corporação Anjo Branco.
Agatha dormiu sozinha na cama. Quando o primeiro raio de sol atingiu o quarto, ela abriu os olhos. Após se refrescar, caminhou em direção à sala de estar.
Ao entrar, ficou parada no chão, incrédula. Um homem ajeitava objetos sobre as mesas. O homem pareceu notá-la, então se virou e disse: "Bom dia!"
"Bom dia..." Agatha repetiu o cumprimento de forma distraída. Superando sua surpresa, disse rapidamente, "Kiba, você disse que nos encontraríamos logo, mas eu não esperava que seria tão cedo! Não se passaram nem 12 horas!"
"Pensei que seria uma boa ideia tomarmos café da manhã juntos, então vim até aqui," Kiba explicou, tentando parecer normal, mas havia um claro sinal de pânico em sua voz.
Agatha observou o 'café da manhã': Panquecas, bagel, waffles, ovos assados, taquito, crepes, quiche, torradas, leite, suco, café, frutas e mais uma dúzia de itens.
"Se não estiver do seu agrado, posso trazer o que você quiser em um instante," disse Kiba, sentando-se.
"Ah... não, é mais do que suficiente," Agatha também se sentou. Ela estava surpresa, mas não se importava com a presença dele ali.
Após vinte minutos, Agatha terminou seu café da manhã e olhou para Kiba que estava bebendo suco.
"Obrigada," Agatha agradeceu pelo café e continuou, "Da próxima vez, preciso de um café da manhã nutritivo em vez de um luxuoso."
"E-Eu vou lembrar da próxima vez," Kiba estava visivelmente nervoso.
"Posso perguntar por que você está tão em pânico?" Agatha perguntou. Ela podia ver o nervosismo em seu rosto.
"Eu..." Kiba respirou fundo. Ele tinha passado a noite inteira pensando sobre a vida que crescia dentro de Agatha.
Ele não tinha certeza de como as coisas aconteceram, mas sabia que o sentimento que tinha por Agatha não era falso. Então, decidiu ter uma conversa honesta com Agatha.
"Há algo que quero te dizer," Kiba nunca tinha ficado tão nervoso em toda a sua vida.
"Ok. Desembucha," Agatha não pensou muito nisso.
"Eu sou o pai da Esperança!" Kiba rapidamente disse tudo em uma única sentença.
Agatha estava saindo de sua cadeira quando ouviu as palavras de Kiba. Ela perdeu o equilíbrio e quase caiu no chão, mas Kiba rapidamente lhe deu apoio.
Ele os teleportou para a cama.
"Isso foi uma piada?!" Agatha estava descontente. Mas então se lembrou das reações de Kiba de antes e concluiu que ele provavelmente estava falando a verdade. Ela tentou se acalmar e pensar no que isso implicava.
"Eu fiz um teste de paternidade... foi manipulado por Hank ou pela minha família?" Agatha claramente sabia até onde as famílias de negócios iriam para salvar sua reputação e obter benefício.
Kiba armou coragem e respondeu, "Não."
"Não? Então quem foi?" Agatha não conseguia entender quem faria uma coisa dessas.
"Você acreditaria se eu dissesse que mudei o relatório sem saber?" Kiba respondeu com uma voz muito baixa.
Seus olhos se abriram de choque. Quase por reflexo, ela lhe deu um tapa.
Kiba não sentiu dor, mas Agatha, por outro lado, gritou alto enquanto sua mão emitia o som de ossos trincando.
"Me desculpe!" Kiba fez um gesto de agarrar no ar, e de repente, partículas vermelho-sangue apareceram na mão fraturada de Agatha. Rapidamente, elas entraram em sua mão e regeneraram seu osso.
"É melhor você me dar uma explicação razoável!" Agatha estava tendo dificuldades em aceitar a realidade.
"Confie em mim quando digo isso, mas só aprendi tudo depois de te encontrar ontem!"
Kiba sabia quão inacreditáveis eram suas palavras. Nem mesmo ele podia acreditar no que viu nos registros de segurança, então como ele poderia esperar que Agatha acreditasse?
Agatha sentiu uma dor de cabeça intensa. Como ela deveria reagir?
"O que fazemos agora?" Agatha perguntou depois de alguns minutos de silêncio.
"Eu não sei," Kiba respondeu. Ele tinha feito planos para lutar contra as forças do Governo Mundial, mas nunca para a situação atual.
"Você pode responder às minhas próximas perguntas com total honestidade?" Agatha perguntou.
"Sim," Kiba concordou.
"Você quer se envolver na vida da Esperança?" Agatha perguntou devagar.
"Eu não sei," Kiba respondeu honestamente.
"Então a existência dela é algo que aconteceu por um incidente e você não sabe se quer assumir a responsabilidade?" Agatha perguntou.
"Eu..." Kiba não sabia como responder.
Agatha soltou um suspiro profundo. Ela conhecia seus sonhos, então conseguia adivinhar que tipo de choque essa situação tinha lhe dado.
Antes ele tinha dito que sonhava em aproveitar cada fase de sua vida. Desejava provar as melhores iguarias, beber cada bom licor e fazer amor com as mulheres mais belas.
O maior sonho dele era roubar esposas à luz do dia para um caso amoroso enquanto seus maridos morrem de inveja e vergonha.
Ele mal tinha começado sua jornada em direção aos seus sonhos, mas agora...
"Você disse que queria aproveitar cada fase da sua vida, mesmo que fosse como um velho esperando a morte," Agatha escolheu cuidadosamente suas palavras antes de continuar, "Então por que não aproveitar a paternidade? Afinal, é uma fase da vida assim como a velhice."
Agatha queria que sua filha tivesse o amor de ambos os pais.
"....." Kiba permaneceu em silêncio.
"Ou talvez você esteja com medo?" Agatha perguntou devagar, "Com medo de se tornar um pai terrível por causa do que seus pais fizeram?"
"Sim..." Kiba confessou devagar.
"Só porque eles foram pais terríveis não significa que você se tornará um péssimo pai também!" Agatha pegou suas mãos entre as suas antes de continuar, "Você não vai ser um pai ideal, mas honestamente o idealismo é superestimado. Eu posso garantir que a Esperança vai amar um pai imperfeito mais do que um pai ideal."
Kiba olhou para ela surpreso.
"Obrigado por ser paciente---" Antes que pudesse terminar suas palavras, ele encontrou seus lábios selados pelos dela.
"Por que tão surpreso?" Agatha perguntou com um tom provocante quando se afastaram.
"Você é uma demônia por me provocar," Kiba não deixou o desejo dentro dele tomar controle.
Ele se deitou na cama ao lado dela e esfregou sua mão de forma suave em sua barriga.
"Esperança..." Kiba murmurou. Ele então olhou nos olhos de Agatha e disse, "Eu fiz algumas preparações para vocês dois."
Kiba tirou uma caixa vermelha. Dentro da caixa, havia uma pulseira semelhante à que ele deu para Felicidade.
Claudia preparou cinco pulseiras, e até agora uma estava com sua forma de Zed e outra com Felicidade.
"O que é isso?" Agatha obviamente julgou pelas palavras de Kiba que era mais que uma pulseira.
"Considere isso como uma espécie de amuleto. Vai se ativar automaticamente quando sentir que você está em uma crise de vida ou morte," Kiba explicou, "Eu poderei rastrear você se for ativada."
"Entendi," Agatha colocou a pulseira em sua mão direita. Kiba então removeu um cartão dourado de seu bolso.
"Este cartão é a chave de um apartamento que possuo sob um nome falso," Kiba deu a ela os detalhes do apartamento. Ele também lhe deu cartões de crédito, números de contato de emergência e outras coisas do tipo.
"Você parece ter feito preparativos suficientes para um homem que estava confuso até momentos atrás!" Agatha comentou com um sorriso.
"É porque estou preocupado com o futuro. Saia da Corporação Anjo Branco o mais rápido possível!" Kiba explicou a ela sobre o possível conflito com o Grupo Demônio Celestial.
"Entendo," Agatha decidiu que iria embora até o final do dia.
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Por enquanto, dormiram abraçados sem dizer nada. Uma hora se passou, e então, de repente, uma expressão de preocupação surgiu no rosto de Agatha.
"O que houve?" Kiba perguntou.
"Estou com medo que nos tornemos um item de notícia novamente," Agatha respondeu. Ela já não estava mais preocupada com as reações de sua família e amigos, mas a mídia corporativa era outra questão.
Agatha queria que seu filho levasse o nome de Kiba e não o de Jack. Ela queria que seu filho vivesse livremente sem se preocupar com qualquer estigma social.
"Deixe as agências de notícias comigo," Kiba saiu da cama e ajustou suas roupas antes de continuar, "Eu pretendia levar as coisas devagar, mas agora não é hora de relaxar."
"O que você quer dizer?" Agatha perguntou.
"Depois de dez dias, poderemos anunciar a verdade sem nos preocuparmos com nada," Kiba tinha um sorriso diabólico no rosto enquanto continuava, "Nenhuma corporação de mídia ousará caluniar você depois que eu terminar."
"Terminar com o quê?" Agatha perguntou, curiosa.
"Terminar de dar um exemplo em Daniel," Kiba tinha um sorriso de satisfação no rosto enquanto continuava, "Os cães da mídia saberão o preço que têm de pagar por prejudicar alguém que me importo."
"Exemplo? Certamente você não vai matá-lo!" Agatha estava preocupada. Ela odiava Daniel até a medula, mas não queria que Kiba o assassinasse. Na era de hoje, era difícil escapar de um assassinato a menos que se tornasse um fugitivo. Agatha não queria essa vida para Kiba.
"Relaxe. Não sou do tipo que recorre à violência!" Kiba beijou-a na testa antes de dizer, "Eu acredito no amor e na paz!"
"Amor e paz...?!" Agatha tinha certeza que o amor e a paz sobre os quais Kiba falava eram diferentes dos conceitos tradicionais que ela conhecia.
Chegou a hora de focar na caçada!