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Chapter 3 - Capítulo 4

Evan sentia o sangue escorrer pelas suas pernas, uma dor contínua e insuportável o envolvia, como se estivesse sufocando com água. Seus olhos cerrados, apertados pela angústia, imploravam pelo fim daquele tormento. No entanto, mesmo desejando ardentemente que aquela agonia chegasse ao fim, ele persistia, implacável. Quando finalmente teve coragem de abrir os olhos, deparou-se com o chão ao redor de seus pés inundado pelo sangue que fluía de suas pernas, enquanto Scott, com uma expressão de satisfação, ainda permanecia sobre ele. Evan sentiu-se invadido por um misto de repulsa e desespero.

— Por favor, pare com isso. Eu não aguento mais —, suplicou Evan, sua voz embargada pelo choro.

— Eu sei que você estava gostando bastante —, retrucou Scott, um sorriso perverso desenhando-se em seus lábios. — Mas não precisa pedir para parar, quando eu já acabei.

A pergunta angustiada de Evan ecoou no espaço, misturando-se ao som de sua própria respiração entrecortada pelo pranto.

— Por que você fez isso? —, indagou ele, a voz carregada de dor e perplexidade.

— Porque era isso que você queria o tempo todo —, respondeu Scott com uma frieza assustadora. — Eu sei disso. Eu notei.

Enquanto Scott se vestia com indiferença e se dirigia à cozinha, Evan, confuso e abalado, recolheu-se, vestindo-se rapidamente e afastando-se da poça de sangue que testemunhava sua vulnerabilidade. Encolhido no canto de uma parede, seu olhar alternava entre Scott na cozinha e a macabra lembrança daquele líquido rubro que agora tingia o chão. Evan soluçava, questionando o porquê, enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas. Scott emergiu da cozinha, segurando uma chave de fenda, e encarou Evan com desdém.

— Você pode parar com isso? Parece uma mulherzinha choramingando —, disse Scott com desprezo.

Evan abaixou a cabeça, encolhendo-se entre as pernas.

— Não entendo por que está assim —, disse Scott, aproximando-se. — Da última vez que estivemos juntos, você não ficou desse jeito.

— Porque são situações completamente diferentes —, respondeu Evan, sua voz abafada pelas mãos entre as pernas.

— Bem... Fica ao seu critério... — , murmurou Scott ao sair da sala, dirigindo-se diretamente para a varanda e o quintal.

Enquanto Evan sofria em silêncio, com a cabeça entre as pernas, outro sofrimento, muito mais intenso, acontecia no poço. Vicky estava apoiado em um galho frágil, enquanto as águas do poço subiam rapidamente devido à tempestade. Em meio ao desespero, uma pequena faísca de esperança surgiu quando ele percebeu que estava se aproximando da saída. Um sorriso tímido adornou seus lábios, mas suas mãos feridas e machucadas lutavam para segurar as paredes do poço, cortando-se novamente no processo.

Com esforço sobre-humano, Vicky finalmente conseguiu alcançar a borda do poço, sentindo um alívio momentâneo ao vislumbrar a liberdade. No entanto, sua alegria foi rapidamente dissipada quando Scott surgiu e, com um risinho cruel, viu-o pendurado na beira do poço. A esperança e o desespero se entrelaçavam em uma batalha emocional, enquanto cada personagem enfrentava seus próprios demônios internos e desafios externos, deixando-os à mercê do destino incerto que os aguardava.

A chuva caía incessantemente, transformando a noite em um turbilhão de sombras e rugidos de trovões. No escuro, Scott manipulava a chave de fenda, um artefato sinistro em suas mãos, enquanto Vicky, desesperado, agarrava-se à borda do poço como se sua vida dependesse disso.

— Você está me surpreendendo cada vez mais —, murmurou Scott, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina afiada. Ele falava enquanto brincava com a chave de fenda, um sorriso maldoso dançando em seus lábios.

Vicky tremia, incapaz de articular uma resposta coerente. Ele mal conseguia processar o que estava acontecendo enquanto via a chave de fenda, sua única esperança de escapar desaparecendo no abismo.

— Não se preocupe —, continuou Scott, sua voz ecoando como um presságio sombrio. — Você não vai mais voltar lá para o fundo. Na verdade, pensei que você já estivesse morto. Mas como quis o destino, você escapou com aquele galho.

O coração de Vicky batia descompassado, o medo entrelaçando-se com a raiva e a confusão. Ele não entendia as intenções de Scott, nem o que estava prestes a acontecer.

— Então você pode ver que eu não sou uma pessoa tão má —, disse Scott com uma falsa gentileza. — Vou lhe dar algo que vai salvar sua vida.

E antes que Vicky pudesse reagir, antes que pudesse formular uma única palavra de protesto, sentiu a dor lancinante de uma chave de fenda sendo cravada em sua mão, prendendo-o à beira do poço. O choque paralisou-o, suas lágrimas misturando-se com a chuva que caía impiedosamente.

— Agora começou a contagem regressiva —, sussurrou Scott, afastando-se da cena do crime com a mesma indiferença de sempre.

Vicky permaneceu ali, sua mente uma tempestade de emoções conflitantes. As palavras fugiram-lhe, perdidas na dor e no desespero. Ele não sabia se aquilo era um presente ou uma maldição, se aquele gesto era a redenção ou a sentença final. Relâmpagos rasgavam o céu e trovões rugiam como feras famintas, Vicky permanecia ali, preso entre o passado e o presente, entre a vida e a morte. 

As batidas em uma porta ecoavam pelo corredor sombrio da casa de Dona Conceição, enquanto o desespero se misturava ao silêncio da noite. Ramiro e Jéssica, com os corações pesados de preocupação, imploravam por ajuda.

— Por favor, Dona Conceição. Sei que é meio tarde, mas precisamos falar com você. É muito urgente —, disse Ramiro, sua voz carregada de ansiedade, enquanto suas batidas ressoavam pelo corredor vazio.

Jéssica se juntou ao apelo, seu tom carregado de angústia: — É sobre nosso filho que sumiu hoje pela tarde... se puder nos ajudar por favor abra a porta.

Do outro lado da porta, Evan estava prestes a ceder à pressão e abrir a porta, mas foi interrompido por Scott, cuja presença repentina o fez recuar.

— Não se atreva a fazer isso —, sussurrou Scott, sua voz carregada de determinação, enquanto segurava firmemente a mão de Evan, impedindo-o de abrir a porta.

— Eles estão procurando o garoto que está lá no poço. A gente se divertiu e passamos de todos os limites precisamos avisá-los —, disse Evan, sua expressão séria revelando a gravidade da situação.

— Você não vai avisar nada. Fique calado, é o melhor para você —, retrucou Scott, seu tom autoritário deixando claro que não havia espaço para discussões.

Evan, confuso e assustado, ousou questionar o motivo de suas ações: — Porque estamos fazendo isso? O que nós fizemos?

Scott se aproximou, seu rosto a centímetros do de Evan, e lançou-lhe um olhar penetrante: — Você faz as coisas comigo e depois questiona. Que espécie de amigo é você?

Ramiro continuava a bater na porta, seu apelo desesperado ecoando no coração da noite, enquanto do outro lado, segredos sombrios ameaçavam vir à tona. O silêncio no porão era perturbador, pesado como uma nuvem negra pairando sobre Evan. As palavras de Scott ecoavam em sua mente, misturadas com o choque da revelação macabra que acabara de presenciar. Evan sentiu-se como se estivesse preso em um pesadelo do qual não conseguia acordar.

— Então você já deve imaginar o que eu posso fazer com você, né? —, as palavras de Scott reverberavam, carregadas de ameaça e malícia.

Evan não conseguiu articular uma resposta. Tudo o que podia fazer era abaixar a cabeça, ciente de que estava diante de alguém capaz de cometer atrocidades impensáveis. Com um cuidado quase sobrenatural, Scott agarrou o braço de Evan e o conduziu até a porta do porão. Cada passo era um mergulho mais profundo na escuridão que habitava a alma de Scott.

Ao abrir a porta, a luz invadiu o porão sombrio, revelando o terrível segredo que Scott guardava. O corpo da avó de Scott jazia ali, uma testemunha muda dos horrores que ocorriam naquela casa macabra.

— É melhor você olhar lá para o final da escada do porão, veja bem... Eu matei a minha vó e posso matar você também se acaso você botar tudo a perder —, a voz de Scott soava fria e cortante, como uma lâmina afiada prestes a desferir um golpe fatal.

Mas Evan já não se deixava intimidar pelas ameaças. Seu coração endurecido pelo sofrimento resistia à pressão que Scott tentava impor sobre ele.

— As suas ameaças já não me assustam mais —, Evan declarou, sua voz firme e determinada.

Desafiadoramente, Evan desceu alguns degraus do porão e se sentou, encarando Scott com olhos gélidos, tão vazios de emoção quanto o abismo que se estendia diante deles.

— Você me estuprou, o que mais pode fazer comigo? —, Evan lançou as palavras como uma flecha, sua voz carregada de desprezo e desafio.

Scott, surpreendentemente, desceu também alguns degraus e se sentou ao lado de Evan. O abraço que se seguiu era um paradoxo, uma mistura estranha de conforto e desespero, uma tentativa frágil de encontrar alguma humanidade na escuridão que os envolvia. Ali, no porão úmido e sombrio, os dois permaneceram, abraçados, cada um perdido em seus próprios demônios, mas juntos, de alguma forma, encontrando um vislumbre de redenção em meio ao caos.

O coração de Vicky batia descontroladamente enquanto lutava para manter-se à tona no poço que rapidamente se enchia de água. A dor lancinante em sua mão tornava cada movimento um desafio. Esticando-se desesperadamente, tentava alcançar a chave de fenda, mas a agonia era implacável. O nível da água alcançou a borda do poço, ameaçando engolfá-lo completamente. O desespero crescente o envolveu quando a água começou a transbordar, espalhando-se pelo quintal como uma maré impiedosa.

Cegado pelo pânico, Vicky sondava desesperadamente as paredes do poço em busca de uma solução. Foi então que seus dedos encontraram um tijolo solto, mal encaixado na estrutura. Com uma determinação renovada, ele o agarrou, puxando-o com todas as suas forças. Com um estrondo, o tijolo cedeu, criando um buraco pela qual a água começou a escapar freneticamente. Vicky mergulhou seu rosto no pequeno orifício, inspirando o ar fresco com avidez enquanto seus pulmões clamavam por oxigênio.

Na penumbra da sala na outra casa, Jéssica estava visivelmente abalada por não ter conseguido falar com Conceição. Ramiro se aproximou dela, buscando acalmá-la.

— Por isso eu disse para você não me seguir —, comentou Ramiro.

— Eu sei, mas não podia simplesmente ficar aqui sem fazer nada enquanto você ia lá falar com ela. É o nosso filho, Ramiro. Eu precisava ter ido atrás —, respondeu Jéssica, com os nervos à flor da pele.

— Isso só reforça o motivo pelo qual você não deveria ter vindo atrás de mim... Provavelmente ela já está dormindo, especialmente com essa tempestade que está caindo lá fora —, ponderou Ramiro.

— Então amanhã de manhã vamos até a casa dela e pedimos para ver as gravações da câmera de segurança do nosso quintal —, insistiu Jéssica, determinada.

— Não se preocupe, assim que sairmos daqui, irei informar a polícia sobre o ocorrido. Vamos lidar com isso amanhã —, assegurou Ramiro, tentando tranquilizá-la.

No dia seguinte, após a intensa tempestade, a floresta permanecia envolta em umidade. Os lenhadores trabalhavam incansavelmente, carregando os troncos cortados para o caminhão e amarrando-os com cordas. Da janela da sala, Evan observava a movimentação lá fora. Poucos instantes depois, Scott adentra a sala, jogando uma bolsa sobre os ombros.

— Você está pronto? — indaga Scott.

— Pronto? Para quê? — questiona Evan.

Scott se aproxima e encara Evan.

— Temos que partir imediatamente. Não podemos mais ficar aqui. — responde Scott.

— Partir? Para onde? — insiste Evan.

— Pare de perguntar tanto. Não percebe que não temos escolha? — retruca Scott.

Nesse momento, a gravidade da situação atinge Evan, que se senta chocado no sofá.

— Não há mais volta para o que fizemos. — murmura ele.

— É por isso que precisamos ir agora mesmo. — insiste Scott.

Um ruído lá fora interrompe a conversa, indicando que o caminhão está partindo.

— Vamos! É nossa vez. — convoca Scott.

O sol estava começando a se pôr quando a porta da garagem rangeu, revelando dois adolescentes emergindo na luz dourada do entardecer. Scott e Evan saíram pedalando suas bicicletas, mas logo Scott interrompeu seu trajeto e desmontou.

— O que está fazendo? —, Evan perguntou, curioso.

— Antes de partirmos, preciso resolver uma última coisa —, respondeu Scott, determinado.

Enquanto Evan aguardava pacientemente em sua bicicleta, Scott retornou à casa. O cheiro de gasolina impregnava o ar, uma evidência do que estava prestes a acontecer. Scott segurava uma lata de gasolina, espalhando-a meticulosamente por cada canto da residência. O fogo estava prestes a consumir tudo. Ao se aproximar do porão, Scott abriu a porta e deixou a gasolina fluir pelas escadas, atingindo até mesmo o corpo de sua avó.

— Desculpe, vó... era uma questão de sobrevivência —, murmurou Scott, um último lamento por suas escolhas.

Recuando alguns passos, ele derramou o resto da gasolina pelo chão e acendeu um isqueiro. Seus olhos encontraram os monitores das câmeras de segurança no corredor, um vislumbre de sua vida anterior.

— Nem você escapará, esquisitão! —, declarou Scott, jogando o isqueiro ao chão antes de partir.

Evan assistia, chocado, enquanto as chamas se alastravam pela casa a uma velocidade impressionante. Scott, já em sua bicicleta, virou-se para ele.

— Agora podemos ir —, disse Scott, um sorriso sinistro dançando em seus lábios.

O sol já começava a tingir o céu com tons alaranjados quando o estrondo das chamas rompeu o silêncio da manhã tranquila. Enquanto os pássaros começavam a sair de seus ninhos, Evan observava, estático, o fogo devorar a casa da avó de seu amigo. O coração apertado, ele pedalou para longe, tentando fugir da terrível visão que se desenrolava diante de seus olhos.

Enquanto isso, na outra extremidade da casa, o ranger alto das lenhas consumidas pelo fogo arrancou Jéssica de seu sono profundo. Seus olhos se arregalaram em choque quando ela se aproximou da janela e testemunhou o inferno que se desdobrava do lado de fora. Um grito de puro terror escapou de seus lábios, ecoando pela casa adormecida. O som agudo rasgou o silêncio, despertando Ramiro de seu sono no sofá. Com o coração disparado, ele se levantou num sobressalto, correndo em direção ao grito angustiante de sua esposa. Descendo as escadas às pressas, Jéssica encontrou seu marido, os olhos arregalados de terror, enquanto ambos encaravam a dança mortal das chamas, que agora ameaçavam engolir tudo em seu caminho.

— Jéssica, pelo amor de Deus, o que está acontecendo? —, perguntou ele, já sentindo um arrepio percorrer sua espinha.

Jéssica, com os olhos arregalados pelo pânico, respondeu sem rodeios: — Liga para os bombeiros agora mesmo.

Ramiro sentiu um nó se formar em seu estômago: — Mas por que diabos os bombeiros a essa hora da manhã? —, indagou, mal conseguindo processar a urgência na voz de Jéssica.

— A casa da vizinha está pegando fogo! —, exclamou Jéssica, sua voz trêmula ecoando pelo corredor.

Sem hesitar, Ramiro agarrou seu celular e discou para os bombeiros, sentindo o coração bater descompassadamente no peito. Enquanto isso, Jéssica correu para pegar um casaco, o medo estampado em cada movimento desajeitado. Quando Ramiro finalmente saiu para se juntar a Jéssica do lado de fora, foi tomado por uma visão aterradora: as chamas rugiam vorazmente, consumindo a casa da vizinha em uma dança infernal de destruição.

A estrada se estendia à frente deles, uma serpente sinuosa cortando a densa floresta que os rodeava. Scott e Evan pedalavam freneticamente, suas respirações ofegantes cortando o ar úmido da manhã. O sol mal conseguia penetrar através do dossel das árvores altas, lançando sombras dançantes sobre o caminho de terra batida. Scott e Evan fugiam de bicicleta no meio da pista. Alguns quilômetros atrás deles, um caminhão carregado de toras de madeira rugia, seu motor ecoando pelos corredores da floresta. O caminhoneiro, perdido em seus próprios pensamentos, não percebia a dupla de amigos à sua frente. Scott mantinha os olhos fixos na estrada à frente, enquanto Evan, a preocupação pintada em seu rosto, parou de pedalar e desceu da bicicleta. Scott virou-se para ele, confuso.

— O que foi? Por que parou de pedalar? — perguntou Scott, preocupado com a súbita mudança de ritmo.

Evan olhou para trás, avistando ao longe a coluna de fumaça escura que se erguia no horizonte.

— Não está certo, Scott. O que fizemos... não está certo — murmurou Evan, seu tom carregado de pesar.

Scott suspirou, sentindo o peso das palavras de seu amigo.

— Por favor, Evan, não comece a se arrepender agora. É tarde demais para isso — respondeu ele, sua voz uma mistura de determinação e desespero.

Eles trocaram olhares, compartilhando um entendimento silencioso. Não havia tempo para hesitação. Evan sentiu a tensão no ar enquanto debatia consigo mesmo sobre voltar ou não. O peso da decisão estava sobre seus ombros, mas algo dentro dele clamava por uma redenção, por uma oportunidade de fazer algo bom.

— Eu preciso fazer uma coisa boa —, murmurou Evan, sua voz carregada de frustração e determinação.

Scott, por outro lado, estava decidido a não deixá-lo partir. O passado sombrio de Evan pairava entre eles, uma sombra que parecia envolver cada decisão que tomavam juntos.

— Você não vai continuar comigo —, insistiu Scott, sua voz firme e carregada de desconfiança.

— Qual é essa coisa boa que você quer fazer? —, indagou Scott, desafiando Evan a explicar sua súbita mudança de coração. Evan, por sua vez, abaixou a cabeça, sentindo o peso de suas palavras. Abandonou sua bicicleta, um gesto simbólico de sua determinação.

— Pelo menos salvar a vida de Vicky —, respondeu Evan, sua voz carregada de emoção e desespero. Mas antes que pudesse processar completamente suas próprias palavras, um soco de Scott o surpreendeu, interrompendo o momento de confissão.

Enquanto isso, na beira do poço, Vicky lutava pela sobrevivência. Desidratado, faminto e enfraquecido, ele se agarrou à esperança frágil de ser resgatado. A chave de fenda ainda estava cravada em sua mão, um lembrete doloroso de sua luta solitária. Sua visão turva se estreitou para o poço seco à sua frente, e ele soube que o tempo estava se esgotando. Mas então, um vislumbre de luz. Vicky percebeu que não sentia mais a dor em seu braço e perna machucados.

A dormência se espalhou por seu corpo, e ele olhou para cima, vendo a chave de fenda como sua única âncora à vida. Uma criança pendurada pela própria determinação, lutando contra as forças que o puxavam para baixo. Ali, naquele momento de desespero, Vicky encontrou a coragem de enfrentar o inevitável. Agarrou-se à sua última esperança, esperando que alguém ou algo o salvasse. Mas, no final, ele estava sozinho, pendurado pela linha tênue entre a vida e a morte.