May, uma garota de 14 anos volta com seus pais para seu antigo lar no interior de São Paulo. Como o trabalho de seus pais ocupa grande parte do tempo dos dois, ela passa a maior parte do dia com sua tia Sofia. Esperando por ela no poste da calçada, May a vê se aproximando e a cumprimenta

"Olá, tia, como vai a senhora?"

"Ha ha, querida, não seja tão formal. Nos vemos todos os dias."

"Sim, a senhora tem razão. E então? Quais são as fofocas de hoje?"

Pergunta May, se lembrando de um acidente que havia acontecido a alguns anos atrás, o qual havia abalado a cidade inteira na época. O incêndio da casa para desabrigados. A cidade tinha entrado em luto por um tempo por causa disso. May tinha sido obrigada a ir a capela todos os dias por uma semana para prestar condolências, o que fora estranho porque pelo o que ela se lembre, a igreja não tinha nenhum envolvimento com o incidente

"Nem te conto, querida, pode não parecer, mas em cidade pequena, muita coisa pode acontecer em um dia, das mais irrelevantes até as mais chocantes. Inclusive, a família daquela amiga sua, a Lilith, adotou duas crianças. Uma é bem parecida com a família deles, mas a outra, nem tanto. Para falar a verdade, nem um pouco."

"Falando em acontecimentos chocantes... o que aconteceu com os sobreviventes da casa de desabrigados? Eu lembro que pelo menos umas duas pessoas foram salvas, não é mesmo?"

"Oh, querida, você não soube... Elas morreram antes mesmo da ambulância chegar no hospital, uma completa tragédia!"

Com a chocante notícia, May ficou o resto do caminho sem palavras. Não podia acreditar no que acabou de ouvir. Foi cruel e injusto o que aconteceu com aquelas pessoas, ficou pensando.

Enquanto estava caminhando com sua tia, chegou uma mensagem no seu celular. Era de Lilith. Ela estava perguntando se elas podiam se encontrar na praça. May disse que estava tudo bem, porém teria de avisar seus pais que, ao invés da casa de sua tia, que ela ia ficar na casa da Lilith e que ia lá dormir, fora que ela queria pesquisar mais a fundo sobre o incêndio também, perguntando a Lilith sobre isso

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-Passa-se o resto do dia e logo a aurora desperta

Infelizmente, May não conseguiu fechar os olhos naquela noite. Para sua infelicidade, o vídeo era bem... Detalhado podemos dizer. Ela conseguiu ouvir o grito de alguns dos desabrigados, enquanto eles queimavam. Foi uma sensação incrivelmente angustiante para ela. Ela pensou a noite toda que nunca mais ia conseguir dormir.

Ela estava se aproximando de onde ia se encontrar com Lilith. Quando se aproximou mais, Lilith e as crianças a avistaram e foram cumprimentá-la

"May! A quanto tempo! Como você está? Eu senti muitas saudades de você e nosso tempo junta."

"Eu estou muito bem. Também senti saudade sua, faz bastante tempo desde que nos vimos!"

"Sim. Eu tenho estado meio ocupada. Desculpe por não conseguir ir me encontrar com você nenhuma vez nesse passar do anos. Também não conseguia ir para São Paulo, por exatamente o mesmo motivo.

"Não se preocupe. Além do mais, nós vamos conseguir recuperar o tempo perdido com o passar do tempo, já que voltei a morar aqui, não é mesmo?"

"Sim, você tem razão. Ah, sim. Mudando de assunto, eu já lhe mostrei meus irmãos? Este é Benjamin, e essa é Caroline. Caroline, Benjamin, essa é Fernanda, uma antiga amiga minha. Ela morava aqui quando era mais nova."

"Prazer" Falam Benjamin e Caroline em uníssono.

"Prazer" Responde May

"Enfim. Vamos?"

Vão caminhando por um tempo, e logo chegam a casa de Lilith e entram. Eles se separam e cada um vai para o cômodo que ficam mais confortáveis. Como benjamin e Caroline não estão acostumados com a presença de alguém em casa que não sejam eles e a irmã deles em casa, eles vão para os seus quartos. Já May e Lilith ficam na sala assistindo Televisão e conversando sobre os acontecimentos que aconteceram com o passar do tempo com as duas.

Alguns minutos depois, Caroline falou que ia comprar um remédio para dor de cabeça. May não se importou muito, já que era apenas mais um assunto meio trivia para ela.

Se lembrando de ontem e do porquê veio a casa de Lilith, May achava que era melhor perguntar sobre o incêndio com Lilith agora, antes que seja um pouco tarde demais, então perguntou

"Lilith, você mora aqui a bastante tempo, não é?"

"Sim, moro, porquê?"

"Minha tia me contou esses dias sobre aquele incêndio que aconteceu a poucos anos atrás. E eu queria saber mais sobre esse acidente. "

"Aaah... A Tia Sofia. Como ela está? Outro dia ela veio aqui pedir a uns remédios pra dor nas costas. Infelizmente a idade chega para todos, não é mesmo? Haha, é uma pena, se o tempo parasse para todos os seres, acho que a vida ia ser mais feliz. Só teríamos que parar de nós reproduzimos haha"

"Acho que é melhor viver assim do que o tempo vulgo a idade das pessoas não aumentarem. Acho que ter uma vida mortal que nos faz aproveitar a vida. E sim, ela está muito bem. Até porque, foi semana passada que ela veio pedir o remédio. Lilith, você está tentando mudar de assunto?"

"Sim, me desculpe, mas apenas fiz isso porque esse é um assunto um tanto delicado pra mim. Espero que me entenda"

Lilith não parecia estar mentindo sobre ser um assunto delicado pra ela, mas também não parecia estar dizendo toda a verdade sobre o porquê de mudar de assunto, percebeu May, mas apenas continuou a falar com Lilith, sem a interrogar

"Esta tudo bem, se você não quiser falar sobre o assunto, não falaremos sobre o assunto."

"Obrigada por entender."

"Não tem de quê. Acho que vou passar no mercado rapidinho pra compra mais refri, está bem?"

"Eu vou com você." Diz Lilith hesitante

"Não precisa, vai ser rápido." Retruca May, já saindo pela porta da frente

Depois de uma certa relutância, Lilith deixou-a ir sozinha. Enquanto estava indo em direção ao mercado, ela ouvi um barulho estranho, vindo da mata perto da casa de Lilith, e resolveu checar

"AAAAAAAAAAAA" Exclamou May, correndo seu caminho de volta para casa de Lilith.

Foi uma visão de revirar o estômago. Uma garota com sangue em seus lábios, e em suas mãos, um animal morto, no qual ela parecia estar se alimentando.

May havia ficado extremamente chocada com o que havia visto. E ficou ainda mais chocada quando entrou na casa de Lilith e viu essa mesma garota, só que sem sangue em seu rosto e mãos agora, sentada ao lado de sua melhor amiga. Agora que prestara atenção, reconheceu a menina. Era Caroline.

"O que você está fazendo aqui?" Perguntou assustada enquanto apontava para Caroline.

"Calma, May, eu posso explicar" Disse Lilith com um tanto de desespero em seu olhar.

"Explicar, o que? O porquê de sua irmã estar coberta de sague ao lado de um animal morto, se alimentando de sua carcaça, bebendo seu sangue? E o porquê dela reaparecer aqui, limpa, como se não tivesse saído de casa?

"Olha, eu posso explicar. É que..."