"Johana."
"Oi?"
"Hana."
"???"
"Você não devia estar aqui."
"Quem é você? Como sabe meu nome?"
[Acordo]
Acordei perdida. Naquele momento, eu estava em uma carroça, balançava suavemente enquanto o veículo se movia. Um idoso estava dirigindo, e ao lado dele havia um jovem que parecia ter cerca de 17 anos. Aquele som de cavalos ao trote e a bela paisagem ao redor, com aquela brisa de campo, que preenchiam todo o ambiente.
"Quem é você?" perguntei, ainda confusa.
"Que falta de educação perguntar meu nome sem se apresentar," respondeu o velho, com um leve sorriso arrogante. "Apesar de que, com você tão suja e bagunçada, mal dá para reconhecer."
"Hein? Você me conhece?" perguntei, surpresa.
"Parece que você realmente não era alguém que saía muito, né. Eu diria que se todos desse estado te vissem eles provavelmente te reconhceriam" disse ele, franzindo a testa.
"Mas como assim?" insisti, tentando entender.
"Você é realmente ingênua, jovem," comentou o idoso, olhando de relance para trás. "Meu nome é Metusalém Ugo, mas pode me chamar de Velho Ugo. E este aqui é meu aprendiz, Gaius."
Gaius revirou os olhos. "É burrice a filha do rei perguntar se somos capazes de reconhecê-la. Todo mundo conhece você."
"Não fale assim com a garota," Velho Ugo retrucou. "Provavelmente ela só perdeu a memória."
"Foi exatamente isso," confirmei, sentindo um alívio momentâneo por alguém entender.
"diga, o que você lembra do que aconteceu?" Velho Ugo perguntou, preocupado.
"Eu não sei," respondi, frustrada. "Só lembro de acordar em um lugar estranho e, antes disso, minha mente está completamente em branco." Preferi nao dizer sobre aqueles dois achei que seria melhor assim.
"Isso é bem complicado," disse Velho Ugo, pensativo.
"Isso é sua culpa por tentar fugir," murmurou Gaius, mas Velho Ugo o repreendeu com um olhar.
"Cuidado com o que fala. Ela pode não se lembrar, mas ainda é a sucessora do rei."
"Sucessora?" ecoei, incrédula.
"Sim," Velho Ugo continuou. "Você é Johana, herdeira do trono. Embora sua memória esteja perdida, sua importância não mudou. Estamos levando você para a capital. Como eu tenho negócios a tratar lá com um nobre, e aproveito deixo você com os soldados nos portões da cidade."
Olhei para eles, sentindo uma mistura de descrença e medo. Quem eu realmente era? E por que tudo parecia um caos, essa confusão na minha cabeça estava me deixando louca, mas decidi continuar e ver no que dava.
"Você poderia responder algumas das minhas perguntas?" perguntei, educadamente.
Metusalém sorriu astutamente. "Claro, posso responder o que você quiser, mas só com uma certa condição."
"Com qual condição?" perguntei, hesitante.
"Você ficará me devendo um favor."Fiquei em dúvida naquele momento, mas precisava de respostas. "Tudo bem," concordei.
Metusalém olhou para mim, confirmando minha aceitação com um leve aceno de cabeça. Ele então estalou os dedos, e uma linha mágica brilhante apareceu, conectando nossos pulsos. A luz vibrante parecia pulsar com energia, algo que eu não reconhecia, mas so consegui sentir que aquilo era poderoso e unico.
"O que foi isso?" perguntei, intrigada.
"É apenas a lei do contrato," disse Gaius, com um tom indiferente. "Agora você está vinculada a ele até que o favor seja cumprido."
Aceitando a explicação, comecei com minha primeira pergunta. "Quem sou eu?"
Metusalém respondeu com firmeza. "Você é Johana Dar'c. Você é filha de Simão Dar'c, conhecido como O Rei do Martelo Infinito. Você tem dois irmãos: Matias e Tânia Dar'c. Se eu não me engano, você deve ter por volta dos 18 anos. Voce está em primeira na sucessão ao trono, por ser a mais velha. E os rumores dizem que você é considerada a pior da descendência do clã, porque veio de um clã conhecido por criar os mais fortes de cada geração, e você é... mediana. Mesmo assim, você será a segunda a se tornar a matriarca do clã."
Ainda tentando processar tudo, fiz mais uma pergunta. "Por que minha família é tão importante?"
Metusalém respondeu com uma expressão séria. "O clã Dar'c é um dos mais poderosos e respeitados reinos desta terra. Seu pai, Simão Dar'c, o Rei do Martelo Infinito, é uma lenda viva. Ele consolidou o poder do clã e é conhecido por sua força e sabedoria. Seus irmãos também são figuras notáveis, mas você... você sempre foi uma incógnita."
"Uma incógnita?" perguntei, sentindo um leve toque de indignação.
"Sim," disse Gaius, sem rodeios. "Enquanto seus irmãos se destacaram desde cedo, você nunca mostrou o mesmo potencial. Por isso, há muitos que duvidam da sua capacidade de liderar."
Essas palavras me atingiram como um golpe, mas ao mesmo tempo, eu sentia uma espécie de desconexão. Como se essas informações fossem sobre outra pessoa, alguém que não era eu. A sensação de não se importar realmente com o que estavam dizendo tomou conta de mim. Tudo parecia irreal, como se estivesse assistindo a um filme de longe.
O restante da viagem foi tranquilo, com o Velho Ugo e Gaius discutindo sobre negócios enquanto eu tentava organizar meus pensamentos. Finalmente, avistamos as muralhas imponentes da capital ao longe. A cidade parecia movimentada e vibrante, com pessoas indo e vindo, mercados cheios de vida e soldados patrulhando as ruas.
Ao chegarmos aos portões, dois guardas imediatamente nos pararam. "O que traz vocês à capital?" perguntou um deles, com um olhar desconfiado.
"Estou aqui para tratar de negócios com um nobre," disse Metusalém calmamente. "E temos alguém importante para entregar aos cuidados do reino."
Os guardas olharam para mim com curiosidade. "Quem seria?"
"Esta é Johana Dar'c, a sucessora," declarou Gaius, com um ar de importância. "Ela perdeu a memória, mas é crucial que seja recebida com a devida atenção."
Os guardas trocaram olhares, claramente surpresos, e um deles rapidamente se afastou para informar seus superiores. Poucos minutos depois, ele voltou acompanhado por um oficial de alta patente.
"Levem-na para o castelo imediatamente", ordenou o oficial. "O rei precisa ser informado sobre isso."
Antes de partir, virei-me para Metusalém e Gaius. "Obrigada por me trazerem aqui e por responderem às minhas perguntas."
"Não se esqueça do nosso acordo," lembrou Metusalém, com um sorriso sinistro. "Você ainda me deve um favor."
Fiquei meio quieta, Assenti, mais por falta de energia para discutir do que por real convicção. Com o coração batendo rápido, segui os guardas em direção ao castelo. Cada passo que dava, mais sentia a ficha caindo eu estava nervosa, também senti uma desconexão crescente. Realmente tem algo que devo me lembrar.
Ao entrar no castelo, fui levada para uma sala de espera luxuosa, onde me pediram para aguardar. Minhas mãos estavam suadas e minha mente fervilhava de perguntas. Quem eu encontraria? E como seria recebida?