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Eu olhava para meu celular pela enésima vez, me perguntando por que ela não estava ligando.
"Há algum problema?" Lucius perguntou através do nosso vínculo mental.
Eu estava morrendo de vontade de dizer a ele que podia falar, mas precisava encontrar o momento certo e fazer parecer o mais natural possível. Eu não queria assustar ninguém.
"Nada," eu disse e voltei a ler os documentos à minha frente.
Era a proposta que Olivia tinha enviado naquela manhã e Lucius tinha impresso uma cópia para eu analisar e avaliar, mas eu não conseguia me concentrar. Ela preenchia a minha mente.
De vez em quando, eu sentia uma pontada de culpa por pensar em outra mulher que não era minha esposa Selene, mas depois de um tempo, isso diminuía. Parecia que eu estava exagerando e aos poucos; eu me sentia menos culpado sobre toda a situação. Talvez fosse hora de eu seguir em frente e me curar.
"Você está esperando uma ligação?" Lucius insistiu. "Você tem olhado ansiosamente para o seu celular o dia todo,".
"Não é nada," eu disse firmemente. "E eu gostei da proposta," eu disse numa tentativa de mudar de assunto. "Parece viável,".
"É parecida com todas as propostas que temos recebido, Xavier," Lucius suspirou. "Não há diferença,".
"Pode ser parecida com o que já vimos, mas considere como ela tem ajudado muitas matilhas com sua expertise. Vamos lá, Lucius, vamos dar uma chance a ela,".
Lucius se recostou enquanto me encarava. "Você gosta dela, não é?"
"O-Quê?" eu gaguejei.
A pergunta me pegou de surpresa.
"Há algo que sugira que eu goste?" eu retruquei, recompondo-me.
"Na realidade, não," ele se levantou. "Foi um palpite no escuro, mas se você não sente isso por ela, então tudo bem. Ela também pediu que gostaria de visitar a matilha no final desta semana com seus filhos e pediu um guia. Algo sobre querer mostrar os arredores para eles e ao mesmo tempo, ver as coisas de uma perspectiva pessoal,".
"Ótimo," eu disse. "Só me mantenha informado sobre quem você escolher,".
"Sim," ele acena com a cabeça e caminha em direção à porta.
Na porta, ele se vira e volta para a sala. Ele tem uma expressão confusa no rosto.
"Não acha a Olivia familiar?" Ele pergunta. "Sinto que já encontrei ela em algum lugar e de alguma forma, mas não consigo lembrar exatamente. Você sente o mesmo?"
"Não..." Eu balancei a cabeça.
Tudo que eu sentia quando estava perto dela era um entusiasmo familiar. O tipo que eu experimentei quando estava me casando. Para mim, Olivia era uma mulher bonita com duas filhas lindas.
"E seus filhos?" Lucius insistiu. "Eles não parecem familiares para você?" ele perguntou novamente.
"Não..." Eu estreitei meus olhos para ele. "Eles são alguém que eu conheci antes? Eles já estiveram na nossa matilha no passado?"
Depois que Selene morreu, eu perdi tanto que era um milagre eu ainda estar vivo. Eu perdi minha visão noturna; perdi meu olfato e grande parte da minha memória. Eu não conseguia me lembrar do que fazia quando criança até a idade adulta.
Então, eu estava constantemente preocupado que eu pudesse encontrar alguém que eu tivesse conhecido no passado e não fosse capaz de reconhecer a pessoa.
"Ah!," Lucius exalou "Não se preocupe. Não é nada, eu só acho que um dos filhos dela se parece com você. É provavelmente coisa da minha cabeça ou algo assim, mas..." ele deixou a fala morrer.
"Tudo bem..." eu disse devagar, olhando para meu Beta "Eu acho que está na hora de você encontrar um companheiro ou algo assim. É a temporada de acasalamento também e eu acho que você tem estado sozinho por tempo demais,".
"Isso não é brincadeira, Xavier," ele rangiu os dentes de irritação. "No outro dia, quando você estava com os filhos dela...".
"Chega, Lucius," eu ri. "Eu sei que você tem tentado me convencer a casar novamente ou algo assim, mas você não precisa ir a esses extremos para me lembrar que eu preciso de um herdeiro. Eu sei que preciso,".
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"Você não está me ouvindo," ele sibilou.
"Eu te disse que aceitaria a Belinda até a próxima lua cheia. É melhor eu me casar com alguém que esteve aqui todo esse tempo do que me casar fora da matilha. Além disso, ela me esperou por dez anos,".
"Pelo amor de Deus, Xavier," ele gritou, "Como você pode se casar com a mesma mulher com quem você traiu sua esposa... a mesma pessoa que fez você se afastar dela? Faça isso ter sentido,".
"Mas a Selene está morta," eu argumentei. "E já se passaram três anos. Eu não estive com uma mulher, Lucius. Você não acha que isso já é castigo suficiente para mim?".
"Você pode fazer qualquer coisa, mas por favor, não com a Belinda. E se a Selene voltar ou algo do tipo?"
Eu suspirei.
A morte da Selene afetou o Lucius muito mais do que me afetou. Por meses, ele continuou enviando grupos de busca após o outro para procurá-la. Ele insistiu que mesmo que ela não estivesse viva, deveriam encontrar o corpo dela.
"A Selene não vai voltar, Lucius," eu disse calmamente. "Eu sei que você sente falta dela, mas...".
"Se você se casar com a Belinda," ele me interrompeu no meio da frase, um olhar determinado no rosto, "Se você ao menos dormir com ela, Xavier. Eu vou embora. Vou renunciar ao posto de Beta e me mudar para longe daqui. Sua vida foi devolvida a você após várias noites de incerteza e se você decidir cometer os mesmos erros de antes... então não há necessidade de eu servir como seu Beta. A escolha é sua,".
Ele virou e saiu do quarto.
Eu o observei se afastar, surpreso com sua explosão, e me perguntei por quê. Tentei revisar o que eu disse, pensando no que poderia ter desencadeado sua explosão.
Passando a mão pelo cabelo novamente, eu me afundei no sofá do meu escritório, sentindo o calor no meu pescoço.
Às pressas, corri até a janela e verifiquei... era a marca da Selene no meu pescoço e ela estava brilhando novamente. Suspirando, passei o dedo em volta dela. Uma sacerdotisa da lua me disse que sempre que alguém com um destino semelhante nascesse no mundo, eu sentiria.
Ela também disse que, por nossos destinos estarem tão entrelaçados, uma simples rejeição não seria suficiente. Segundo ela, não havia espaço para isso, pois estávamos destinados a ficar um com o outro pelo resto de nossas vidas e, claro, tornar a vida um do outro miserável.
Suspirando, voltei ao quarto e peguei meu telefone, me perguntando se deveria apenas ligar ou continuar esperando para ver se ela ligaria. Assim que larguei o telefone para verificar a proposta novamente, ele tocou.
Peguei sem olhar a identificação do chamador.
"Alô,"
A voz da Olivia veio forte imediatamente. Ela soava sem fôlego e imediatamente me alarmei, e quase podia sentir meu lobo, Colton, se agitando.
"Alfa," ela disse, "Estamos sob ataque. Tem muitos deles aqui e eu não sei... está um caos aqui fora. Você pode enviar um resgate para nós? Por favor...".
Toda parte do meu corpo se enrijeceu enquanto eu sentia a raiva correr por mim. Naquele momento, parecia que eu iria aparecer no hotel onde eles estavam e quebrar o pescoço dos atacantes. Nunca estive tão furioso como estou agora.
"Tem algum lugar ou alguma coisa que vocês podem se esconder?" Eu perguntei, correndo para fora do meu escritório em busca de Lucius ou Theo.
"Não tem lugar para se esconder, Xavier. Esses homens destruíram cada parte do hotel e eles estão atirando. Estou assustada," ela chorou "Meus filhos,".
"Ei, me escute, Olivia," eu me senti envolvido por uma calma. "Nada vai acontecer, tá? Assim que eu desligar esta chamada, vou enviar os melhores dos nossos soldados e eles vão te buscar e as crianças. Enquanto isso, você viajou com alguma erva ou algo do tipo?"
Ela fez uma pausa antes que sua voz retornasse forte. "Tem folhas secas de Artemísia comigo," ela disse.
&"Bom," eu concordei. "Veja se você pode triturá-las até virar pó e espalhar por todo o quarto para disfarçar o seu cheiro. Tá bom?"
"Tá bom," ela concordou.
"Agora, procure algum lugar para se esconder e nós estaremos aí em breve,". Eu disse e desliguei. Quando me virei para correr em direção ao escritório do Lucius, eu o vi parado no corredor, os olhos arregalados ao máximo.
"Lá está você," Eu suspirei aliviado. "Era a Olivia no telefone agora. Ela disse que atacaram eles. Mobilize nossos soldados mais fortes e envie-os ao hotel imediatamente,".
Lucius balançou a cabeça enquanto seus lábios tremiam–"Você..." ele se interrompeu apontando o dedo indicador para mim "Você pode falar...".