Em uma das florestas do continente oriental, havia um corpo estirado perto de um lago e pertencia a uma jovem garota. Sua pele era pálida e sangue escorria de sua barriga. Até então, não parecia ninguém mais que uma pessoa morta, cujo o cadáver já havia esfriado. Mas então, algo inesperado aconteceu.
Uma gota de sangue roxa saiu de forma estranha do corpo da jovem e ao entrar em contato com o chão, uma linda flor roxa transparente desabrochou abaixo do corpo. Ferimentos no corpo da jovem começaram a se curar a uma velocidade impressionante. A pele outrora pálida e gélida, voltou a tomar cor, mas ainda era incrivelmente branca, quase puxando o tom gelado da neve. Suas bochechas se tornaram rosadas e seu cabelo que antes parecia ter sido cortado cresceu novamente em uma velocidade a olho nu. Seu rosto, antes destroçado e irreconhecível, se curou e mostrou um belo rosto que causaria inveja aos deuses. Seu vestido que estava aos trapos foi substituído por um vestido branco que iria até seu joelho.
Após essa transformação chocante, a garota ao chão parecia uma fada imaculavel. Mesmo o sangue restante no chão não tocou suas roupas brancas, embora ilógico já que estava deitada em uma poça de sangue. Uma imagem desse tipo, embora contraditória, era linda. A garota parecia estar em um sono tranquilo, até que fez uma expressão de dor repentinamente. Ela cerrou os olhos antes de sua pálpebras se levantarem, mostrando olhos roxos, uma estranha luz brilhou nos mesmos antes de desaparecer. Olhos tão lindos quanto o universo estrelado, hipnotizantes, mas confusos.
Os olhos dela rolaram, olhando em volta, quando finalmente percebeu o que havia acontecido.
"Eu renasci?" Tais palavras ao sairem de sua boca a causaram estranhamento. Nem ela mesma parecia acreditar nisso, mas a força em que a realidade a bateu a fez acreditar e aceitar sua situação atual.
"De qualquer forma, mesmo que eu tenha morrido de forma tão sem sentido, ninguém iria sentir minha falta." Uma estranha solidão invadiu Seren, mas logo foi embora tão rápido quanto veio.
"Não adianta eu pensar nisso agora. Tenho que descobrir como vim parar aqui."
Após dizer isso, a mesma se levantou do chão e claramente não demorou para perceber a fonte de sangue em que estava deitada. Ela também percebeu que o vestido branco na qual vestia não havia uma única gota de sangue. Só isso já a levou a uma conclusão: Esse mundo não era normal.
Seus olhos olharam em volta, tão rapidamente quanto sua mente pensava. Árvores enormes cobriam e lançavam sua escuridão sobre a terra. Poucos raios solares atravessavam as copas das árvores. Parecia sombria, mas vida era o que mais tinha. Pássaros cantavam suas mais belas melodias e algumas criaturinhas pequenas, parecidas com esquilos, sendo a única coisa que diferenciavam eles era o pequeno chifre em suas cabeças, escalavam as árvores e olhavam com curiosidade para o novo visitante indesejado da floresta - Seren -.
Se antes ela não tinha certeza, agora ela tinha. Esse mundo provavelmente era um mundo de fantasia. Seus olhos roxos brilhavam com certa emoção, parecendo animada para explorar um mundo tão novo e desconhecido para ela. Não demorou muito para ela mesma perceber seu maior problema: onde ela estava, quem era ela, como ela poderia sair daqui?
Pelo o quê tudo indicava, ela possuiu este corpo depois que seu proprietário original morreu. Mas então, quem era ela? Não importa o quanto a mesma pensasse, nada veio a sua mente. Seja lembranças de si mesma, ou desse mundo.
Depois de muito tempo presa em pensamentos, percebendo que de nada adiantaria ficar somente pensando sem resposta, seria muito mais lucrativo ela andar pela floresta e procurar uma saída.
Ela então olhou para a maior árvore que conseguia ver em seu campo de visão. Uma ideia passou pela sua mente, mas parecia esitar. Ela se lembrava muito bem como era péssima em escalar árvores e a única vez em que havia conseguido foi devido a pressão em que sofreu, sendo perseguida no pré por garotos e garotas que atiravam pedras nela. Naquela época, ela ainda possui pai e mãe. Ela se lembra de uma pedra acertar sua cabeça e ela cair direto para o chão, desmaiando e acordando logo em seguida com sua mãe e seu pai ao lado de sua cama na enfermaria. Seus rostos cheios de preocupação.
Ao lembrar disso, os olhos roxos de Seren pareciam ficar mais escuros. Não demorou muito para ela voltar a ficar em seu estado normal e tomar uma decisão.
Ela caminhou em direção a aquela árvore gigante e de forma desengonçada tentou escalar. Sua primeira tentativa acabou em falha, e então a segundo, a terceira...
Ela já havia perdido as contas de quantas vezes havia caído, mas então, em uma dessa tentativas, ela finalmente conseguiu subir até o topo. Ela agarrou tanto aquela árvore que as pontas de seus dedos ficaram quase em carne viva. Embora ardesse, Seren não pareceu se importar muito.
Ela então, ao estar no final da árvore, olhou ao seu redor de cima e conseguiu ver o que a rodeava. Ela seriamente se sentiu desapontada. A única coisa que viu foi inúmeras árvores, talvez milhares delas.
"Então, talvez eu esteja no meio da floresta. Isso é ruim."
Ela deu um longo suspiro. Quando ela tentou descer da árvore seu pé pisou em falso e ela despencou. A árvore em que havia subido facilmente daria 8 metros de altura. Se ela caísse de lá, não restaria nada de si mesma.
"Não, eu não vou morrer aqui de novo! De novo não! Não quero!"
Em negação, esses foram seus pensamentos. Ela fechou seus olhos e esperou pela dor que sentiria. Mas então, ao invés de sentir dor, ela sentiu que parecia ter caído sobre algo macio e fofo. Ela franziu seu cenho e abriu lentamente seus olhos. A visão que a saudou foi ainda da enorme árvore, é então seus olhos se viraram para a coisa em que havia caído em cima. Não era nada mais nada menos que uma fumaça branca, parecida com a textura de uma nuvem. Ela olhou incrédula.
Pa!
Quando menos esperava, a nuvem fofa sumiu e ela caiu diretamente no chão. Uma pequena quantidade de dor a atingiu, embora não muito. Ela se levantou confusa, olhando em volta.
"O que foi aquilo? Quem fez isso? Mas não parece haver ninguém aqui..." ela disse, extremamente perdida. Foi então que uma ideia veio a si.
"Foi... eu? Mas como eu fiz isso?"
Perguntou-se, incrédula. Ela se levantou e olhou para as próprias mãos. Então, se lembrou que enquanto caia, além de sua negação, havia outro tipo de pensamento.
Ela havia se lembrado do céu, como ele era bonito, mesmo enquanto caia. Pensou que talvez ela fosse para lá caso morresse novamente?
Foi aí que ela entendeu.
"Meus pensamentos? Meus pensamentos fizeram isso? Então vamos tentar novamente!"
Ela logo voltou a pensar em uma nuvem, mas dessa vez um nuvem grande do tamanho de uma cama, macia e fofa. Passou algum tempo e nada aconteceu, Seren suspirou.
"Por quê eu pensaria que era isso? Que idiota. Como pode haver tal poder no mundo" Ela nem ao menos conseguiu terminar, quando uma nuvem surgiu do nada á sua frente, como havia imaginado.
Surpresa encheu seus olhos, junto com animação. Ela voltou a olhar para as suas mãos, incrédula.
"Esse... é o meu poder? Criar tudo o que eu quiser apenas através da minha mente? Como é possível os deuses deixarem um poder como esse existir em baixo de seus céus??"
Essa era a questão, não foi permitida. Mas isso ela só descobriria muito a frente...
Após sua descoberta ela subiu em cima da nuvem que havia criado e percebeu que embora fofa e macia, sua consistência era ótima!
"E se eu pudesse me movimentar com ela?"
Assim que ela terminou de pensar nisso, a nuvem se levantou do chão. Seren perdeu o equilíbrio e caiu em cima dela. A nuvem continuou subindo e só parou quando estava acima das copas de árvore. Seren olhou maravilhada para tal visão e poder. Ela imaginou a nuvem voando reto e a nuvem realmente seguiu seu comando.
"Não acredito, isso é demais!"
Verdade seja dita, Seren sempre foi muito tranquila com diversas coisas, quase uma pessoa fria. Mas nesse único dia ela recebeu surpresas atrás de surpresa. Até mesmo ela não poderia deixar de ficar animada.
Enquanto estava animada, ela ouviu um grito estrondoso a frente. Parecia o grito de uma ave, mas continha um enorme poder nisso. Ela cerrou seus olhos, antes de decidir investigar o que havia causado tudo isso. De qualquer forma, agora ela sabia do que era capaz de fazer. Ela também parecia ter se adaptado muito bem as suas circunstâncias atuais.
E então, esse foi apenas o início de uma jornada incrível, mas hilaria.