Chapter 11 - O Monstro

Finalmente o acampamento das irmãs tinha acabado, e agora elas estavam voltando para casa. A diferença é que levavam um alienígena perigoso no banco de trás.

— Vocês se locomovem nisso? O que é, uma carroça de lixo? Temos algumas parecidas tamb-

— Feche a merda da sua boca! Não fale do meu carrinho assim! – Dizia Lilly, irritada.

— Certo certo... Humanos são tão temperamentais.

Mia, no banco do passageiro, levemente abria os olhos surpresa. Sim, ela nesse pouco tempo, já havia esquecido que Rei era Terrafryano.

— Rei, cê tem família também? Vocês botam ovos ou algo assim? – Pergunta a garota curiosa.

— Ovos? É sério?

— É que a gente nunca viu sua verdadeira forma. Talvez se pareça com um botador-de-ovos.

— Essa é a minha verdadeira forma!

Lilly e Mia se entreolharam, confusas. Quando conseguiram sinal para seus celulares novamente, elas viram dezenas de notícias sobre um alien branco de gelo. Não sobre um homem bonitão de cabelo preto.

— E o bicho chifrudo que fez a transmissão?

— Ah, falam daquilo. Não é minha verdadeira forma, e sim minha Metaforma.

— Tipo uma Transformação?

— O que diabos é uma Transformação?

Depois de longos minutos dirigindo e explicando, Lilly finalmente consegue fazê-lo entender. Haviam algumas diferenças culturais na forma de chamar, mas Transformação e Metaforma pareciam a mesma coisa.

— Entendo... aquela armadura estranha era a Transformação dela então?

— Dela quem?

— Ah, da mulher de... merda.

Ele estava prestes a explicar sobre Cristine... Até notar algo na estrada. As garotas rapidamente olhavam pra frente, e também viam.

Uma espécie de Blitz, bloqueando a estrada, onde havia cerca de 20 a 30 Exterminadores armados. Os dois de mais cedo também estavam ali, prontos para atrapalhar novamente a vida dos três.

— Eu estou ferido, mas ainda consigo lidar com e-

— Tá doido? Ninguém vai matar ninguém aqui. Certo?

— A-... Por quê?

— Porque a gente não gosta de matar os outros – Diz Mia - Isso é feio.

— É sério?

Lilly começa a desacelerar, encostando o carro na lateral da pista. Vendo a atitude suspeita de parar alguns metros antes, alguns homens se aproximam do veículo, segurando as pistolas em suas cinturas.

— Qual o plano?

— Só confia na gente.

— E concorde com que eu disser, tá?

Se aproximando da janela, os dois soldados de antes, acompanhados por alguém que parecia um superior, batiam na janela, pedindo que Lilly abrisse. E ela o faz.

— Boa noite. Documentos, por favor.

— Ho? Desde quando a AE tem autoridade legal para pedir documentação dos cidadãos?

Uma ruga de irritação surge na testa do homem. Até que ele percebe...

— Espera você não é a gar-

— Conhece essa mulher, soldado? – O superior pergunta

— N-Não, senhor.

O homem fica um pouco nervoso, e acaba negando. Ele não necessariamente teve boas ações, então achou melhor fingir que nada havia acontecido. Seu colega, mesmo não participando, decidiu cobrí-lo também.

— Tem razão, não temos autoridade para isso. Mas espero que entenda que podemos levá-los sob custódia, caso representem ameaça à nossa cidade.

— Sim, claro. E então, perguntas, revista, o que vai ser?

— Não temos autoridade legal para revistas também. Mas se importa de responder algumas coisas?

— Claro que não. Eu e meus irmãos não temos nada a esconder, não é, Mia e Red?

Ela olhava para trás por um momento, buscando a confirmação deles. Rei incrivelmente mantém a compostura, mais do que esperado.

— Entendo, uma família. – O soldado de mais idade parecia até simpático, ao contrário dos outros dois – Então, estavam acampando?

— Sim! Fazemos isso todo ano!

— Eh... fazemos todo... ano?

O velho começa a olhar de forma suspeita para o Terrafryano no banco de trás. E acaba notando que ele não tirava a mão do abdômen.

— Senhor, está escondendo algo?

— Hãn? Escondendo? Meu irmão só se-

— Deixe que ele responda, por favor – O soldado a interrompe – Poderia me dizer o que tem aí?

— N-Não tenho nada, senhor... Só me machuquei...

— Hm...

De repente, os dois soldados atrás percebem que Rei não estava junto às garotas no acampamento. Estaria ele em uma das tendas? Se sim, ele não acordou com o barulho?

Eles cochicham um pouco no ouvido do superior, que muda sua expressão para algo mais sério.

— Saiam do carro.

— C-Como?!

— Eu disse, saiam do ca-

Gritos podiam ser ouvidos.

— O-O quê?!

— M-Monstro!?

Dessa vez, não era o Terrafryano. E sim um verdadeiro monstro.

— GRRROOOOAAARRRR!!

— ATIREM!!

Os três homens que estavam questionando no carro correm de volta junto aos outros, erguendo suas armas para tentar matar aquela criatura bizarra.

Um urso de quase 2 metros estava os rasgando como panos velhos... E não era um urso normal.

— AAAAH! ESTÁ QUEIMANDO!

— MANDE UM TRANSFORMADO! – Um deles gritava no rádio – É UM MUTANTE! UM URSO MU-

O homem era calado quando sua cabeça era esmagada pela pata do animal.

Só se parecia com um urso em sua estrutura, já que o monstro era feito de uma estranha mistura entre fogo, rochas e fumaça vermelha.

— MAS QUE MERDA É ESSA?! – Até mesmo Rei ficava surpreso com aquela criatura bizarra.

— IRMÃ, ACELERA!

— NÃO DÁ! O CARRO MORREU!

— MALDITA LATARIA HUMANA!

Pouco a pouco, a criatura desmontava cada homem, como soldadinhos de brinquedo. Alguns estavam tão derretidos por seu fogo, que até pareciam um.

Lilly tenta desesperadamente ligar o carro, enquanto Mia olha pro monstro, paralisada. Rei não sabe o que fazer, e está ferido demais para sequer pensar em enfrentá-lo.

— LIGOU!!

— VAMOS!! ACELERA!!

— Espera... onde é que ele est-

Um intenso som de batida metálica era ouvido.

Tudo começava a girar freneticamente.

Ao fundo, sons de rugido e passos se misturavam à mais sons de batidas metálicas.

O carro havia sido arremessado da estrada, caindo por um longo morro, sendo completamente amassado e quebrado no processo, até finalmente parar lá embaixo.

O monstro descia, caminhando tranquilamente pelos rastros que o veículo deixou na terra. Não era um monstro descontrolado... e sim um assassino.

— Merda... Ei! Acordem!

Preso entre as ferragens, Rei congela o metal, e com muito esforço consegue quebrá-lo. Mas agora, pra ajudar, ele estava mais ferido que antes.

Lilly estava desacordada, enquanto Mia parecia em estado de choque. Sem se importar muito com as garotas, ele sai do veículo, se arrastando um pouco até conseguir se levantar.

— Você... conseguiu tornar minha vida ainda mais difícil...

O urso de fogo o encarava, quase sorrindo.

Uma lança surgia na mão de Rei, que tentava mudar para sua Metaforma... Porém, apenas tinha energia suficiente para cobrir suas partes vitais.

— Eu vou te mostrar... que já enfrentei coisas piores!

×××

A batalha contra o urso mutante começava, do lado de fora. Ouvindo os barulhos da lança de Rei batendo, Mia parece ter saído de seu transe.

Ela se desespera ao ver sua irmã sangrando, mas se alivia um pouco, quando percebe que ela ainda respirava. Com um pouco de esforço, ela finalmente conseguiu acordá-la, e ver que Lilly estava bem.

— Mia?... O que...

— Irmã! Rei está lutando contra o mutante!

— O-O quê?!

Dentro do veículo totalmente amassado e de ponta cabeça, elas não tinham campo de visão suficiente para ver o que estava acontecendo. Mas os rugidos mostravam por si só.

— Mia, consegue correr?

— O quê?! Não! Não podemos deixá-lo!

— MIA! Ele é um invasor! Veio pra nos conquistar!

— Mas... mas eu...

— Ele é um assassino!

— Ele está nos protegendo!

— Não está! Ele está se protegendo!

A irmã mais velha não necessariamente pensava tudo isso, mas ela se importava muito mais com Mia do que com Rei. Se palavras duras conseguissem convencer sua irmã a fugir, ela as diria.

— Vamos! Precisamos ir! – Lilly começa a se arrastar para sair do carro, puxando Mia no processo.

A garota parecia frustrada, traumatizada, sem saber o que fazer. Centenas de coisas passavam pela mente dela, e ao mesmo tempo, ela não pensava em nada.

Aquilo tudo... lhe era familiar.

— Não! – Ela puxava sua mão, se soltando de Lilly – Ninguém mais vai morrer!

— Mia! Do que está falando?!

O acidente... Mia estava lá quando seus pais morreram. O trauma a fez esquecer certas coisas, mas passar por isso a lembrou de tudo. Ela não queria reviver outro acidente daquele.

— Eu não quero que mais ninguém morra na minha frente...

— Mia! Não podemos nos arriscar por ele!

— Eu... eu ri com ele. Assim como eu rio com você... e como eu ria com o papai e a mamãe...

— Mia...

— Não quero que mais ninguém que ri comigo morra!

A garota olhava para direção de Rei, e percebia que ele estava em apuros. Desesperada, ela corre até ele.

— GAROTA! CUIDADO! – Rei tentava avisá-la, desesperado.

Mia sentia um vazio em seu corpo.

Um literal vazio.

— NÃO!! MIAAAAAAAAA!

Mia caia no chão, com seu braço e quase um terço de seu abdômen... arrancados pela garra do monstro.