No início, Klaus Park não acreditava que o Rise Online tivesse a liberdade irrestrita que prometia. Afinal, ele havia ouvido o mesmo discurso em propagandas de inúmeros MMORPGs quando criança.
Alguns jogos prometiam um sistema de classes livre, onde o jogador poderia jogar com qualquer arma ou armadura, aprender a fazer qualquer coisa, e também mencionavam um mundo aberto verdadeiramente vivo, o que não era muito comum em qualquer jogo desse gênero. No fim, essas propagandas sempre utilizavam uma linguagem hiperbólica e não entregavam metade do que prometiam.
De fato, qualquer jogo MMORPG sempre parecia ter um roteiro pré-definido do início ao fim, não importa o quão grande fosse o jogo.
Contudo, Klaus não se sentiu assim quando entrou pela primeira vez no Rise Online, porque não havia pontos no mapa direcionando-o para onde ir ou uma lista de coisas que ele deveria fazer, passo a passo.
Essa falta de um caminho direto para os eventos criou uma sensação instantânea de liberdade que ele só havia sentido quando criou seu primeiro mundo em um certo jogo onde tudo era feito de cubos. A sensação de jogar esse jogo de cubos era solitária no início, assustadora às vezes, mas, acima de tudo, sempre proporcionava uma incrível sensação de livre arbítrio.
Graças a tudo isso, a primeira impressão de Klaus Park sobre o Rise Online mudou para melhor depois que ele conseguiu criar o item que queria com materiais completamente improvisados, mas que tinham uma lógica por trás.
É verdade que a Flecha Flamejante Podre era pior que as flechas que Klaus recebia de brinde por comprar o arco, mas, por ter conseguido fazer isso, essa flecha podre era a maior prova para Klaus de que as pessoas que desenvolveram o Rise Online realmente amavam este jogo e que estavam centenas de passos à frente dos jogadores.
"Vamos. Temos que aproveitar essa chance." Klaus disse e começou a correr em direção à porta gigante depois de ver as cinco Escorpião-Aranha, que guardavam a entrada, sendo perseguidas pela Pedra de Fogo entre as madeiras.
"Sim!" Therkara respondeu e o seguiu.
Os dois correram em alta velocidade pelo campo aberto, repleto de teias de aranha entre as madeiras e a grande porta de madeira. Por sorte, as teias das Aranhas Escorpião geralmente são mais fracas do que as das Aranhas Gigantes, então eles conseguiram destruir as teias com as mãos nuas sem dificuldade.
Assim que se aproximaram da porta, Klaus Park parou para olhar para trás, deixando Therkara passar à frente dele. Vendo que nada os havia perseguido, ele também passou pelo monumental portal, entrando finalmente na Vila dos Ferreiros.
"Parece que as aranhas ainda não voltaram. Vamos continuar antes que elas voltem. Já tenho uma ideia de como podemos sair daqui na volta." Klaus disse.
A mulher ferreira ficou estática em frente à sua casa e, ignorando a declaração de Klaus, murmurou:
"Finalmente... Finalmente estou de volta em casa."
A cena à frente era um longo corredor alinhado com pedra no chão e na parede. Essa pedra no chão era semelhante ao piso facilmente encontrado nas praças de Holinda City. O espaço desse corredor era quase claustrofóbico, considerando que se supunha ser uma vila, não uma mina.
Nesse corredor, havia algumas portas, abertas e entreabertas, mas tudo era tão silencioso que não parecia haver ninguém ali. Entre uma porta de madeira de um lado do corredor e, do outro, havia apenas três metros de distância, então a população normal teria que se espremer por um lugar como esse.
Uma aura fria pairava sobre o local parcialmente escuro, iluminado apenas pelos cristais azuis luminescentes nas paredes.
Klaus podia sentir que algo estava errado pois, apesar da aparência decadente do lugar, o cheiro de podridão estava impregnando o ambiente, tornando difícil respirar normalmente.
"Que cheiro..." Klaus estava prestes a reclamar para Therkara, mas ao mesmo tempo, ele olhou para o teto e teve que segurar a respiração.
Acima deles, onde as lâmpadas que normalmente iluminavam a vila estavam, havia um mar de objetos ovais pendurados por grossas tiras de teia. Não havia dúvidas sobre isso; o cheiro podre que estava atormentando a respiração de Klaus vinha dessas coisas.
'São ovos de monstros?' ele se perguntou, embora a resposta fosse muito clara.
Esses ovos eram estranhos, como se houvesse dezenas de pérolas juntas formando um único ovo, mas Klaus havia visto algo assim no passado quando Rhyzer e seu pai limparam o sótão da casa. Naquela vez, seu pai teve que queimar um ninho de aranhas, e naquele ninho, cada um dos ovos consistia em até vinte filamentos de aranha ou vinte bolinhas.
'Merda, há centenas, não... talvez milhares de aranhas prestes a nascer aqui.' Klaus concluiu.
[Você entrou no Covil da Aranha do Bosque Nebuloso].
[Atenção: O nível mínimo recomendado para explorar este covil é Nível 10.]
As duas mensagens que apareceram na frente de Klaus Park deixaram claro para ele por que Therkara Pedraferro tinha o nível que tinha e ainda precisava de ajuda.
Klaus, determinado a terminar a missão e sair daquela vila antes que os ovos eclodissem, começou a andar para frente, furtivamente.
Depois de ultrapassar a forte senhora, porém, ele não virou o rosto para olhá-la, mas sussurrou:
"Você disse que queria verificar se há pessoas aqui, certo? Então me mostre o caminho."
Therkara Pedraferro olhou para as costas de Klaus, sorriu tristemente e colocou o capuz, escondendo seus cabelos castanhos. Então ela também caminhou calmamente, para não fazer barulho, ao lado dele e apontou para o fim do corredor.
Naquele ponto onde o estreito salão de entrada terminava, havia duas direções a seguir: uma escada para cima e uma escada para baixo.
Nesse caso, Therkara apontou para a escada da direita, indicando que o caminho certo a seguir era para baixo.
Juntos, eles andaram levemente por aquele longo corredor, suportando os ruídos pegajosos e viscosos que os ovos faziam a apenas um metro de tocar suas cabeças.
Os ovos se moviam e se retorciam como se cada criatura dentro deles estivesse lutando para nascer. Cada uma das pequenas pérolas nos conglomerados ovais era do tamanho de um punho, então não importaria se os monstros que saíssem não fossem adultos como os que eles viram na entrada, porque milhares de pequenas aranhas poderiam facilmente devorá-los vivos.
Mesmo quando chegaram ao final do corredor, ainda havia ovos sobre suas cabeças.
Therkara decidiu liderar e dirigiu-se para a escada à frente de Klaus, mas assim que ela pisou no primeiro degrau e olhou para baixo, ela teve uma surpresa que a fez recuar.
Klaus Park, que estava logo atrás dela, levantou as sobrancelhas com a parada repentina da ferreira e também olhou para baixo, curioso.
No meio da longa escadaria havia um hexágono tecido fio a fio com teias de aranha. O desenho que isso fazia era de fato esplêndido e impressionante, mas ver a Escorpião-Aranha dormindo confortavelmente sobre essa coisa não era nada agradável.
...
Editado por: DrHitsuji
Se você quiser ver ilustrações originais dos personagens de Rise Online, considere me ajudar no pa treon: Pa treon.com/NandoFalske
Mais imagens de personagens em:
https://discord.gg/bpqq9u4gS8
Gostou? Adicionar à biblioteca!
Não se esqueça de votar com Pedra da Força para apoiar o livro se você gostou...