"Sargento! Eles avistaram Blake Harris no cinema. Mas..." Tina fez uma pausa. Quando ouviu a notícia, ela não acreditou até que um vídeo foi enviado como evidência. Como o caso estava sob os cuidados do seu departamento, ela, claro, receberia todas as notícias sobre Blake. Mas vê-lo tão facilmente dominar o policial e até algemá-lo a surpreendeu. Porém, o que mais a preocupava era o fato de ele ter roubado a arma do policial!
"Desembucha, Tina. Estou ocupado." Steve estava um tanto irritado porque continuava recebendo pilhas de papelada.
"Sargento, Blake Harris espancou um policial, algemou-o e roubou sua arma." Tina finalmente disse, mordendo o lábio. De certa forma, ela sentia que ele deveria ter feito aquelas coisas, já que isso tudo era por causa de alguém que tinha poder demais. Tina era uma jovem com cabelos castanhos curtos até os ombros e olhos cor de avelã. Suas bochechas também tinham algumas sardas.
Na delegacia, ela era conhecida como a fada do departamento, por causa de seu sorriso fofo que revelava suas covinhas e sua natureza amigável. Mas todos concordavam que ela era bondosa demais. Por isso, quando viu como Blake, um jovem que na verdade não tinha feito nada de errado, estava sendo caçado pela própria organização que deveria defender a lei, ela via suas ações como a escolha certa.
"Tudo bem. Vou pensar em algo depois que terminar....." Steve largou a papelada que estava em sua mão. Ele estava ouvindo Tina apenas pela metade e demorou um segundo para registrar. Ele virou a cabeça e olhou para ela com uma expressão chocada. "Repita o que você disse!"
"Sargento, eu disse que Blake Harris espancou um policial, algemou-o e roubou sua arma." Tina repetiu.
"Contate o policial que está de campana na frente do apartamento dele e certifique-se de que ele não faça nenhuma besteira. Se ele tentar intervir antes da chegada do reforço, poderemos ter um policial morto nas mãos." Steve nunca pensou que Blake faria uma coisa dessas. Segundo os relatórios, ele era um bom estudante que sofria bullying, mas por causa da família Morgan, ninguém podia ajudá-lo. Nem mesmo secretamente.
Fora do seu próprio prédio de apartamentos, Blake estava parado não muito longe, olhando para a rua de trás de uma caixa elétrica. "Lilia, vê aquele carro ali na frente do prédio?"
"Hmm? Aquele com o homem dentro tirando meleca do nariz?" Lilia perguntou. A visão dela era muito melhor do que a de qualquer animal atualmente na Terra, então ela podia facilmente ver coisas à distância como se estivesse bem ali.
"Haha, sim. Ele provavelmente é um policial que está vigiando a casa. Se entrarmos agora, ou ele vai a: tentar nos deter antes mesmo de chegarmos perto da porta ou b: chamar reforço e só vai se aproximar de nós se tentarmos sair. Se ele tentar nos deter antes de entrarmos, teremos que dar um jeito nele." Blake não planejava matar ninguém. Ele não odiava essas pessoas. Eles estavam apenas fazendo o seu trabalho. Mas isso não significava que ele não estivesse disposto a bater neles.
"Ah? Falando em policiais. Aquele que você espancou antes, você tirou algo dele. O que foi?" Lilia perguntou. Seus olhos brilhando de interesse.
Blake sorriu e retirou a arma para mostrá-la, mas não entregou a ela por precaução. "Isso é chamado de arma de fogo. É uma arma que pode facilmente matar as pessoas. Ela usa uma coisa chamada pólvora dentro de um pequeno objeto metálico chamado bala, e quando você aperta o gatilho aqui, isso faz a pólvora combustar e projeta a ponta da bala em direção ao seu alvo. Não sei todos os detalhes internos, mas o propósito principal é matar."
"Oh… Isso é interessante mesmo, mas parece inútil contra dragões." Lilia perdeu todo o interesse. Ela pensou que a arma seria algum tipo de arma incrível, mas acabou sendo apenas algo que disparava metal em um alvo. Enquanto isso poderia matar uma raça fisicamente fraca como os humanos, não faria nada contra um dragão.
"Elas são. Bem, mais como serão as coisas mais inúteis já criadas. Não importa que arma usássemos durante o início do apocalipse, todas foram inúteis. De qualquer forma, estejamos prontos para uma briga. Não planejo matá-lo, mas se as coisas saírem do controle e eu não puder lidar com ele, Lilia, você pode acertar a cabeça dele e nocautear?" Blake perguntou. Ele não sentia vergonha alguma em pedir ajuda a uma garota. Afinal, ela não era apenas uma garota qualquer, mas sim um dragão.
"Hmm... Se precisar que eu faça alguma coisa, é só pedir. Vou te ajudar no que você quiser." Lilia estava feliz que Blake estava disposto a confiar nela. Ela sabia que Blake queria fazer as coisas por conta própria para se tornar mais forte, o que ela não se importava, mas saber que ele estava disposto a confiar nela a deixava muito feliz.
"Então vamos." Blake sorriu e pegou a mão de Lilia.
Os dois caminharam naturalmente como se não tivessem nenhuma preocupação no mundo. Se alguém os olhasse, não saberia que o jovem segurando a mão da bela garota era naquele momento um fugitivo procurado.
No carro, o policial que havia estado cavando em busca de ouro retirou seu prêmio do dedo e observou o casal passar. Ele pegou a imagem em sua mão e a olhou, depois olhou para a pessoa virando para entrar no prédio. Ele saiu apressadamente do carro e correu para o outro lado da rua com a arma em punho. "Blake Harris, pare aí, ou eu atiro!"
Isso foi algo que Blake não esperava. Ele nunca esperou que o policial estúpido sacasse sua arma imediatamente. Blake parou, virou-se e olhou para o policial. Ele podia sentir sua mão começar a doer. Lilia definitivamente estava ficando irritada.
O que os dois lados não sabiam era que dentro do carro, o telefone do policial que estava atualmente apontando a arma para Blake tocava sem parar. "Sargento, ele não está atendendo!"
As palavras de Tina fizeram Steve apertar os punhos, esmagando o papel em suas mãos. "Mande algumas viaturas e verifique a situação. Jeff não é de abandonar o seu posto."
"Sim, senhor!" Tina rapidamente se virou e correu para fazer o que lhe foi ordenado.
Por outro lado, Jeff não estava tendo um bom dia. O alvo estava bem na frente dele com as mãos no bolso, caminhando em sua direção com um sorriso no rosto. Como ele poderia saber que só porque uma arma estava apontada para ele, Blake não ficaria assustado? Blake caminhou lentamente, com Lilia seguindo atrás dele, seus olhos fixos e ameaçadores sobre Jeff.
"Senhor. Sei que você está apenas fazendo o seu trabalho, mas preciso pedir que se vire e pense como se nunca tivesse me visto." Blake falou calmamente enquanto parava a poucos metros de Jeff.
"Blake Harris, você está ameaçando um policial?" Jeff perguntou. Ele não sabia por quê, mas esse jovem lhe dava uma má impressão, e a garota atrás dele, cujos olhos laranja o encaravam como se quisessem arrancar sua cabeça, piorava ainda mais a situação.
"Não, não estou ameaçando, só estou dando um conselho útil como um bom cidadão," Blake respondeu com um sorriso. Ele verdadeiramente não temia nenhuma arma. Lilia gentilmente tinha lhe dado uma pequena barreira para o caso de. Era sutil, e ela tentou fazer isso de uma maneira que ele não percebesse, mas ele estava acostumado a sentir mana fluindo por sua pele, já que costumava usar tais barreiras em sua vida passada também. Então, mesmo que o policial à sua frente atirasse, ele não morreria.
"Um bom cidadão!? Seria um bom cidadão ter um mandado de prisão?" Jeff não tinha ideia do que esse garoto tinha feito, mas um mandado era um mandado, e uma ordem era uma ordem. Ele seguiria com suas ordens.
"Hmm? Mandado? Ahh, você quer dizer aquele pedaço de papel inútil que foi emitido só por causa da família Morgan." Blake já sabia de tudo, então não tinha motivo para fingir que não sabia. "Mas se olhar meu histórico, nunca cometi um crime. Eu até declarei meus impostos todos os anos. Então, como eu não poderia ser considerado um bom cidadão?"
Conforme Blake dizia isso, ele tinha dado mais alguns passos à frente, esticou a mão e a colocou no cano da arma. "Além disso, apontar uma arma para um cidadão desarmado é ilegal, você sabe."
"Hey, solta!" Jeff gritou e rapidamente recuou. Mas esse foi o seu primeiro e último erro, pois de repente ele sentiu algo acertar seu queixo e sua visão se escureceu.