Ele não encontrou ninguém ao seu redor e se surpreendeu ao perceber que a voz soava em sua mente.
"Essa telepatia até funciona aqui?" Ele perguntou de volta.
"O que você acha que é a benção dos céus? Claro que funciona." Ela respondeu.
Ele ficou aturdido e perguntou com um sorriso "Já está sentindo falta do seu marido sexy?"
"Você está com saudades de bater a cabeça pelo amor da sua esposa?" Ela o provocou.
"Não me lembre disso. Meus ombros ainda estão doendo." Ele reclamou.
"Alguém duvidou da sua história de não poder voltar por quase um mês?" Lia perguntou com uma voz preocupada e mudou o assunto. Ela estava pensando nisso desde que ele saiu pelo portal.
"Eu não acho que eles duvidem. Minha história não tem brechas, mas minha segunda mãe não vai me deixar voltar tão cedo, já que aquele monstro pode voltar para me capturar ou me machucar.
Vou ter que encontrar outra cápsula de portal que não avise os outros que eu fui para a terra dos asura. Tem uma no meu quarto agora, mas seria um problema se minha família adotiva descobrir que eu desapareci do meu quarto." Rio explicou.
"Como você vai voltar então?" Ela perguntou com voz entristecida.
"Minhas aulas começam em dois dias, então vou tentar encontrar um jeito de achar uma cápsula de portal. Comprar uma nova cápsula de portal privada e instalar em um quarto alugado seria melhor, mas eu não tenho tanto dinheiro." Rio disse com um sorriso agridoce via telepatia.
Ele não ouviu a resposta dela depois que disse que não era possível voltar.
"Não se preocupe. Na pior das hipóteses, eu volto pela cápsula de portal da escola e retorno em alguns dias para dizer a eles que encontrei um novo abrigo ou talvez o monstro morreu." Ele falou com uma voz determinada, esperando que Lia falasse novamente.
"Quem é essa segunda mãe?" A voz questionadora dela perguntou o que ele queria ouvir.
"Ah… Ela é alguém relacionada aos meus pais verdadeiros." Rio começou a contar todos os incidentes do começo ao fim, incluindo a questão da família Mailon e seu noivado com Nyla, que foram cancelados por causa da mãe dela.
Eles conversaram por horas até Lia mandá-lo dormir para que ele não se sentisse cansado no dia seguinte.
***
A manhã chegou com um evento nostálgico enquanto um copo de água era despejado em seu rosto e ele abriu os olhos apressadamente para reclamar com Lia.
Mas a realização o afogou ao lembrar que não estava mais na terra dos asura.
Uma menina aparentando ter 14-15 anos estava em pé perto de sua cama com um copo vazio.
Seus cabelos azuis de comprimento médio estavam amarrados atrás com uma fita rosa. Ela se parecia muito com sua segunda mãe. Seu rosto era como o de uma boneca e seus olhos pareciam travessos, como se ela fosse causar problemas.
Ela tinha 165 cm de altura, o que a tornava mais baixa que a mãe e o irmão adotivos.
"Acorde. Mamãe quer que você desça para o café da manhã." Ela disse com uma voz irritada.
"Você não pode me acordar como uma boa irmãzinha?" Ele reclamou.
"Eu até faria, mas você não é meu irmão. E eu nem gosto um pouco de você. Meu ódio por você aumentou porque a mamãe não comeu por sua causa. Eu queria que você tivesse sido capturado pelos asuras ou morto por aquele monstro." Ela disse com amargura na voz e olhos cheios de ódio.
Rio fechou a mão em punho ao ouvir as palavras dela, mas ele não disse nada. Ele teria respondido e repreendido ela se sua segunda mãe não tivesse demonstrado carinho de mãe na noite anterior.
'Ela é apenas uma criança.'
Agora ele estava sobrecarregado pelo amor dela e perdoou a menina.
Ela saiu do quarto e Rio foi ao banheiro para se lavar.
Depois de cinco minutos, ele desceu e encontrou sua segunda mãe e a filha esperando por ele.
"Rio, venha se sentar aqui." Ela o chamou e deu tapinhas na cadeira ao seu lado.
A garota ao lado dela lançou-lhe um olhar de ódio enquanto ele caminhava até elas e sentava ao lado esquerdo da senhora de cabelos azuis. A segunda mãe estava sentada no meio dos dois filhos.
Nancy começou a servir a comida e eles começaram a comer.
"Quando a Irmã mais velha vai voltar?" Sua irmã perguntou.
Rio sabia que não era uma pergunta dirigida a ele, então continuou comendo.
"Lily está ocupada com seu avô no abrigo. Eles podem não voltar tão cedo. Não se preocupe, Rose. No próximo ano, você fará dezesseis anos e poderá ir para a terra dos asura." Ela disse à filha.
Eles terminaram de comer enquanto Nancy limpava a mesa. Rose também saiu de casa assim que terminou sua refeição.
A bolsa verde da segunda mãe estava em seu colo. Ela tirou duas coisas da pequena bolsa e as colocou na mesa.
Uma era um cartão dourado retangular com a etiqueta "Jardim Grande Orvalho" do tamanho da identidade escolar dele. Outro era um celular do tamanho da palma da mão.
"Este é o cartão de acesso ao seu apartamento no Jardim Grande Orvalho no campus da escola. Seria cansativo para você voltar para casa todos os dias. Isso vai economizar seu tempo e energia." Ela deslizou o cartão VIP em direção a ele depois de dizer essas palavras.
Rio hesitou, mas depois pegou o cartão e inspecionou. Era revestido com uma capa dourada.
"Fique com este telefone, já que você não tem um. Salvei meu número, o número da Rose e o da Nancy. Se precisar de alguma coisa ou enfrentar algum problema, apenas informe qualquer uma de nós." Ela pegou o telefone e entregou a ele.
"Obrigado." Ele disse com um sorriso cheio de gratidão.
"Não demonstre formalidades entre nós. Você não é um estranho." Ela disse e acariciou seu cabelo.
"Minhas aulas vão começar em breve. Posso voltar hoje?" Ele perguntou a ela, pensando que seria melhor voltar e encontrar outra cápsula de portal.
"Você pode voltar hoje se quiser, mas eu ficaria feliz se você ficasse conosco até o início das aulas." Ela mostrou sua relutância e falou com um toque de tristeza na voz.