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***Voltando ao nosso protagonista***
Astaroth ficou parado, com expressão vazia, enquanto o restante do grupo de escolta estava arreando as estátuas de madeira.
Ele havia acabado de ver suas primeiras criaturas míticas! Provavelmente era o primeiro a vê-las!
Ele olhou para a floresta onde os dois enormes cervos haviam desaparecido e depois para Aberon.
"O que eram aquelas coisas?" Astaroth perguntou a Aberon.
"Exatamente o que você escaneou que elas eram." Aberon respondeu, secamente.
"Como você sabe que eu as escaneei?" Astaroth perguntou, confuso.
"Eu vi como Arborea olhou para você. Lembro de ter te dito que criaturas inclinadas à magia podem perceber quando você as escaneia. E, também lembro de ter dito que é falta de educação." Aberon respondeu, olhando para ele como se fosse um garoto burro.
Astaroth se lembrou daquele confronto e sorriu ironicamente, coçando a parte de trás da cabeça.
Ele parou de importunar o velho e foi ajudar a arrear os cervos. Não era difícil, já que todos os quatro permaneciam imóveis enquanto eram atrelados à carruagem.
Tantas perguntas rondavam a cabeça de Astaroth, para as quais as pessoas com respostas recusavam-se a fornecê-las.
Ele deduziu que ainda não havia alcançado aquele nível de confiança com eles ainda. Astaroth fez uma promessa a si mesmo de buscar a confiança deles até conseguir as respostas que tanto desejava.
Ele estava tão absorto em seus pensamentos que seu progresso em arrear o cervo à sua frente estagnou. Eventualmente foi afastado por Korin.
O ladino olhou para ele com um sorriso irônico e provocou.
"Tire a cabeça das nuvens, Wolfie." ele disse, antes de rir de sua própria piada.
"Wolfie? Você poderia ter feito melhor, certo?" Astaroth disse, olhando para ele com decepção.
Korin abriu a boca para responder, mas, não encontrando uma réplica inteligente, a fechou.
Astaroth riu pelo nariz e se afastou antes que o homem de fato encontrasse algo sagaz para dizer.
Logo estavam prontos para partir, com todos os suprimentos carregados e os cervos arreados.
Astaroth se virou para Genie e se agachou.
"Não posso te levar comigo, garota. Fique aqui. Seja uma boa menina e não incomode muito os aldeões, certo?" Ele lhe disse enquanto acariciava sua cabeça.
Genie gemeu um pouco mas ainda assim se sentou, deixando-o partir sozinho.
Assim que todos estavam a bordo, Aberon assoviou duas vezes, e os cervos começaram a trotar para longe.
Astaroth lançou um último olhar para a entrada da aldeia, vendo Kloud acenando na entrada. Ele retribuiu o aceno.
Aberon já tinha dito a Astaroth que a viagem levaria três dias inteiros, mas Astaroth esperava algum tipo de ação no caminho.
Mas todos os monstros em seu caminho magicamente desviavam para longe ou fugiam da carruagem.
Depois do primeiro dia de viagem, Astaroth se deu ao trabalho de perguntar a Aberon o porquê disso.
"É por causa dos cervos. A aura natural deles copia a dos seus criadores míticos." Aberon disse, apontando para as quatro construções de madeira.
"Isso significa que qualquer monstro esperto em nosso caminho se move por conta própria, com medo. Seu instinto afasta os menos inteligentes." Ele adicionou, mastigando um pedaço de carne seca de suas rações.
"Isso significa que não teremos de lutar de jeito nenhum no caminho para a capital?" Astaroth perguntou, levemente irritado com o rumo dos acontecimentos.
"É exatamente isso que significa. Melhor assim. Alguns monstros nesta floresta, você não tem como combater." Aberon respondeu, olhando para a escuridão ao redor.
Astaroth foi se deitar no chão, mais próximo ao fogo. Ele tinha ficado com o último turno da vigia da noite, portanto era melhor dormir logo para não estar cansado no dia seguinte.
Ele se virou e fechou os olhos, ouvindo o crepitar do fogo e o farfalhar das árvores. A tranquilidade da floresta o embalou para o sono.
I'dril o acordou algumas horas antes do raiar do dia. O fogo ainda queimava levemente ao seu lado, e a maior parte do grupo da expedição estava dormindo.
Ele acenou para I'dril e se levantou para se espreguiçar. I'dril tomou seu lugar e adormeceu quase imediatamente.
Astaroth passou as próximas duas horas caminhando ao redor do local do acampamento, olhando para a floresta. A luz começou a brilhar através dos topos das árvores.
Ele voltou para o acampamento, fervendo água para o café da manhã. Como ele estava no último turno, também era responsável pela comida.
O barulho e o cheiro do café sendo preparado eventualmente acordaram os outros. Chris foi o primeiro a se levantar.
Astaroth lhe serviu uma tigela de mingau quente, recebendo um aceno de agradecimento em troca. Ele sorriu e serviu os outros à medida que se aproximavam.
Eles levaram meia hora para acordar e comer antes de arrumar tudo e retomar a viagem.
Outro dia passou, tão sem eventos quanto o último. Isso era exatamente o oposto do que Astaroth tinha em mente para uma viagem de alguns dias.
Ele estava esperando ter que lutar muitas vezes pelo caminho. Em vez disso, tudo o que fez foi observar ao redor e bater papo para passar o tempo.
Não que ele se importasse com a viagem pacífica, mas ele observava os placares de níveis todos os dias, e as pessoas continuavam subindo.
Enquanto isso, ele estava estagnado em seu nível, desde que tinha bebido a poção. Era como se este jogo lhe desse esperança, apenas para tirá-la de novo logo em seguida.
Ele mal podia esperar para estar em um nível em que pudesse se aventurar sozinho pelo perigo. Teoricamente, ele já estava nesse ponto.
Infelizmente, tanto Aberon quanto Kloud haviam proibido que ele se afastasse demais da aldeia sozinho. Os dois alegaram que havia monstros fortes demais para ele vencer sozinho.
Ele sabia que havia alguns monstros de nível alto e também de grau superior. Mas esses não deveriam ser a exceção, em vez da regra?
Apesar de seus muitos pedidos, eles nunca cederam. Ele estava preso na aldeia até esta viagem.
E agora a viagem estava sendo ainda mais restritiva para ele. Aberon havia colocado uma marca mágica nele que o alertaria se ele se afastasse demais.
Ele se sentia aprisionado. Ele só queria subir de nível. Isso era tão ruim?
A noite chegou novamente após o segundo dia de viagem. Restava apenas mais um dia, e então chegariam à capital.
Ele ficou com o último turno de vigia novamente, já que era quem tinha ficado acordado por mais tempo naquele dia. Assim, ele comeu suas rações de jantar e foi dormir.
A noite estava tranquila mais uma vez. Isso até Astaroth se afastar mais do acampamento durante a sua vigia.
Ele queria encontrar criaturas para lutar. Então ele caminhou em linha reta para longe do fogo e adentrou a noite.
Após caminhar por alguns minutos, ele viu uma clareira à sua esquerda que emitia uma luz branca suave. Ele sentiu como se a luz estivesse o chamando.
Ele virou e caminhou em direção a ela, ainda sentindo a aura das estátuas de madeira sobre si. Ele assumiu que ainda estava seguro.
Quando ele saiu da linha das árvores, seu rosto se tornou pálido e sua mandíbula caiu um pouco enquanto ele olhava nervosamente para a cena à sua frente.
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