Chapter 17 - Fenrir

[Dentro de um pequeno porão de um apartamento 510 anos atrás]

<

Segundo as testemunhas, os Portais brancos sugaram um membro de suas famílias, ou um de seus amigos, depois que uma marca em forma de esfera se formou no dorso da mão direita deles. Não sabemos o que exatamente acontece, e a maioria pode não acreditar em mim... mas tenham cuidado quando algo se manifestar no dorso de sua mão direita; isso pode mudar a sua vida...>> A voz estridente de um famoso podcaster ecoou do pequeno alto-falante colocado em uma mesa de madeira em um pequeno quarto.

A mesa balançou e as paredes do pequeno quarto tremiam enquanto algo pesado esmagava a mesa de madeira, partindo-a em duas.

Vários homens começaram a gritar em choque, afogando a voz do podcast por completo. Os homens gritando foram altos o suficiente para silenciar o jovem suplicante.

<>

O som de um taco rombudo esmagando algo macio podia ser claramente ouvido, seguido por um grito de dor.

"Para... Por fa–...para...pai!!" Um grito fraco e um apelo por misericórdia escaparam dos lábios de um jovem.

O jovem que estava à beira da maioridade jazia em cima da mesa que tinha sido despedaçada em pedaços com seu corpo. Sua respiração era ofegante e até mesmo se mover parecia uma tarefa enorme. Cada centímetro do seu corpo doía porque ele tinha sido erguido e jogado para baixo impiedosamente.

Mesmo que o jovem soubesse que seu pai se transformava em um monstro quando bebia demais, hoje era diferente. O jovem estava acostumado a levar surras rotineiras, mas seu pai nunca havia erguido seu corpo para arremessá-lo sobre a mesa, que dirá usar um taco antes. Algo havia mudado.

Os olhos abissais do jovem fitavam a figura imponente de seu pai, e insanidade era a única coisa que ele podia ver naqueles olhos. Seu pai finalmente surtou.

'Por quê? Por que isto está acontecendo comigo? Por que eu? POR QUÊ?!'

"Você deveria odiar um pouco mais seu pai. Ele foi tolo o suficiente para ficar bêbado e pedir dinheiro aos nossos homens só para perder tudo no jogo. Este idiota é um completo fracasso, o que é a sua infelicidade... afinal, você terá que resolver o caos que ele criou," Uma voz desconhecida chegou ao ouvido do jovem.

Um homem de meia-idade com longos cabelos vermelhos e olhos heterocromáticos apareceu no batente da porta do quarto fedido e mofado. Ele vestia um terno elegante e fumava um cigarro enquanto observava calmamente o pai espancar seu único filho com um brilho de excitação em seus olhos.

'Por que você vem atrás de mim? Meu pai pode pagar pelos próprios erros porque eu não vou fazer isso!' O jovem gritou em sua cabeça enquanto sentia que os últimos fios de esperança eram cortados de maneira vil.

Em sua mente, ele se levantou do chão e começou a lutar contra o homem de meia-idade e seu pai. Infelizmente, era tudo em sua mente, nada mais. Ele não se levantou porque estava muito fraco.

Mesmo que ele tivesse um pouco de força em suas pernas, o jovem sabia que nunca seria capaz de vencer seu pai.

"Você não me conhece, mas isso realmente não importa, garoto. Seu pai acabou de vendê-lo – seu corpo, para ser exato – para pagar suas dívidas. Eu disse ao seu adorável pai para espancá-lo um pouco e matá-lo, para garantir que não haja nenhum tipo de apego entre vocês dois... não que eu já não possa ver isso agora," O homem de meia-idade adicionou com um sorriso vil que se esticava em um sorriso diabólico.

"...mas eu gosto de assistir ao desespero nos olhos da vítima quando sua própria família os apunhala pelas costas... Em seus últimos momentos, você estará cheio de dor, raiva, arrependimento e um sentimento avassalador de injustiça, mas você não poderá fazer nada. Isso não é excitante?!"

O jovem olhava fixamente para o homem de meia-idade em pé no batente da porta, seus olhos quase saltando das órbitas.

'O-o-quê?!?'

Foi então que um ataque letal veio em sua direção.

Swoosh.

O taco atingiu a cabeça do jovem. Ele mal conseguiu torcer o pescoço para mover a cabeça um pouco, evitando o impacto por um triz.

Seu pai estava completamente bêbado, mas era um homem fera com um peso de mais de 150 quilogramas e uma altura de mais de dois metros. O impacto do taco rombudo esmagou os restos da mesa de madeira sob o jovem, jogando farpas de madeira para todos os lados.

Foi nesse momento que o jovem soube, seu pai estava atrás de sua vida!

"P-pai, para com isso...você ainda pode parar, ainda não é tarde demais!!" O jovem gritou o mais alto que pôde, suplicando ao pai que mostrasse alguma misericórdia.

"Garoto, apenas desista. Sua morte já está selada. Você não é nada mais do que um hospedeiro para nossos preciosos itens exclusivos agora!" Disse o homem de meia-idade calmamente, mas o jovem não estava se dando por vencido.

"Vai se foder, seu pedaço de merda!" Ele gritou, apenas para perceber que havia sido distraído por tempo demais.

O taco de madeira desabou em seu estômago, tirando-lhe o fôlego. Estrelas dançaram diante dos olhos do jovem por um ou dois segundos, apenas para recuperar os sentidos quando foi erguido alto no ar.

Os olhos negros do pai olhavam impiedosamente para o filho enquanto ele puxava o taco de madeira uma vez mais.

'Será que eu realmente vou morrer aqui?' O jovem se perguntava enquanto o caos e o terror se revoltavam em sua cabeça.

"Anda logo e mate ele, eu não tenho o dia todo," Disse o homem de meia-idade impaciente. Ele viu o que veio buscar e perdeu o interesse na dupla de pai e filho rapidamente.

Quando o monstro de pai ouviu as palavras do homem de meia-idade, ele jogou seu filho contra a parede mais próxima.

O som de ossos estalando soou nos ouvidos do jovem, mas havia pouco a nada que ele pudesse fazer agora. Ele só podia ver seu pai se aproximando lentamente, segurando o taco de madeira com uma força de ferro.

'Não…'

Essa foi a vida de Cleave Fenrir momentos antes de ser sugado para dentro da Expansão Origem.

Foi um catalisador na criação de um verdadeiro monstro que todos detestariam e temeriam.

'Eu não quero morrer...'

Hoje era seu aniversário de 18 anos. Era um dia de celebração, algo que ele deveria estar feliz. No entanto, hoje certamente não era um dia que poderia ser celebrado.

O único presente que ele estava prestes a receber era a própria morte, a liberdade das amarras da vida.

'Se eu fosse apenas um pouco mais forte...' Ele pensou em seus últimos momentos, 'Tivesse um pouco mais de força, eu teria lutado contra eles. Eu nunca teria permitido que Pai batesse em Mãe, em mim, ou na minha Irmã...'

Enquanto pensamentos amargos turvavam sua mente, o dorso de sua mão direita começou a coçar.

Uma pequena marca em forma de esfera se formou no dorso de sua mão direita. Era menor que uma bola de gude e poderia facilmente ser confundida com uma pinta de formato único.

'Eu imagino como eles se sairiam depois de me abandonar impiedosamente...'

Logo depois, o espaço rachou aberto, e uma luz radiante iluminou o quarto.

A rachadura se expandiu em tamanho até ser grande o suficiente para permitir a passagem de uma pessoa.

Todo mundo olhou fixamente para o Portão, seus corpos congelados no lugar.

'Espero que essas putas também morram logo.' Ele pensou enquanto olhava para seu pai e para o homem de aparência malévola.

Um momento depois, o Cleave Fenrir foi puxado para dentro do Portal branco.

Cleave Fenrir desapareceu, escapando do alcance de seu pai e das mãos do homem desconhecido.

Foi o mesmo dia em que esses homens aprenderiam a se arrepender de tê-lo agredido, de tê-lo forçado a se tornar o que ele era.

Eles deveriam ter matado Cleave Fenrir antes que fosse tarde demais.