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Na pequena cidade que Raze havia visitado, algo havia acontecido depois que ele partiu. Havia visitantes que chegavam à porta, viam o sinal fechado e iam embora sem suspeitar de nada, sem nenhum problema.
Afinal, quase todas as lojas eram de propriedade independente. Não era como se houvesse uma grande corporação por trás de tudo. Embora às vezes, as lojas tivessem vários empréstimos para pagar, ou em certas cidades, teriam que pagar uma taxa para quem estivesse no comando, ou até por proteção contra o clã.
Independentemente disso, essa era a razão pela qual ninguém havia suspeitado de nada quando a loja estava fechada. As pessoas tiravam dias de folga ou tinham eventos que as obrigavam a se ausentarem.
No entanto, havia um par de pessoas que se aproximou da porta e, apesar do sinal de fechado, eles bateram assim mesmo. Um homem bastante alto usando um grande sobretudo marrom e uma camisa branca por baixo se aproximou da porta. Ele usou os dedos para girar seu bigode castanho claro antes de bater com a outra mão três vezes.
"Está dizendo que está fechado, Himmy," Charlotte disse, apontando para o sinal pendurado na porta.
Charlotte era uma mulher com cerca de metade do tamanho do homem ao seu lado. Ao contrário de Himmy, ela estava vestida muito mais como os locais, com uma simples peça única de roupa de tecido enrolada em volta da cintura com uma faixa de tecido para mantê-la unida. A única coisa que se destacava era o seu chapéu do tipo barreira, que apenas revelava uma faixa de cabelo cor de laranja que chegava aos seus ombros, enquanto o cabelo de seu amigo estava escondido sob o chapéu dele.
"Você acha que eu não sei mais ler?" Himmy respondeu. "Temos um compromisso, e Han nunca o perdeu."
Himmy procedeu a bater mais forte desta vez, sacudindo a porta de madeira, que rangia como se pudesse quebrar.
"Você vai se sentir muito mal se Han estivesse apenas dando uma cagada, e agora você fez ele se apressar até a porta," Charlotte comentou, sua expressão inalterada.
Os dois ficaram ali em silêncio, sem que nenhum deles dissesse uma palavra durante um tempo, até que Himmy teve o suficiente.
"Você poderia simplesmente arrombar a porta para podermos ver o que está acontecendo? Está claro que ele não está no banheiro," Himmy reclamou.
Charlotte fez como ele pediu, enfiando a mão na lateral de sua roupa e puxando um par de pequenas ferramentas. Parecia um aparelho de metal com muitas peças de metal longas penduradas nele.
Himmy então se colocou na frente dela, usando seu corpo para bloquear a visão de espectadores. Em especial, ele ficava de olho nas pessoas com armaduras vermelhas, acompanhando seus movimentos com cuidado, até que um som de clique foi ouvido atrás dele.
"Ah, cara!" Charlotte disse. "Literalmente cheira a merda aqui dentro."
Ela estava abanando a mão e queria voltar atrás, mas antes que pudesse, Himmy a empurrou com o corpo e fechou a porta atrás dele.
"Ei, não me prenda aqui! Você está tentando me matar com esse cheiro?" Charlotte começou a bater com os punhos no grande estômago dele, mas eles apenas ricocheteavam, aparentemente sem fazer nada, nem mesmo fazendo ele se encolher.
"Parece que sabemos o que aconteceu com Han agora," Himmy disse. "E o que é esse cheiro."
Tão enojada pelo cheiro, Charlotte estava fechando os olhos para impedir que lacrimejassem, e não tinha olhado direito para a cena enquanto tentava sair. Agora ela podia ver por si mesma: dois corpos mortos no chão que estavam apodrecendo até o ponto de alguns insetos começarem a comê-los. As construções e casas não tinham a melhor estrutura, permitindo que entrassem pelas frestas aqui e ali.
"Quanto tempo você acha que eles estão mortos?" Charlotte perguntou, ainda cobrindo o nariz e a boca com a manga.
"É difícil dizer," Himmy respondeu enquanto se movia mais perto dos corpos para dar uma olhada. "Han não tinha realmente amigos nem família, então ninguém veio verificar como ele estava."
"Eu pensei que você disse que era policial. Você não pode simplesmente dar uma olhada na cena e descobrir?" Charlotte imitou uma explosão com os braços, depois cobriu rapidamente o nariz novamente.
"Baseado na decomposição dos corpos, eu diria que isso teve que acontecer ontem. Seus músculos ainda estão endurecidos pelo rigor mortis. O que está me confundindo é a própria cena."
"Se você olhar para os ferimentos e para a loja, as coisas não se alinham. Os dois estão cobertos de feridas, como se tivessem lutando por suas vidas, e ainda assim, os itens nas prateleiras, os incontáveis ornamentos por todo o lugar, não mostram sinais de que tenham caído ou algo do tipo. Para mim, parece mais uma cena encenada."
"Então você acha que alguém entrou aqui e os colocou assim. Então por que eles foram mortos?" Charlotte perguntou.
Himmy tinha um sorriso no rosto enquanto se movia atrás do balcão, procurando por outras pistas.
"Você está fazendo as perguntas certas, mas existem mais perguntas a serem feitas do que isso. Qual era o objetivo deles? Nenhum dinheiro foi tirado da loja, e não parece que algo foi roubado da loja também."
"Eu não sei, quero dizer, Han era um pau no cu," Charlotte comentou. "Ele tinha muitos inimigos, então haveria muita gente que queria matá-lo."
"Isso é muito verdade, mas lembre-se onde estamos," Himmy respondeu, apontando para o grande homem no chão. "Esse homem tem aproximadamente 120 kg. Seria necessário muito esforço para qualquer pessoa normal derrubá-lo. E lembre-se do que eu disse antes sobre não haver luta."
"Alguém foi capaz de matar os dois sem lutar. As únicas pessoas que conhecemos capazes disso são os guerreiros Pagna. Mas se ignorarmos todos os ferimentos de espada nos corpos deles, não há sinal de técnicas de artes marciais sendo usadas neles, exceto por um buraco limpo que atravessa o coração e outro que atravessa a cabeça."
A primeira vista, Charlotte não havia notado, mas agora que Himmy apontou e ela foi dar uma olhada mais de perto, ela pôde ver. No entanto, ela rapidamente se afastou antes de vomitar por todo o lugar.
"Você está tentando insinuar o que eu acho que você está?" Charlotte perguntou.
"Sim, estou," Himmy respondeu com um grande sorriso no rosto. "Eu acho que pode ter chegado outro ser de outro mundo, e eu sou um detetive, não um policial."
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