Ático sonhava com um lugar consumido por um fogo intenso.
As chamas rugiam ao seu redor, queimando o próprio ar que ele respirava. Embora o fogo fosse parte dele, o calor ali era avassalador.
Sua pele ardendo, sua garganta ressequida como se não provasse água há décadas, e mesmo assim ele não conseguia se mover.
Seus músculos pareciam chumbo, enraizados no chão, o peso do fogo pressionando sobre ele, implacável.
O pensamento da morte cintilou brevemente em sua mente. Seria esse o seu fim?
"Ático!"
"Ático!"
Uma voz cortou o inferno, chamando seu nome. Era distante, ainda que inconfundível—uma voz que sempre lhe trouxera calor, amor e segurança.
Mamãe.
O rosto de Anastácia passou por sua mente—suas feições torcidas em dor, sua pele queimando no fogo que os cercava a ambos.
O coração de Ático se apertou. A dor era insuportável, o calor sufocante, mas ele não podia ignorar o chamado dela.
Ele não podia deixá-la sofrer.