GAHRYE
Gahrye não sabia se deveria admirar o local para onde haviam caminhado, ou o estranho cheiro de Kalle — que ele mal conseguia captar e decifrar por cima do forte fedor de plástico do corredor por onde andavam. Ele era revestido com algum tipo de cobertura que o tornava duro e brilhante, mas fedido o suficiente para franzir o nariz de Gahrye.
"Obrigado, mas isso realmente não era necessário. Ele é um babaca, mas inofensivo."
"Os machos no seu mundo sempre tratam as fêmeas dessa maneira?" Gahrye disse entre dentes.
"Não. Quero dizer — ele realmente não me machucou. Estava apenas tentando me impedir de sair. Eu teria feito o mesmo com ele."
"A diferença é que, caso ele não quisesse ser impedido, você seria incapaz de detê-lo. Aqueles que são mais fortes têm a responsabilidade de ter até mais cuidado com o impacto que causam nos outros."
Kalle parou de andar e virou-se para encará-lo, com o queixo caído. "Onde... quem te disse isso?"
Ele franziu a testa. "Você discorda?"