Chapter 2 - Venda-a

Seu aperto nos cabelos dela afrouxou, proporcionando um alívio momentâneo. Ao olhar para cima, ela encontrou o olhar dele e notou a confusão e incerteza em seus olhos. Parecia que ele nem mesmo tinha certeza se realmente a havia amado.

A realização a atingiu com força, ela havia vivido uma mentira nos últimos três meses, e tudo entre eles era falso. Lucas nunca a havia amado de verdade.

Seus pensamentos se voltaram para o que poderia ter sido diferente se ela fosse uma lobisomem como ele, em vez de humana. Teria ela se apaixonado tola e cegamente por ele se apenas tivesse sentido o estalo de companheiros?

Seu maior medo sempre foi não ser amada por seu companheiro. Enquanto seus pais eram ambos lobisomens, ela nasceu humana. Houve rumores e especulações sobre seus cabelos e ser diferente, mas seus pais sempre estiveram lá para confortá-la e apoiá-la, protegendo-a das dúvidas. Ela nunca havia se detido muito nisso.

"Você me aceitou como sua companheira por seu próprio benefício?" O arrependimento surgiu dentro dela enquanto desejou ter feito essas perguntas antes de entrar na matilha. Por que ela nunca havia questionado a lealdade de seu companheiro? Talvez fosse porque ela genuinamente acreditava que ele a amava.

"Eu rejeitaria minha companheira?" Ele retrucou, seu tom cheio de amargura.

Aurora deu de ombros e travou o olhar com ele, sua voz cheia de determinação. "Eu tenho um pedido," ela instou.

"Se for para poupar sua vida, então nem se incomode," ele respondeu desinteressadamente.

"Enterre meus pais em nosso cemitério de família. Eu posso ser a acusada, mas eles são inocentes," ela implorou. No mínimo, seus pais mereciam um enterro apropriado, mesmo que não pudessem receber os devidos ritos fúnebres.

"Enterrá-los? Seus pais envenenaram minha mãe para impedir que ela revelasse sua infidelidade," ele declarou, pegando Aurora de surpresa. Seus pais envenenando a mãe de Lucas era uma acusação que lhe parecia impossível.

"Isso é mentira! Eles jamais fariam tal coisa!" ela gritou, lutando contra as amarras da cadeira.

"Eles mesmos confessaram seus crimes, e em troca de manter você viva, imploraram pela própria execução," ele acrescentou, chocando ainda mais Aurora.

Por que seus pais envenenariam a mãe de Lucas? Ela havia sido arrastada até a sala de casamento logo após a morte deles, deixando-a sem saber o que havia causado o fim deles, apenas para ser imediatamente acusada de infidelidade.

"Sua mãe ainda está viva, então eu não acredito em você!" ela continuou a gritar, fazendo com que suas coxas sangrassem ainda mais. Lucas sinalizou para os guardas, e eles retomaram a torturá-la.

"Venda-a como escrava, e cumpra o último desejo de seus pais," a companheira de Lucas sugeriu com uma voz doce e suave que quase enganou Aurora, se ela não soubesse melhor.

Lucas concordou com a cabeça e disse, "Venda-a esta noite." Então ele saiu da cela com sua companheira, deixando Aurora para trás.

Uma lágrima rolou pela bochecha de Aurora enquanto ela observava Lucas se afastar com sua companheira. Interiormente, ela rogou perdão a seus pais.

Os guardas deveriam parar de torturá-la, mas pareciam determinados a infligir mais dor, deleitando-se em seu estado vulnerável. A tortura continuou até que finalmente estivessem satisfeitos.

Eles a desamarraram e a deixaram definhar, enquanto ela aguardava a chegada daqueles que a levariam como escrava. Tudo finalmente estava começando a fazer sentido, a mãe de Lucas estava por trás de tudo.

Aurora amaldiçoou-se por ser tola o suficiente para acreditar que eles a aceitariam, sabendo que estavam desconfortáveis com sua origem humana. Mas como ela havia conseguido criar um vínculo, uma centelha, entre Lucas e sua nova companheira? Se Lucas não era seu verdadeiro companheiro, o que poderia explicar a conexão deles?

Enquanto sua cabeça latejava de dor, ela foi oprimida por uma enxurrada de perguntas para as quais não tinha respostas. Pensamentos sobre seus pais a consumiam, e ela não conseguiu conter as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Eles morreram por ela, mesmo sendo ela quem não os havia escutado.

Ainda que rotulada como traidora, ela ainda detinha os direitos sobre as propriedades de seus pais, mas sabia que provavelmente seriam tirados dela agora.

À noite, um homem baixo entrou em sua cela acompanhado por um guarda.

Ela adivinhou que ele era o que a levaria como escrava. Apesar do passar do tempo, a escravidão ainda prevalecia entre os lobos. Ela havia planejado erradicar tais práticas dentro da matilha se ela tivesse se tornado a Luna, apenas para ter esse privilégio roubado dela em um dia.

"Estou sendo solicitado a assumir uma escrava meio morta pelo Alfa? Quel uso ela poderia ter para o meu negócio?" O homem baixo exclamou, o nojo evidente em seus olhos ao examinar Aurora. Ele acreditava que ela arruinaria seu negócio se comprasse uma escrava tão inútil.

"Não é como se você tivesse que pagar por ela. Eu posso chamar outro comerciante de escravos se você não quiser nossa ex-Luna," o guarda acrescentou, atraindo o homem. A tática parecia funcionar. Aurora pensou, 'Muito bem.'

"Lu..lu.luna?" O homem de estatura baixa perguntou incrédulo e se aproximou da mulher deitada no chão para confirmar a afirmação do guarda. Ele recuou surpreso quando percebeu quem ela era.

"Se você não quiser…." Cortando o guarda, ele declarou.

"Eu... eu vou levá-la," o homem decidiu rapidamente, descartando a desvantagem. Quem não iria querer comprar uma escrava Luna? Eles detinham poder igual ao de um Alfa, e apesar de não ser uma loba, Aurora possuía uma aura especial que impressionava a todos. Com um pouco de limpeza para enganar o público, ela alcançaria um preço alto.

Imediatamente, os capangas do homem entraram na cela e começaram a arrastar Aurora para fora. A dor era insuportável, e ela acabou perdendo a consciência enquanto eles a moviam à força.

Quando Aurora acordou, ela se sentiu dolorida por todo o corpo, mas estranhamente renovada. Parecia que seu corpo havia sido limpo e que ela tinha recebido roupas novas. Espera, roupas novas?

Abrindo os olhos, ela tentou avaliar seus arredores, mas foi bruscamente puxada para longe. Para onde a estavam levando, e o que era toda aquela agitação?

Seus olhos se arregalaram enquanto era trazida de joelhos para frente de uma multidão de espectadores. Olhando em volta, ela percebeu que estava prestes a ser vendida. Homens gritavam e apontavam para ela.

O que ela ouviu a seguir a chocou até o âmago.

"Ela era uma Luna, ainda intacta. O leilão começa em 1000 moedas."