Chapter 11 - Besteira

Quando Dominic chegou em casa, uma fila de empregados saiu para recebê-lo no hall de entrada. À frente estava a governanta, a Sra. Deng, com um sorriso no rosto.

"Bem-vindo ao lar, Senhor," disse a Sra. Deng com uma voz suave e gentil. Em seguida, ela endireitou as costas após se curvar.

O mestre da casa tinha uma expressão fria no rosto. Ele olhou para ela sem demonstrar nenhuma emoção nos olhos. "Mary Rose, siga-me e relate o que Heaven tem feito nos últimos meses," ele disse enquanto retomava seus passos.

"Ah. Sim." A Sra. Deng limpou nervosamente a garganta, seguindo o mestre para dentro da mansão. "Senhor, a jovem senhora sempre ficava no quarto dela. Ela só saía quando necessário…"

Dominic ouviu os relatórios habituais que lhe eram apresentados no passado. Tudo estava praticamente igual. Não havia nada de incomum nas ações de Heaven nos últimos dias também. A Sra. Deng já havia praticamente terminado seu relatório quando eles chegaram ao escritório dele na mansão.

"É só isso?" Ele perguntou com um tom cético. Arqueou uma sobrancelha, parou de caminhar e olhou por cima do ombro para onde a governanta o seguia o tempo todo.

"Sim, Senhor…" A Sra. Deng começou com uma leve carranca no rosto como se algo a tivesse atingido. A pausa repentina chamou a atenção dele, fazendo-o olhar para trás.

 

"Agora que penso nisso, a Senhora fez algo incomum ontem."

"Incomum?"

"Sim. Ela percorreu a mansão," ela voltou os olhos para Dominic com genuína confusão em seu rosto. "A jovem senhora normalmente fica no quarto dela, mas ontem, ela passou a maior parte do tempo percorrendo a casa e na sala de teatro."

Dominic ficou em silêncio, lembrando-se de voltar para casa na noite anterior, apenas para ser informado de que Heaven estava na sala de teatro. Isso era incomum e definitivamente não era algo que Heaven faria. Normalmente, ele não a procuraria, mas toda vez que o fazia, havia apenas um lugar onde ele poderia encontrá-la, o quarto dela.

"Entendi. Então ela percorreu a casa e ficou na sala de teatro." Ele acenou com a cabeça, tentando entender as ações dela, mas ainda completamente confuso sobre a razão de Heaven. "De qualquer forma, diga aos chefs para prepararem comida nutritiva para ela."

Dominic começou a contar para a Sra. Deng o que o médico havia dito. Ele queria que a governanta soubesse do conselho do médico para a recuperação de sua esposa. A Sra. Deng ouviu atentamente. Depois de dar a ordem, a Sra. Deng fez uma reverência respeitosa e executou a tarefa que lhe foi dada.

'Agora que penso nisso, acho que nunca a vi andar pela casa desde que chegou aqui,' Dominic pensou, ele se virou e abriu a porta do seu escritório para terminar algumas papeladas até que os empregados terminassem de preparar a comida e as roupas de Heaven, que seriam levadas ao hospital.

*****

No final, porém, Dominic não conseguiu fazer nenhum trabalho de escritório como havia planejado originalmente. Alguns papéis precisavam de sua atenção imediata, mas ele acabou relendo os papéis do divórcio.

"Embora eu vá ficar com a custódia, ela tem direitos de visitação," ele sussurrou para si mesmo, relendo as cláusulas do acordo de divórcio. Seus olhos pousaram em quanto Heaven receberia uma vez que tudo estivesse finalizado, e perguntou a si mesmo, "Cinquenta milhões são pouco como compensação?"

Dinheiro nunca foi um problema para ele. Ele trabalhou duro por tudo o que tinha agora, mas o mero pensamento o deixou com uma expressão amarga.

'Uma vez que ela assinar o papel do divórcio, acho que será melhor se ela puder deixar a casa mesmo que ainda esteja em processo.' Dominic anotou em adição a essas condições, pensando no bem-estar dela para que pudesse evitar o estresse.

Heaven nunca foi feliz durante todos aqueles anos que viveu com ele. Se algo, isso só a tornou completamente miserável. A única maneira de compensá-la era dando-lhe dinheiro suficiente para começar uma nova vida e não ter nenhum tipo de contato com ela. Se ela quisesse ver o filho, ela estava livre para fazê-lo.

Ele leu o documento mais uma vez. Suas condições não eram tão duras como ele pensava que eram. Afinal, ele não estava a cortando completamente de suas vidas. Ele estava simplesmente encerrando o casamento deles, mas ela ainda poderia cumprir seus deveres de mãe se quisesse. Embora ele duvidasse que ela faria, embora.

Dominic estava imerso em ajustar as condições do papel do divórcio. Ele queria ter certeza de que a maior parte dele favorecia Heaven. A súbita batida na porta interrompeu seus pensamentos. 

Dominic parou o que estava fazendo e olhou para a porta. "Entre," ele comandou. 

A porta do seu escritório se abriu lentamente, e uma das criadas entrou. Ela se curvou e esperou que ele levantasse a cabeça. 

"Miriam?" Ele a olhou e deu-lhe um daqueles olhares examinadores que poderiam deixar as pessoas nervosas. Ele ouviu a porta fechar antes de perguntar, "Está tudo pronto?"

"Os chefs já estão embalando as comidas que você pediu, Senhor."

"Entendi. Estarei lá em breve." Dominic acenou com a cabeça e voltou a ler e ajustar o documento em que estava escrevendo. Ele não se deteve muito no que a criada havia dito. No entanto, quando um minuto se passou e o som de uma porta se abrindo não chegou aos seus ouvidos, ele ergueu as sobrancelhas. Miriam ainda estava parada no meio do seu escritório. 

Ele se inclinou para trás e entrelaçou os dedos, perguntando, "O que foi, Miriam?"

A hesitação girou nos olhos de Miriam antes que ela encontrasse a coragem de falar com uma voz suave, "Senhor, sobre a condição da jovem senhora…"

"A jovem senhora está bem. Ela só precisa descansar e ficará bem," ele disse em uma voz nivelada. 

"Senhor, acho que a jovem senhora se esforçou demais ontem —" ela parou, com a hesitação evidente em sua voz. 

"Mhm. Mary Rose me disse que ela percorreu a casa ontem," Dominic disse, a distração coloria sua voz, enquanto ele mudava sua atenção para suas anotações, assumindo que Miriam apenas repetiria os relatórios da Sra. Deng. Ele estava ciente do rapport entre Heaven e Miriam. "Embora seja quase ridículo como ela poderia se esforçar apenas percorrendo a casa, ela tem se trancado no quarto dela. A falta de exercício regular provavelmente a esgotou."

"Mas Senhor, não foi só isso que a Senhora fez ontem!" 

Ele parou de ler suas anotações e olhou para Miriam com as sobrancelhas franzidas. Ele olhou de volta para ela, confusão em sua voz. "O que você quer dizer?"

"A jovem senhora ficou na cozinha por horas, cozinhando."

"Ela cozinhou?" Suas sobrancelhas subiram, ainda mais confuso agora.

"Sim, Senhor. Todos tentaram impedi-la, preocupados que ela pudesse se machucar. No entanto, a Senhora se recusou."

Dominic não tinha certeza se sua esposa sabia cozinhar. Isso era novidade para ele, mas ele ainda tentou encontrar uma razão lógica por trás da estranha ação de sua esposa. "Provavelmente ela se cansou dos pratos do chef," ele ignorou, assumindo que Heaven cozinhou para si mesma.

"Mas Senhor," Miriam franziu a testa. "A Senhora cozinhou para você e o jovem mestre."

Dominic endireitou as costas antes de se inclinar contra a cadeira giratória. As palavras de Miriam chamaram sua atenção o suficiente para ele parar o que estava fazendo. 

"Ela cozinhou para nós?" Ele perguntou com descrença. Seus ouvidos devem estar o enganando. Sua esposa, Heaven, cozinhou para eles? 

"Sim. Ela preparou alguns pratos e até esperou você e o jovem mestre chegarem em casa. Ela estava na sala de família por horas e até percorreu a casa para passar o tempo." A voz de Miriam ficou um pouco mais alta. Conseguir a atenção de Dominic deu a Miriam a coragem de detalhar a estranha atitude de Heaven no dia anterior. "Quando você não voltou para casa, ela me disse que ficaria na sala de teatro. Ela também me disse para acordá-la assim que você chegasse em casa para que ela pudesse servir os pratos pessoalmente."

'Absurdo,' foi a primeira coisa que passou pela mente dele. No entanto, quanto mais ele avaliava a expressão de Miriam, não havia dúvida de que Miriam estava lhe dizendo a verdade.

Mas por quê?