A velocidade do carro estava em um intervalo normal, já que Axel precisava recuperar seu foco. A atitude de Heaven o havia desestabilizado; ele ainda não havia esquecido as observações pretensiosas dela na residência antiga esta manhã, e agora, isso? Não havia maneira de Heaven mudar da noite para o dia, a menos que ela estivesse planejando algo.
"A propósito, por que você está no shopping? Você não estava na residência antiga esta manhã?" perguntou Heaven, rompendo o silêncio entre eles.
"Eu tinha um recado para fazer."
"Ah... é mesmo?" Heaven balançou a cabeça. O shopping não era tão longe da residência antiga. Logo, ter esse encontro destinado não foi surpreendente. Axel Zhu tinha o horário mais flexível e livre entre os irmãos Zhu.
Axel lançou-lhe um olhar de lado. "E você?"
"Encontrei uma amiga."
"Uma amiga?" ele zombou, mantendo seus olhos na estrada. "Não minta. Você não tem uma amiga."
"Mesmo que eu seja assim, eu tenho uma."
"Você quer dizer aquela mulher? Hah. Claro."
Heaven virou seu rosto, observando o perfil dele. O desprezo e a zombaria estampados no rosto de Axel eram claros; ele nem mesmo tentava esconder sua desaprovação por ela, o que era compreensível. Com sua personalidade, era ainda mais surpreendente que ele ainda estivesse falando com ela, embora com escárnio em sua voz.
"Qual o problema com a Paula?" Heaven fez beicinho, desviando os olhos dele, ignorando todo o sarcasmo da outra pessoa. "Paula tem sido minha amiga desde o ensino médio. Passamos por muitos altos e baixos — ela ficou comigo como se fosse para sempre."
"Certo. O que quer que te faça feliz. Não que eu me importe com você."
"Bem." Heaven deu de ombros, pegando inconscientemente um pão do saco de papel para comer. "Para onde estamos indo, por falar nisso? É este o caminho para casa?"
Axel franzia a testa e olhava para ela, apenas para notar a rachadura no canto de seus lábios. Ele já havia percebido isso mais cedo, mas não teve tempo de se concentrar nisso. Mas agora, ele podia ver que sua bochecha estava inchada.
"O que aconteceu com você?" ele exclamou, fazendo-a erguer as sobrancelhas.
"Hmm?" Heaven olhou para ele enquanto mastigava, piscando quase inocentemente. "Ah. Isso? Seu irmão me deu um tapa."
SCREEECH!!
Heaven arregalou os olhos, inclinando-se levemente enquanto Axel de repente encostava o carro. Ela olhou para ele, surpresa, enquanto os olhos de Axel giravam em desalento.
"Você está mentindo!" Axel rosnou, quase fazendo-a pular de surpresa. "Meu irmão nunca faria isso!"
Heaven piscou, vendo como seu rosto lentamente ficava vermelho de raiva. "Eu... só estava brincando."
"Você!"
"Hehe. Foi uma piada ruim?" Heaven riu constrangida, dando outra mordida já que o pão estava tão bom que sua mão e boca se moviam voluntariamente para alimentá-la. "Mas alguém realmente me deu um tapa."
"Tch."
"Não se preocupe, no entanto. Está tudo bem agora."
"Quem disse que eu estava preocupado? Se fosse por mim, eu deveria agradecer quem te deu um tapa. Você mereceu."
"Ai." Heaven fez beicinho enquanto Axel ajustava sua posição. "Isso é cruel, sabia?"
"Cruel? Você certamente sabe como irritar as pessoas. Você até sabe o que significa 'cruel'?" Axel zombou enquanto olhava para frente. "Olhe como você trata meu sobrinho. Isso é cruel."
Heaven pressionou seus lábios em uma linha fina, incapaz de refutar seu argumento. A desaprovação de Axel em relação a ela se originava no tratamento de Heaven a Dominic e Sebastian. Embora Axel não gostasse dela desde o início, ou melhor, ele não gostava do fato de seu irmão estar se casando tão de repente. Afinal, Axel era muito próximo de Dominic.
"Isso... eu não posso negar." Heaven desviou o olhar, fixando seus olhos à frente, já que o carro ainda não se movia. "Sou uma mãe ruim e uma esposa terrível. É por isso que eu consigo entender de onde você vem."
Ouvir os comentários dela e admitir seus erros pegou Axel desprevenido. Ele a olhou, mas a raiva em seu rosto permaneceu.
"Hah. Saber que você é a pior escória apenas torna as coisas piores." Ele sibilou. "Heaven Liu, você deveria deixar meu irmão e meu sobrinho em paz. Não é isso que você quer? Qualquer que seja a mudança de ideia, me diga. Eu vou ajudar você a sair desta família."
Heaven lançou-lhe um olhar rápido, captando a sinceridade por trás da raiva reprimida em seu tom. A ironia, ela pensou. Vovó Zhu quase se ajoelharia por ela apenas para que ela ficasse na família. Axel Zhu, por outro lado, estava disposto a fazer qualquer coisa para ajudá-la a sair da família.
Isso apenas mostrou os dois tipos de pessoas que cercam o casamento. Nem Vovó Zhu nem Axel Zhu estavam errados. Eles simplesmente foram compelidos a fazer ou dizer o que eles sentiam ser correto.
"Axel Zhu." Heaven segurou seu olhar ardente sinceramente. "Eu sinto muito."
Duas palavras.
Foram necessárias apenas duas palavras para pegar Axel Zhu desprevenido, fazendo seus alunos dilatarem.
Duas palavras, mas tão poderosas e pesadas. Palavras que ela nunca havia dito, mesmo que sem muita convicção.
"Eu sei que machuquei o Dom e o Basti e nada pode justificar meu comportamento nos últimos cinco anos. No entanto, eu também quero mudar, cunhado. Posso estar atrasada e isso pode não ser fácil para todos, mas eu sinceramente quero tentar corrigir meus erros," ela continuou quietamente mas com clareza, sem tirar os olhos dele. "Eu não vou te culpar se você não acreditar em mim, mas o que eu posso prometer é que se isso ainda assim não der certo, eu vou deixá-los por conta própria."
Os olhos dela giravam com determinação e sinceridade. "Eu dou minha palavra, Axel Zhu. Se minhas ações ainda os machucarem, então eu prometo a você. Eu não aparecerei na frente de ninguém nunca mais. Você nem verá a minha sombra."
Silêncio se abateu sobre os dois enquanto se olhavam. Ele apertou o volante com força.
"Você tem alguma ideia do que está falando? Mudar? Hah!" Axel desviou o olhar, mais enfurecido do que apaziguado por suas palavras sinceras. "Se você quisesse mudar, teria feito isso anos atrás. Não diga suas promessas tão facilmente. Você não faz ideia do dano que essas palavras causariam se o ouvinte fosse outra pessoa." — especialmente, se Sebastian ouvisse tudo isso.
Lentamente consumido pela raiva e pelo desalento, Axel pisou no acelerador de forma imprudente. Ele dirigia o mais rápido que podia, esperando atormentá-la com sua velocidade. No entanto, Heaven não reagiu da forma que ele queria. Ela manteve seu rosto à frente, segurando no apoio com toda a força que podia.
Quando Axel lançou um olhar rápido para ela, ele pôde ver medo em seus olhos. Seus lábios estavam comprimidos em uma linha fina como se estivesse lutando contra seu medo, mas tentando ao máximo não reclamar como uma forma de mostrar sua determinação. Isso, no entanto, apenas o enfureceu ainda mais.
Era muito melhor se ela agisse como costumava ser, em vez de Heaven falar sobre mudança. Era como ouvir o diabo prometendo ser bom, sabendo que o diabo nunca mudaria seus caminhos. E isso era o que o deixava mais furioso.