Chapter 13 - A borda da floresta

"Irmã Scarlet, que comida é essa?" Halley perguntou. 

Halley era tão adorável que ela não conseguiu evitar dar um sorriso para a pequena. "Isso se chama ovos, bacon e a bebida branca se chama leite. Nós conseguimos ovos e bacon de animais que não mutaram em bestas ou de bestas que não são venenosas.

Se encontrarmos algumas aves que botam ovos na floresta azul hoje, nós os traremos de volta e vamos criá-los."

"Assim nós podemos comer ovos todos os dias." Halley afirmou muito empolgada.

"Sim." Scarlet respondeu.

Ela havia deixado claro que iriam para a floresta azul hoje, para que todos comessem já cientes do seu plano.

"Você não pode ir à floresta, é perigoso." Dorian Su olhou para Scarlet como se ela tivesse perdido a razão.

"Não há risco sem recompensa, pai, você sabe disso bem como o irmão Adler. Cada dia que estamos aqui sem proteção ou comida corremos mais riscos. Esses shakes de baixa qualidade não estão fazendo nada por nós. Além do mais, eu sou dona deste planeta, tenho impostos a pagar e cidadãos para cuidar.

Meu professor passou décadas na floresta estudando as plantas e os animais. Ele me ensinou quais eram comestíveis e quais eram venenosos. Ele mostrou-me como domesticar os animais e processar sua carne em comida. Ele me pediu para usar essas habilidades para ajudar os pobres da nossa sociedade a terem acesso a comida melhor e a preços mais baratos. Todos nós sabemos que shakes de baixa qualidade não são saudáveis. Alguns deles não passam de veneno tóxico, mas os pobres estão fracos demais para reclamar. Eles apenas estão contentes por ter qualquer coisa para encher o estômago. 

O planeta azul foi abençoado pelas deidades e deveríamos aproveitar isso. Vamos transformar este planeta no paraíso da Estrela Sol."

Ela falou com tanta articulação e convicção que mais da metade das pessoas à mesa estavam convencidas. Halley até aplaudiu infantilmente.

"Ainda mantenho minha posição, a floresta é perigosa." Dorian Su insistiu.

"Concordo com nosso pai." Adler disse.

"Eu também concordo." Beord também fez sua opinião conhecida.

Enquanto todos insistiam que a floresta era perigosa, nenhum deles parou de usar seus garfos enquanto desfrutavam vorazmente do café da manhã que ela preparou.

A exceção era Scarlet que estava comendo com hashis e vestida com calças de camuflagem verde e uma camiseta preta simples. Seu cabelo longo estava amarrado atrás em um rabo de cavalo e ela havia se acessorizado adicionando pequenos brincos de diamante nas orelhas.

"Scarlet, você pode reconsiderar o plano de ir para a floresta azul?" sua mãe perguntou em voz muito suave e preocupada.

"Eu já estive na borda da floresta azul sozinha antes. Se todos vocês têm medo, ainda posso ir sozinha como costumava fazer."

"Não." Adler soltou imediatamente em voz alta. Seu tom alto surpreendeu os presentes à mesa, inclusive Scarlet.

"Irmão, eu prometi ao meu professor que não deixaria as habilidades que ele me ensinou serem desperdiçadas. Tenho que cumprir minha palavra, caso contrário o professor vai pensar que sou ingrata."

Adler limpou a boca e disse, "Não estou tentando impedir você, apenas digo que você não pode ir sozinha. Beord, Carolyn e eu vamos com você."

"Eu também quero ir." Elroy levantou a mão.

Adler balançou a cabeça e disse, "Alguém precisa ficar e ajudar. Já que estamos fechando o lixão, o sucato precisa ser derretido e enviado para uma cápsula de armazenamento até que possamos pagar pelos serviços de descarte."

"Fey pode fazer isso." Elroy resmungou.

"Ela é mais nova que você, tem uma personalidade tímida e mal consegue olhar nos olhos dos estranhos. Como você espera que ela lide com essa tarefa monumental? Pelo que a Scarlet diz, esta não será nossa primeira ou última vez na floresta. Você pode ir em outra ocasião." Adler insistiu.

"Mas..." Elroy resmungou novamente.

"Você está ficando." Mega Su disse em voz firme, que não deixou espaço para mais argumentos.

O café da manhã terminou e os quatro irmãos que iriam para a floresta azul partiram. Eles pegaram um mecha que Adler havia consertado com peças de diferentes mechas antigas. Era em forma de um super grande e estranho urso robô que andava de quatro, e eles estavam sentados dentro da barriga desse urso.

O interior do mecha tinha cinco pequenos assentos metálicos, fios e pequenos botões. Adler estava sentado na posição de piloto e Beord era seu copiloto.

Scarlet se sentiu tonta à medida que o mecha aumentava sua velocidade, chacoalhando seus corpos para frente e para trás à medida que acelerava. "Essa coisa precisa de cinto de segurança." Ela pensou.

Olhou para seus irmãos e percebeu que eles estavam perfeitamente despreocupados com o movimento do mecha. Apenas ela, que pilotava um mecha pela primeira vez, estava desconfortável.

Logo, eles chegaram à borda da floresta e saíram do mecha. Scarlet correu para fora e vomitou até que seu estômago se esvaziasse. Todo o conteúdo do que restava do seu café da manhã acabou no pedaço de grama roxa à sua frente.

"Você está bem, é sua doença?" Carolyn se aproximou e perguntou. Seus olhos tinham um pouco de preocupação, o que surpreendeu Scarlet.

Parecia que ela estava começando a cativar sua irmã mais velha.

"Estou bem," ela respondeu.

"Tem certeza?" Adler também perguntou, "Podemos voltar agora mesmo."

Pensar em dar outra volta naquele mecha apertado trouxe novamente a vontade de vomitar.

"Tenho certeza," ela garantiu a Adler. "Devemos nos apressar e explorar a área externa da floresta antes de escurecer. Com o tempo, continuaremos adentrando cuidadosamente para o interior."

Eles precisavam encontrar comida, minerais, frutas e qualquer outra coisa que pudesse ajudar no desenvolvimento da estrela azul.

"Essa grama roxa é útil?" Beord perguntou.

A pergunta dele fez com que ela percebesse que tinha de fato pouco conhecimento sobre a flora e fauna deste mundo. Scarlet não tinha prestado muita atenção na escola. Ela precisava separar um tempo para atualizar seu conhecimento sobre todas as coisas interestelares.

"Não é o que precisamos agora, vamos continuar procurando." Ela respondeu.

Se eles continuassem pegando coisas aleatórias e perguntando a ela se eram úteis, ela logo ficaria sem desculpas.

Enquanto ainda pensava no que fazer, sua cabaça da alma chacoalhou.